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‘O médico virou financiador da saúde’, diz presidente do Sindimed sobre gestão da saúde

Por Bruno Luiz

Francisco Magalhães, presidente do Sindimed | Foto: Bruno Luiz/ Bahia Notícias
“O médico virou financiador da saúde”. Com esta declaração, o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, definiu na tarde desta terça-feira (13), em entrevista ao Bahia Notícias, o atual estado da saúde pública e privada na Bahia. Para ele, os problemas de gestão na área fazem recair sobre profissionais a responsabilidade de sustentar o setor. “Quem faz filantropia somos nós, os médicos. A gente só recebe por último”, reivindicou. Magalhães culpou, ainda, a interferência da política pelo fracasso no gerenciamento da saúde pública. “Em relação aos serviços públicos, os gestores têm uma visão própria. Eles assumem, começam a fazer seu trabalho, aí temos problemas políticos e partidários, não havendo continuidade na gestão”. O presidente do Sindimed também invocou um conceito de Karl Marx sobre o capitalismo para definir a lógica que norteia a gestão na área privada da saúde. “Na privada, se estabelece a lógica da mais-valia. Os planos de saúde somente contratam, sem verificar se há como atender a demanda”, sentenciou.
 
Entrevista coletiva aconteceu na tarde desta terça-feira (13) | Foto: Bruno Luiz/ Bahia Notícias
 
Apenas aventado, o fechamento da maternidade do Hospital Santo Amaro, no bairro da Federação, em Salvador, anunciado nesta terça pelo presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba), Carlos Lino, foi assegurado por Magalhães. “O diretor do hospital, Carlos Dumet, falou textualmente para mim: ‘Vou fechar a emergência a partir do dia 1º de novembro’”, afirmou. A entrevista do presidente do Sindimed ao BN aconteceu durante entrevista coletiva organizada pela entidade nesta tarde, juntamente à Sogiba e ao Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), para falar sobre a situação das emergências obstétricas nas unidades de saúde pública e particular do estado. O evento contou com a participação de José Augusto da Costa, conselheiro do Cremeb, de Carlos Lino, presidente da Sogiba, de João Paulo Farias e Mônica Bahia, diretores do Cremeb, além do próprio Francisco Magalhães. Durante a coletiva, Lino revelou preocupação com o futuro da saúde obstétrica na Bahia diante do encerramento das atividades das maternidades do Santo Amaro e do Hospital Sagrada Família. “A situação sai de caótica para dramática. As pacientes vão passar a peregrinar pelas maternidades. A criança vai nascer sequelada”, afirmou. Para Farias, os planos de saúde “fazem quase um overbooking”, termo utilizado para denominar prática de venda de serviços em volume maior que o existente. “Eles vendem sem ter como atender a demanda. A lógica do lucro não pode prevalecer sobre a vida”, sentenciou. De acordo com Costa, o fato de empresas privadas e de o estado estarem declinando das emergências obstétricas no estado é a falta de lucratividade. “O que se houve dos gestores é que obstetrícia não dá lucro”, disse. O conselheiro do Cremeb também falou sobre a responsabilidade de médicos no atual cenário da medicina obstetrícia na Bahia. “Nós médicos não somos responsáveis pelo o que está acontecendo. O que está aí é um problema de gestão da saúde pública”, culpou. Já Mônica Bahia não acredita que a transferência dos leitos da maternidade do Sagrada Família, no Hospital Salvador, para o Hospital Geral Roberto Santos, já admitida pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), vá solucionar a questão. “Vão trocar 19 leitos por sete, em uma unidade que já tem problemas. Fica uma coisa bem fora do contexto. Vamos perder 12 leitos de UTI neonatal. É um absurdo o que está acontecendo”, bradou. Também médica da maternidade José Maria Magalhães Neto, Mônica denunciou que os problemas verificados em instituições de saúde na capital baiana atingem a unidade. Está sem contrato assinado há mais de um ano. Existe um desequilíbrio no contrato. Para cortar gastos, a maternidade decidiu atender casos de urgência e emergência. O pré-natal de lá está fechado por falta de verba. Segundo a Santa Casa, o prejuízo é de 900 mil por mês. É um problema cíclico”, lamentou.

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