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Modelo de atendimento de saúde privada deve mudar em menos de 10 anos

Por Cadri Massuda

Foto: Divulgação

Já começa a ser oferecido pelos planos de saúde uma opção de contratação que tem como base o modelo de saúde europeu, no qual o paciente conta com a assistência primária de um profissional que pode ser um médico de família ou um clínico geral. É esse profissional que irá cuidar e gerir a saúde desse usuário e é ele quem tem a decisão de encaminhar para um especialista ou para exames, quando necessário.

 

Hoje, o modelo vigente privilegia os especialistas e dá ao paciente a possibilidade de marcar consultas e exames sem indicação médica para isso. A princípio pode parecer um grande benefício, mas na prática é um modelo que causa um grande desgaste aos beneficiários, além de não ser sustentável. Por este motivo está fadado ao fracasso a curto prazo e médio: em menos de 10 anos o modelo deve ser gradativamente substituído.

 

Contar com um médico acompanhando sua saúde e de sua família ao longo da vida traz inúmeros benefícios. Muitos casos simples são resolvidos conhecendo o histórico de saúde e familiar do paciente. Por exemplo: uma dor de cabeça será investigada por um neurologista com exames, mas o médico de família pode facilmente diagnosticar que se trata de um caso tensional, eliminando consultas e exames desnecessários.

 

Em outro exemplo, um adulto de 40 anos que tem se preocupado recentemente com a sensação de fisgadas no peito terá que escolher entre o cardiologista, o ortopedista, o gastroenterologista e, ainda, se uma consulta eletiva ou de urgência. Todos esses profissionais, por mais qualificados que sejam, atuarão com o objetivo de excluir se a causa do sintoma está relacionada à sua especialidade ou se é um caso urgente. Isso quer dizer que não necessariamente irão se preocupar em compreender de forma ampla o problema do paciente.

 

Estudos como os realizados pela pesquisadora Barbara Starfield nas décadas de 1990 e 2000, comparando sistemas de saúde de diversos países mostraram a diferença entre esses dois modelos, o com acesso direto aos especialistas focais e aqueles com o médico de família como referência central para o cuidado. Nesse último, indicadores de saúde como os de internações por condições sensíveis à atenção primária e mortalidade infantil, dentre outros, são melhores e os custos mais baixos.

 

Os pacientes avaliam bem esse modelo, porque passam a contar com um profissional acessível e de referência para a maioria das suas dúvidas e problemas de saúde. Passam a ter a ajuda de um profissional capacitado para indicar quando é realmente necessário encaminhar para especialistas, solicitar exames mais detalhados ou mesmo indicar procedimentos. Sobretudo, passam a ter a segurança de saber que sua saúde está sendo avaliada de forma global, e não fragmentada, como é feito nos dias de hoje.

 

* Cadri Massuda é presidente da regional PR/SC da ABRAMGE-Associação Brasileira de Planos de Saúde

 

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias

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