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Câncer de mama: entre cicatrizes e recomeços

Por Patrícia Lopes

Foto: Divulgação

O câncer de mama ainda é, infelizmente, a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil e no mundo. Os números são alarmantes: 2,3 milhões de novos casos por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde, e mais de 15 mil brasileiras que perdem a vida anualmente.

 

Mas, ao mesmo tempo em que esses dados assustam, não podemos ignorar algo transformador: a evolução da cirurgia.

 

Por décadas, o diagnóstico de câncer de mama vinha acompanhado de um medo quase tão grande quanto a própria doença — o medo da mutilação. Era comum retirar não apenas a mama, mas também músculos e até parte das costelas. Sim, as mulheres sobreviviam, mas carregavam marcas profundas, físicas e emocionais.

 

Esse modelo começou a ruir, quando a ciência provou que uma cirurgia menos agressiva, associada à radioterapia e/ou quimioterapia oferecia os mesmos resultados em termos de sobrevida. Foi um divisor de águas: nasceu a cirurgia conservadora. Pela primeira vez, falava-se em preservar, não apenas em retirar.

 

Desde então a medicina deu outros passos importantes. A possibilidade de reconstrução mamária, por exemplo, trouxe uma mudança radical na vida das pacientes. Hoje, muitas já saem do centro cirúrgico com a mama reconstruída, algumas vezes com cicatrizes quase imperceptíveis. Não é apenas estética. É identidade, dignidade e feminilidade devolvidas.

 

Falar em cirurgia do câncer de mama, hoje, é falar em cuidado integral. É entender que o tratamento não precisa ser apenas sobre retirar um tumor, mas também sobre escutar, acolher e preservar a auto-estima da mulher.

 

Se antes a palavra que definia esse processo era mutilação, agora falamos em reconstrução. E isso muda tudo.

 

O câncer de mama ainda assusta e ainda mata, mas já não é mais sinônimo de perda irreparável. Pode ser também um recomeço — com cicatrizes, sim, mas cicatrizes que contam histórias de vida e superação.

 

*Patrícia Lopes é Mastologista. CRM 24977 BA / RQE 15645

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias

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