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Notícia

Uesc e moradores da Praia do Forte unem forças em projeto de conservação da ameaçada preguiça-de-coleira na região da linha verde

Por Ronne Oliveira

Imagem da preguiça em situação de risco | Foto: Montagem / Bahia Notícias

O grupo Ciência Cidadã Preguiça-de-coleira, uma iniciativa do Projeto Conecta-vidas, pede a toda a comunidade da Praia do Forte, em Mata de São João, para monitorar e proteger a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus). Os animais têm sido vítimas de atropelamentos, eletrocussões e ataques de animais, e o número de casos já chega a 14 mortes, ameaçando o ecossistema da região, sendo a única espécie de preguiça ameaçada de extinção no Brasil.

 

O grupo chamado Projeto Conecta-vidas opera com apoio do Laboratório de Ecologia Aplicada à Conservação da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) junto a pesquisadores Aruá Observação de Vida Silvestre. Através do compartilhamento de vídeos, fotos e localizações nas redes sociais, moradores e visitantes contribuem ativamente para a salvaguarda dessa espécie cada vez mais vulnerável.

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, a bióloga e coordenadora do projeto Luciana Veríssimo conta das dificuldades encontradas na região devido à destruição da vegetação, que força os animais a se deslocarem por áreas urbanizadas.

 

“O desenvolvimento imobiliário cresceu de maneira absurda aqui na região do litoral norte. E a Praia do Forte, como não tem para onde crescer, está crescendo aqui para a floresta. A preguiça e outros animais vão buscar refúgios. Não é hábito delas, elas são animais arbóreos, mas com o desmatamento, elas acabam se arriscando. Saliento que é possível fazer as coisas de modo sustentável. É possível um desenvolvimento aliado à conscientização, basta a gente querer”, explica a coordenadora.

 

Além das 14 mortes já registradas, pelo menos três preguiças foram resgatadas em meio a rede elétrica, segundo os dados do Laboratório de Ecologia Aplicada à Conservação. A presença de fiações elétricas sem isolamento, estruturas perigosas e o avanço da urbanização têm causado acidentes frequentes e, muitas vezes, fatais.

 

“Estamos a 53 km, mais ou menos, do aeroporto de Salvador. Desse caminho para cá, a Estrada do Coco e a Linha Verde, que é a avenida principal daqui, cortam o trajeto. A gente tem aqui muitos condomínios e ruas de acesso, então os problemas vêm ocorrendo em Vila de Imbassaí, na própria Vila da Praia do Forte e nas comunidades ao redor da Praia do Forte. É de onde vem ocorrendo o maior número de casos, ao ser onde tem maior concentração de floresta e onde está a maior concentração de preguiças”, contextualiza a pesquisadora do Aruá Observação de Vida Silvestre.

 

Imagem dos pesquisadores atuando no local | Foto: Reprodução / Projeto Conecta-vidas

 

A comunidade local também tem sido chave em manter e auxiliar nas políticas de mitigação, alinhadas aos pesquisadores da Uesc. As 14 comunidades que cercam a região atuam avisando aos pesquisadores sobre a presença do animal e costumam avisar quase que imediato.

 

Veja o mapa de casos mais recentes que têm ocorrido:

Imagem dos pesquisadores atuando no local | Foto: Reprodução / Projeto Conecta-vidas

 

Por sua vez, os pesquisadores da Uesc junto ao Aruá Observação de Vida Silvestre têm instalado pontes de fácil acesso para as preguiças passarem em segurança pela região e usando drones térmicos para descobrir o número total de espécimes no local. Segundo o trabalho de Gastón Guiné, estima-se algo entre 1000 e 1500 espécimes, sendo insuficiente para manter a sobrevivência do animal.

 


Imagem dos animais sendo monitorados a noite e com GPS | Foto: Reprodução / Projeto Conecta-vidas

 

“A conscientização é importante também. Nosso lema é conhecer para proteger, fazemos um trabalho intensivo onde buscamos mostrar para proteger. Só conseguimos proteger se conhecermos. Recebemos alunos da escola pública, vizinhos daqui para fazer essas trilhas no loteamento. Além disso, recebemos turistas de pelo menos 33 países. É importante mostrar que é possível fazer turismo de modo preservado, até no boca a boca mesmo, avisando os proprietários da importância ecológica”, explica a coordenadora.

 

Veja o vídeo de orientação: