Promotor é afastado por falar que estuprador fica com 'melhor parte' a depender da vítima
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) afastou o promotor de Justiça Alexandre Couto Joppert da banca examinadora de um concurso após narrar um caso hipotético de estupro coletivo e dizer que o criminoso que pratica a conjunção carnal "ficou com a melhor parte, dependendo da vítima". O promotor atuava como examinador de direito penal e fez a declaração durante uma prova oral realizada na última quarta-feira (22). A prova é aberta ao público e algumas pessoas gravaram a afirmação do promotor. "Estupro praticado por cinco homens contra uma mulher. Mediante violência física e grave ameaça também. Um segura, outro aponta a arma, outro guarnece a porta da casa, o outro mantém a conjunção - ficou com a melhor parte, dependendo da vítima - mantém a conjunção carnal, e o outro fica com o carro ligado pra assegurar a fuga”, disse o promotor no exame. O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira, instaurou um inquérito para apurar a conduta do promotor e afastou da banca examinadora, até a conclusão da investigação. Alexandre Joppert, em nota, afirmou que foi mal interpretado, já que se referia ao ponto de vista do criminoso. "Ao me referir ao fato do executor do ato sexual coercitivo ter ficado 'com a melhor parte', estava obviamente me referindo à opinião hipotética do próprio praticante daquele odioso crime contra a dignidade sexual”. Ele ainda compara a situação com um crime de corrupção, que a melhor parte para o corrupto é “o recebimento da propina” e para um estelionatário é o recebimento da “indevida vantagem”.