Palestra sobre ginástica íntima para promotoras e procuradoras de Justiça gera polêmica
Uma palestra realizada na sede do Grupo de Atuação em Defesa das Mulheres (Gedem), em Salvador, gerou uma polêmica por ter como tema a saúde sexual para procuradoras e promotoras de Justiça, servidoras e estagiárias de nível superior do Ministério Público da Bahia (MP-BA). O cartaz de divulgação do evento, voltado para o público interno da instituição, foi distribuído como viral no WhatsApp, principalmente, de pessoas que trabalham no sistema de Justiça do estado. A palestra “Fitness Sex – a ginástica íntima” foi proferida pela fisioterapeuta uroginecológica Patrícia Lordelo, nesta segunda-feira (23). De acordo com a coordenadora do Gedem, promotora Márcia Teixeira, “tudo relacionado à sexualidade, a mulheres e a comunidade LGBT gera polêmica”. A promotora diz que ficou surpreendida com a repercussão da palestra. “Eu fiquei surpreendida, porque saiu do nosso território, foi discutido em outros estados. Ao mesmo tempo em que me assusto com a proporção da repercussão, fico com a sensação de pioneirismo, de expansão do diálogo, para que o ambiente que eu trabalho seja menos preconceituoso”, diz. A promotora conta que as mulheres representam quase 54% do quadro do MP baiano. “Nossa intenção é levar não só informações para o público externo, que nós atendemos, como também para as mulheres do quadro da instituição, sobre relação sexual, sobre a perda da urina, da incontinência urinaria, para pessoas da terceira idade, dos cuidados que a mulher precisa ter com o sexo, de nos exercitarmos, de exercitamos outras áreas do corpo. Também foi um momento para desmistificar que o parto cesárea protege as mulheres de algumas fragilidades. Foi falado que, pelo contrário, o parto natural fortalece a musculatura interna das mulheres”, conta. No total, 52 mulheres participaram do evento. Apesar de muitas participantes terem acesso mais fácil à informação, a promotora disse que a surpresa é que muitas que estavam ali não sabiam dos cuidados que precisam ter, como servidoras mais jovens. A promotora diz que é preciso lançar uma reflexão sobre o tema, pois são profissionais que precisam dar pareceres, atender mulheres, a comunidade LGBT, lidar com casos de violência sexual, de crimes contra dignidade sexual de crianças, e se posicionarem diante disso, e que não comporta mais um comportamento moralista. “Falta reflexão sobre sexualidade”, pontua. Como promotora de Justiça que atua com violência doméstica contra mulher e da saúde, Márcia Teixeira diz já estar “acostumada a lidar com o preconceito”. “Precisamos rever essas amarras do preconceito, inclusive no sistema de Justiça”, frisa. A palestra será estendida para a Rede de Proteção à Mulher, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde.