Noiva de Oruam discursa na Comissão de Direitos Humanos da Alerj: "Ele não é bandido"
Por Redação
A estudante e influenciadora digital Fernanda Valença, noiva do rapper Oruam, discursou na Comissão de Direitos Humanos da Alerj sobre a prisão do artista, que completa 15 dias.
O pronunciamento de Valença na Alerj aconteceu durante uma audiência pública intitulada 'Direito à produção artístico-cultural de favela!', articulada pela deputada Dani Monteiro (PSOL), na segunda-feira (4).
Em seu discurso, Fernanda defendeu a arte do companheiro, afirmando que ele traduz aquilo que vive e a realidade de outras pessoas na favela.
"Mauro canta suas próprias dores, alegrias e vivências, e muitas vezes empresta sua voz para dar vida à realidade de outras pessoas. Isso não deveria ser normal no meio artístico? Durante muito tempo, a sociedade tenta criminalizar a cultura negra e periférica (...) Mauro nunca foi o que tentam, a todo custo, fazer dele. Ele não é bandido! Ser MC não é ser bandido! Cantar a realidade da favela, de pessoas pretas — ou seja, a realidade do Brasil — não te faz bandido. Mas agora podemos ver que isso te torna alvo."
A jovem, estudante de veterinária, ainda frisou que a luta pela não criminalização do funk é coletiva, e não apenas de Oruam, que construiu sua carreira no gênero. O discurso de Fernanda foi feito ao lado de outros MCs do Rio, como Chefin, Borges, MC Nem e MC Frank.
"Essa luta vai muito além da nossa história pessoal. Ela carrega o peso de tantos outros artistas que foram e ainda são discriminados, criminalizados e silenciados simplesmente por sua origem, cor da pele e por contarem a verdade em forma de música, de arte."
Oruam segue preso na Penitenciária Dr. Serrano Neves e na última semana foi transferido para uma cela coletiva, onde divide espaço com outros oito detentos.
O artista foi preso sob alegação de ser associado ao Comando Vermelho, além de ameaça, dano ao patrimônio público, desacato e resistência. Somada, as penas podem ultrapassar 18 anos de prisão.
O filho de Marcinho VP, considerado um dos chefes do CV, ainda se tornou réu por tentativa de homicídio qualificado contra o delegado Moyses Santana Gomes e o oficial Alexandre Alves Ferraz, da Polícia Civil.