Na Antena 1, Ricardo Chaves aponta medo da iniciativa privada de investir em eventos na Bahia: "Houve uma criminalização"
Por Redação
A realização de um evento de grande porte, como o que aconteceu de Lady Gaga no Rio de Janeiro, depende de uma combinação de fatores, mas além disso, de um esforço grande do setor privado.
O show da Mother Monster, que levou mais de 2 milhões de pessoas para as areias de Copacabana, contou com 6 patrocinadores, entre eles Corona, Santander, LATAM, Zé Delivery, Guaraná Antárctica e Beats, e apoio de outras seis marcas.
Para os especialistas, esse é um dos fatores que definem o sucesso de um evento, e um dos motivos pelo qual Salvador não consegue ser palco de algo do tipo.
Convidado desta sexta-feira (9) do Bahia Notícias no Ar, na Antena 1, o cantor Ricardo Chaves pontuou a forma como a capital baiana passou a ser vista pelos investidores após o surgimento do Axé. "A gente atraiu as grandes marcas para o Carnaval de Salvador. Isso é um fato. Quando tudo aconteceu, as grandes marcas investiam, investiam bastante no Carnaval de Salvador", contou.
Porém, segundo o veterano, a cidade passou a ser mal vista devido a um comportamento específico, o das pessoas que passaram a rejeitar o que era produzido na cidade.
"Depois houve um momento que o próprio soteropolitano deixou de gostar da coisa que saía das ruas de Salvador. Quem começou isso eu não me aventuro a dizer aqui não, mas o fato é que houve uma época onde os blocos já não prestavam mais, a música que se fazia para o Carnaval de Salvador era uma música que não prestava, era como se a linguagem que a gente utilizava não falasse mais da realidade do soteropolitano e do baiano e óbvio, quando na sua terra as pessoas viram as costas para você o patrocinador vira as costas também."
O artista conta que o comportamento fez com que os investidores sentissem medo de associar a marca a festa que aparentava não estar agradando o público.
"Se eu vou em Salvador e as pessoas estão dizendo que os blocos não prestam, que o Carnaval deixou de ser do povo, que essas coisas aconteceram, o patrocinador fica com medo de linkar a sua marca. A partir daí, houve realmente uma criminalização da iniciativa privada no Carnaval de Salvador, que hoje depende 100% do dinheiro público."
Na quinta-feira (8), o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, em entrevista à Antena 1, pontuou que iniciativa privada ainda não prioriza o Nordeste quando se pensa em projetos grandiosos, mesmo com a mudança no cenário nos últimos anos.
"Hoje já melhorou muito, mas eu que já trabalhei muito, por exemplo, no Rio de Janeiro, eixo Rio-São Paulo, a gente vê como é diferente, por exemplo, os investimentos e o desejo de investimento nesses lugares. A gente sabe que ainda tem uma cultura a ser construída para se atrair mais investimentos para os nossos grandes festejos. Já está muito melhor, mas ainda tem muita coisa para melhorar."