Representante do reggae gospel, Nengo Vieira rebate críticas: “O novo sempre vai incomodar”
Por Laiane Apresentação
Dois grandes nomes do reggae brasileiro surgiram em uma mesma terra. Com influências do gênero musical jamaicano, nasceram em Cachoeira, no Recôncavo baiano, Edson Gomes, dono de clássicos como ‘Árvore’ e ‘Campo de Batalha’, e Nengo Vieira, principal nome do Reggae Gospel. Com influências do reggae roots, Djalma Ramos Vieira tem uma longa trajetória na música roots até o momento atual, ex-membro do Remanescentes, banda de reggae dos anos 90.
Dono das canções ‘Deus de Abraão’ e ‘Juízo Final’, Nengo já trabalhou com artistas como Tribo de Jah, Novos Bárbaros, Chico Evangelista, Zelito Mirada e o conterrâneo Edson Gomes. Adepto da música reggae desde sua juventude, Nengo se converteu ao evangelho há 30 anos e, desde então, utiliza sua música para passar a mensagem de Deus.
Em uma vertente diferente da música gospel tradicional, Nengo explicou ao Bahia Notícias como lida com as críticas referentes ao seu trabalho. “Falavam que a música era do mundo, que a música do mundo não podia entrar na igreja, que o ‘rock é do diabo’, todas essas falas”, contou ao site. “O que é velho vai haver esse choque natural. O novo sempre vai incomodar", explicou.
Para Nengo, a transição de ex-Remanescente para a carreira solo no mundo do reggae gospel foi algo “processual” e “instantâneo”. “Eu sonhava fazer sucesso com a música, conhecido com a música”, confessou. Segundo o cantor, o Remanescente, que chegou a ser convidado a gravar no Estúdio WR, em 1989, deixou uma marca no reggae do Recôncavo.
“Há de haver um respeito muito grande, com as pessoas que vieram antes da gente e que mantém esse padrão musical tradicional, a Harpa Cristã, o cantor cristão… Esses hinos que são maravilhosos, são lindos, mas a Bíblia, ela tá no processo evolutivo também. Não a essência da mensagem, mas a metodologia. Ela vai se renovando, não é à toa que os textos bíblicos se renovam”, esclareceu.
Conforme Nengo, essa renovação causou um choque que rompeu com a música gospel tradicional e permitiu o surgimento de várias vertentes diferentes. “Então, quando a gente transforma nossa mente e atualiza a nossa linguagem, a gente vai sendo adaptado nos dias atuais, do nosso estereótipo, da nossa imagem, do nosso som, da nossa metodologia, da nossa pegada. A gente não pode é adulterar a palavra, a gente não pode é romper os princípios da palavra, porque a palavra é eterna, é a mesma”.
Ao site, Nengo afirmou ter sofrido grande resistência devido ao pioneirismo do reggae gospel no Brasil e já chegou a ser questionado sobre sua música tocar dentro de igrejas. Seu processo criativo é, segundo o cantor, dominado pelo Espírito Santo. Pastor na Igreja Bola de Neve em Salvador, suas composições e melodias surgem com ‘visitas’ do Espírito Santo.
“Tem música que é pra fora da igreja e tem música que é para dentro da igreja. A música que é para dentro da igreja é a música de adoração, música que vai fazer com que os adoradores se quebrantem mais, eles se humilham mais, ele se engrandeça, mas na presença de Deus, mas a música que é feita para fora é uma música que tem um objetivo de alcançar os não alcançados”, contou o artista.
Seu processo musical se tornou mais espiritual, a medida que amadureceu. É através de suas canções que ele busca evangelizar mais pessoas. “O cara pode estar fumando um beck, tá tomando sua breja, tá fazendo o que for. Fumando o seu cigarro com a sua mina do lado… ele vai curtir [a música], ele vai ficar ‘ó, pô que reggae massa, que balanço legal’ e ali já é o primeiro trabalhar de Deus”, explicou.
Sem arrependimentos em sua carreira, Nengo explica que isso parte da transformação do evangelho. “Às vezes você vai errar porque você errou, porque você é sujeita a erro, às vezes esse erro é fruto do pecado que você precisa se libertar”, declarou. Atualmente, o cantor se prepara o lançamento de mais um projeto, que estará disponível nas plataformas de streaming de música.
Veja a entrevista completa:
