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Notícia

Do interior à elite: a ascensão meteórica e o declínio do Palmeiras Nordeste, clube campeão baiano em 2002

Por Thiago Tolentino

Foto: Divulgação

Dentro de um contexto completamente atípico do futebol baiano, o Palmeiras Nordeste Futebol protagonizou uma das maiores surpresas da história recente do Campeonato Baiano. No ano de 2002, o clube conquistou a Taça Estado da Bahia, torneio que, naquela temporada, foi considerado o principal campeonato estadual devido à ausência de Bahia, Vitória e Fluminense de Feira, que priorizaram a Copa do Nordeste. 


Esse momento icônico do esporte do estado foi o escolhido para o segundo episódio de uma série especial que o Bahia Notícias fará a partir de agora. A ideia é destacar grandes equipes do futebol baiano que fizeram história, deixaram fãs apaixonados e marcaram seus nomes nos estádios.

 

A conquista do Palmeiras Nordeste foi selada no dia 12 de maio daquele ano, com uma vitória por 2 a 0 sobre o Cruzeiro de Cruz das Almas, após empate por 1 a 1 no jogo de ida. Ricardinho e Dentinho marcaram os gols que garantiram o inédito título. Conforme o regulamento, o troféu classificou o clube para a Copa do Brasil e para a seletiva da Copa do Nordeste. Confira a principal escalação da equipe na final: 

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Montagem: Thiago Tolentino/Bahia Notícias

 

Essa edição atípica do Baianão se desenhou a partir de um impasse entre os principais clubes e a Federação Bahiana de Futebol (FBF). Bahia, Vitória e Fluminense de Feira não chegaram a um acordo com a entidade sobre o calendário e as condições da disputa, optando por participar apenas da Copa do Nordeste, que na época oferecia maior visibilidade regional e retorno financeiro. A FBF, então, organizou o campeonato estadual sem eles, dando protagonismo a equipes do interior.

 

Apesar disso, no segundo semestre daquele ano, foi disputado o Supercampeonato Baiano, reunindo os clubes que estiveram ausentes da primeira fase — Bahia, Vitória e Fluminense de Feira — ao lado dos quatro melhores da Taça Estado (Palmeiras Nordeste, Cruzeiro, Catuense e Fluminense). O torneio contou como a “fase final” do estadual.

 

Os confrontos dessa fase foram disputados em formato eliminatório, e o Vitória acabou sendo campeão do Supercampeonato. Isso gerou um debate que perdura até hoje: afinal, quem foi o verdadeiro campeão baiano de 2002? Oficialmente, a Federação reconhece o título do Vitória, mas o Palmeiras é considerado por muitos o legítimo vencedor, por ter levantado o único troféu disputado de forma ampla e democrática entre os clubes que aceitaram as regras da primeira fase.

 

Vale lembrar que o Palmeiras do Nordeste entrou com ação na Justiça alegando que venceu a única fase oficial organizada diretamente pela FBF. De fato, em 2004, o clube conseguiu uma decisão judicial de 1ª instância que o reconhecia como campeão baiano de 2002.

 


Foto: Divulgação

 

PARCERIA COM O PALMEIRAS
Em 2001, o Associação Atlética Independente levantou a taça da Série B estadual ao vencer o Grapiúna Atlético Clube, de Itabuna, com vitória fora de casa por 3 a 0 e empate em 1 a 1 na volta. A campanha chamou atenção da Sociedade Esportiva Palmeiras, que no ano seguinte firmou parceria com o clube baiano, resultando na mudança de nome para Palmeiras Nordeste Futebol Ltda. A equipe paulista investia R$ 60 mil mensais no projeto.

 

A união rendeu frutos logo no primeiro ano de elite: além do título da Taça Estado, o clube ainda foi campeão do interior e disputou a Série C do Campeonato Brasileiro.


A parceria entre o Palmeiras Nordeste e a Sociedade Esportiva Palmeiras foi firmada no início de 2002 como parte de um projeto de expansão da marca do clube paulista para além das fronteiras de São Paulo. Inspirado em modelos semelhantes adotados por grandes clubes brasileiros na época — como o Atlético-PR com o Serrano-BA —, o Palmeiras buscava desenvolver talentos em outras regiões e, ao mesmo tempo, estabelecer presença no mercado nordestino.

 

O aporte mensal cobria salários, logística e estrutura de futebol, além de permitir a utilização do nome, escudo e uniformes semelhantes aos do Verdão. A ideia era transformar o time baiano em uma espécie de "filial" do Palmeiras, o que facilitava o intercâmbio de jogadores e a observação de jovens talentos. Embora promissora, a parceria durou apenas três anos, sendo encerrada em 2004, quando o clube paulista reavaliou seus investimentos e o projeto foi descontinuado devido à falta de retorno técnico e comercial.

 

A trajetória do clube até a elite estadual foi rápida e marcante. Fundado em 10 de agosto de 2000, em Feira de Santana, com o nome de Associação Atlética Independente, o clube já no ano de estreia conquistou o acesso à Segunda Divisão do Baianão ao ser vice-campeão da Terceira Divisão.

 

QUEDA E RENASCIMENTO
Apesar do início promissor, a trajetória vitoriosa foi interrompida em 2004, com o fim da parceria com o Palmeiras. Sem o aporte financeiro do clube paulista, o time enfrentou sérias dificuldades. Em 2005, disputou o Baianão mandando seus jogos em Santo Antônio de Jesus, mas foi rebaixado após empate em pontos com o Sport Camaçariense.

 

Dois anos depois, em 2007, o ex-presidente Dilson Gamela tentou reerguer o projeto fundando o Independente Esporte Clube. O novo clube venceu a Segunda Divisão e posteriormente passou a se chamar Feirense Futebol Clube.


Hoje, o clube sucessor está filiado à Federação Bahiana de Futebol e disputa a Série B do Campeonato Baiano. Suas partidas acontecem no Estádio David Caldeira, o "Caldeirão", em Candeias, com capacidade para 4 mil torcedores.

 


Foto: Divulgação/Feirense