Futebol, capoeira e música no Candeal: “Queremos levar essa atividade para todos os campos”, diz coordenador do BBMB
Os alunos do núcleo do Bora Bahêa Meu Bairro (BBMB) no campo do Candeal, em Salvador, tiveram uma tarde diferente nesta semana. Além do treino de futebol, meninos e meninas participaram de uma roda de capoeira acompanhada por percussão, em uma ação voltada à integração cultural promovida pelo Esporte Clube Bahia.
Após a atividade inicial com os professores do projeto, o Mestre Kabaça e o músico Léo Bitbit, moradores do Candeal, comandaram a roda. Enquanto Kabaça ensinava movimentos da arte marcial brasileira, os toques de atabaques e pandeiros ecoavam pelo campo. Em seguida, os dois conversaram com os jovens sobre a importância de valorizar atividades culturais e esportivas sem deixar os estudos de lado.
Para o coordenador do BBMB, Vitor Matos, a inclusão de outras linguagens no cotidiano do projeto amplia a formação das crianças.
“Além do futebol, o Bora Bahêa Meu Bairro traz cultura. Temos a música e a capoeira como atividades importantes não apenas para as crianças do Candeal, que respiram a música. Essa é uma atividade que queremos levar para todos os outros campos para que as crianças desenvolvam não apenas o futebol, mas também o seu repertório motor. É importante agregar diferentes esportes ao BBMB”, explicou.
Mestre Kabaça destacou o valor da iniciativa e a conexão com a história do bairro.
“Eu estou muito feliz em participar de um projeto que envolve futebol, capoeira e percussão. O Candeal começou com a percussão e a capoeira também tem a sua história no bairro. Desde os 15 anos eu dou aula de capoeira aqui na comunidade. O meu objetivo é tirar as crianças da rua, e o Bora Bahêa Meu Bairro também chegou com esse objetivo”, disse.
Já Léo Bitbit, que cresceu no Candeal, lembrou momentos de sua infância no mesmo espaço onde hoje o projeto acontece.
“Eu passei toda a minha adolescência nesse espaço jogando bola, catando manga, subindo em pé de mamão, e passa um filme na minha cabeça quando estou nesse campo. Na época era de barro e tinha uma árvore no meio que impedia a gente de jogar futebol. Hoje eu vejo esse campo com um projeto tão bonito. Vejo as crianças saindo das suas casas, participando das aulas, do coletivo. Para mim é gratificante ver essas crianças aproveitando esses momentos, tendo a oportunidade de ser um jogador de futebol, um grande músico, um grande capoeirista. Eu me sinto muito contente de ver o desempenho dos professores, das pessoas da comunidade. Que sirva de exemplo para outras comunidades”, afirmou.
SOBRE O PROJETO
O “Bora Bahêa Meu Bairro” incentiva a prática do futebol entre crianças e adolescentes de 6 a 14 anos em comunidades populares de Salvador, utilizando o esporte como ferramenta de promoção de saúde, bem-estar e integração social. Atualmente, atende cerca de 1.200 jovens em 10 campos espalhados pela capital baiana.