Comum no basquete, lesão sofrida por Kanu assombra atletas de elite; relembre casos
A lesão no tendão calcâneo — popularmente conhecido como tendão de Aquiles, em referência ao herói da mitologia grega que tinha o calcanhar como único ponto vulnerável do corpo — está entre as mais temidas no universo esportivo, sobretudo por atletas de alto rendimento.
Trata-se de uma lesão parcial ou ruptura total do maior e mais resistente tendão do corpo humano, responsável por ligar os músculos da panturrilha ao osso do calcanhar. Ele é fundamental para a movimentação do pé e essencial em esportes que exigem explosão muscular, saltos e mudanças rápidas de direção, como futebol e basquete. Em casos mais graves, pode representar uma reviravolta na carreira de atletas profissionais.
No último domingo (13), durante o empate do Bahia com o Mirassol, pela Série A do Campeonato Brasileiro, o zagueiro Kanu precisou ser substituído ainda no primeiro tempo. Exames realizados posteriormente confirmaram lesões em três músculos da panturrilha, além de comprometimento no tendão de Aquiles.
O clube não divulgou oficialmente a gravidade da lesão, nem se o tratamento será cirúrgico ou conservador. Contudo, a situação acende um sinal de alerta, já que casos envolvendo esse tendão costumam demandar longos períodos de recuperação.
TEMPO DE RECUPERAÇÃO
O processo de recuperação varia conforme a gravidade da lesão e o tipo de tratamento adotado — conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. Em casos de ruptura total do tendão, o procedimento cirúrgico é o mais comum e geralmente seguido por um período de reabilitação que pode durar de 6 a 12 meses.
Inicialmente, o atleta passa por um período de imobilização e, depois, inicia a fisioterapia para readquirir força, flexibilidade e mobilidade. Mesmo após o retorno aos treinos, é comum que o jogador demore algumas semanas — ou até meses — para recuperar o ritmo de jogo e a confiança nos movimentos, visto que o tendão é responsável pela impulsão, explosão, corrida e saltos.
No caso de Kanu, o Departamento Médico do Bahia ainda avalia qual tipo de tratamento que vai ser realizado no jogador. O clube estuda entre o tratamento conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. O Bahia Notícias procurou a fisioterapeuta Jéssica Barnabé para falar um pouco mais sobre desdobramentos de uma lesão no tendão de Aquiles.
"Esse tendão liga os músculos da panturrilha ao calcanhar. Quando há uma lesão, o tendão pode sofrer uma inflamação (tendinite), ruptura parcial ou até total — que são os três tipos mais comuns. Geralmente, a tendinite leve requer cerca de um mês de recuperação. A ruptura parcial demanda de dois a três meses, com retorno gradual às atividades. Já a ruptura total pode afastar o atleta dos gramados por um período de cinco a nove meses, dependendo do tipo de cirurgia realizada e da resposta do corpo à fisioterapia", explicou.
"Jogadores de alto nível contam normalmente com uma equipe especializada para acelerar e otimizar o retorno aos campos, né? Ainda assim, é uma das lesões que mais preocupam, especialmente no futebol, até porque existe o risco de novas rupturas. Quando se trata de uma ruptura total, os desafios físicos e mentais são ainda maiores, já que o atleta precisa se afastar completamente por um período de 5 a 9 meses. Nesse tempo, ele perde ritmo de jogo, condicionamento físico e outros aspectos importantes para o alto rendimento", finalizou.
Médicos do Bahia indo atender Kanu. | Foto: Maurícia da Matta / Bahia Notícias.
CASOS NOTÓRIOS NO BASQUETE
No basquete, um dos casos mais emblemáticos é o de Kevin Durant, astro da NBA. Em 2019, quando atuava pelo Golden State Warriors, Durant sofreu uma ruptura completa do tendão de Aquiles durante as finais da NBA contra os Raptors. O ala passou por cirurgia e ficou fora das quadras por mais de um ano, retornando apenas no final de 2020, já como jogador do Brooklyn Nets. O retorno, no entanto, foi positivo: Durant mostrou recuperação completa de sua mobilidade e manteve o alto nível técnico.
Outro exemplo marcante é o do também norte-americano Kobe Bryant, que sofreu a lesão em 2013, aos 34 anos, enquanto defendia os Los Angeles Lakers. A recuperação foi desafiadora, e, apesar de ter retornado às quadras, o ritmo e a performance do ídolo sofreram queda. A lesão foi considerada um dos marcos do declínio físico do jogador até sua aposentadoria em 2016.
Além de Durant e Kobe, outro caso assombra também os atletas de alto rendimento: o ala-armador do Dallas Mavericks, Klay Thompson, ficou de fora por quase dois anos, quando ainda era atleta do Golden State Warriors, após romper o tendão de Aquiles durante um treinamento na pré-temporada.
Em ordem: Durant, Kobe e Klay Thompson. Foto: Reprodução / Redes sociais
PREOCUPAÇÃO SEMELHANTE NO FUTEBOL
Casos como o do zagueiro Kanu, do Bahia, que recentemente teve confirmada uma lesão no tendão de Aquiles, acendem o alerta nos departamentos médicos dos clubes. A necessidade de um retorno seguro, sem pressa, é prioridade para evitar recaídas e garantir a longevidade do atleta. Assim como no basquete, o futebol exige ações explosivas, mudanças de direção e impacto constante na região lesionada, o que demanda paciência no processo de recuperação.
Em 2022, o ex-lateral-direito Rafael, do Botafogo, rompeu o tendão calcâneo, popularmente chamado de tendão de Aquiles. O caso chamou bastante atenção, pois diferente do basquete, a lesão não é comum no futebol.
Benteke, do Crystal Palace, sofreu uma lesão no tendão de Aquiles em 2014. O atacante chegou a perder a Copa do Mundo por conta da lesão, que foi sofrida em abril. Ele só retornou aos gramados em setembro. Além de Benteke, jogadores como Beckham, Adriano Imperador e Spinazzola sofreram com o tendão de Aquiles. No vôlei, o ponteiro Lucarelli, da Seleção Brasileira, foi vítima da lesão em novembro de 2017 e passou o ano seguinte inteiro fora da Seleção.