Baiano Gustavo Maciel transforma paredes em obras de arte através da técnica do baixo-relevo esculpido
Tintas, pincéis e esculturas marcaram a infância do baiano Gustavo Maciel, vivida entre as cores e formas do ateliê da mãe, formada na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O que ele não imaginava, na época, é que esses instrumentos artísticos tradicionais dariam lugar ao martelo e ao formão — e que as paredes, um dia, se transformariam em suas principais obras-primas. Em entrevista ao BN Hall, Gustavo revelou que foi a influência materna, que despertou sua vocação e deu os primeiros contornos à carreira que hoje trilha.
Na adolescência, Maciel se dedicou a quadrinhos, desenhos, pinturas e esculturas em miniatura. Ainda assim, optou inicialmente por uma formação acadêmica na área da saúde. Formou-se em Odontologia e se especializou em Ortodontia, ambos pela UFBA.
A virada na trajetória de Gustavo aconteceu de forma inesperada, quando uma pintura feita como hobby chamou a atenção de uma arquiteta amiga. O convite para participar de uma mostra de decoração veio acompanhado de dúvidas, mas acabou se tornando um ponto de mudança. “Na semana seguinte, recebi a ligação da gerente da loja onde acontecia a mostra, perguntando o valor das telas, pois havia clientes interessados. Eu não estava esperando vendê-las, mas, quando isso começou a acontecer, algo mudou em mim — percebi que havia ali um novo caminho a ser explorado”, comentou.
A repercussão da exposição foi decisiva. Algumas obras foram vendidas, o que levou Gustavo a repensar sua trajetória. Em busca de aprimoramento, ele se inscreveu na New York Studio School, nos Estados Unidos, onde foi selecionado para um curso de pintura voltado a artistas experientes. Durante a estadia, aproveitou para cursar também escultura.
De volta ao Brasil, ele passou a explorar novos suportes para sua produção artística. A técnica do baixo-relevo surgiu de maneira inusitada, depois que seu irmão lhe mostrou uma escultura feita na casca de ovo de avestruz, trazida de uma viagem. Como o irmão criava avestruzes em uma fazenda e havia uma grande quantidade de ovos disponíveis, ele decidiu experimentar o material. Usando um motor portátil com broca, começou a esculpir as cascas. O resultado, segundo ele, foi interessante o suficiente para incentivá-lo a seguir explorando a ideia. Anos depois, ao se deparar com uma intervenção escavada em uma parede de rua em Miami, fez a conexão entre aquela imagem urbana e as esculturas em miniatura que havia produzido.
“Assim que voltei, comecei a escavar a parede do meu corredor com martelo e formão. Filmei tudo e postei nas redes sociais. As pessoas começaram a comentar, compartilhar, e as encomendas não pararam mais”, relatou.
Segundo ele, cada parede traz um desafio diferente. Reboco, massa corrida, gesso, azulejos e outros materiais exigem adaptações constantes na execução das obras. “É sempre uma incógnita… e acho que esse é o encanto da obra — a descoberta das histórias da parede por meio das texturas que a transformaram ao longo do tempo”, descreveu.
O trabalho de Maciel chamou a atenção do mercado de decoração. O artista participou de edições da CasaCor na Bahia e na Paraíba. Atualmente, ele está desenvolvendo um ambiente para a CasaCor São Paulo, em parceria com o escritório Meneghisso & Pasquotto.
“Acredito que a arte, quando bem escolhida, personifica o ambiente e revela o estilo do dono da casa. Considero muito mais interessante essa troca com o cliente, para definição do tema que vai compor seu lar, do que simplesmente preencher o espaço com formas e cores visando apenas à estética”, afirmou.
Além da mostra paulista, Gustavo também tem projetos em andamento em diferentes estados e no exterior. De acordo com ele, um dos seus próximos passos será uma colaboração com outros artistas baianos, que deve ser anunciada mais adiante.
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