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Coluna

Desafio Ambiental: Embrapa leva à COP30 soluções para adaptação do agro à mudança do clima

Por Lenilde Pacheco

Foto: Divulgação

O alto risco de desertificação no semiárido baiano, impulsionado por mudanças climáticas e manejo inadequado do solo, está demonstrado em estudos científicos como alerta para o agronegócio, um dos principais motores da economia estadual. Pesquisas da Embrapa identificaram essas áreas, destacando a expansão do fenômeno em cenários futuros de clima mais quente e seco, acentuando a degradação do solo, a perda de biodiversidade e dos recursos hídricos. A boa notícia consta em documento que a Embrapa leva à COP30 com sugestões para a adaptação do agro.

 

 

Intitulado 'Contribuições da Embrapa para o Mutirão global contra a mudança do clima', o levantamento reúne, em 28 páginas, diagnósticos e propostas sobre como a agropecuária brasileira deve atuar em razão da urgência climática: mitigando emissões de gases de efeito estufa, adaptando-se aos impactos e fortalecendo a resiliência dos sistemas produtivos. Ele se apoia em resultados de diálogos realizados em todos os biomas brasileiros, e em estudos que abrangem questões relativas ao solo, água e paisagem.

 

No plano da água e das bacias hidrográficas, o documento reconhece que esses sistemas são altamente vulneráveis às mudanças do clima — variabilidade de precipitação, intensificação de secas ou chuvas, alterações na recarga de aquíferos e no escoamento das bacias — e que, ao mesmo tempo, são fundamentais para a produção agropecuária, para insumos hídricos e para a conservação ambiental.

 

 

Técnicos do Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) da Bahia estiveram recentemente reunidos com representantes dos municípios de Canudos, Rodelas, Glória e Paulo Afonso, territórios que se encontram em uma das regiões mais vulneráveis da Bahia, marcada por processos avançados de degradação da terra e desertificação demonstrada em estudos.

 

O diretor de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, Tiago Porto, explicou a importância de discutir nos municípios vulneráveis os conceitos de degradação da terra, desertificação e aridez por serem fenômenos distintos que se retroalimentam e se intensificam diante do contexto das mudanças climáticas.

 

Somam-se, ainda, as recomendações do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, para que o agro se apresente como parte da solução climática, não como vítima, e formule soluções concretas para o setor. Corrêa do Lago propõe que o agronegócio atue como agente de mudança e que a conferência, em Belém, funcione como uma plataforma para avançar em temas como biocombustíveis, agricultura de baixo carbono e crédito de carbono.

 

As sugestões para adaptação ao agro às alterações do clima foram, então, já entregues pela presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, ao embaixador Corrêa do Lago, com subsídios que poderão contribuir para as negociações brasileiras na COP30, colhidos a partir de uma série de encontros promovidos pela empresa com mais de 1.300 participantes, entre eles 100 especialistas, produtores rurais, agricultores familiares, representantes de comunidades tradicionais e setor privado.

 


Foto: Rafa Neddermeyer

 

O documento propõe o manejo sustentável da água e do solo em bacias agrícolas, envolvendo práticas que aumentem a infiltração, retenção de água e reduzam escoamento superficial e erosão — de modo a preservar a função hídrica da bacia. Sugere medidas para fortalecer o monitoramento hidrológico (chuva, escoamento, infiltração, recarga) em bacias agrícolas; priorizar bacias críticas para intervenção — tanto em termos de quantidade de água quanto de qualidade. Também o fomento à governança interinstitucional e participativa das bacias hidrográficas, vinculando comunidades rurais, produtores, órgãos de recursos hídricos e técnicos de pesquisa para ações de adaptação ao clima.

 

Em síntese, garantir que as bacias funcionem adequadamente — com infiltração, recarga, escoamento equilibrado, qualidade da água — é tão importante quanto reduzir emissões. A Embrapa coloca, portanto, a água como elemento estratégico para a resiliência agrícola, e propõe linhas de ação que envolvem ciência, tecnologia, governança e participação social para manter a sustentabilidade do agro. Na Bahia, o setor é um dos pilares da economia, com forte influência sobre a geração de empregos e exportações. Representa cerca de 25% da economia estadual, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura (Seagri-BA) e do IBGE.