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Coluna

Davidson pelo Mundo: As taxas que pesam mais do que a bagagem

Por Redação

Foto: Freepik

Nos últimos anos, quem viaja de avião no Brasil aprendeu a conviver com uma nova realidade; as taxas. Taxa para marcar assento, taxa para despachar bagagem, taxa para remarcar o voo, e até mesmo em alguns casos taxa para levar a própria bagagem de mão. O passageiro tem a sensação de que paga por tudo, menos pelo conforto.

 

Mas há um pano de fundo mais complexo do que parece. O transporte aéreo é uma atividade econômica regulamentada, uma concessão pública sujeita a regras rígidas, fiscalização constante e, no caso brasileiro, uma carga tributária das mais elevadas do planeta cerca de 34% sobre o custo total da operação.

 

Além disso, a aviação vive sob o peso do dólar. Combustível, peças de reposição, manutenção, compra e leasing de aeronaves tudo é dolarizado. Em um país com variações cambiais constantes, o simples movimento do câmbio pode transformar um balanço positivo em prejuízo em questão de meses. Diante desse cenário, as companhias aéreas buscam alternativas para sobreviver.

 

As taxas, portanto, não são apenas uma manobra para aumentar o lucro são também uma estratégia de sobrevivência empresarial, como se fosse uma defesa natural de um corpo que a todo instante tenta ser invadido por um vírus e luta para sobreviver. Elas permitem um modelo de precificação fragmentada, em que o passageiro paga um valor pelo bilhete básico e adiciona serviços conforme seu interesse.

 

Em tese, é uma forma de democratizar o acesso ao transporte aéreo, permitindo tarifas promocionais mais baixas por mais que muitos não enxerguem assim e lancem os olhos com toda desconfiança. A cobrança das taxas não são para baixar o valor das passagens, as taxas existem para não aumentar as passagens linearmente e evitar que todos sejam prejudicados, os que usam e os que não usam determinados serviços.

 

Na prática, o consumidor sente o impacto direto no bolso e na experiência de viagem. O que deveria ser um serviço essencial e competitivo, acaba se tornando um labirinto de tarifas e condições. 

 

E aqui está o ponto crítico; enquanto as empresas tentam se equilibrar entre o dólar, o querosene e os impostos, o passageiro arca com o custo da instabilidade de um setor que ainda carece de uma política pública moderna e eficiente.

 

A aviação brasileira precisa de mais do que novas taxas. Precisa de previsibilidade tributária, incentivos à competitividade e políticas de infraestrutura aeroportuária que reduzam custos operacionais. Enquanto isso não acontece, o consumidor continua pagando a conta taxa por taxa, milha por milha. O governo, poder concedente, precisa entender que o transporte aéreo no Brasil é uma atividade prioritária, assim como educação, saúde, segurança e alimentação.

 

Temos um país continental carente de rodovias, sem malha ferroviária, sem transporte marítimo suficiente e eficiente. Assim sobra para a aviação transportar desde o transplante de órgãos até a cultura.

 

Não mais do que oito aeroportos no Brasil são viáveis, os demais são deficitários e mesmo assim a aviação atende todo o país, tem muito mais nervos e ossos do que filés nesse negócio, não dá para o governo ficar jogando no colo das empresas essa culpa e esse discurso que avião é coisa de rico, o transporte aéreo emprega milhões de pessoas, recolhe bilhões em impostos e presta um excelente trabalho social, cultural e econômico para o país. 

 

Precisa ter mais responsabilidade e menos politicagem nesse assunto, além de um pouquinho mais de estudo sobre o tema por parte dos ‘’especialistas’’ de plantão.

 

No Brasil preferimos debater os efeitos e não as causas!