Marca baiana leva essência das ruas de Salvador para o cenário do streetwear nacional

Entre a vibração das ruas de Salvador e a força da identidade nordestina, nasceu a Nilo Company, marca de streetwear que transforma cultura em estilo. Criada em 2020, a empresa carrega em suas peças a energia da capital baiana, misturando o conforto do vestuário urbano com referências visuais marcantes.

 

Com azul e branco como assinatura cromática, a Nilo vai além da moda: celebra as raízes de um povo e reafirma a estética negra como símbolo de potência e originalidade. O próprio nome “Nilo” evoca essa referência, resgatando histórias e construindo narrativas no cenário do streetwear brasileiro.

 

 

A história começa com Wil da Nilo, CEO da marca, que, inspirado pela sua vivência nas periferias, decidiu criar um projeto que fosse mais do que simples peças de vestuário. Para ele, a Nilo Company representa um movimento de inclusão e expressão para aqueles que compartilham o amor pela cultura de rua. "A Nilo é uma marca de streetwear (moda urbana), então a cultura de rua e o hip-hop, no geral, influenciam muito na produção das peças. Eu diria que as peças e estampas são um reflexo das vivências dessa parcela da população, do que acontece nas batalhas de rima, do que nós vemos nos grafites e nas pichações dos muros, na forma como a periferia vive a cidade”, afirmou em conversa com o BN Hall. 

 

Com uma paixão por desenhos que começou na infância e se intensificou na pandemia, o fundador da marca encontrou uma forma de unir sua habilidade artística ao desejo de criar algo autêntico e significativo. ”Eu sempre desenhei, desde criança sempre gostei muito, e na pandemia veio o desejo de aprender a desenhar no computador, me tornei um ilustrador e então surgiu a ideia de colocar meus desenhos em peças de roupa para poder usar elas”, destacou.  

 

As coleções são um reflexo direto da vida nas ruas da cidade. As peças têm como inspiração a estética da periferia. "A Nilo se diferencia da maioria das outras empresas principalmente pela proposta e pela estética. Não somos mais uma empresa padrão, com camisetas pretas e um logo genérico feito para gerar renda. Somos uma fomentadora cultural que está construindo uma identidade para sua comunidade através da moda”, explicou Wil. 

 

 

O empreendimento se fortalece ainda mais com o apoio de uma equipe formada por profissionais das áreas de audiovisual, modelagem e gestão, o que lhe permite operar como um coletivo criativo.

 

Outro pilar fundamental da marca é a sua atuação dentro da cena cultural. A Nilo se envolve ativamente em eventos como batalhas de rima, clipes de rap, saraus e desfiles de moda, criando uma rede de apoio à cultura urbana. “A Nilo participa de batalhas de rima e eventos do tipo desde o seu início, porque foi um desejo meu unir o ambiente que eu gosto com o trabalho que faço, para poder estar presente nesses eventos, compartilhar minhas vivências com aquelas pessoas e me inspirar nelas. Todo evento que a Nilo participa ou participou foi de extrema importância para o fortalecimento dessa comunidade que chamamos de ‘Família Nilo’, que acompanha e participa de nossos projetos e lançamentos”, explicou o fundador.

 

A marca também adota uma abordagem de responsabilidade social, com campanhas de engajamento. A coleção Rios de Sangue, por exemplo, foi criada com o objetivo de levantar uma importante questão social: a falta de atenção da nova geração para a doação de sangue. Ao utilizar estampas em tons incomuns, como o vermelho sangue, a marca trouxe à tona uma estética mais sombria, para chamar a atenção do público. 

 

“Toda coleção tem um conceito, uma crítica. Eu construo a estética em cima disso e a apresento para a equipe e para pessoas da nossa comunidade, para que possamos fazer ajustes. Por exemplo, a Coleção Graffiti foi lançada em uma época em que havia uma discussão muito forte nas redes sobre a pichação ser arte ou não, então lançamos uma coleção com essa estética. A Coleção de Atleta é lançada no momento das Olimpíadas, e usamos essa oportunidade para falar sobre como os esportistas locais não recebem a visibilidade e o patrocínio merecidos. Então fazemos peças voltadas para esportes, e todos os modelos são esportistas locais”, enfatizou o gestor. 

 

 

Além disso, a marca organiza anualmente o Nilo Fashion Street, um desfile de moda que reúne fotógrafos, músicos e pequenos empreendedores. O evento fortalece ainda mais a conexão com a comunidade local.

 

Embora tenha começado em Salvador, a empresa já mira uma expansão nacional. Atualmente, realiza vendas em várias cidades do Brasil e planeja conquistar mercados em São Paulo. A próxima coleção promete ser um marco importante em sua trajetória. Intitulada Hórus, ela tem como objetivo consolidar a marca como uma referência no segmento de streetwear, com peças em tons claros, destacando o azul e o branco característicos, e buscando representar a essência da marca e suas ambições para o futuro.

 

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