Medicina do esporte: Como Cristiano Ronaldo, Anderson Silva e Minotauro trataram lesões sem cirurgia
A medicina regenerativa tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente no esporte de alto rendimento. Com impacto direto na performance e na longevidade dos atletas, a busca por tratamentos menos invasivos e mais eficazes tem impulsionado avanços importantes na medicina esportiva. Entre as abordagens em desenvolvimento está o uso de ortobiológicos — técnica que utiliza o material biológico do próprio paciente e que ganhou visibilidade após grandes atletas mundiais recorrerem ao tratamento, como Cristiano Ronaldo, Anderson Silva, Rodrigo Minotauro e Mike Tyson.
Essa técnica tem se consolidado como uma alternativa complementar ao tratamento de lesões articulares e tendíneas, principalmente em situações que envolvem desgaste crônico ou falha na resposta aos tratamentos convencionais. Pesquisas recentes ampliaram o conhecimento sobre terapias biológicas na recuperação de lesões musculoesqueléticas, como o uso de concentrados de plaquetas e células mesenquimais, que modulam a inflamação e favorecem o ambiente intra-articular, aliviando dores e estimulando a cicatrização de tecidos. A ortopedia contemporânea avança para disponibilizar tratamentos menos invasivos, capazes de evitar ou adiar procedimentos cirúrgicos agressivos.
As abordagens terapêuticas podem variar de acordo com as necessidades e condições de cada pessoa. Além do uso de ortobiológicos, abordagens consolidadas como a terapia por ondas de choque, infiltrações guiadas por ultrassom e fisioterapia ajudam na diminuição da inflamação, cicatrização dos tecidos e fortalecimento muscular.
Entre os atletas que já recorreram às técnicas minimamente invasivas, o jogador português Cristiano Ronaldo foi um dos nomes mais comentados. Reportagens internacionais indicam que ele utilizou terapia celular para acelerar sua recuperação após uma lesão no joelho, antes de uma fase decisiva da Champions League. O lutador de MMA Anderson Silva também utilizou a técnica após fraturar a perna em uma luta em 2013 — lesão considerada grave, que comprometeu a tíbia e a fíbula. O ex-campeão Rodrigo Minotauro e o boxeador Mike Tyson também buscaram a terapia com o objetivo de tratar dores crônicas e lesões acumuladas ao longo da carreira.
Casos como esses evidenciam o potencial da ortopedia contemporânea no suporte à performance e à longevidade esportiva, além de possibilitar que pacientes não dependam tanto de cirurgias invasivas no tratamento de lesões. Atletas que dependem do próprio corpo como ferramenta de trabalho precisam do tempo de recuperação, do alívio da dor e da melhora da função para seguir competindo em alto nível.
É importante que o uso dessas tecnologias esteja integrado a um tratamento de reabilitação, fisioterapia, fortalecimento muscular e correção biomecânica, sempre levando em conta as particularidades de cada paciente. Essa abordagem oferece uma nova perspectiva para quem convive com dor crônica, desgaste articular ou lesões de difícil cicatrização.
Há uma trajetória extensa no campo da pesquisa e da educação em terapias celulares. O OrthoBIOS, criado ao lado do ortopedista Ronald Barreto, desenvolve estudos em terapias celulares e promove cursos de capacitação para médicos na área de intervenção em dor e medicina ortobiológica. Também é referência o centro de estudos em terapias celulares da Omane — o primeiro laboratório de manipulação celular do Nordeste dedicado à pesquisa de terapia celular para o tratamento de lesões ortopédicas, aprovado em Comitê de Ética e Pesquisa.
O trabalho envolve pesquisa e ensino sobre os ortobiológicos para encontrar soluções eficazes e seguras para proporcionar alívio da dor e melhorar a qualidade de vida das pessoas. A prática inclui desde a coleta até a manipulação e preparo dos produtos, com avaliação científica dos métodos utilizados, sempre com rigor técnico e excelência acadêmica e clínica.
*David Sadigursky é David Sadigursky é ortopedista graduado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, mestre em Cirurgia do Joelho pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorando pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Ele realizou fellowship em Doenças da Cartilagem e trauma esportivo na Harvard Medical School, em Boston, EUA, e em cirurgia ortopédica de artroplastia do joelho no Hospital CLINIC, em Barcelona, Espanha. Possui pós-graduação em Clínica da Dor pelo CTD e em Intervenção em Dor pela Universidade da Coreia, em Seul. É membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE). Participa ativamente da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Esporte (ISAKOS) e é membro associado das sociedades de dor e medicina regenerativa, como SBRET, SBED e SOBRAMID. Atualmente, é sócio da Clínica Omane e diretor do centro de estudos em terapias celulares.
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