Modo debug ativado. Para desativar, remova o parâmetro nvgoDebug da URL.

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Saúde
Você está em:
/
/

Artigo

Estresse crônico pode ser o gatilho silencioso para doenças autoimunes

Por Cipriano Gama

Estresse crônico pode ser o gatilho silencioso para doenças autoimunes
Foto: Divulgação

O estresse crônico, considerado por muitos apenas um "mal da vida moderna", pode estar desempenhando um papel muito mais significativo na saúde humana do que se imaginava. Pesquisas recentes têm demonstrado uma conexão cada vez mais evidente entre períodos prolongados de estresse e o desenvolvimento de doenças autoimunes, revelando um mecanismo biológico complexo que transforma pressões psicológicas em ataques do próprio sistema imunológico contra o organismo.

 

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças autoimunes afetam aproximadamente 8% da população mundial, com uma incidência que tem crescido consistentemente nas últimas décadas. No Brasil, estimativas do Ministério da Saúde indicam que mais de 15 milhões de pessoas convivem com algum tipo de condição autoimune, desde artrite reumatoide até esclerose múltipla, passando por doenças raras como lúpus eritematoso sistêmico e Doença de Sjögren.

 

O estresse crônico ocasiona a perda do mecanismo de tolerância imunológica, que é a capacidade do sistema imunológico de não reagir ao seu próprio organismo. Isso ocorre, pois o estresse gera a produção de hormônios, como por exemplo a adrenalina e o cortisol, em razão da ativação do eixo cérebro – glândulas adrenais, por meio do “sistema de luta e fuga”, também chamado sistema nervoso simpático. Desta forma, a reação aguda do corpo ao estresse causa maior risco de infecções e, cronicamente, gera uma maior incidência de doenças autoimunes, cânceres e doenças cardiovasculares.

 

Estudos epidemiológicos têm documentado que eventos estressantes significativos, como perda de emprego, divórcio, morte de familiares ou traumas, frequentemente precedem o desenvolvimento de doenças como artrite reumatoide, doença de Crohn, psoríase e tireoidite de Hashimoto.

 

A Sociedade Brasileira de Reumatologia tem incorporado essas descobertas em suas diretrizes mais recentes, recomendando que a avaliação psicossocial faça parte do protocolo diagnóstico para doenças autoimunes. A abordagem integrativa, que combina tratamento farmacológico com intervenções psicológicas e mudanças no estilo de vida, tem demonstrado resultados superiores em termos de qualidade de vida e controle da progressão da doença.

 

A relação estresse-autoimunidade também apresenta aspectos esperançosos. Se o estresse pode desencadear essas condições, sua gestão adequada pode preveni-las ou amenizar seus efeitos. Estudos apontam que as terapias “mente-corpo”, como por exemplo: Yoga, “mindfulness”, meditação e Tai-Chi, em pacientes com artrite reumatoide e outras doenças autoimunes em uso regular das medicações, demonstraram melhora na qualidade de vida, menos dor, fadiga e depressão.

 

Para a população geral, o especialista recomenda estratégias proativas de gestão do estresse: exercícios físicos regulares, pausas durante o dia para realizar técnicas de respiração e alongamentos, manutenção de vínculos sociais saudáveis, uso moderado de telas, sono adequado e, quando necessário, acompanhamento psicológico. O reconhecimento precoce dos sinais de estresse crônico - como fadiga persistente, alterações do sono, irritabilidade constante e sintomas físicos inexplicados - pode ser decisivo na prevenção de complicações autoimunes.

 

*Cipriano Gama é especialista em reumatologia na Clínica IBIS Imunoterapia, pertencente ao Grupo CITA | CRM: 30335-BA RQE Nº: 21627

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias