Falta de diagnóstico faz casos de endometriose serem subestimados, alertam especialistas
A endometriose, uma condição que afeta 1 em cada 10 mulheres, por muitas vezes tem estatísticas subestimadas pela falta de diagnóstico. A afirmação foi feita pelo cirurgião pélvico Marcos Travessa e pelo especialista em reprodução humana, Agnaldo Viana, durante o podcast Saúde 360, desta terça-feira (23).
Na entrevista, Travessa comentou que os dados e informações sobre a enfermidade, podem estar aquém do seu real valor. No entanto, as proporções ainda são consideradas grandes.
“Alguém deve conhecer alguma mulher que fica incapacitada durante o período da menstruação. Ela falta ao trabalho e fica considerada como fresca, porque está ali no período da menstruação, não consegue executar a sua função de maneira devida, de maneira correta, falta escola, falta faculdade. Essa mulher possivelmente tem endometriose e só falta receber o rótulo da doença [...] As estatísticas mostram que 1 a cada 10 mulheres têm endometriose, talvez seja até subestimada por conta dessa população que ainda não foi diagnosticada. Mesmo essa estatística sendo subestimada ainda é elevada”,
O médico elencou como a doença pode afetar as atividades da rotina de uma mulher, a capacidade de ter filhos e a vida sexual.
“A gente está falando de uma em cada dez mulheres portadoras da doença. Uma doença que rouba sonho de uma vida normal, de ter um filho, de ter uma vida sexual ativa. Uma sequência de coisas que a doença vai te roubando e te privando”,
Já Agnaldo afirmou que houve avanços no diagnóstico da condição nos últimos 20 anos, com exames de imagem que substituíram a necessidade de cirurgia para o diagnóstico. Segundo ele, o diagnóstico pode ser feito clinicamente e confirmado por métodos de imagem, guiando o tratamento e planejamento do paciente.
“A gente teve avanços aí nos últimos 20 anos em relação a exames de imagem e ao diagnóstico, que forneceu até o próprio ginecologista bem mais ferramentas para a gente conseguir determinar isso aí. Houve também a questão de mais informação, de acesso e isso tudo trouxe mais diagnóstico, mais clareza”, observou.