Modo debug ativado. Para desativar, remova o parâmetro nvgoDebug da URL.

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Opinião: Lula "paga pra ver" com indicação de Messias ao STF, apesar de avisos contrários do Senado

Por Fernando Duarte

Opinião: Lula "paga pra ver" com indicação de Messias ao STF, apesar de avisos contrários do Senado
Foto: Ricardo Stuckert/ PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu "pagar para ver" com a indicação de Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União, para o Supremo Tribunal Federal (STF). A formalização no dia da Consciência Negra foi um bônus para o discurso do "faça o que eu falo, mas não o que eu faço". Agora, Lula arrisca ser o primeiro presidente a ter uma indicação ao STF barrada pelo Senado em quase um século. E Messias pouco tem a ver com a situação.

 

Desde a vacância da cadeira de Luís Roberto Barroso, eram favas contadas a apresentação do advogado-geral do União para o STF. Todavia, o trajeto até a concretização da indicação mostra que Lula tem restrições entre os senadores e até mesmo o mago da política, Jaques Wagner, expôs as fragilidades na relação entre o governo e o Senado. O resultado prático foi a inclusão de temas sensíveis ao governo na pauta, uma retaliação bem típico do modelo Davi Alcolumbre de conduzir a Casa.

 

A recondução de Paulo Gonet na Procuradoria-Geral da República foi um presságio de que nem tudo são flores nessa relação. Aprovado por uma minoria apertada, Gonet foi um aviso de senadores do centrão para que Lula não considere o Senado submissa aos interesses do Palácio do Planalto. A eventual rejeição dele (algo improvável de acontecer) seria meramente um dano colateral para que o presidente entenda que ele não tem a mesma força de outrora. E, convenhamos, há tempos que não havia um candidato do Senado ao STF.

 

O ex-presidente da Câmara Alta, Rodrigo Pacheco, seria franco favorito a ser aprovado sem dificuldades para o STF se Lula o escolhesse. Não foi por falta de sinais, dado a insistência de Alcolumbre e dos pares em resistir à indicação de Messias. O mineiro em si não era um problema. A dificuldade era convencer os senadores que um par não é melhor do que uma espécie de "testa de ferro" do Planalto. E nisso o atual presidente do Congresso se fiou para pressionar, pressionar e pressionar Lula.

 

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, deu com a língua nos dentes em mais de uma oportunidade para antecipar o nome de Messias. Isso irritou profundamente Alcolumbre e o entorno mais próximo, criando uma rejeição inexistente ao nome do possível futuro ministro. Lula cozinhou em banho-maria a tensão até que desistiu de fazer uma composição e partiu para uma queda de braços declarada contra parte do Senado. Agora, para conseguir fazer com que Messias chegue ao STF, o presidente terá que gastar muito mais que lábia (leia-se emendas e acessos) para não entrar para a história por ter uma indicação rejeitada.

 

Para a esquerda, a nomeação de Messias também é um tapa na cara do discurso da diversidade. O potencial ministro é um homem branco, heterossexual e evangélico, características que o colocam completamente fora do escopo desejável por quem prega representatividade em espaços de poder. Formalizá-lo como indicado no feriado nacional da Consciência Negra foi o complemento ideal para desconstruir a narrativa que Lula é o símbolo que essa esquerda tanto prega.