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Marca Bahia Notícias

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Opinião: Congresso “humilha” governo Lula e cria problemas orçamentários de olho no próprio umbigo

Por Fernando Duarte

Opinião: Congresso “humilha” governo Lula e cria problemas orçamentários de olho no próprio umbigo
Foto: Ricardo Stuckert / PR

A derrota do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito do aumento do IOF foi humilhante. E foi exatamente essa a mensagem que o Congresso Nacional quis passar ao impor que a proposta de aumento da arrecadação de Fernando Haddad fosse derrubada de maneira relâmpago e sem combinar com a articulação política do Palácio do Planalto. O resultado: há grandes chances de Lula III terminar inviável do ponto de vista orçamentário, enquanto deputados e senadores optam por não cortar a própria carne.

 

Não que o governo Lula tenha grandes feitos a celebrar na relação com o Congresso Nacional quando o assunto são as pautas econômicas. Na mesma noite em que houve a derrota acachapante na Câmara e no Senado, houve o refresco da substituição da Medida Provisória da faixa de isenção do Imposto de Renda por um projeto de lei com o mesmo conteúdo. Todavia, a articulação política pagou para ver – e agora vai pagar caro para o governo sobreviver com cortes e uma política de austeridade fiscal que pode tornar a reeleição de Lula um sonho distante.

 

As elites políticas atuam em parceria com as elites econômicas. Sem dúvidas, a ampliação do IOF iria impactar muito mais nas camadas mais abastadas do que nas classes mais baixas. No entanto, o discurso de batalha de classes já não cola mais em um ambiente de profusão de opiniões pouco precisas como a sociedade atual. Em resumo, o Congresso votou como tais elites esperam e o governo de coalisão viu derreter o que um dia acreditou ser a base aliada.

 

O grande acordo, que chegou a ser pactuado por Hugo Motta (Republicanos-PB), Davi Alcolumbre (União-AP) e Fernando Haddad, após um recuo do governo, foi jogado no lixo em menos de 24h – entre o anúncio de que colocaria para votar o decreto legislativo para sustar a medida feito pelo presidente da Câmara e a votação no Senado Federal. Com o aval dos grandes caciques do Congresso e com o bate-cabeças que se tornou comum na relação entre Planalto e Congresso.

 

Haddad foi fritado, mais uma vez, e não estaria mais cotado como um eventual sucessor natural de Lula. Gleisi Hoffman viu cavalos passarem selados – e montados – por Hugo Motta e Davi Alcolumbre. Rui Costa transferiu a culpa do não pagamento de emendas e esperou que o Congresso entendesse. Como os cardeais do orçamento secreto desacreditaram da falta de ação articulada entre o governo e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, na questão das emendas impositivas, o resultado foi o visto na noite desta quarta-feira (25).

 

Enquanto isso, o Senado aproveitou o embalo para aumentar o número de cadeiras na Câmara, após os deputados verem a oportunidade de gerar mais despesas sem uma contrapartida para o país. Algo bem egocêntrico e comum para a classe política em geral – e isso aconteceria se qualquer um estivesse sentado no Palácio do Planalto, logo não chega a ser uma derrota para Lula e companhia.

 

O problema do orçamento federal não é exclusivo do Executivo. E o Legislativo não se predispõe a auxiliar a controlar os gastos e ampliar a receita. Como há uma confraria para a máquina pública pesar ainda mais no bolso da população, houve uma aceleração do desgaste do governo Lula para não restar cacos a serem juntados quando chegar o final do mandato. A briga é política. Mas também econômica. E de egos.

 

Lula quase pulou a fogueira no dia de São João. Só que aí veio o dia seguinte e deslocaram a fogueira. Aí o governo foi bem queimado. Agora é correr para não virar cinzas antes da hora.