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MPF sugere que 'quase cônsul' ficou escondido em rancho de desembargadora em 2016

Por Cláudia Cardozo / Ailma Teixeira

MPF sugere que 'quase cônsul' ficou escondido em rancho de desembargadora em 2016
Fotos: Divulgação (Maturino) / Bahia Notícias (Maria do Socorro) | Montagem BN

Em mais um desdobramento da Operação Faroeste, o Ministério Público Federal (MPF) levantou a possibilidade de que Adailton Maturino, conhecido como "quase cônsul", teria usado o rancho da desembargadora Maria do Socorro para se esconder das autoridades policiais. Os dois são alvos da operação que investiga um esquema criminoso de venda de sentenças relacionadas à disputa de terras no Oeste da Bahia e estão detidos (saiba mais aquiaqui).

 

A denúncia do MPF lembra que Maturino foi considerado fugitivo a partir de 26 de agosto de 2016 e, nesse momento, "as comunicações dos terminais de Kaio Fellipe, José Alves Pinheiro e Márcio Duarte, acionaram ERB’s [Estações Rádio Base] em São Gonçalo dos Campos/BA, a esboçar que ali tenha sido sua possível alcova para garantia da impunidade". 

 

O órgão destaca que a desembargadora e ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) é dona de um imóvel no local, além de que foram identificadas "pelo menos, 50 (cinquenta) comunicações dos terminais" dela, de seu sobrinho Kaio Fellipe, de Maturino e do advogado Márcio Duarte, "as quais sensibilizaram antenas ERB localizadas em São Gonçalo dos Campos/BA", no período relativo à deflagração das Operações Oeste e Immobilis, a fuga de Maturino e a concessão do habeas corpus dele.

 

OESTE LEGAL E IMMOBILIS

Deflagradas em agosto de 2016, essas duas operações pretendiam investigar a grilagem de terras no oeste do estado e fraudes imobiliárias, respectivamente. De acordo com o MPF, a primeira tinha como alvo opositores do grupo de Maturino enquanto a segunda focava nele e em sua esposa, Geciane Maturino, "numa deflagração em cascata e com o surgimento de fortes evidências que apontam possível subserviência do sistema de defesa social ao crime".

 

Foi dessa Operação Immobilis que partiu o mandado de prisão do casal, com êxito apenas na detenção de Geciane (saiba mais aqui). "Posto tal panorama, numa coincidência de cumprimento sequenciado de duas operações antagônicas para o sucesso dos negócios criminosos do Grupo de Adailton Maturino, o exame dos dados telefônicos, no período de 25/07/2016 a 30/09/2016, revelou que os terminais atribuídos e/ou vinculados a Adailton Maturino se comunicaram com uma rede de contatos interligada a membros e familiares de membros do TJ/BA (Maria do Socorro, Amanda Santiago, Gesivaldo Britto), chefe da SSP/BA (Maurício Barbosa) e Superintendente de Inteligência (Rogério Magno)".

 

Em meio a essa "teia de ligações", a denúncia destaca que na véspera da tentativa de prisão do quase cônsul, ele teve contato telefônico com a desembargadora Maria do Socorro e com sua filha, a cantora e ex-Timbalada, Amanda Santiago (saiba mais aqui). Seu então advogado, João Novaes (saiba mais aqui), também teve contato com Maria do Socorro. Com isso, o órgão conclui que "no tempo em que Adailton Maturino esteve evadido, Maria do Socorro pode ter garantido sua liberdade, homizando-o em sua propriedade rural".

 

Além disso, no dia em que foi deflagrada a Operação Oeste Legal (saiba mais aqui), contra opositores do quase cônsul, o MPF identificou que o terminal dele sensibilizou sinal de ERB no Centro Administrativo da Bahia, próximo à sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), onde trabalhavam o então secretário Maurício Barbosa e o superintendente de Inteligência, Rogério Magno.

 

"Tais fatos ganham musculatura, no momento em que Maurício Barbosa, enquanto SSP/BA, entrega, pessoalmente, em cerimônia oficial no dia 25/08/2018, o título de “Amigo da PM” a Adailton Maturino, numa composição temporal em que ele e o superintendente de Inteligência, Rogério Magno, mantiveram 02 (dois) e 18 (dezoito) contatos telefônicos, respectivamente, com aquele, no período de 25/07/2016 a 30/09/2016", diz a peça. Depois disso, a denúncia ressalta ainda que Maturino se comunicou por duas vezes com Barbosa, no dia 09 de setembro daquele ano, data em que foi publicado o seu habeas corpus.

 

NOVAS MEDIDAS

Todos esses detalhes fazem parte da denúncia do MPF apresentada ao ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Relator da Faroeste, ele autorizou a deflagração das 6ª e 7ª fases da operação, que culminou no afastamento de Maurício Barbosa, da promotora de Justiça Ediene Lousado e do desembargador Ivanilton da Silva de suas respectivas funções, em mandados de prisão contra as desembargadoras Ilona Reis e Lígia Ramos e outras medidas (saiba mais aqui e aqui).