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Marca Bahia Notícias

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Opinião: Direita pós-bolsonarismo sequestra segurança pública e tema deve repercutir até na Bahia

Por Fernando Duarte

Opinião: Direita pós-bolsonarismo sequestra segurança pública e tema deve repercutir até na Bahia
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O governador Cláudio Castro (PL) deu à direita brasileira uma pauta para chamar de sua e suplantar o bolsonarismo — ainda que dele tenha sido aliado até aqui. A “megaoperação” do Rio de Janeiro sequestrou a pauta da segurança pública como uma bandeira na qual a direita tem melhores condições de enfrentar os problemas e, com isso, reaqueceu a militância antipetista que batia cabeças após sucessivos episódios de “enterro” do clã Bolsonaro. O tema tende a ter mais força em 2026, o que, em tese, deveria acender um alerta nos locais onde o assunto já vinha sendo explorado politicamente, a exemplo da Bahia.

 

Segurança pública é o principal calo do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Ainda que problemas na área de saúde, educação e infraestrutura estejam no dia a dia da população, é a segurança que tem aparecido com mais frequência nas pesquisas qualitativas realizadas nos últimos tempos. Tanto que o grupo político adversário, comandado pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), tem explorado diuturnamente a temática. Agora, com a Operação Contenção, gestada por um controverso Cláudio Castro, veio a vitrine perfeita para criticar a gestão baiana.

 

A exploração política e eleitoral do episódio fluminense começou desde o dia da realização da operação, quando os dados oficiais chegavam à metade do número total de mortos. De um lado, o governador do Rio de Janeiro, paladino da justiça e contra facções criminosas. Do outro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, supostamente anuente com o crime. Todavia, os fatos expuseram a contradição e Cláudio Castro se viu obrigado a recuar. Ainda assim, já estava alçado à condição de exemplo a ser copiado.

 

Nos dias que se seguiram, governadores órfãos do bolsonarismo fizeram endossos à distância e até presencialmente, quando lançaram o “Consórcio da Paz”, uma organização cuja justificativa de enfrentamento da violência parece plausível, porém esconde o caráter eminentemente antipetista, recalculando a rota da direita pós-Bolsonaro. Essa nova fase promete a ser decisiva para os rumos que esse segmento político deve tomar para 2026, especialmente quando Lula parecia voar em céu de brigadeiro para a reeleição.

 

O governo federal conseguiu conter os potenciais danos das acusações políticos de Cláudio Castro. No entanto, a pecha de que a esquerda — leia-se o PT — não consegue dar conta de enfrentar a violência voltou a ganhar tração. Falas públicas de símbolos do que parte da população considera um exemplo, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que brada não haver crime sem punição em terras goianas, passaram a ecoar com mais vigor.

 

Fora do país, ACM Neto não discorreu publicamente sobre as reações do eixo de governadores de direita à megaoperação do Rio de Janeiro. Dado o histórico dele, como quando realizou o SOS Bahia, evento patrocinado pela Fundação Índigo, presidida pelo ex-prefeito de Salvador, é natural que ele enverede pelo caminho de se apropriar do discurso contra a violência e antipetista para faturar eleitoralmente no próximo ano.

 

A vitrine do enfrentamento duro à crise da segurança pública, ainda que haja danos colaterais com imagens chocantes de mortos enfileirados, é um bom mote para reforçar que Jerônimo Rodrigues não tem dado a resposta à altura do que as facções criminosas exigem. O bordão “ou soma, ou suma” poderia encaixar para os dois lados da disputa política. Porém, só a direita, ainda que limpinha, vai querer usar.