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Marca Bahia Notícias

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Baleia encalhou também a frente ampla contra Bolsonaro

Por Fernando Duarte

Baleia encalhou também a frente ampla contra Bolsonaro
Foto: Cleia Viana/ Câmara dos Deputados

O primeiro teste para a chamada “frente ampla em defesa da democracia”, uma sopa de letrinhas que pretende enfrentar a tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro, fracassou. O pífio desempenho de Baleia Rossi (MDB-SP) contra todo o aparato do neobolsonarista Arthur Lira (PP-AL) foi o prenúncio de que tende a não dar certo uma coalizão envolvendo a direita caviar e a esquerda clássica. A eleição em si já foi ruim. Porém as reações ao resultado dela mostram que há esforços de todas as partes para inviabilizar o entendimento.

 

Grande parte da responsabilidade sobre o fracasso de Baleia Rossi se deve à forma como Rodrigo Maia (DEM-RJ) conduziu a própria sucessão. Talvez por isso a revolta dele, já que no período em que esteve na presidência da Câmara o democrata não se acostumou a ser contrariado politicamente. Enquanto ele não faz a famosa autocrítica, sobram fantasmas para assombrar e acusar como culpados. Aí se implodem os esforços de unir antigos extremos, como o próprio DEM e o PDT, de Ciro Gomes, por exemplo.

 

A acusação de que o presidente nacional do DEM, ACM Neto, é comunista é um exemplo de como a estratégia discursiva da extrema direita funciona. Ao alocar o ex-prefeito de Salvador do lado diametralmente oposto, consegue incutir na mente de desavisados que há uma tentativa esdrúxula da esquerda retomar o poder para transformar o Brasil em Cuba. Alguém acredita nessa possibilidade? Talvez quem não acompanhe seriamente o noticiário.

 

Porém, enquanto a direita radical colocava o DEM como um partido comunista, a esquerda se apressou em imputar a ACM Neto a responsabilidade pela derrocada do acordo que garantia o apoio do partido à candidatura de Baleia Rossi. Uma sucessão de erros políticos, que incluem atos do ex-prefeito, levou à fragmentação da frente que apoiava o emedebista. Por pouco, o PSDB não entrou no mesmo barco de liberar a bancada, porém o tucanato paulista conseguiu evitar compartilhar o vexame. Mas se aproveitou dessa fragilidade para sugerir que a sigla coirmã não merece confiança. Pode ser falta de espelho, mas quem somos nós para dizer?

 

Pois bem. Enquanto o grupo ligado ao bolsonarismo comemorava os adversários se digladiando, o PT, principal partido de oposição, partiu para o ataque contra o DEM, tratado como “vendido”. Uma parcela de culpa é pelo interesse de baianos em desconstruir ACM Neto, mas não só isso. É uma forma de distanciar legendas como PDT e PSB dessa direita “limpinha” e mantê-los na órbita petista.

 

É muita coisa para processar, não? Até agora tento entender todas as movimentações políticas no entorno da eleição da Câmara dos Deputados. Para além da futura autofagia do governo e do centrão, é preciso lembrar que 2022 é logo ali. Ou seja, não faltam interesses não tão explícitos assim. Você duvida? Eu não.

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (4) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.