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Opinião: O sumiço de ACM Neto

Por Fernando Duarte

Opinião: O sumiço de ACM Neto
Foto: Max Haack/ Ag. Haack./ Bahia Notícias

O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, até outubro de 2022 sempre foi uma figura extremamente presente nas discussões políticas da Bahia. Pelo menos nos 20 anos em que foi ativo tendo mandato ou participando de eleições. Acontece que, depois da derrota na disputa do ano passado, ele submergiu ao ponto de se tornar uma espécie de sombra daquilo que já foi. É o arquétipo do derrotado, que já tinha acontecido em 2008, quando perdeu uma eleição para prefeito, mas não com tamanha intensidade.

 

Presidente da Fundação Índigo, que se propõe a formar novas lideranças para o União Brasil, ACM Neto já não é mais aquele que se contrapõe aos governos petistas na Bahia. Com uma crítica aqui, outra acolá, o ex-gestor soteropolitano tem utilizado uma estratégia arriscada para quem, por enquanto, se mantem como uma peça no tabuleiro político baiano. Os aliados dele evitam críticas públicas. Admitem que ele sentiu a derrota no segundo turno e precisa de um tempo para recuperar o fôlego. O desafio é que, depois de se tornar mero coadjuvante, ele consiga ainda ter a musculatura política para ser o opositor que representa o antagonista que o próprio PT precisa.

 

A ausência dele no 2 de Julho ainda foi questionada. Pessoas próximas ao ex-prefeito sugerem que ele quis deixar os holofotes para Bruno Reis, que é candidato natural à reeleição e precisaria estar em evidência para 2024. É uma desculpa fajuta. Na Lavagem do Bonfim, houve um sinal de que ACM Neto não iria e o próprio Bruno teria entrado em campo para convencê-lo a ir. E, mesmo com a ida do padrinho, o prefeito manteve a visibilidade necessária para esses momentos. Ou seja, não ir ao cortejo da independência para ter sido uma decisão mais pessoal do que política. Escolhas.

 

Ao optar por essa estratégia de aparecer "quase nunca", ACM Neto não deixa de colocar em risco o próprio capital político que, convenhamos, não é pequeno. O peso da herança associado aos dois mandatos como gestor de Salvador sempre foi um trunfo capaz de mobilizar eleitores. Há quem já fale que a carreira pública dele entrou em declínio e é preciso uma reação num futuro próximo para evitar que esse vácuo seja ocupado por figuras mais orbitais atualmente. Não faltam candidatos a ocupar esse posto e, por enquanto, Bruno Reis segue fiel mesmo sendo o mais proeminente do ponto de vista da visibilidade local. Mas no plano federal já existem nomes baianos que são oposição e podem tentar lutar para ficar com esse legado.

 

ACM Neto teve um papel relevante ao longo da última década e foi fundamental para discussões que provocaram mudanças em Salvador - seja como executor de projetos enquanto prefeito, seja como ameaça real ao projeto de poder petista, que precisava dar respostas à altura. Se ele optar por seguir carreira exclusiva na iniciativa privada, como já sugerem alguns do seu entorno, ele está no caminho certo. Entretanto, para continuar como um ativo político, não dá para ficar tanto tempo submerso - nem com respirações de tartaruga.