Artigos
O maior adversário de Lula é ele mesmo
Multimídia
Angelo Almeida avalia críticas ao sistema logístico baiano e garante: “Tudo tem o porquê da coisa”
Entrevistas
Afonso Florence garante candidatura de Lula em 2026 e crava retorno ao Congresso: “Sou parlamentar”
samba
O ano era 2017, quando a Acadêmicos do Grande Rio levou para a Marquês de Sapucaí o enredo 'Ivete, do Rio ao Rio', homenageando a trajetória de Ivete Sangalo. O desfile pode não ter dado à agremiação o título de campeã daquele Carnaval. A escola ficou somente no 5º lugar. Mas, a 1.631 km do Rio de Janeiro, no bairro do Novo Marotinho, em Salvador, a apresentação da Grande Rio inspirou um jovem a resgatar uma tradição quase adormecida no Carnaval de Salvador: a das escolas de samba.
Foto: Facebook
A vontade de Matheus Couto, o jovem fundador, era do tamanho da Sapucaí. No entanto, tinha um grande empecilho para fundar a G.R.E.S. Diamante Negro: o Carnaval de Salvador do século XXI como plano de fundo, que se apresenta em um formato completamente diferente do que foi nos anos 70, quando as escolas eram protagonistas da festa.
“A Grande Rio foi a escola que me fez fundar a Diamante Negro aqui em Salvador, tanto que as cores são iguais. Do Carnaval eu sempre gostei, mas dessa área de escola de samba eu só vim admirar mesmo em 2017, quando a minha escola, que hoje é minha escola do coração, a Grande Rio, homenageou Ivete Sangalo. Lembro que eu estava em Jauá, com 12 anos, e naquele ano eu decidi assistir a um desfile de escola de samba pela primeira vez. Assisti completo, por conta de Ivete Sangalo, e lembro o quanto fiquei extasiado com aquele desfile. Ali começou, de imediato, o interesse de entender o que era aquilo. Para mim, tudo aquilo não era real, era uma fantasia”, conta Matheus.
De 2017 para cá, Matheus brinca que a vida passou a ser escola de samba. “Depois daquele momento, minha vida passou a ser escola de samba 24 horas por dia (ou 24/7). Eu assistia documentários, lia livros, ouvia samba-enredo. Mas daí, surgiu uma angústia: eu passei a gostar tanto desse universo e não tinha a possibilidade de viver isso em Salvador, porque a realidade do nosso Carnaval é completamente diferente. Eu cheguei a pesquisar e vi que isso já tinha sido uma realidade, mas nos anos 70.”
Foto: Arquivo Pessoal
Para tirar o sonho do papel, o jovem começou de baixo e criou a própria escola de samba... em uma maquete. Este é o início da caminhada Diamante Negro, a terceira escola de samba do especial 'Samba que existe e resiste', do Bahia Notícias.
“Eu descobri uma Liga de Escola de Samba em miniatura, maquete, que existe até hoje e é muito interessante: a União das Escolas de Samba em Maquete. Aquela foi a única forma que eu encontrei de matar o meu desejo de ter uma escola de samba, então, fiz tudo em miniatura, fui ao armarinho comprar tudo para fazer a maquete, ver os bonequinhos, fazer tudo direitinho. Transformei meu quarto em um barracão para viver essa experiência.”
O projeto citado por Matheus foi criado para reproduzir os desfiles dos sambódromos em menor escala, mas com regras dignas de um concurso das grandes escolas, com quesitos como harmonia, enredo, fantasias, alegorias, mestre-sala e porta-bandeira.
Para sair da miniatura e se transformar em uma das agremiações que levam adiante a tradição dos anos 70, foi necessário coragem e um empurrãozinho de uma “velha” conhecida na cena, a Filhos da Feira, segunda escola entrevistada pelo Bahia Notícias para o especial.

Foto: Arquivo Pessoal
“Das miniaturas, eu passei a querer mais e mais. Lembro que reuni alguns meninos aqui da rua e a gente fazia uma bateria. Meu pai tem um time aqui no Novo Marotinho, e eu aproveitei as camisas do time de futebol para colocar os meninos para tocar, mas isso, em algum momento, incomodou os vizinhos com o barulho (risos). O divisor de águas para mim foi quando eu conheci a Filhos da Feira, que eu considero a minha madrinha nessa trajetória. Ali eu percebi que era possível transformar esse sonho em realidade.”
Com o auxílio do avô, que tinha uma casa na comunidade, Matheus começou a mobilizar os meninos da rua para a criação da bateria, e a G.R.E.S Diamante Negro nasceu, oficialmente, em 2018. Mas o presidente da agremiação precisou convencer o avô da história toda, mesmo com o apoio incondicional do pai, que sempre foi um jovem envolvido com atividades voltadas para a comunidade local, com o time de futebol e o grupo de percussão.
“Eu nunca imaginei que fosse desfilar. Para mim, apesar do sonho de ter uma escola de samba, isso sempre foi como uma diversão. Nossas primeiras apresentações aconteceram no bairro. Eu precisei convencer meu avô que a escola de samba não era só uma brincadeira, e me convencer também, de que aquilo era um projeto de vida. Precisei amadurecer a ideia da escola de samba. Bruna Fernandes (presidente de honra) me ajudou bastante nesse processo, mas, no começo, além da bateria, a gente só tinha o casal de mestre-sala e porta-bandeira.”
Caçula entre as escolas de samba da nova geração de Salvador, Matheus conta que, durante o processo, teve um choque de realidade ao perceber como era o cenário para as escolas na capital baiana. “Eu me desanimei quando percebi que, talvez, minhas ideias não pudessem ir para a rua. Mesmo sendo o mais novo, no primeiro ano de desfile, consegui colocar um carro alegórico na rua. Fruto do meu trabalho, mas essa não é a realidade o tempo inteiro. Avani de Almeida conversou com a gente, trouxe um documento da Filhos da Feira para a gente se basear nisso e oficializar a nossa escola. Mas a gente ficou quase um ano sem movimentar a escola.”
Foto: Arquivo Pessoal
O ano de respiro fez com que Matheus se envolvesse com a Filhos da Feira, e voltasse a sonhar com o próprio projeto. “Voltei com um certo gás para colocar a Diamante Negro na rua, mas entendi ali que seria do meu jeito. Temos oito anos de fundação, mas não temos documentação. Talvez as pessoas se espantem, mas esse não é um interesse meu. No começo, era por eu ser menor de idade. Eu tentei trazer mais pessoas, pessoas adultas, mas as pessoas não tinham interesse nesse universo; foi desgastante.”
Atualmente, Matheus divide a missão de tocar a Diamante Negro ao lado de Deise, que também integra a Filhos da Feira, e o trabalho de convocar adultos para participar da escola de samba do Novo Marotinho deu certo.
“Neste segundo momento da Diamante Negro, da reorganização, nós começamos a fazer uma campanha no bairro para atrair adultos a participarem desse nosso projeto. Hoje eu acho que as pessoas já entenderam o formato de escola de samba que eu quero. Quando as escolas de samba começaram, eu não acredito que a documentação foi a primeira preocupação deles; a escola de samba surgiu dessa união da comunidade. Quando eu penso na Diamante Negro, eu penso nisso, nessa parte da diversão, da beleza da festa, de fazer as fantasias, arrumar a bateria e ir para a rua. Eu não quero que a escola de samba pareça com os blocos afro, que já existem e são gigantes; quero que a escola de samba tenha a cara das grandes escolas.”
Foto: Arquivo Pessoal
A G.R.E.S Diamante Negro atualmente conta com cerca de 60 pessoas envolvidas nos desfiles, que acontecem no bairro do Novo Marotinho e movimentam a região. Para Couto, o tema do Carnaval de Salvador em 2026 ser o samba não deve dar uma grande luz às escolas já existentes, pelo fato de os blocos de camisa terem mais espaço, comercialmente falando.
“Sendo aqui em Salvador, eu acredito que vai ser voltado para o samba comercial, ainda mais que as escolas de samba aqui da cidade não têm uma liderança para conseguir se inserir nesse debate e ter voz para lutar por espaço.”
Quanto à questão do sambódromo, proposta apresentada na Câmara Municipal de Salvador, para Matheus, a ideia se apresenta como algo interessante, mas é necessário pensar além do espaço. O presidente da Diamante Negro pontua que o sambódromo não excluiria a participação das escolas no Carnaval propriamente dito, mas, além da criação do espaço, é necessário o incentivo à arte.
“Não dá para ser um ou outro. A gente ser inserido no Carnaval de Salvador é importante, mas se for implantar um sambódromo, é necessário ter o auxílio para que a gente consiga fazer o desfile. Não adianta colocar o espaço, mas não colocar um ônibus para levar as escolas para lá. É preciso ter um local para fazer os ensaios. É importante incluir a gente no Carnaval de Salvador e ter o sambódromo também.”
O presidente acredita que a ideia pode despertar na população o interesse na área e fazer surgir novas escolas de samba na cidade, além de fazer com que a comunidade conheça a cena, que um dia já foi o tom da folia na cidade.
.png)
“O espaço fará com que outras escolas de samba venham a surgir. Tem muitos amantes do samba aqui em Salvador; você sai na rua e vê pessoas com camisas da Mangueira e do Salgueiro. Mas existem pessoas que não sabem nem que aqui em Salvador tem escolas de samba. Então, a criação do espaço, pode sim, dar essa visibilidade. Mas não adianta só colocar a gente no espaço e não incentivar a arte. É preciso criar o sambódromo e não ter uma transmissão, nem uma cobertura. Porque aí, um tempo depois, vão falar que um espaço dedicado ao samba não tem público.”
Após mais de seis anos de existência, Matheus afirma que segue como o menino sonhador que criou uma escola de samba de maquete e conseguiu tirar o projeto do isopor para levar para as ruas. O presidente da Diamante Negro ainda incentiva a nova geração a investir na área e se permitir sonhar. “Não custa nada”, afirma.
Frutas frescas, ervas, pescados, artesanato, animais e até mesmo artigos religiosos. Quem faz uma lista para ir à feira jamais pensaria em incluir uma escola de samba entre os itens procurados.
Mas, na Feira de São Joaquim, além de tudo isso e dos pratos feitos e famosos como a feijoada, a moqueca de andú, e é claro, o acarajé, é fácil se deparar com rodas de samba e uma escola de samba propriamente dita.
Segunda escola de samba entrevistada pelo Bahia Notícias para o especial 'Samba que existe e resiste', a Escola de Samba Filhos da Feira de São Joaquim é a agremiação mais antiga das três remanescentes e que ainda vivem um cenário que por anos foi realidade no Carnaval de Salvador.
Fundada em 2006, a Filhos da Feira surgiu de um movimento criado pelo compositor Alaor Macêdo, responsável por enredos das antigas escolas de samba de Salvador. Em entrevista ao Bahia Notícias, Avani de Almeida, presidente da Filhos da Feira, relembrou o início de toda a história com a agremiação.

"A Filhos da Feira surgiu de um processo do compositor baiano Alaor Macêdo de revitalização das escolas de samba de Salvador. Ele reuniu as antigas escolas de samba da capital, Filhos do Garcia, Juventude do Garcia, Diplomatas de Amaralina, Ritmistas do Samba, e a velha guarda dessas escolas de samba antigas, e administrou o projeto de revitalização."
Feirante e envolvida diretamente com a São Joaquim, assim como os mais de 100 integrantes que participam da Filhos da Feira, Avani conta que o olhar de Alaor para a Feira e para a comunidade que existia ali fez com que a escola de samba nascesse.
"A escola de samba se trata de uma comunidade, ela tem que atender a uma comunidade. A gente a caracteriza como se fosse uma associação de bairro, então, nós cuidamos de alguns quesitos sociais, e ele olhando assim pensou: 'Poxa, a Feira de São Joaquim é uma comunidade, ali dá uma bela escola de samba'. E isso foi de 2005 para 2006, e ali deu início a toda especulação para entender se conseguíamos levantar uma escola a partir da nossa comunidade de feirantes."
Foto: Instagram
Até que a Filhos da Feira saísse finalmente do papel, foi necessário um levantamento de dados, já que antes da música começar, é necessário organizar o samba.
“Veio um rapaz chamado Liberato, que ajudou nessa questão da administração do projeto, fez um levantamento dos feirantes, de interessados em se tornarem sócios, e fundou o projeto. Até então era um projeto de papel, e aí se foi feito todo o projeto, foi criado um CD que é o 'Abre Alas do Samba' e quem fez esse CD foi o Alaor Macêdo, nosso primeiro samba-enredo foi feito por Guiga de Ogum, que até hoje é nosso hino."
Ao site, Avani pontuou outro grande fator determinante para a criação de uma escola de samba: a ligação com a religião. Para a presidente da Filhos da Feira, as duas coisas não podem andar separadas.
"Uma escola de samba não pode ser solta, ela tem que estar ligada a um terreiro. A escola de samba é igual ao afoxé. Quando se coloca um bloco de Afoxé para desfilar, é um terreiro na rua, entendeu? E tem que cumprir todos os pré-requisitos."
Atualmente, a Filhos da Feira é cuidada religiosamente por Dona Inês, responsável por um terreiro no Largo do Tanque, que é a mesma pessoa que cuida do evento da festa do Marujo. "O projeto de escola de samba ele nasce num terreiro", afirma Avani.
Com tudo resolvido, hora de colocar o bloco, ou melhor, a escola de samba na rua. Correto? Infelizmente, não. Para o contexto do Carnaval de Salvador, onde os trios elétricos se tornaram grandes estrelas da festa junto aos artistas, a configuração de uma escola de samba com os destaques de chão, bateria e carro alegórico precisava se adaptar à realidade local.
Foto: Instagram
“A gente desfilava no Campo Grande, mas o Campo Grande ficou inviável para a gente, porque depende de corda. Porque quando a gente passa com as fantasias, o pessoal fica puxando para tirar foto, as crianças principalmente, e para não estar fazendo uma negativa, acaba atrasando o desfile.”
O jeito para a Filhos da Feira foi transformar o circuito Batatinha, no Pelourinho, na segunda casa da escola de samba, já que a primeira será sempre a Feira de São Joaquim. O Fuzuê, no circuito Orlando Tapajós (Ondina/Barra), também entra como uma rota de desfile.
"Nós optamos por desfilar no Circuito Batatinha, que é o Pelourinho, a gente sai ali da Rua das Laranjeiras e aí a gente segue ali pelo Pelourinho, porque lá, conseguimos um desfile amplo. A questão nossa, às vezes, é a sonorização que não está contemplando mais o desfile, e quando a gente pega a passagem os trios acabam atrapalhando. Para esse ano estou tentando ver se consigo um nano trio ou uma prancha sonorizada boa para atender ao desfile."
RESISTIR NA ERA DOS TRIOS ELÉTRICOS
O Carnaval de Salvador é cíclico e desde a sua existência já passou por diversas transformações, vide a existência das escolas de samba e a derrocada da expressão artística.
Ao Bahia Notícias, Avani falou sobre a luta não só da Filhos, como das outras três escolas de samba que ainda existem em Salvador em sobreviver à festa no contexto atual, onde os trios são destaques e a população endossa o formato participativo da festa, diferente de quando a beleza estava em contemplar.
"Foi muito difícil no início. Nós tivemos muita ajuda da Velha Guarda, das antigas escolas de samba, mas até então, não estava suficiente para sustentar. E eu não digo a questão financeira, mas sim para locomoção, para a visibilidade. Nós nos juntamos aos blocos afro, foi formada uma espécie de associação para a gente se unir e um ajudar o outro, porque está todo mundo sufocado. Nós estávamos 'morrendo', as escolas e os blocos, já estávamos sem fôlego para resistir porque não tinha apoio nenhum."
Foto: Instagram
A resistência está ainda em se manter sem o aporte financeiro necessário para sustentar uma agremiação como uma escola de samba, que conta com mais de 50 profissionais atuando.
Segundo a presidente da Filhos da Feira, na época em que as escolas de samba eram os destaques do Carnaval, na década de 70, o incentivo às agremiações por parte do poder público era maior. Com a queda da tradição, as escolas remanescentes acabaram ficando sem apoio para dar continuidade à arte.
“Naquela época das escolas de samba, os políticos, eles podiam meter a mão no bolso e ajudar uma instituição ou botar um bloco na rua. Eles não precisavam passar pelo processo de prestação de conta do recurso, e era uma época que os políticos iam lá, gostavam e injetavam o dinheiro mesmo. Depois que passamos pela fase da legalização, essa classe política que ajudava a cultura, passou a não poder mais ajudar, porque se você tira o dinheiro, você tem que fazer a prestação de contas, e com isso, a cultura ficou abaixo da política.”
As dificuldades enfrentadas pelas escolas e blocos afro motivou a criação de uma instituição para auxiliar no diálogo com o estado. “A gente se reuniu para formar uma instituição onde temos a maioria dos blocos afro, blocos de reggae para a gente passar a dialogar com o Estado. No início foi complicado, porque tivemos que fazer protestos, manifestações para sermos ouvidos, hoje já estamos organizados, já existe hoje um diálogo muito bom entre nós, agentes culturais, e o governo do estado.”
Foto: Instagram
Questionada sobre a adaptação das escolas de samba ao atual Carnaval de Salvador, Avani foi categórica ao afirmar que os trios elétricos podem descaracterizar a estrutura das agremiações. Sendo assim, para a folia baiana, cada forma de expressão tem um veículo específico.
“Não vejo a necessidade de uma escola de samba passar com um equipamento tão grande que é o trio, porque ela descaracteriza todas as nossas fantasias que a gente confecciona bonito com tanto carinho, aí quando o trio vem a gente fica ali embaixo, o trio lá em cima.”
PARA ALÉM DO SAMBA
Para Avani, o conceito da escola de samba vai além da apresentação no Carnaval. A feirante faz questão de exaltar o fator social das agremiações com as comunidades que elas representam.
"Nós da Filhos da Feira temos uma cota, marcamos consultas, exames, fazemos cartas para atestar endereço de quem não tem. Então, a gente faz esse trabalho social. Isso é uma escola de samba. O trabalho social a gente faz com amor, com agregação, com sorriso."
Sem cachê para os músicos, Avani define o pagamento como uma ajuda de custo, mas um dos maiores pagamentos para ela, como presidente da agremiação e feirante, é enxergar a transformação através da arte.
"A cultura não é só pensar no fator financeiro. Quando se faz cultura dentro das comunidades, é necessário olhar para a forma como aquele movimento vai impactar a vida das pessoas. Quando um jovem participa de um projeto cultural, ele consegue se desenvolver em diversas situações. E a nossa visão, com a Filhos da Feira, é justamente esse senso de coletividade, aqui a gente divide o ônus e o bônus."
O SAMBÓDROMO VEM PARA SOMAR?
O debate sobre a criação de um sambódromo em Salvador, que motivou a criação do especial, também foi tópico na entrevista com Avani de Almeida.
A presidente da Escola de Samba Filhos da Feira pontuou a importância de um olhar para as agremiações de forma constante, e não apenas no período da festa.
"Uma escola de samba trabalha o ano todo. Tem uma menina que ela já está fazendo as cabeças da bateria, porque precisa cortar arame, e a gente já começa a trabalhar antes mesmo da festa. A escola de samba não para."
Foto: Instagram
Para Avani, caso o sambódromo seja pensado como uma forma de união das expressões artísticas de Salvador que conversam com o samba, e tenha o mesmo destaque que os circuitos tradicionais, o projeto pode funcionar.
"A gente fez um desfile no início do ano ali na região onde tem a proposta para a criação do Sambódromo. Se a ideia for colocar blocos afro, afoxés e escolas de samba, não o samba de camisa, pode ser algo interessante. Tem uma sonorização muito boa."
Mas a feirante alerta para a necessidade de assistir as agremiações fora da festa. "O espaço precisa ser algo mais amplo, para além do desfile. A gente precisaria de um local dedicado para a confecção das nossas fantasias, por exemplo, dos materiais que utilizamos nos desfiles, instrumentos. A escola de samba movimenta a economia, ajuda a comunidade. Se houver alguém para impulsionar isso, vai dar uma ajuda à comunidade do samba".
O estilo musical será o tema do Carnaval de Salvador, anunciado pela prefeitura há alguns meses, e o medo de Avani é que as escolas de samba não tenham esse espaço na avenida.
"É necessário pensar no samba como tema do Carnaval não apenas os blocos de camisa, temos muitas expressões de samba aqui em Salvador que precisam ser valorizadas. Tenho medo e acho que as escolas de samba e outros estilos serão jogados um pouco para baixo do tapete, acho que o samba de camisa vai se sobressair, por ter mais poder."
A feirante ainda fez questão de reforçar a potência do samba no contexto das escolas no eixo Sudeste.

"A escola de samba tem que potenciar pequenos artistas, ela é uma produtora que ela tem que estar disponível ali, por exemplo, para pegar pequenos artistas e transformar em grandes artistas. Aqui a gente tem outros direcionamentos. A escola de samba ela dá a base da cultura. Por que a cultura no Rio não quebra? Porque o ganho dela é mínimo, aqui em Salvador, o ganho da produtora é altíssimo. São produtoras de grande porte, por isso eu acho que não vai ter um espaço assim para a gente."
Apesar de um cenário com futuro em "blur", se depender da comunidade, o samba não morre, e Alcione pode ficar tranquila quanto a isso. "A escola de samba se trata de uma comunidade, e essa é a nossa força", afirma Avani.
Escola. Palavra de origem latina. Substantivo feminino. Ócio dedicado ao estudo, ocupação literária, lição, curso, lugar onde se ensina.
É com esse propósito que a Escola Unidos de Itapuã, primeira escola de samba entrevistada para o especial 'Samba que existe e resiste', do Bahia Notícias, surge. A ideia, em sua criação, era passar adiante os ensinamentos de percussão e funcionar como um espaço para auxílio social da comunidade.
Até que, em um momento, é notado o potencial da escola de se transformar em uma agremiação com força suficiente para movimentar o bairro de Itapuã durante as festas populares e resgatar uma tradição antiga do Carnaval de Salvador: o desfile das escolas de samba.
Foto: @unidosdeitapuaoficial
"A Unidos de Itapuã surgiu em 2007 com o propósito de dar aula, de passar o conhecimento para os outros. Éramos só cinco amigos, músicos, e pensamos nisso de ensinar para as pessoas, e nosso foco era ensinar samba, porque Itapuã é um bairro sambista, a gente passou a nossa infância toda escutando samba. E com isso, pensamos: 'pô, a gente precisa montar uma bateria', e montamos essa bateria de escola de samba", conta Nailton Maia, de 49 anos, gestor da Unidos de Itapuã.
Para Nailton, o ensino através da arte sempre foi um fator fundamental na transformação da comunidade. "A gente via os meninos na rua e pensava em uma forma de passar esse conhecimento, de criar essa ligação com o bairro", pontua.
O samba, que era para ser miudinho, mas com o propósito de ensinar, ganhou a dimensão de uma grande roda e foi adaptado para o que o público conhece atualmente como uma das escolas de samba da capital baiana, com apresentações em diversos eventos da cidade.
Foto: @unidosdeitapuaoficial
"A gente não vivenciou a década de 50 a 70, quando existiam as escolas de samba, a gente tinha o conhecimento dos blocos afro, e quando a gente mergulha nesse mundo de escolas de samba e vê esse mundaréu que tinha, o marzão que acontecia em Salvador, entendemos o lugar que tínhamos chegado", conta.
Segundo Nailton, pessoas de fora começaram a incentivar o grupo de amigos a investir no conceito de escola de samba, convidar porta-bandeira, criar alegorias, e o apoio da velha guarda no resgate da tradição foi fundamental para que a Unidos de Itapuã migrasse do conceito de apenas um "centro de estudos" para a escola de samba.
"Quando começa a chegar a velha guarda, que vivenciou o tempo de ouro, ali a gente mergulha profundamente nesse conceito, e esse processo foi engraçado porque se cruza com o que aconteceu na história, com a ligação do Terno de Reis."
A história em questão é a semelhança entre a manifestação religiosa, que também é conhecida como Folia de Reis, e o Carnaval, que acontece com um grupo de cantores e músicos visitando as casas e desfilando com estruturas musicais e alegóricas.
"Aqui em Itapuã tem o Terno de Reis, aí Pedreira (do Amigos de Pedreira) sugeriu da gente colocar um mestre-sala e uma porta-bandeira para desfilar. Atualmente, essas duas pessoas, que desfilaram com a gente no início, são nossos destaques, e eles conseguiram descobrir a forma deles de dançar, criaram a identidade deles."
Foto: @unidosdeitapuaoficial
Atualmente, a Unidos de Itapuã conta com pouco mais de 100 pessoas em seus desfiles. O número é uma média e depende, também, de quantas pessoas podem participar da festa. Em projetos como o Carnaval no Pelourinho, por exemplo, o número é reduzido para 50, algo curioso, porém, justificável, devido às adversidades apresentadas pela escola.
"Nós participamos de editais. Se a gente não for contemplado no grupo, não tem como tocar na festa. No Pelourinho a gente toca e a velha guarda pergunta como a gente consegue tocar subindo e descendo ladeira. Muita gente optou por sair de lá por não ser um lugar com possibilidade para tocar direito devido a essa questão da mobilidade."
Foto: @unidosdeitapuaoficial
No cenário atual, onde as cores da folia são determinadas pelos abadás de cada bloco, o brilho das escolas de samba já não consegue reluzir tanto quanto o glitter, que nem sempre é biodegradável.
"Não temos espaço nenhum. Tem muita gente que veio do nascimento e do renascimento; eles contam muito o que aconteceu no auge das escolas de samba até agora. E o espaço deles antigamente era como um teatro de rua. Quando veio o trio elétrico, isso foi jogado um pouco para trás, ficou de escanteio, o incentivo público também minou. Muitos artistas das escolas de samba migraram para os Blocos Afro, para os Blocos de Índio."
Foto: @olhosdepadua
O músico relembrou ao site um dos momentos mais críticos da escola nos mais de 15 anos de existência: sobreviver à pandemia da Covid-19, que foi diretamente prejudicial para o mercado do entretenimento.
"Uma das maiores dificuldades nossa foi durante a pandemia e no pós, porque a gente fazia um trabalho de formiguinha, trabalhava no verão para manter a escola durante o ano todo. Além dos editais, fazíamos trabalhos em hotéis. Quando veio a pandemia, a gente ficou zerado. Tivemos que tirar do nosso bolso. Hoje, eu digo para você que a gente conseguiu se reerguer. A gente já estava acostumado com o poder público não investir nessa área, então começamos a nos capacitar e hoje a gente já sabe o caminho que a escola quer a curto e a longo prazo."
O PALCO EM CASA
Se falta espaço no circuito tradicional, a Unidos de Itapuã faz a festa em casa, no bairro onde foi fundada e que a partir de 2026 será circuito oficial da folia na Bahia.
"Aqui em Itapuã a gente costuma dizer que o nosso Carnaval é a nossa lavagem. Aqui a gente consegue colocar nossa escola para desfilar com as três alas, tudo certinho. No Pelourinho, através do edital que a gente participa, não tem como. Na avenida também não tem como, e eu acredito que ali é um dos carnavais mais culturais que existem, mas não temos esse espaço para que a gente consiga passar a mensagem que a gente quer passar. Os foliões ficam dispersos com tantas informações, palco e trio."
Foto: @unidosdeitapuaoficial
Festa centenária, a Lavagem de Itapuã se transformou ao longo dos tempos, mas segue com o propósito de homenagear a padroeira do bairro, Nossa Senhora da Conceição de Itapuã, e envolve diversos rituais, entre eles a lavagem das escadarias, um cortejo de Piatã até Itapuã, a famosa baleia rosa, o café da Dona Niçu, servido tradicionalmente pela família da moradora que iniciou a pré-lavagem do evento. E como em Salvador tudo consegue virar festa, após os rituais, a lavagem abre espaço para o desfile de blocos, fanfarras e grupos musicais.
Em 2026, o bairro de Itapuã será um dos pontos oficiais do Carnaval de Salvador após a oficialização, por parte do Governo da Bahia, do Circuito das Águas, que faz o percurso entre o Parque Metropolitano do Abaeté e o monumento à Sereia.
De acordo com o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, a oficialização do espaço veio com o propósito de dinamizar o Carnaval de Salvador e promover a festa fora dos circuitos tradicionais. Para Celso Di Niçu, organizador da Lavagem de Itapuã, a oficialização do circuito é uma conquista da comunidade e um reconhecimento da potência do bairro.
"A efetivação do Circuito das Águas é um anseio já antigo da comunidade de Itapuã. O Circuito das Águas foi inaugurado em 1980, com o primeiro desfile do Bloco Afro Malé de Balê. E ao longo desses anos, a comunidade itapuãzeira sempre vem fazendo as suas celebrações, começando na Lagoa do Abaeté e terminando na Sereia, o que remete ao Circuito das Águas, às águas doces de Oxum, com as águas salgadas de Iemanjá. Nós temos muitas coisas para oferecer à cidade", afirmou ao BN.
Foto: @unidosdeitapuaoficial
Para o presidente da Unidos de Itapuã, é necessário revitalizar essa aba da cultura carnavalesca baiana. "Eu vejo que a gente precisa de espaço, precisa dessa revitalização, não só das escolas, mas dos blocos também. Hoje em Salvador temos três escolas atuando, e a gente não tem esse espaço onde a gente consiga mostrar a nossa área".
Nailton ainda pontua que, em meio ao debate sobre a criação do sambódromo em Salvador, a capital e as escolas de samba precisam de um espaço onde a mensagem consiga ser passada de forma clara, que chegue ao público, algo que, atualmente, foge do conceito participativo do Carnaval de Salvador.
"O samba precisa voltar para o lugar onde ele merece aqui em Salvador."
O corpo de Gilsinho da Conceição, intérprete da Portela, morto na última terça-feira (30), em decorrência de complicações de uma cirurgia bariátrica, está sendo velado na quadra da escola de samba, no Rio de Janeiro.
Em velório aberto ao público, a cerimônia irá até às 15h, enquanto o sepultamento está previsto para às 17h no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
Gilsinho foi o cantor responsável por cantar o último título da Portela, em 2017, encerrando um jejum de 33 anos da escola. Neste ano, o artista emocionou o público com uma homenagem a Milton Nascimento.
Por meio das redes sociais, a escola de samba decretou luto oficial de três dias.
"Gilsinho é alma portelense. Sua voz embalou momentos inesquecíveis, emocionou gerações e marcou profundamente o carnaval do Brasil. Ele representou com maestria a nossa tradição, levando o nome da Portela com respeito, talento e paixão."
Além da Portela, o artista passou pela Unidos de Vila Isabel, e em São Paulo, defendeu as escolas Tom Maior, Vai-Vai e Unidos de Vila Maria.
O dia de Ibeji e São Cosme e Damião será celebrado com muita música em Salvador. O cantor, compositor e jornalista Romero Mateus apresentará no sábado (27), às 20h, no Largo Tereza Batista, no Pelourinho, o show Samba dos Caminhos.
A edição especial e gratuita promete reunir música, fé e tradição popular em uma noite de samba, poesia e ancestralidade. Além de ser uma celebração dos 14 anos de carreira do músico.
O show promete ser ainda mais especial, pois será realizada a gravação do audiovisual Samba dos Caminhos.
“Este é um grande experimento repleto de amor, verdade e memórias afetivas. Cantarei sete músicas autorais do EP Caminhos, que será lançado ainda este ano, além de interpretações de artistas que admiro desde a adolescência”, afirma Romero.
A programação também contará com participações especiais, como a escritora Carolina Rocha (Dandara Suburbana), que lança em performance o livro É Culpa do Diabo, fruto de sua tese de doutorado. Na mesma noite, a autora também apresenta Ebó Coletivo, que estará disponível para venda e autógrafos.
O público poderá acompanhar ainda contação de itãs com Mário Omar e Rick Bandeira, e a estreia da performance Bahia Angoleira, com Romero e as sambistas Jéssica Paraguaçu, Velluma Azevedo e Denise Fersan, em homenagem ao mestre Renê, fundador do grupo Acanne de Capoeira Angola.
A sexta-feira chegou com boa notícia para quem acompanha Xanddy Harmonia. O artista presenteou o público com o álbum 'Xanddy Samba de Roda', gravado em Salvador em 2024.
O projeto, gravado por Xanddy com o objetivo de homenagear o ritmo, foi disponibilizado de forma integral em todas as plataformas digitais. O álbum conta com 20 faixas que percorrem a história do cantor, incluindo releituras de grandes sucessos.
Para Xanddy, o samba de roda não é apenas um gênero musical, mas o ponto de partida de sua trajetória de sucesso.

"O samba de roda é verdadeiramente onde tudo começou. Foi nele que a música despertou em mim. Eu lembro que era criança, com 8 anos, tinha um samba de roda que acontecia Ladeira do Canto da Cruz, Soledade/Liberdade – local onde eu nasci. Era um samba duro bem gostoso e aquilo fazia meus olhos brilharem e o coração acelerar", afirmou o artista.
O cantor ainda ressaltou o significado do projeto em sua vida: "O projeto está muito lindo, cheio de homenagens ao ritmo que faz parte da minha história e que me moldou musicalmente. É um ritmo cheio de ancestralidade, de cultura e de sons únicos, cada canção tem um significado muito importante pra mim e eu espero que a minha torcida curta muito. Tudo foi feito com muito carinho."
A gravação reuniu nomes de peso da música brasileira, como Xande de Pilares, Roberto Mendes, Mariene de Castro, Tiee, Péricles e o grupo Ganhadeiras de Itapuã.
A partir do dia 26 de setembro, o público poderá assistir ao vídeo completo do projeto no canal oficial da Macaco Gordo no YouTube.
Um projeto de indicação curioso foi apresentado na Câmara Municipal de Salvador e propõe a criação de um sambódromo na capital baiana.
O PI 381/2025 do vereador Téo Senna (PSD), tem como justificativa a escolha do samba como tema do Carnaval de Salvador.
Segundo o edil, o gênero, que é patrimônio imaterial do Brasil, tem grande importância para a cultura baiana. Senna ainda pontua a falta de um espaço dedicado ao samba na cidade.
"Considerando a tradição da Cidade do Salvador como berço do samba do Brasil; considerando que o tema do carnaval 2026, será o samba; considerando a importância para a Cidade de Salvador, e seus munícipes de possuir um local para apreciação e cultura do samba; considerando a tradição cultural do samba em nossa cidade, e a persistência de alguns grupos em manter a tradição de grupos e das escolas de samba; considerando a falta de um espaço para apresentação desses Grupos e Escolas em ambiente propícios e adequados para suas apresentações."
Caso a proposta seja aceita, o espaço para apresentação dos grupos e Escolas de Sambas na capital de Salvador deve ter como endereço o bairro do Comércio.
O registro da primeira escola de samba da capital baiana é de 1957, a Escola de Samba Ritmistas do Samba. Entre as décadas de 60 e 70, Salvador teve ainda as escolas Filhos do Tororó, os Diplomatas de Amaralina e a Juventude do Garcia. Ao todo, 15 agremiações chegaram a se apresentar na cidade.
Com a transformação da folia baiana, a tradição acabou sendo deixada para trás. Atualmente, três escolas de samba atuam na cidade, são elas Escola de Samba Unidos de Itapuã, a Filhos da Feira de São Joaquim, e a G.R.E.S.Diamante Negro.
O choro não tocou o bandolim, a voz não sufocou o violão e as cordas se afrouxaram. O samba amanheceu em silêncio nesta sexta-feira (8) com a morte de um dos maiores nomes do gênero, Arlindo Cruz, aos 66 anos.
A morte do artista foi confirmada pelos familiares, oito anos após um AVC hemorrágico que deixou graves sequelas no artista, dando ao público uma despedida melancólica dos palcos antes do tempo.
O cantor deixou a esposa, Babi Cruz, os filhos Arlindinho e Flora, e três netos.
O cantor carioca sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico em março de 2017 e foi internado de forma imediata, se despedindo dos palcos sem saber que a última apresentação, realizada no dia 14 de março, seria a última.
Salvador seria um dos destinos de Arlindo antes do AVC que acamou o artista. O público esperava o carioca como uma das atrações do Festival Vozes do Brasil, que aconteceria no dia 19 de março, na Concha Acústica.
Arlindo ficou mais de um ano internado na Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio. No retorno para casa, o cantor passou a receber home care para tratar das sequelas significativas do AVC, incluindo dificuldades na fala e mobilidade.
O cantor chegou a apresentar uma melhora na questão motora, e recuperou movimentos da boca, permitindo que ele comesse alimentos pastosos, além de ter auxiliado na expressão de sentimentos.
A família também relatou que ele apresentou melhora na parte motora, respondendo a estímulos e conseguindo se ajeitar na cama. No entanto, o quadro regrediu após as internações do artista.
Uma das últimas declarações sobre a saúde do artista foi revelada após a alta no início de julho, depois de dois meses internado em decorrência de uma bactéria resistente adquirida após um quadro de pneumonia.
Na ocasião, Babi contou que o artista já não respondia mais aos estímulos. “Tivemos momentos lindos dele segurando copo, segurando biscoito… Hoje não temos mais isso do Arlindo. Hoje ele está bem dentro do mundinho dele, do universo dele. Bem distante”, afirmou no livro sobre o marido.
SOBRE ARLINDO CRUZ
O artista iniciou a vida nos palcos em 1981, nas rodas do Cacique de Ramos, ao lado de grandes nomes do gênero, como Jorge Aragão, Beto Sem Braço, Almir Guineto e Candeia, quem considerava como seu “padrinho musical”.
Antes disso, o artista estudou solfejo e violão clássico na escola Flor do Méier e fez parte do coral na Epcar (Barbacena, MG).
Arlindo integrou o Grupo Fundo de Quintal até 1993. Na banda, o artista entrou como substituto de Jorge Aragão, tocava banjo-cavaquinho e foi responsável por compor grandes canções que colaboraram para o que se chama de pagode moderno.
O passo rumo a carreira solo foi dado ao deixar o Fundo de Quintal em 93. Entre os principais trabalhos do sambista estão a parceria com Sombrinha (1996–2002), o sucesso “Da Música” (1996), e o DVD “MTV ao Vivo: Arlindo Cruz” (2009), que ultrapassou 100?mil cópias.
Além da voz característica, Arlindo era o que podia se chamar de caneta de ouro. Ao todo, de acordo com o Ecad, Arlindo tem 795 obras registradas, com cerca de 1797 gravações por diversos artistas, como Zeca Pagodinho, Maria Rita e Beth Carvalho.
O carioca conquistou ao longo da carreira cinco indicações ao Grammy Latino, sendo 4x por álbum de samba/pagode e 1x por canção em português, venceu 26 prêmios, incluindo o Prêmio da Música Brasileira (2015) e Estandarte de Ouro.
Em 2025, o cantor ganhou uma biografia, 'O Sambista Perfeito', escrita por Marcos Salles. A produção aborda a vida de Arlindo dentro e fora dos palcos, com depoimentos de artistas e familiares, cerca de 120 pessoas entrevistadas.
No livro, o público conheceu um pouco da infância conturbada do artista, além de problemas pessoais do cantor mais a fundo, como o uso de drogas, tópico que passou a ser abordado após o AVC.
O samba será tema do Carnaval de Salvador em 2026. Na teoria, tudo é lindo, mas e na prática? Antes do gênero ganhar a avenida como um todo na folia do ano que vem, a quantas andam a salvaguarda do samba na capital baiana para que o marco "110 Anos de Samba" seja celebrado?
Um dos principais eventos voltados para o gênero na capital baiana passou por uma espécie de censura ao ter a sua realização proibida no bairro da Federação, mais especificamente em frente a Igreja de São Lázaro.
Point dos jovens na vida noturna da 1ª capital do Brasil, o Samba do São Lázaro, que foi a febre do verão e das noites de sexta em Salvador durante os anos de 2023 e 2024, chegou ao fim bruscamente após denúncias e a movimentação de vereadores para impedir a realização da festa após as 22h.
Ao Bahia Notícias, um dos idealizadores do evento, Thiago da Silva, falou sobre a lacuna deixada pelo evento que não acontece desde o início do ano devido ao empecilho do horário. "Infelizmente, sem o samba tá difícil para todos. Eu e Jane estamos correndo atrás para o samba voltar. Muita gente está cobrando. No nosso Instagram do samba, que tem 16 mil pessoas, todos estão cobrando o samba de volta. Fico triste, o projeto lindo, nunca teve uma briga, uma confusão. Várias pessoas estão paradas até hoje, sem movimento nenhum", contou.
Na época em que todo processo iniciou, o site teve acesso aos documentos do Samba de São Lázaro, que garantiam a autorização de órgãos da Prefeitura de Salvador para a realização da festa, entre eles da Semop para o uso do solo, da Secis, da Limpurb e da Sedur. Quanto à Transalvador e a Semob, o evento teve dispensa de aprovação.
Até mesmo a "benção" do padre, já que o samba acontece em frente a igreja de São Lázaro, o grupo tinha. No entanto, o vereador Duda Sanches, que mediou encontros entre os organizadores do samba e síndicos de prédios da região, afirmou que a principal queixa era o barulho após às 22h, o que só poderia ser resolvido se o evento terminasse antes.
O Samba do São Lázaro chegou a ser defendido pelo cantor Márcio Victor, do Psirico, um dos únicos artistas a se pronunciar de forma pública sobre o evento. Nas redes sociais, o público cobrava um posicionamento dos órgãos municipais e estaduais, além do apoio de personalidades da mídia, mas nada mostrou resultado para impedir a realização do evento.
Em março deste ano, o Bahia Notícias chegou a conversar com Jane Santos, uma das organizadoras do samba, que explicitou que as tentativas de realização do Samba de São Lázaro em um novo horário trouxe prejuízo para os comerciantes e esvaziamento do público na região. Atualmente, a organizadora indica que 45 famílias estão sendo afetadas com a não realização do evento.
"A gente resolveu parar, porque a gente tinha despesa com o som, a gente tem despesa para tirar licença, a gente tem despesa com os apoios, que a gente coloca os apoios para colocar ordem, tem despesa com banda, com gelo, compra mercadoria fiado e quando terminava de trabalhar a sensação que tinha era de estar enxugando gelo, porque a gente estava devendo banda, som, sem recurso para pagar depósito. Então, foi tudo muito constrangedor."
Foto: Instagram
Outra queixa dos comerciantes era a atuação dos órgãos municipais e estaduais, que estavam sendo feita de forma grosseira. "Eles colocaram agentes da Guarda Municipal na frente do palco, fica cheio de polícia ao redor, mas o mesmo clima de insegurança. Eles quiseram fazer o teste do bafômetro com o cara do som que nem estava dentro do carro. Estão constrangendo a gente", contou Thiago na época.
Com todo esse cenário, o evento gratuito deixou de acontecer e a alternativa do público foi recorrer aos eventos pagos da cidade para curtir o bom e velho samba, que segue crescendo no gosto popular, mesmo com tentativas de "minar" o fenômeno.
BOM MOMENTO DO SAMBA
A homenagem feita pela Prefeitura de Salvador ao samba tem como marco a primeira gravação de um samba, a música 'Pelo Telefone', de Donga e Mauro de Almeida, que aconteceu em 1916.
"Ai, ai, ai... É deixar mágoas pra trás, ó rapaz, ai, ai, ai... Fica triste se és capaz e verás..."
A letra divertida de Donga e Mauro, já dava uma prévia do que poderia vir por aí desse ritmo, nascido na Bahia e exportado para o Brasil. Uma diversidade musical não só em letra, com a possibilidade de tanto fazer rir, como fazer chorar, quanto também, uma diversidade de estilos dentro do gênero.
LEIA TAMBÉM:
- Samba junino chega a cerca de 21 dos 171 bairros de Salvador; confira lista de grupos e eventos
- Base para o Axé, samba-reggae pode se tornar Patrimônio Imaterial de Salvador com projeto "revivido" na Câmara
- Salvador terá primeira escola dedicada ao Samba Junino: "Pontes entre passado e futuro"
- "Fazer samba é respeitar as nossas tradições", afirma compositor e produtor musical Tiago da Bahia
Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2007, o samba passou por diversas transformações ao longo dos anos, com a criação de novas vertentes.
Atualmente, uma delas é a mais ouvida das plataformas digitais no primeiro semestre de 2025, o pagode. De acordo com o levantamento feito pela Pro-Música, o ritmo disputava espaço com o sertanejo, responsável por dominar as paradas nos últimos sete anos.
Em Salvador, é notório como o samba e seus derivados tem ganhado espaço com o público pagante. São diversas as ofertas de festas voltadas para o estilo, a exemplo do Samba de Quinta, Fragmentos do Samba, Suco de Bahia, Banjo Novo, Samba do Quiabo, Samba de Terreiro, Síbí Dúdú e tantas outras.
Foto: Divulgação
Ao Bahia Notícias em 2024, o publicitário Samora Lopes, idealizador do Banjo Novo, celebrou o bom momento que o estilo vive.
"A gente também está vivendo um bom momento do samba nos streams. O samba, acho que na última semana, bateu o top 1 nos streams, coisa que não tinha acontecido com a música pelo domínio de outros ritmos. Mas ele sempre esteve perene, na sociedade soteropolitana. Eu percebo também que os artistas que não faziam parte do movimento do samba, agora estão apostando no ritmo."
A prova de que o gênero musical tem atraído até mesmo quem é de fora, são os eventos que surgiram de 2015 para cá, de artistas que não originalmente cantavam samba, mas decidiram investir na área.
Atualmente, entre os grandes nomes com labels dedicadas ao samba estão Ludmilla com o ‘Numanice’; Gloria Groove com ‘Serenata da GG’; e Léo Santana com o ‘Paggodin’.
Foto: Divulgação
Uma das últimas estrelas da música a apostar no samba foi a cantora Ivete Sangalo, uma estrela do axé, que anunciou o show 'Ivete Clareou'.
"Samba é uma coisa que faz parte da minha vida desde pequena. Eu não sou uma pessoa de me deixar não fazer as coisas, especialmente as que me dão prazer. E justamente por conta dessa tranquilidade que eu tenho, que consigo colocar em prática alguns sonhos, como uma memória afetiva", contou durante o lançamento do evento.
A situação com São Lázaro é apenas um dos eventos da capital baiana que pede por apoio e auxílio dos órgãos públicos. A promessa feita pela Prefeitura de Salvador é de lançar nos próximos meses a campanha oficial com intervenções urbanas, conteúdos digitais e promoções colaborativas com artistas, blocos afros, comunidades e escolas de samba.
Foto: Igor Santos/ Secom PMS
Fora do período carnavalesco, o samba é lembrado pelos órgãos públicos em dezembro, quando é comemorado o Dia Nacional do Samba. No período, a capital recebe celebrações como a Caminhada do Samba, com trios elétricos percorrendo do Campo Grande à Praça Castro Alves, e no dia 3 de dezembro, o Samba Pelô vai animar os largos e ruas do Pelourinho, no Centro Histórico.
Em 2026, o gênero será protagonista do Carnaval de Salvador para além da Quinta do Samba, tradição na folia baiana no Circuito Osmar com o desfile dos blocos Alerta Geral, Pagode Total, Amor e Paixão e mais, que, vale lembrar, são de iniciativas privadas. Mas fora os seis dias de festa na avenida, será que o gênero terá apoio público para sobreviver fora do Carnaval?
Diga ao povo que o Ivete Clareou fica. Após a polêmica envolvendo o nome do projeto de samba de Ivete Sangalo e o Grupo Clareou, a artista se pronunciou sobre o evento anunciado em junho e que irá rodar o país a partir de outubro.
Em vídeo, a cantora garantiu a realização do evento e falou sobre a expectativa para o projeto, com estreia em São Paulo e show em Salvador em novembro deste ano.
"O Ivete Clareou é uma realidade. Como é que eu tô? Eu tô com um tesão, eu tô sonhando com isso. Nós estamos fazendo uma seleção de repertório, inclusive fiz uma enquete no meu feed, pense um negócio gostoso, é montar esse repertório."
Após polêmica com nome de evento, Ivete Sangalo fala sobre show de samba: "O Ivete Clareou é uma realidade"
— +BN (@_MaisBN) July 17, 2025
???? Reprodução/ Instagram pic.twitter.com/wwPN8z45OD
Os ingressos para o show em Salvador, que acontecerá no dia 30 de novembro no WET, estão sendo vendidos no site Ingresse a partir de R$ 80. O local foi uma exigência da cantora para que pudesse proporcionar aos fãs uma experiência ao ar livre.
"Eu acho que a experiência do show começa quando você fala 'eu vou'. E você nunca decide se vai sem ligar para alguém e perguntar 'Fulano, você vai?'. E essas experiências conectam pessoas. Você já liga, já vê que dia é, qual é o seu look, onde vai ser. E o nosso esquenta vai ser na própria festa, o show e o pós."
No papo com o público, Ivete ainda falou sobre a tentativa de contato com Belo para uma parceria e revelou aos fãs que o repertório contará com músicas inéditas.
ENTENDA POLÊMICA COM GRUPO
O grupo Clareou reivindicou o nome utilizado por Ivete no projeto por supostamente estar utilizando de forma indevida uma marca registrada pela banda no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Em nota enviada à imprensa, a equipe jurídica do Grupo Clareou afirma que Ivete violou os direitos de exclusividade da marca ao batizar sua nova turnê com um nome idêntico ao da banda, sem autorização ou qualquer relação com o grupo.
A empresa Super Sounds, responsável pela turnê 'Ivete Clareou', da cantora Ivete Sangalo, reiterou que não há ligação da nova turnê de Ivete com o grupo e defendeu que o nome da turnê "é absolutamente legítimo e não configura qualquer violação a direitos de terceiros".
"“Clareou” é uma palavra de uso comum na língua portuguesa, resultante da conjugação do verbo “clarear”, inclusive presente em diversas obras musicais do samba brasileiro, cujo uso, portanto, não pode ser objeto de exclusividade. O título da nossa Turnê é formado pelo nome próprio da artista que lhe dá voz, amplamente reconhecida pelo público e com forte identidade no cenário musical nacional, acompanhado da expressão “Samba de Mainha”, elementos que conferem originalidade e distintividade à marca e ao projeto perante o público consumidor."
A empresa ainda afirmou que o grupo de pagode estaria com interesse financeiro ao tentar negociar com a artista o uso da marca.
"Os representantes do Grupo Clareou afirmaram que o único interesse dos seus representados seria o recebimento de compensação financeira e apresentaram proposta de valores astronômicos, o que nos levou ao encerramento imediato das tratativas, especialmente diante da evidente inexistência de qualquer violação de direito de marca."
De acordo com o advogado Luciano Andrade Pinheiro, mestre em propriedade intelectual e sócio do Corrêa da Veiga Advogados, o caso não configura, a princípio, violação de marca. E que, na análise profissional dele, não a possibilidade do público confundir as marcas.
“Na análise de colisão de marcas, um aspecto fundamental é a possibilidade de aproveitamento da fama e prestígio do signo registrado. Some-se a isso a averiguação da possibilidade de o público consumidor ser levado a erro. Nesse caso, me parece que não há nem um, nem outro. As designações ‘Ivete Clareou’ e ‘Grupo Clareou’ podem conviver, sobretudo porque o registro da marca não confere ao titular o direito exclusivo sobre palavras que compõem o signo.”
Os ingressos para o novo projeto de Ivete Sangalo, o show de samba 'Ivete Clareou', começaram a ser vendidos nesta terça-feira (8). A apresentação, que acontecerá no dia 30 de novembro, no WET, na Paralela, tem entradas a partir de R$ 80 no primeiro lote.
Quem for curtir a festa na capital baiana poderá escolher entre dois setores, Arena e Open Bar, a visão dos dois espaços é a mesma, Ivete investiu em um palco 360º para o projeto, a diferença são os benefícios dados pela área Open, com serviço de bebidas, bares e banheiros exclusivos.
O setor mais caro é o Open Bar, que no primeiro lote tem ingresso a R$ 290 + taxas.

De acordo com Ivete Sangalo, a ideia do projeto 'Ivete Clareou' é proporcionar ao público um mergulho no samba com uma experiência diferenciada, oferecendo aos fãs o combo de música e vivência.
Para isso, a artista optou pela festa ao ar livre. "Eu acho que a experiência do show começa quando você fala 'eu vou'. E você nunca decide se vai sem ligar para alguém e perguntar 'Fulano, você vai?'. E essas experiências conectam pessoas. Você já liga, já vê que dia é, qual é o seu look, onde vai ser. E o nosso esquenta vai ser na própria festa, o show e o pós".
Nas redes sociais, Ivete vem instigando o público com indícios do repertório. "Minha relação com o samba é desde criança, desde Nelson Cavaquinho, ao Cartola, Pixinguinha, as coisas novas como Ferrugem, Sorriso Maroto", disse durante a coletiva.

A artista já convocou o cantor Belo para uma parceria, e em uma playlist de inspirações, colocou Sorriso Maroto, Ferrugem, Diogo Nogueira, além, é claro, de Clara Numes, homenageada com o título do projeto.
“Ô Belo, mande seu número para mim pelo direct. Tou precisando perguntar um negócio pra você. Me manda agora!”, disse a cantora no Instagram.
O novo projeto de Ivete, que tem direção musical de Bóris Farias, contará com um registro audiovisual. A cantora ainda não definiu se uma só cidade será a sede ou se cada um dos cinco pontos escolhidos para receber o projeto contará com uma gravação.
O local por onde passará a nova turnê da cantora Ivete Sangalo, “Ivete Clareou”, foi anunciado nesta quinta-feira (3), nas redes sociais do projeto. O show ocorrerá no próximo dia 30 de novembro, no Wet, na avenida Paralela.
O projeto inédito foi anunciado no último dia 17 de junho, em coletiva de imprensa. Além do local, também foi divulgado pela artista o mapa do evento, que contará com dois setores - arena e open bar - entre um palco 360º.

Foto: Reprodução / Redes Sociais
As vendas dos ingressos abrem no dia 8 de julho, próxima terça-feira, na plataforma Ingresse. A entrada de Ivete Sangalo no mundo do samba já tinha sido antecipada pelo Bahia Notícias. Em outubro de 2024, o site revelou o pedido de registro de marca feito pela artista do ‘Ivete Samba’, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O sucessor de Ubirajara Félix do Nascimento, o Bira Presidente, a frente do Cacique de Ramos, só será definido sete dias após a morte do ícone do samba.
De acordo com a instituição, Bira seguirá simbolicamente na função, que só terá o novo comando revelado pelo Cacique no final do mês. "Faremos o comunicado oficial das próximas diretrizes após o sétimo dia de luto", disse Nayra Cezari, diretora de Comunicação do Cacique de Ramos, ao gshow.
Bira faleceu na noite do sábado (14), aos 88 anos, em decorrência de complicações do câncer de próstata e Alzheimer. O artista tinha sido internado no início da semana.
O corpo de Bira será velado segunda-feira (16), de 14h às 16h30, na Capela 9 do Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com cerimônia aberta ao público.
O sambista deixa as filhas Karla Marcelly e Christian Kelly, os netos Yan e Brian, e a bisneta Lua.
Eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro têm um gosto em comum: consideram como seu gênero musical mais apreciado o sertanejo. Essa conclusão pode ser apurada na pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16).
De acordo com os resultados, para 28% dos entrevistados que dizem ter votado em Lula ou no PT, o sertanejo é o tipo de música mais ouvida. Esse número chega a 30% entre os bolsonaristas.
Entre os eleitores dos dois políticos, há também uma igualdade de gostos no estilo musical que ficou em segundo lugar como o mais apreciado. Enquanto 15% dos que dizem ter votado em Lula têm como segundo gênero mais ouvido a música religiosa, cristã ou gospel, o percentual chega a 23% em meio aos bolsonaristas.
Para os seguidores do líder petista, o forró/piseiro/arrocha empata com o gospel (15% de citações). Já para 9% dos eleitores de Jair Bolsonaro, o gênero forró/piseiro/arrocha teve apenas 9% de menções, mesmo percentual do samba/pagode (que vem em quarto lugar na avaliação de quem diz ter votado em Lula, com 12%).
Na pesquisa agregada, sem distinção de eleitorados específicos de líderes políticos, 26% dos entrevistados afirmam que o sertanejo é o seu gênero musical preferido. Em segundo lugar na lista aparece a música religiosa/golspel/cristã, com 19% das menções.
Em ordem, do terceiro lugar em diante, aparecem os seguintes gêneros musicais: forró/piseiro/arrocha - 9%; samba/pagode - 9%; MPB - 6%; Rock internacional - 4%; Funk - 4%; Pop internacional - 4%; Rock Nacional - 3%; Rap/Hip Hop - 3%; Pop nacional - 3%; Clássica/Erudita - 2%; Outro - 8%.
A pesquisa da Genial/Quaest foi realizada de 27 a 31 de março, com 2.004 pessoas entrevistadas. A margem de erro estimada do levantamento é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Ivete Sangalo tem deixado os fãs cada dia mais animados com a possibilidade de um novo projeto em 2025 após postagens nas redes sociais. Após o Carnaval que rendeu bons frutos, entre eles o prêmio de 'Música do Carnaval', a artista já indicou os novos caminhos que tem seguido com dias na web.
A artista fez duas postagens sobre samba e reacendeu a chama do projeto "Ivete Samba", registrado por ela no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual em 2024. A primeira postagem foi um registro de quando ela estava grávida do primogênito, Marcelo, e cantou ao lado de Zeca Pagodinho.
No segundo registro, a artista escolheu um trecho de 2007, onde divide os vocais com Rosa Passos na música 'Dunas'. A legenda foi a mesma utilizada para a postagem com Zeca, "samba", e uma identificação da artista.
Durante a participação no Desfile das Campeãs, Ivete surpreendeu os fãs ao apresentar 'O Canto das Três Raças', de Clara Nunes.
A promessa de Ivete Sangalo de investir no samba é antiga. Em 2023, os fãs chegaram a brincar com a situação após a cantora confirmar que faria o disco. “Após cantar 'Falta Você' de Thiaguinho e 'Derê' de Belo, Ivete Sangalo anunciou que fará um álbum de samba em 2024. Essa é a milésima vez que a cantora faz esse anúncio”, escreveu um perfil dedicado a artista.
Simplesmente Ivete Sangalo ao som de “O Canto das Três Raças” na Sapucaí
— Acesso Sangalo (@AcessoSangalo) March 9, 2025
Eu vivi por esse momento! pic.twitter.com/DSxeTi13h9
A cantora também já gravou com grandes nomes do gênero, como Jorge Aragão na música 'Loucuras de uma Paixão', Sorriso Maroto na música 'E Agora Nós?', além de já ter feito duetos com Péricles, Thiaguinho, Mumuzinho, Alcione, Nelson Rufino, Zeca Pagodinho, Ju Moraes e outros.
A irmã de Ivete Sangalo, Cynthia Sangalo, que também atua como empresária da cantora, atiçou ainda mais os fãs ao comentar sobre a possibilidade da cantora lançar um projeto no gênero.
Nos comentários das postagens atuais, os fãs pedem pelo projeto e personalidades especularam novidades no repertório da cantora. "Hummmmm, tô prevendo coisa boa", escreveu a jornalista Rita Batista. "Você está querendo nos dizer ALGOOOO?????", questionou Jude Paula. "Quando Ivete lançar um álbum de samba ela não dirá nada, mas haverá sinais", brincou um fã.
Alegria e tradição marcaram a tarde desta terça-feira (04) no circuito Osmar (Campo Grande), onde a família de Ellen Bárbara, 33 anos, Vanda Maria, 67, e Gilda de Jesus, 65, celebrou mais um ano de Carnaval. Em entrevista ao Bahia Notícias, elas compartilharam a paixão pela festa e a preferência pelo circuito do Campo Grande.
"Aqui no Campo Grande. Sempre para ver samba, qualquer um que passa a gente vem para ver, porque a gente gosta de todos. A gente gosta de assistir tudo", conta Vanda Maria.
A paixão pelo Carnaval é tradição na família, que frequenta a festa desde a infância. "Desde que eu era criancinha, que eu gosto do Carnaval", relembrou Vanda Maria.
"Eu vejo de tudo, mas eu prefiro ver Léo, né? Mas eu vou ver um pouquinho de cada coisa. Venho acompanhar as tias. É, as tias, é, com certeza", disse Ellen Bárbara.
Ao longo dos anos, a família acompanhou diversos blocos e artistas, mas alguns se tornaram especiais. "Eu gostava muito de Carnaval. Porque minha família sempre curtiu o Carnaval. Minha família toda saía em blocos. Depois da idade, eu saía no Alerta Geral. Que massa! Agora no Alerta, nem eu não saio mais. Agora só mesmo dar uma voltinha, um bloquinho de samba leve e um camarote", contou Gilda de Jesus.
A facilidade de acesso ao circuito do Campo Grande e a paixão pelo samba são os principais motivos que levam a família a escolher o local para celebrar o Carnaval.
“O mar me chamou pra sambar, se tem lua cheia, tem samba na areia do mar...”, a composição de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Roge pode muito bem contar a história do jovem Uel, de 25 anos, revelação baiana do samba.
O mar chamou Uel para cumprir outra missão antes do samba, mas foi no balanço dele que o artista decidiu deixar a Marinha para seguir o sonho de fazer a voz reverberar no país inteiro através das ondas da internet e tempo depois, através das ondas do rádio e dos alto-falantes em shows ao redor da capital baiana.
Neste sábado (8), Uel volta a um dos primeiros palcos da carreira, a festa 'Embolô', a partir das 15h, agora em maiores proporções com um grande show no Terminal Náutico em Salvador. E o retorno as origens só fez o artista ter mais certeza de que seguir na música foi a decisão certa a ser tomada.
Foto: Divulgação
Nascido e criado em Salvador, mais especificamente na Ribeira, Cidade Baixa, Uelbert dos Santos Conceição, cresceu no samba, ainda que não fosse como músico. De família apaixonada pelo gênero, nasceu a paixão pelo ritmo e ao ingressar da música, não havia dúvidas de qual estilo seguir.
“O samba vem desde criança, dentro de casa. Meu pai me 'forçando' a ouvir pagode, não poderia ouvir outra coisa. Minha mãe até tentava colocar um sertanejo, mas meu pai sempre ouvia pagode, Revelação, Exaltasamba, Xande de Pilares, essa galera que é referência para mim”, conta ao Bahia Notícias.
A música veio para Uel através de um projeto social da LBV (Legião da Boa Vontade). Lá, o jovem aprendeu a tocar diversos instrumentos e a cantar no coral. “Tinha futebol lá também, mas eu quase não ia porque a música era a minha praia”, relembra.
O jovem ainda participou de outro projeto que o colocou nos palcos, mas ainda não era com o pagode/samba. “Quando eu fiz 15 anos eu fiz parte de um projeto chamado CRIA (Centro de Referência de Criança e Adolescente), no Pelourinho, e passei anos viajando pela Bahia com teatro musical, ali eu comecei a entender que eu queria mesmo seguir na música.”
A criação de Uel, no entanto, afastou o artista dos sonhos por um período. O jovem conta que sempre entendeu que precisava trabalhar e ganhar dinheiro, algo que a arte ainda não estava fazendo por ele, e a decisão foi realizar um sonho do pai, o de entrar para as Forças Armadas.
“Tive que entrar na Marinha por questão financeira mesmo, na época, e até hoje, o teatro não dava muito dinheiro, as pessoas infelizmente não investem tanto assim, a nossa arte é muito desvalorizada. Entrei na Marinha e segui carreira, mas para não perder o costume com a música, eu comecei a gravar vídeos para as redes sociais.”
O auxílio da internet foi essencial para que Uel conseguisse crescer na carreira. Nascido na Geração Z, o jovem confessa que a facilidade com as redes sociais tiveram grande impacto na carreira. A decisão de não abandonar a música mesmo seguindo a carreira militar veio em 2018/2019.
“Eu saía do quartel e ia de bicicleta até a Ribeira, com um celular e um tripé e gravava. Os vídeos começaram a repercutir nas redes sociais. O primeiro que me deu visibilidade foi um de Belo, cantando 'Reinventar', que deu mais de 2 milhões de visualizações e me fez atingir 10 mil seguidores. O segundo foi a música 'Só Depois' de Xande, que bateu 25 milhões de visualizações.”
Para Uel, apesar de ter viralizado com covers, imprimir a própria identidade nas versões foi o que conquistou o público e fez com que os números convertessem de views para público em show. No entanto, migrar das versões para as músicas originais é um dos maiores desafios do sambista.
“Eu meio que criei sem perceber por causa do Instagram, e pela voz, mas é muito difícil você acreditar no que você faz, independente se você tem talento, mas você escrever uma música, produzir e tal e tentar colocar nos shows é um desafio. Uma coisa que ninguém nunca ouviu. E aí você vai, tem que ensinar a galera a cantar em cada show e aos pouquinhos vamos conquistando nosso espaço.”
Os números podem enganar, e para os mais velhos, a internet consegue ser bem traiçoeira. Uel conta ao BN que os pais, apesar de serem os maiores apoiadores da carreira do filho atualmente, tiveram medo dele trocar o certo, a carreira na Marinha, pelo duvidoso, que seria seguir na música.
“Tiveram algumas propostas que não deram certo, eu fui para o Rio, fui para São Paulo, até encontrar meus empresários de hoje, que são os donos da Audioplay. Eu não tinha expectativa nenhuma de entrar para uma produtora. Meus pais apoiam agora, mas quando as coisas começaram era bem difícil, porque a gente vem de uma base que era 'escola, faculdade e trabalho', e sair dessa linha para viver de algo incerto como a música, deu um susto, mas a gente precisa arriscar. Mas hoje eles estão na primeira fila, pedem para ir aos shows.”
.jpg)
Foto: Acervo pessoal
Uel conta que também teve apoio dos grandes ídolos. Neste ano, o artista foi o responsável por abrir o Sambazin Salvador, show de Jorge Aragão na capital baiana, e relembrou ao BN o encontro com o gigante do samba.
“Eu tenho um ano de carreira, mais ou menos. Só que na rua são seis meses, trabalhando, cantando, fazendo show. E a gente busca sempre estar em alguns lugares pontuais, para que a gente seja visto melhor e tal. E o dia que fui abrir o show de Jorge Aragão, foi um choque de verdade. Quando eu vi ele, não conseguia nem falar direito com ele. Teve outras referências que fiquei conversando, e eles me chamando de sobrinho, me aconselhando a ter persistência. É muito legal, só que é um choque danado.”
Mesmo com pouco tempo de carreira, o jovem já conquistou grandes feitos e atualmente consegue viver da música. Para Uel, ainda falta muito a conquistar, especialmente na música, entre eles, a gravação de um feat com o ídolo, Thiaguinho, e um espaço no Samba Salvador e Samba Recife, um dos maiores eventos dedicados ao gênero do mundo.
“Eu saí da Marinha para a produtora já com essa decisão de conseguir viver do meu sonho, do meu talento. E agora que consigo, eu continuo sonhado e trabalhando. Um dos maiores sonhos hoje, é fazer uma participação com o meu maior ídolo, que é o Thiaguinho. E quero também estar nesses dois palcos, acho que esse ano ainda pode acontecer.”
Em 2025, o público vai poder ver Uel nos trios. O jovem fará a estreia no Carnaval de Salvador: “Eu estou me preparando, mas tô nervoso que só. Porque é um desafio, normalmente nos shows a gente faz duas horas, no máximo três. Com os nossos ensaios que a gente fez de verão, a gente tocou três horas, mas ali você consegue parar um pouco. Agora imagine um repertório para seis horas? Estou empolgado.”
Por ser novo na área, Uel se torna uma inspiração para os jovens que também pensam em seguir a carreira na música. Ao BN, o artista deixou um conselho para a nova geração e um lembrete para ele também: “acredite, tenha paciência e foco. Porque não é fácil, eu passei, sei lá, uns cinco anos gravando vídeo para a internet para ter essa primeira oportunidade, e de fato, para viver da música. Tudo é tempo, persistência e muito estudo. É foco e pé no chão, porque pode demorar, mas uma hora vai chegar.”
O samba é o novo pop? Na terra do samba, o gênero nunca perdeu a majestade entre os admiradores fies do ritmo. Mas comercialmente é nítido que o samba voltou a ser atrativo para quem investe na música em busca do retorno financeiro. Afinal, não é à toa o surgimento de novos eventos dedicados ao ritmo, além da mudança de estilo de alguns artistas que de repente passaram a se interessar pelo gênero musical.
Nos marcadores digitais, a exemplo do Spotify, o samba e o pagode já dão as caras nas playlists mais ouvidas do ano, porém, ainda é difícil barrar a hegemonia do sertanejo, que aparece na lista com o artista mais ouvido do ano e tem duas playlists mais executadas.
Mas nas ruas, onde o samba sempre foi consumido, longe da tecnologia e dos números em streams, é possível ver que o gênero tem feito sucesso entre a nova geração, que dita a tendência nas redes sociais, e que, também, nunca abandonou o favoritismo entre os mais velhos.
Herdeiro de um dos talentos do samba na Bahia, Tiago Carvalho da Cruz, assina com o Da Bahia, assim como o pai, Chocolate da Bahia. Em entrevista ao Bahia Notícias, o músico falou sobre a nova ascensão do ritmo, que apesar de nunca ter deixado de ser consumido na Bahia, passou a se tornar mais comercial, com a criação de novos eventos.
“Eu percebo um crescimento no interesse do público, principalmente no samba raiz e o samba da Bahia. É algo bom para a gente, que faz música, porque normalmente o pessoal costuma ouvir o samba do Rio, mas ver esse samba feito aqui, da nossa velha guarda, composta por Batatinha, Edil Pacheco, Gal do Beco, Waldir Lima, Nelson Rufino, Chocolate da Bahia, ser exaltado, é lindo demais. São canções que precisam ser resgatadas e passada de geração em geração.”
Foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal/ @mochilab.co
A paixão pela música passou de pai para filho, assim como o talento para fazer canção. Especialmente por não ser para qualquer um herdar o dom de Raimundo Nonato da Cruz, ou para quem ouve na rádio e na TV com alguns dos jingles mais marcantes da publicidade baiana, simplesmente Chocolate da Bahia.
Tiago embarcou na área da música como produtor e compositor, e tem registrado no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) 67 obras musicais. Até o estilo escolhido para seguir foi o mesmo.
Apesar de admirar a música como um todo, foi no samba que Tiago se encontrou. Não tinha como ser diferente, se dentro de casa a referência era Chocolate, Edil Pacheco, Batatinha, Nelson Rufino e outros grandes do samba, a fruta não cairia longe do pé.
Para o artista, é necessário que as pessoas deem continuidade ao legado deixado pelos grandes nomes, não só executando as músicas, mas também se inspirando para criar obras tão impactantes como as que já existem, sempre atentos as letras, as mensagens que devem ser passadas com as músicas e o poder social que o samba sempre teve.
Foto: Arquivo Pessoal
“Tenho visto novos nomes, muitas mulheres tendo espaço para finalmente cantar o samba e serem vistas e exaltadas pelos seus trabalhos. É um verdadeiro espetáculo e eu vejo um futuro bonito para esses artistas.”
O bom momento no samba é pontuado por outros artistas e produtores de eventos na capital baiana. Ao Bahia Notícias em novembro deste ano, Samora Lopes, idealizador do Banjo Novo, que também herdou a paixão pelo gênero da família, pontuou a alta nos marcadores digitais como um momento de reflexão e celebração para o ritmo.
“O samba sempre esteve presente da mesma forma de segunda a segunda em Salvador, porém agora, com as redes sociais, ele está tendo uma visibilidade que ele não tinha antes. A gente também está vivendo um bom momento do samba nos streams. O samba, acho que na última semana, bateu o top 1 nos streams, coisa que não tinha acontecido com a música pelo domínio de outros ritmos.”
Por outro lado, o interesse no samba gera uma preocupação. A de que o samba como “o novo pop” seja apenas para extrair financeiramente tudo que o gênero ancestral pode dar por estar na moda.
Nas redes sociais, ao mesmo tempo, em que o boom no samba tem sido elogiado, tem ligado o alerta para reconhecer quem sempre esteve ali, na linha de frente de toda essa história, como diz o poeta, Jorge Aragão em 'Moleque Atrevido', “do tempo do samba sem grana, sem glória”. Tiago segue o mesmo discurso do “vovô”.
“Eu acho que todo esse movimento é bom para o ritmo, para propagar, mas a gente precisa saber quem é que vai estar em destaque. Acho que tendo o devido respeito, dando o mérito a quem começou tudo isso, não se torna um grande problema. Eu digo o seguinte em uma canção 'Fazer samba não é só ritmar num tamborim ou sincopar num pandeiro. Fazer samba é respeitar os terreiros e as nossas tradições. Oxalá, meu Deus, transmitir aos filhos teus, filhos meus, nossa verdade'.”
Para o produtor musical, é necessário entender o ritmo e respeitar as origens do samba ao decidir “se jogar” na história. Para se ter uma ideia, a velha guarda baiana sofreu nos últimos anos para manter a celebração ao Dia do Samba na capital, e é desse reconhecimento que quem fez o samba acontecer na Bahia que o gênero precisa para propagar a arte.
“O samba não é somente a gente fazer aquela batucada, é você ter esse entendimento da origem do samba, dar esse devido valor e respeito. Porque muitas vezes a gente vê o samba agonizando, mas ele não morre, mantém a sua força. Espero que essa turma venha para somar e que o samba permaneça”.
No ano em que o sambista, cantor e compositor, Oscar da Penha, conhecido como Batatinha, completaria 100 anos, o Dia Nacional do Samba não poderia ser lembrado de maneira diferente. O baiano, nascido em Salvador, faleceu em 1997 e foi um dos principais nomes da música popular brasileiras.
Amigo de outros grandes nomes do gênero, como Riachão, Panela, Edil Pacheco e Ederaldo Gentil, Batatinha era gráfico e trabalhou no Diário de Notícias, em Salvador, até se aposentar. Seu primeiro samba, “Inventor do Trabalho”, foi apresentado ao jornalista Antonio Maria, da Radio Sociedade da Bahia, e logo o cantor passou a se apresentar em um programa na rádio, o “Campeonato do Samba”.
Foi durante o programa, o artista foi nomeado com o apelido que, em 1998, por meio de uma lei municipal assinada pelo então prefeito Antônio Imbassahy, deu nome ao circuito de carnaval localizado no Pelourinho e nas praças da Sé e Castro Alves.
Batatinha chegou a trabalhar com outros grandes artistas e teve suas músicas gravadas por variados cantores, entre eles Caetano Veloso, Maria Bethânia, Chico Buarque, Paulinho da Viola e Alcione.
Entre as mais de 70 canções compostas pelos artistas estão os grandes sucessos como “Direito de Sambar”, “Diplomacia”, “Hora da razão”, “Imitação”, com Gilberto Gil e Toalha da Saudade”, com Chico Buarque. O sambista morreu em janeiro de 1997, aos 72 anos, vítima de câncer.
A véspera de feriado em Salvador será agitada com uma edição do Samba de Quinta. O evento, idealizado pelo produtor cultural, DJ e empreendedor Matheus de Morais, irá realizar uma edição especial no dia 14 de novembro, a partir das 22h no Z1 Bar, no Rio Vermelho, que também irá celebrar o mês da Consciência Negra.
Nesta edição, a cantora Vanessa Borges, ex-participante do The Voice, dará o tom da festa com um repertório nostálgico com os sucessos do Sorriso Maroto. O Samba de Quinta contará também com show do Grupo Gente Boa, do Samba de Lua e DJotta, além do set do DJ Jamil Godinho.
Os ingressos para a festa custam a partir de R$ 35, para quem estiver com nome na lista. Aniversariantes da semana têm entrada gratuita, basta se inscrever através do formulário na página no Instagram.
"O samba só acaba quando a vela apaga...". Com duração de aproximadamente 4 horas, tempo determinado pela queima da vela palito nº 8, o samba Banjo Novo conquistou adeptos em toda capital baiana e realizou na sexta-feira (8) a maior edição da história, já com data certa para voltar a brilhar, dia 15 de novembro na Liberdade.
A Arena Parque Santiago foi o espaço que abriu as portas na sexta-feira para o projeto idealizado por Samora Lopes, que teve início em uma laje do Trobogy, e já ganhou até edição gratuita nas ruas do Pelourinho.
"A história do Banjo Novo começou no meu aniversário. Eu já reunia alguns amigos para fazer uma brincadeira, mas depois ficou mais sério quando Igor Negralha, que é um dos sócios, entrou no negócio. Ele propôs: ‘bora fazer um samba raiz, que tem algumas características que vêm de rua, com poucos instrumentos microfonados’. A gente começou lá num lugar bem pequenininho, numa laje no Trobogy, e as pessoas foram abraçando o movimento", contou Samora ao Bahia Notícias.
Campos Campos, Samora Lopes e Igor Negralha | Foto: Instagram
A vela chegou para o Banjo Novo através da ideia de um músico e foi testada a vera após a produção esquecer de cortar a vela. Desta forma, a banda tocou por 4 horas, tempo de duração da queima da vela nº 8, e o público acompanhou na palma da mão e com o samba no pé.
"Já existe o Samba da Vela em outros lugares, e quando começou o Banjo Novo, Tiago do Pagode chegou e falou assim, ‘Poxa, por que vocês não trazem uma vela no meio do samba e dizem que o samba só acaba quando a vela apagar?’. Inicialmente a gente falou assim, ‘Rapaz… vocês vão aguentar?’ Porque às vezes uma vela número 8 pode durar de 3 horas e meia a 4 horas e meia, e ele deu a ideia de cortar a vela. Só que a gente esqueceu, e o samba foi rolando, um olhava para cara do outro, o samba não acabava, todo mundo cantando e a gente adotou. Essa ideia da vela é algo muito de vivência, o Banjo Novo é muito de vivência, algo que já fazia parte do nosso imaginário, da nossa cultura. Hoje a gente tem um ritual para a entrada da vela."
No papo com o site, o comunicador, formado em Publicidade e Propaganda, celebrou o sucesso de um projeto ambicioso, já que para entrar no samba precisa de muito respeito. Sensação no calendário de festas em Salvador, para Samora, um dos motivos da festa ter caído no gosto popular foi justamente a conexão forte que o evento tem com o público e como ela se comunica com eles na web.
"O Banjo é muito de vivência e experiência. Quando criamos, buscamos investir muito nessa coisa da tradição, então, esse negócio de vestir branco na sexta-feira é uma característica muito soteropolitana, já existia e a gente trouxe para o evento a questão da vela. O Banjo promove esse encontro com a ancestralidade."
Ao BN, Samora conta que, para não perder a essência do Banjo, que começou como algo pequeno, a festa passou a ter outras versões, como o Banjinho e o Banjo de Rua, que pode voltar a ter novas edições gratuitas.
“O Banjo Novo tomou proporções que a gente não imaginava. A nossa última edição foi a maior que já fizemos. Então, para não nos afastar da nossa ideia, criamos o Banjo de Rua para conseguir promover o evento de forma sustentável e acessível, porque tinham algumas pessoas que não frequentavam, não tinham condições de frequentar o Banjo Novo, e criamos o Banjinho, que é uma roda menor para o nosso público saudosista, com a roda mais próxima do público, mais intimista. E a nossa próxima edição vai acontecer no dia 15 de novembro, no Vista Baía, na Liberdade.”
Nascido e criado no samba, Samora, que veio da família do Bloco Alvorada e vivia nos bastidores, decidiu tomar a frente para fazer os eventos de samba na capital baiana há alguns anos e não se arrepende da decisão, apesar das dificuldades. O Banjo Novo, por exemplo, é feito com recursos próprios e só teve apoio público na edição gratuita da festa, com a Secretaria de Promoção e Igualdade Racial.
“Acho que a grande dificuldade hoje em Salvador é o capital. Você ter pessoas que abracem os eventos de samba da forma como eles merecem. Então, é uma dificuldade enorme para arrumar patrocinador, ter um apoio. Outra dificuldade também são os espaços aqui em Salvador. Chega esse período de verão, os espaços são disputadíssimos. Às vezes você tem uma ideia boa, tem um evento bacana, mas não tem um espaço.”
Ao BN, Samora ainda falou sobre a crescente que vive o samba. Para o comunicador e produtor, o que aconteceu nos últimos anos foi um aumento na visibilidade para o ritmo e não aumento no consumo. "Eu acho que o samba agora, com as redes sociais, está vivendo um momento diferente. Porque o samba sempre esteve presente da mesma forma de segunda a segunda em Salvador, porém agora, com as redes sociais, ele está tendo uma visibilidade que ele não tinha antes", afirma.
Para o comunicador, em Salvador, o samba sempre se fez presente e agora tem o destaque que merece, mas ainda pode ir mais longe. "A gente também está vivendo um bom momento do samba nos streams. O samba, acho que na última semana, bateu o top 1 nos streams, coisa que não tinha acontecido com a música pelo domínio de outros ritmos. Mas ele sempre esteve perene, na sociedade soteropolitana. Eu percebo também que os artistas que não faziam parte do movimento do samba, agora estão apostando no ritmo".
Ivete Sangalo pode ser a próxima artista a investir no samba como um projeto para a carreira. A baiana, que em 2024 celebra 30 anos de história nos palcos, vem dando indícios aos fãs de que o gênero musical estará ainda mais presente no repertório dela nos próximos meses.
A primeira certeza de que a cantora está apostando no ritmo é o registro da marca 'Ivete Samba', feita junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). De acordo com a apuração do Bahia Notícias, o pedido foi feito no dia 18 de setembro no nome da própria cantora e tem como especificação “Apresentação de Espetáculos de Variedades; direção de shows; e fornecimento de programas de televisão, não baixáveis”.
A última movimentação da solicitação feita pela cantora aconteceu no dia 8 de outubro deste ano, com a conclusão do exame formal e a publicação de pedido de registro para oposição.
LEIA TAMBÉM:
- Prêmio Multishow 2024 anuncia indicados; baianos concorrem em 6 categorias
- Ivete Sangalo é confirmada no Festival Virada Salvador; festa terá cinco dias de duração
- Sócios evitam falar sobre futuro do Coruja; a 4 meses do Carnaval, bloco de Ivete Sangalo não tem venda de abadás
- Ivete Sangalo comemora sucesso de show no Rock in Rio e anuncia turnê pelo Brasil
A promessa de investir no gênero musical é antiga. Em 2023, os fãs chegaram a brincar com a situação após a cantora confirmar que faria o disco. “Após cantar 'Falta Você' de Thiaguinho e 'Derê' de Belo, Ivete Sangalo anunciou que fará um álbum de samba em 2024. Essa é a milésima vez que a cantora faz esse anúncio”, escreveu um perfil dedicado a artista.
Os indícios ficaram mais fortes após Ivete criar três playlists dedicadas ao ritmo no Spotify, uma delas “Estudo samba”, que traz as músicas 'Desafio/ Farol das Estrelas' de Belo e 'Pé Na Areia' de Diogo Nogueira. O gênero não é nenhuma novidade para Ivete, que já colocava músicas de samba em seu repertório e já gravou com dois grandes nomes do ritmo.
No CD 'Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim', de 2002, Ivete colaborou com Jorge Aragão na música 'Loucuras de uma Paixão'. A artista também já cantou com a banda Sorriso Maroto na música 'E Agora Nós?', além de já ter feito duetos com Péricles, Thiaguinho, Mumuzinho, Alcione, Nelson Rufino, Zeca Pagodinho, Ju Moraes e outros. Entre as músicas favoritas de Ivete estão ainda 'Trilha do Amor' e 'Meu Nome é Favela' de Arlindo Cruz.
SAMBA EM ALTA
O samba passou a ser o novo “pop” para os artistas da atualidade e a crescente reflete no número de eventos dedicados ao ritmo, já que nos streams, o sertanejo continua como rei, ao menos no último levantamento feito pelo Spotify e divulgado na retrospectiva de 2023.
De 2015, ano de estreia do projeto Tardezinha de Thiaguinho, para 2024, ficou nítida a alta na oferta de eventos de samba em todo o país, tanto de artistas que já cantavam o gênero como Mumuzinho com o 'Resenha do Mumu', e a banda Sorriso Maroto com o 'Sorriso Maroto As Antigas', até o surgimento de novas bandas e novos projetos como a banda Menos É Mais com o 'Churrasquinho Menos É Mais'.
Fora do samba, tem quem tenha migrado para o estilo e sucedido na missão, como Ludmilla que explodiu em todo o Brasil com o projeto 'Numanice', inspirando cantores de funk e de outros gêneros musicais a se arriscarem no samba, a tirar por Glória Groove no 'Serenata da GG'.
Os projetos que têm rodado o país, as famosas labels, são festas que tem uma identidade própria, apesar do ritmo ser o mesmo cantado por diversos artistas. Os eventos não costumam se resumir apenas na apresentação do palco, a ideia é sempre criar uma atmosfera diferenciada, uma experiência única que só pode ser vivida naquele evento.
Dois artistas baianos investiram pesado em labels dedicadas ao samba em 2024, o cantor Léo Santana com o projeto 'Paggodin', que se assemelha ao 'Tardezinha' e ao 'Numanice', e Xanddy Harmonia, que lançou o 'Xanddy Samba de Roda', voltado para as raízes do samba, quando Tia Ciata, natural de Santo Amaro, levou o gênero que nasceu na Bahia para o Rio de Janeiro, criando o que conhecemos hoje como samba.
Outro artista que trabalha para lançar o próprio projeto de samba é o cantor Carlinhos Brown. Ao Bahia Notícias, o músico se empolgou ao falar sobre o 'Samba Guetho Square' e o motivo de investir novamente no gênero.
“Com esse retorno do samba, eu comecei a fazer uma análise e eu me vi tão dentro… Sabe como tudo isso começou? Quando eu gravei um demo para Edson Conceição de 'Não Deixe o Samba Morrer', como percussionista lá com Rangel na WR. Aquilo ali foi um grande momento. Gravei também muito com Batatinha, com Gil e Caetano, eu escrevi vários sambas […] se é esse o estilo e se esse conceito está fortalecido, é sinal de que eu preciso também mostrar”, afirmou o artista.
Na terra do samba, o pagode sempre fez a festa. Mas, nos últimos anos, o público tem mostrado a preferência pela melodia menos arrastada e com a percussão mais suave, com letras menos explícitas, o que tem justificado a movimentação de artistas como Léo e Xanddy para projetos como o citado por Brown.
Em conversa com o site, um empresário da área do entretenimento pontuou a forma como a Bahia tem conhecido artistas que já faziam sucesso no gênero em outros estados e com a crescente do consumo sem descriminação de idade e condições sociais, passaram a alcançar novos públicos.
"Por muito tempo a gente se deparou com um mercado machista e fechado. Já tem alguns anos que existe essa movimentação, tanto de artistas que já se apresentavam nesse ritmo, como Ju Moraes, por exemplo, que lançou o Sambaiana, Luciano Castilho que apostou no Samba do Lu. Tem vários outros artistas surgindo e muita gente que fez sucesso em 2007, por exemplo, mas fora da Bahia, que está se tornando popular para quem consome o samba agora. Tem muito menino novo fazendo um bom samba, muita mulher ganhando espaço e isso é importante culturalmente."
E como já cantava Alcione na música de Edson Conceição e Aloisio Silva, o que importa mesmo é não deixar o samba morrer.
Thiaguinho lamenta falta de destaque do samba e pagode: "Não vejo uma comoção do tamanho que merece"
O sucesso da turnê Tardezinha e de eventos voltados para o pagode e o samba pode ser motivo de incômodo para algumas pessoas.
Em entrevista à rádio Nova Brasil FM, o cantor Thiaguinho lamentou o fato do evento, que em 2023 rodou o país e se consagrou como uma das maiores turnês da música brasileira, ser ignorado por algumas pessoas.
"Ano passado a gente viveu a maior turnê da história da música popular brasileira. A gente saía todo fim de semana para fazer shows em estádios no país. Eu senti que várias pessoas fizeram de conta que isso não aconteceu", disse o pagodeiro.
Para o artista, as pessoas ainda tentam podar o samba e o pagode, e por isso o Tardezinha ainda não ocupa espaços como turnês pop costumam ocupar.
"Não explicitamente, mas deixando de falar e de reconhecer a grandeza disso. Não falo isso por mim, não porque eu estava envolvido nisso, mas porque é algo muito grande. Principalmente de onde nossa música saiu e de tudo que a nossa música enfrentou e enfrenta. A nossa música, que eu falo, o pagode, o samba."
Thiaguinho ainda citou o show feito pelo Sorriso Maroto, que já passou por Salvador e terá edição neste ano, como um exemplo da falta de destaque para turnês dedicadas ao samba. "Não só o que a Tardezinha conseguiu, o Sorriso acabou de fazer uma turnê maravilhosa, que é o Sorriso das Antigas, e eu não vejo uma comoção do tamanho que o Sorriso Maroto merece por fazer o que ele faz."
Em 2025 o Tardezinha volta a rodar o país em comemoração aos 10 anos de projeto. Para a nova turnê, Thiaguinho promete um grande show e irá extrapolar as fronteiras, com apresentações nos Estados Unidos, Austrália e na África.
Um das atrações da noite deste domingo (23), a dupla Diego e Victor trouxe mais que o sertanejo na bagagem. Para o show no Parque de Exposições os artistas fizeram uso de um “repertório diferenciado” para agradar o público da capital baiana.
“Os grandes sucessos da carreira do Diego e Victor Hugo são músicas românticas. Que é o sempre que pegou na nossa carreira. E aí, o São João, a gente sabe que tem toda essa tradição da música mais animada, do forró. Então, a gente tenta estudar um pouquinho cada lugar que a gente vai, pra tentar fazer alguma coisa local ali. Hoje aqui em Salvador, a gente trouxe um pouquinho do samba duro, que é o que a gente cantava antes do começo da carreira, antes de cantar o sertanejo. Então, a gente vai tentando mesclar e fazer um repertório diferenciado aí, pra agradar todo mundo”, contou Diego.

O artista ainda falou que um repertório bem feito é o que traz identidade para a dupla. “É o nosso grande diferencial. Nosso primeiro DVD teve várias participações na época como Henrique Juliano, Maira e Maraisa, Gustavo Lima, e a gente ouviu muito isso, que era só mais uma dupla e tal, mais uma música e acabou, mas hoje a gente já está no oitavo DVD. A gente vem sempre trabalhando, gravando músicas boas, fazendo buscando os parceiros certos para estar com a gente e não desistir da carreira”, pontuou.

"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Ou é ruim da cabeça, ou doente do pé." O verso de Dorival Caymmi em 'Samba da Minha Terra' traduz o sentimento de boa parte da população baiana sobre um dos maiores gêneros da música brasileira, afinal, foi daqui que o samba nasceu.
E por aqui, ao menos na capital baiana, ele continua prospectando, já que o consumo da população soteropolitana em busca de um bom e velho samba para curtir o dia, noite ou madrugada, cresceu de alguns anos para cá. E é quase impossível não ver uma festa de samba marcando presença na agenda cultural da cidade durante a semana.
Uma delas é o Samba de Quinta, idealizado pelo produtor cultural, DJ e empreendedor Matheus de Morais, de 28 anos, que existe desde fevereiro de 2022 e conseguiu furar a bolha das redes sociais, lotando espaços e se tornando uma das maiores sensações na capital.
Foto: Gabriel Xavier
Em entrevista ao Bahia Notícias, Matheus revelou o que o levou a criar a festa, a qual ele já considera uma verdadeira experiência do samba na capital. Com a licença dos mestres Jorge Aragão, Paulo Roberto Rezende e Flávio Cardoso, quem foi que falou que Matheus não é um moleque atrevido?Segundo o produtor, a ideia do Samba de Quinta veio do desejo dele de um lugar que oferecesse segurança e liberdade para que ele ser quem ele é, e que pudesse "beijar na boca em paz".
"O Samba de Quinta surgiu a partir do meu incômodo de estar em um espaço dedicado ao samba, mas que não conseguia acolher a amplitude de corpos e de diversidade de gênero, e de orientação sexual que eu via nos lugares. Era um padrão sempre heteronormativo e isso me incomodava profundamente. Foi aí que eu decidi criar o Samba de Quinta, para ter a possibilidade de ir para um samba, um pagode sem me preocupar em ser julgado pela minha roupa, para eu poder beijar na boca em paz, porque não tinha nenhuma festa de samba na cidade com essas características", conta ao site.
A história do Samba de Quinta começa no Santo Antônio Além do Carmo, mas foi no Pelourinho que ele ganhou a identidade pela qual ele é conhecido hoje. Foram duas edições no Centro Histórico, até a ida do SdQ para o Rio Vermelho, primeiro no Colaboraê e depois no Z1, que ficou conhecido na web pelas filas quilométricas formadas no Largo de Dinha, resultado do sucesso da festa.
"Quando eu criei o Samba de Quinta, eu criei para poder beijar na boca (risos), ele nasceu com a ideia de uma agenda cultural para acontecer toda quinta-feira, porque eu sentia falta disso, de um evento que movimentasse a cidade às quintas. Quando eu idealizei, escrevi o meu projeto, criei para isso, a partir da edição do Pelourinho ele ganhou um outro rumo e se transformou em uma festa e ganhou essa estrutura [...] Quando a gente estava lá atrás, em 2022, a gente não tinha ideia de que fosse atingir tal tamanho e popularidade. Ele tomou uma proporção que a gente não tinha noção."
"O povo que produz o show e assina a direção" - Coisa de Pele, de Jorge Aragão e Acyr Cruz
Para tornar a experiência algo a ser vivida, o Samba de Quinta inicialmente foi feito a 20 mãos, ou seja, dez pessoas envolvidas na operação. Após ser pensada por Matheus, o produtor cultural convocou um verdadeiro time para realizar o evento.
"O evento passou a ter duas bandas, passou a ter uma line-up, uma diversidade musical, direção artística... Porque as bandas são soteropolitanas de artistas emergentes, são artistas que cantam músicas de outras pessoas, então a gente passou a ter essa direção artística e musical", conta.
No entanto, a equipe sofreu cortes devido à realidade da produção de eventos em Salvador. Segundo o produtor, o projeto acontece de uma forma ainda mais independente e mais trabalhosa.
"É uma conta muito complexa porque depende das possibilidades que a gente quer apresentar para o público. O Samba de Quinta teve uma redução na equipe, começamos bem grande, com 10 pessoas, quatro de produção, tínhamos pessoas para direção de arte, comunicação, marketing, produção audiovisual que inclui fotógrafo, videomaker, designer... Só que a nova realidade afetou a equipe e foi reduzida para três pessoas."
E quem fica quando tudo está dando errado? O público do Samba de Quinta. Para o produtor cultural, a música de Meriti e Guimarães, interpretada por Maria Rita, frisou ele em entrevista, representa a lealdade do público que frequenta a festa e acredita no potencial da experiência ofertada pelo Samba de Quinta.
Um desabafo feito por Matheus nas redes sociais ganhou repercussão e, nele, o produtor falava sobre as dificuldades de realizar um evento em Salvador com a falta de apoio público e privado. Matheus ganhou o apoio do público em busca de patrocinadores para a festa.
Ao Bahia Notícias, o idealizador do SdQ citou em média quanto é gasto para uma edição da festa acontecer - com cerca de R$ 60 mil apenas para o lugar do evento. "As pessoas não fazem muita ideia, e você fica assim 'Como é que essa conta vai fechar?'. Então hoje a gente faz assim de investimento, qual é o investimento que a gente precisa para poder colocar a festa na rua? É sempre uma conta muito difícil, porque você não vai conseguir uma marca que coloque R$ 60 mil, ainda vai depender da bilheteria, ainda vai depender do bar".
Ao ser questionado pelo BN sobre a maior dificuldade de colocar o Samba na rua, Matheus pontua a falta de apoio de marcas. Para o produtor, o fato de ser um evento para o público LGBTQIAPN+ e negro torna ainda mais difícil das empresas verem potencial no evento.
"A maior dificuldade das marcas enxergarem potencial no Samba de Quinta é estarem no Nordeste, porque elas não conseguem estar no espaço da Bahia, do Nordeste, e elas têm dificuldade de colocar dinheiro em eventos que não sejam do eixo Rio-São Paulo. Para além disso, o samba ainda ocupa esse lugar marginalizado e as marcas têm dificuldade de enxergar a gente. Tem uma outra questão também que está envolvida que é como as marcas, produtos para pessoas negras e pessoas LGBTQIAPN+, tem essa dificuldade de perceber que é algo rentável e que as pessoas estão em busca deste produto. Você consegue ver o samba hoje em lugares mais gourmetizados, porque viram no Samba de Quinta uma possibilidade de rentabilidade. E isso não é apenas do gênero, em específico, no consumo da música samba. Surgiram novas festas na cidade, novas produções de conteúdo foram geradas, muitas vezes copiadas do Samba de Quinta, é óbvio que há um crescimento. Mas existe essa dificuldade."
Além dos problemas com patrocinadores, a crítica fica por conta da mobilidade na capital, que atrapalha o mercado do entretenimento, e a falta de espaços para a realização de eventos na cidade.
"Para eventos de grande porte nós temos o Parque de Exposições, que é um espaço de agropecuária, e o WET, um antigo parque aquático. Isso sem contar a Fonte Nova. Quando se passa para espaços menores, nós temos lugares se adaptando aos eventos, mas não temos lugares que sejam próprios para isso. Aí existe a possibilidade de fazer uma festa no Subúrbio. Como eu trago esse público para cá? Na conta, além do valor do ingresso, tem o valor do transporte e isso pesa no bolso. Quem tem mais de R$ 200 para gastar em uma noite?", questiona.
Prestes a realizar uma nova edição do Samba de Quinta, apesar dos pesares, Matheus conta que tem muito o que celebrar. O desejo de curtir uma noite desimpedido deu surgimento à experiência a qual ele chama a festa.
Para o produtor cultural, além das conquistas pessoais, do crescimento do evento, que teve início como uma agenda cultural, o Samba de Quinta atualmente representa uma conquista coletiva.
"Propor uma experiência única e significativa me traz essa sensação de realização. Mas se eu pudesse resumir, a minha maior realização é ver que o SdQ possibilita o crescimento, não somente individual, mas coletivo, de uma comunidade, de um grupo, esse é o maior tipo de realização que eu posso carregar na minha vida. Porque eu percebo que o Samba de Quinta não funciona só para mim, ele funciona para a sociedade, para Salvador, movimenta a economia, o cenário do entretenimento. Perceber esse sentimento coletivo é a minha maior realização."
O “Projeto Studio Session: Luís Martins” terá sua estreia nesta quarta-feira (29), no Youtube, reunindo momentos musicais do artista e cenas de bastidores da produção audiovisual. Inspirado nas letras e melodias da MPB e do Samba, o especial foi gravado no final de 2022, com produção da Arroz de Hauçá. O lançamento acontece no canal da produtora no mesmo dia em que o cantor celebra seu aniversário.
O repertório do audiovisual será composto por regravações de músicas autorais e releituras inéditas de Paulinho da Viola. O projeto tem direção musical do compositor e arranjador Cristovão Bastos , que também participou do especial tocando piano.
O teaser do “Projeto Studio Session: Luís Martins” já está disponível no Youtube. Além disso, o público pode acompanhar alguns dos lançamentos de Luís, como “Sou Músico”, “Seis Meses” e “Sonho Live”.
Siga o @bnhall_ no Instagram e fique de olho nas principais notícias.
Depois de cinco trabalhos autorais, Céu lança, nesta sexta-feira (12), seu primeiro disco de releituras. Com produção de seu marido, Pupillo, “Um Gosto de Sol” é resultado do impacto da pandemia na vida da artista.
O álbum tem 14 faixas e participação de artistas como o baiano Russo Passapusso, Emicida e Andreas Kisser, baterista do Sepultura. O repertório, por sua vez, inclui uma vasta gama de ritmos, desde o samba, passando pelo rock e o pop, até a bossa nova e o pagode.
Dentre as regravações registradas por Céu estão faixas como “Chega Mais”, de Rita Lee; “Bom Bom”, de João Gilberto; "Deixa Acontecer", de Carlos Caetano e Alex Freitas, que fez sucesso com o grupo Revelação; "Um Gosto De Sol", de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos; "Pode Esperar", de Roberto Correia e Sylvio Son, conhecida na voz de Alcione; “Teimosa”, de Antonio Carlos & Jocafi; “Ao Romper da Aurora”, de Ismael Silva, Lamartine Babo e Francisco Alves; e "May This Be Love", de Jimi Hendrix.
A banda que acompanhou a cantora e compositora paulista no disco “Um Gosto de Sol” é formada por Pupillo (bateria, percussão e produção do álbum), Andreas Kisser (violão de sete cordas) e Lucas Martins (baixo), além das participações de Hervé Salters e Rodrigo Tavares (teclados), do maestro Jota Moraes (vibrafones) e do DJ Nyack (beats e programações).
Ouça o disco completo:
Vencedora de prêmios como o Oscar, Emmy Award e Tony Awards, a atriz Viola Davis surpreendeu os fãs brasileiros ao publicar nas redes sociais um vídeo da modelo brasileira Valeska Reis, rainha de bateria da escola de samba paulista Império de Casa Verde.
“Entrando na nova semana com Valeska Reis”, escreveu a artista, na descrição do vídeo, que mostra a brasileira, que também atua como assistente de palco do programa Hora do Faro, sambando no Anhembi.
Strutting into the new week like @valeskareis...???????????????? pic.twitter.com/0HRsGJAk8E
— Viola Davis (@violadavis) May 24, 2021
Após ver a postagem da estrela de Hollywood, Valeska mostrou perplexidade. "Vocês viram isso? MEU DEUS", disse ela. "Depois de ontem... hoje tô no céu", acrescentou.
Cantor, compositor e pesquisador musical e de fusões rítmicas, o baiano Dão faz um passeio por diferentes vertentes e derivações do samba em seu novo disco, “Sambadelic #2020Tal”. Com um total de dez faixas, o projeto prevê lançamentos de singles acompanhados de clipes, todo mês, no Youtube do artista.
A primeira música, “Menina do Cabelo Black”, sai nesta sexta-feira (28). Em ritmo de samba funk, rock e tamanquinho, estilo musical criado no Candeal, a canção é uma parceria com a Rapper Udi Santos e JP Castelhano dos My Friends. A letra exalta a beleza da mulher negra e é um enfrentamento ao preconceito.
Além desta, outras três faixas já estão prontas e serão lançadas na sequência, a exemplo de "Olha o Samba Sinhá", uma releitura da obra do sambista carioca Candeia, que resgata o samba de roda do Recôncavo, com nuances do samba rock, samba funk e o rap como expressão urbana em homenagem ao sambista. O projeto Sambadelic #2020Tal terá ainda homenagens a bandas baianas de samba reggae e ijexá como Olodum e Ilê Aiyê.
“Eu continuo bebendo da fonte do universo da black music, porém, dessa vez, eu trago um cheiro muito mais brasileiro das coisas que eu vou apresentar com o Sambadelic #2020Tal. Estou super animado para dar essa renovada, essa repaginada nesse novo momento na carreira”, afirma Dão.
O nome do projeto é uma brincadeira com a banda Funkadelic, pioneira da música funk na década de 70 nos Estados Unidos, mas também famosa por fusões rítmicas, influenciada pelos movimentos musicais populares de todo mundo, como o rock psicodélico, soul e R&B. “Eu pego a música negra brasileira e essas derivações do samba e começo a brincar com isso. As pessoas podem esperar um Dão mais ousado, a fim de dialogar com o que está acontecendo de mais moderno na música baiana e brasileira. Tem muita gente boa surgindo e está na hora da gente dialogar com essa turma, de brincar de fazer fusões”, destaca o artista.
O rapper Criolo e a cantora Alcione vão cantar juntos pela primeira vez em uma live que homenageia o samba brasileiro neste sábado (22), às 21h30 no Multishow.
Segundo o G1 eles não conseguiram ensaiar por causa da pandemia. Por isso, montaram o repertório com sugestões propostas pelo diretor musical do encontro, José Ricardo, e resolveram outros detalhes remotamente. O encontro pessoalmente vai acontecer apenas antes da apresentação.
O evento celebra o alcance da segunda meta do movimento “Faça Parte: comece o que não tem preço”, da Mastercard, que já doou o equivalente a mais de 5 milhões de refeições para comunidades carentes no combate à fome e à pobreza.
Depois de passar 15 dias hospitalizado para tratar problemas causados pela diabete, o cantor e compositor Noca da Portela (88) se prepara para gravar um samba com críticas ao presidente Jair Bolsonaro. O artista recebeu alta médica no domingo (18), e agora encontra-se em casa.
De acordo com informações da coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo, a música se chama “Chega” e é composta em parceria com Paulinho Resende e Diogo Pereira. Por causa da internação, o sambista chegou a deixar de participar de lives de aniversário da escola de samba carioca.
VEJA A LETRA DO SAMBA:
"Chega de rolar ladeira abaixo
De aturar seu cambalacho
E dizer tá tudo bem
Chega de assumir "Cara de tacho"
O seu golpe é muito baixo
Não alcança o meu amém
Chega desse seu negacionismo
De cair no seu abismo
Que tragou o meu país
Chega de engolir seu preconceito
Não aturo
Não aceito ver meu povo infeliz
Chega de aguentar você no pódio
O veneno do seu ódio
Não assusta a minha flor
Desce do seu ego e desaquenda
Mete o pé nefasta lenda
Anda, sai do meu andor!
Não é nada pessoal
Até falei com a minha nega
Já te dei muita moral
Cara de pau
Agora chega!"
Diogo Nogueira volta a abrir a porta de sua casa para mais uma live especial. O artista faz a segunda edição do “Conversa de Botequim” neste domingo (28), com transmissão em seu canal no Youtube, a partir das 12h.
Dando continuidade à ideia de divulgar nomes da nova geração do samba carioca, a apresentação contará com a participação de Nego Álvaro, Marcele Brito, Família Macabu, Andréia Caffe, Fernando Procópio e Amanda Amado, que cantarão músicas de seus repertórios e farão homenagens a seus ídolos como Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Candeia e Arlindo Cruz.
A live contará ainda com o ator Cláudio Mendes, interpretando o garçom Alfredinho, dono do botequim. Diogo, por sua vez, além de cantar vai preparar pratos tradicionais de botequim com receitas próprias.
A Prefeitura do Rio de Janeiro oficializou as rodas de samba como bens culturais imateriais da capital fluminense. De acordo com o blog de Lauro Jardi, em O Globo, o decreto foi publicado no Diário Oficial do Município e determina também a criação de um cadastro único das rodas na cidade.
Na Bahia, o samba de roda do Recôncavo, que deu origem às outras vertentes da manifestação em todo o país, é reconhecido como patrimônio pelo IPHAN desde 2004; e reconhecido como Obra Prima da Humanidade pela UNESCO desde 2005.
Este ano o estado da Bahia também reconheceu o samba de roda como Patrimônio Cultural Imaterial.
O cantor e compositor baiano Luís Martins lançou nesta sexta-feira (30) um novo álbum da sua carreira, "Sonho Live". Com uma homenagem a artistas da MPB e uma ode ao samba, o trabalho dá continuidade a outros projetos de sua autoria, “Sou músico” (2018) e “Seis Meses” (2019).
O produto final, concebido durante a pandemia, é fruto de 22 dias de ensaios ao lado dos instrumentistas que acompanham Luís nos palcos por onde passa. No repertório estão novas versões para canções de Caetano Veloso e três de Chico Buarque, além de outras faixas selecionadas de seus dois primeiros trabalhos.
Segundo ele, esse lançamento tem o intuito de mostrar suas criações e as influências que seu trabalho segue. "De forma direta e marcante, Caetano, Chico, Noel, Dominguinhos são referências que durante toda a minha vida marcaram com suas letras, melodias e comportamento. Trago para o meu conceito musical a influência direta desses e de outros artistas que pretendo homenagear com esse e outros trabalhos", reflete Luís.
A sonoridade do álbum conta com sons de violão, agogô, bateria, castanhola, atabaque, sax e acordeão - além das palmas, cuíca, timbal, flugel e trompete que juntos compõem o conceito ao vivo que foi pensado. Luís explica que a ideia do formato foi pensada para que a partir dali fosse "extraída a energia necessária para que o público que não estava presente, ao assistir sinta e vibre".
PROJETOS À PARTE
Apesar de ter uma carreira musical, a multipotencialidade de Luís Martins é um atributo que se materializa em outros projetos, a exemplo do "Fortuna Crítica" e o "Quarta da MPB".
Ambos são projetos executados pelo músico e pela sua produtora, a Arroz de Hauçá, por meio de um canal no YouTube. Neles, Luís assume o seu lado entrevistador e propõe utilizar o espaço como um berço de talentos musicais.
E com a "Arroz de Hauçá" novos projetos virão. "O diferencial em ter um selo é que sempre existirão projetos novos", diz Martins, revelando que em 2021 um novo álbum e outras criações vão ser lançados.
Confira o álbum completo no YouTube:
O cantor e compositor Diogo Nogueira abre sua casa para mais uma live mensal, neste domingo (27), com transmissão ao vivo em seu canal no Youtube, a partir das 12h.
Com o tema “Conversa de Botequim”, o evento contará com a participação de dez nomes da nova geração do samba carioca: Marina Íris, Juninho Thybau, Marcelle Motta, Inácio Rios, Deborah Vasconcellos, João Martins, Thais Macedo, Mosquito, Gabrielzinho do Irajá e Mingo.
Além da roda de samba, o encontro prevê conversas descontraídas, homenagens e ainda uma parte culinária, com o anfitrião preparando receitas de botequim como moela, angu à baiana ou feijoada. O encontro terá ainda a participação do ator Cláudio Mendes, que vai costurar as histórias e interpretar um garçom que atravessou décadas da história do samba.
Dois tradicionais blocos de samba da Bahia, Alvorada e Pagode Total se uniram em uma campanha voltada para apoiar sambistas baianos que enfrentam dificuldades financeiras durante a pandemia do coronavírus.
Intitulada de “Não deixe o samba morrer”, a iniciativa tem como proposta reunir doações de cestas básicas, produtos de higiene e de limpeza, além de vales gás, que serão distribuídos para artistas e produtores de samba da Bahia.
“Boa parte destes músicos tem na carreira artística seu único sustento e, com isso, essa paralisação impactou diretamente no sustento da família, já que suspende também o seu ganha pão”, comenta Vadinho França, presidente do bloco Alvorada. “Passamos o ano todo ouvindo esses artistas tocando e animando diferentes momentos nossos, chegou a hora de retribuirmos no valor e da forma que pudermos”, destaca Ariane Barreto, diretora do Pagode Total.
Os interessados em colaborar devem contribuir virtualmente (clique aqui), até o dia 7 de maio, ou também por doações de cestas ou produtos. Para esclarecer dúvidas, estão disponíveis o telefone 71 986497163 ou as redes sociais do blocos (@blocoalvorada e @blocopagodetotal). As pessoas que contribuírem, ao final da campanha, participarão do sorteio de um par de fantasias dos dois blocos.
Em nota, as secretarias de Cultura da Bahia e de Salvador lamentaram a morte do sambista Riachão, ocorrida nesta segunda-feira (30), em sua casa, no bairro do Garcia (clique aqui e saiba mais).
“É com grande pesar que a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) manifesta solidariedade ao samba brasileiro, que perde hoje um dos seus maiores bambas, e aos familiares do cantor e compositor Clementino Rodrigues, o nosso eterno Riachão”, diz comunicado da pasta.
O secretário municipal de Cultura e Turismo de Salvador, Claudio Tinoco, também manifestou pesar. "O samba brasileiro hoje chora. Riachão era história viva. Era a essência do nosso samba, da nossa identidade brasileira e tão importante para a música. Lamentamos imensamente sua morte", afirmou Tinoco, que classificou o legado de Riachão como "uma inesquecível contribuição para a música".
A cantora Illy comandará uma roda de samba na primeira edição do evento Samba Djanira, que será realizado no próximo domingo (15), às 16h20, na Área Verde do Commons Studio Bar, no Rio Vermelho. Além da atração principal, a festa também contará com apresentação do cantor Xella.
Para o repertório, Illy promete percorrer pelos gêneros do samba e também da MPB com versões inéditas de canções que foram e são sucessos nas vozes de Gonzaguinha, Clara Nunes, Belo, Arlindo Cruz e Harmonia do Samba.
"Reuni os músicos da minha antiga banda de samba para tocarmos juntos e fazermos uma roda pela liberdade e pelo amor", adiantou a artista. Os ingressos para o primeiro Samba Djanira estão custando R$ 20 e podem ser adquiridos no portal Sympla (clique aqui).
SERVIÇO:
O QUE: 1° Samba Djanira
QUANDO: 15 de março, a partir das 16h20
ONDE: Área Verde do Commons Studio Bar - Rio Vermelho
VALOR: R$ 20
VENDAS: Sympla (clique aqui)
O cantor e compositor baiano Nelson Rufino recebeu, nesta segunda-feira (17), a Comenda Dois de Julho. O ato aconteceu às 10h, durante sessão especial no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia. A condecoração foi proposta pelo deputado estadual Jacó.
Oriundo da Escola de Samba Filhos do Tororó, Nelson Rufino compôs seu primeiro samba enredo, "Postais da Bahia", em 1965, com o qual a escola foi campeã. Sua primeira música gravada foi "Alerta mocidade", por Eliana Pittman, em 1970. Um ano depois, ganhou o primeiro festival de samba do Bloco Apaches do Tororó, com o samba "Blusão do ano passado".
"Nunca pensei em ser artista", diz o contemporâneo de Gil, Caetano, Paulinho da Viola e Milton Nascimento, todos nascidos em 1942. "Samba é para ser feito com carinho", ensina o discípulo de Caymmi, a quem chama de "grande mestre". Contrariando a regra, conta que fez "Amuleto da Sorte" a toque de caixa, a pedido da amiga e cantora Mariene de Castro. Em frente ao mar de Ipitanga, começou a cantarolar, foi para casa e terminou a música que fala de amor.
"Conhece um ser humano agradecido? Sou eu", diz o artista. Aos 77, Rufino afirma que é "dignificante" estar ativo nessa idade, cantando e compondo.
O Doodle do Google estampa, nesta quarta-feira (11), uma imagem do sambista, cantor e compositor brasileiro Noel Rosa.
A publicação é uma homenagem pelo aniversário do artista, nascido no dia 11 de dezembro de 1910, no Rio de Janeiro, e morto aos 26 anos, em 4 de maio de 1937, por causa da tuberculose.
O carioca, que em 2016 foi agraciado in memoriam com a Ordem do Mérito Cultural do Brasil, é autor – sozinho ou com parceiros - de diversos clássicos, a exemplo de "Com que roupa?", "Conversa de Botequim", "Filosofia", "Feitiço da Vila", “Fita Amarela”, “Palpite Infeliz” e “Onde está a honestidade?”.
Relembro um dos maiores sucessos de Noel:
O Culinária Musical faz sua penúltima edição de 2019, neste domingo (8), das 12h às 17h30, na Casa do Benin, situada no Pelourinho, em Salvador. Na ocasião, o afrochef Jorge Washington traz no cardápio um sarapatel e maxixada de carne seca.
O evento terá ainda uma homenagem ao samba, com apresentação do Grupo Quinteto e participações especiais de Juliana Ribeiro, Raimundo Lima e Samba Ohana.
A entrada custa R$ 20, apenas em espécie. Já o prato custa R$ 30 (porção inteira) e R$ 15 (meia), com pagamento aceito também em cartão de débito e te crédito.
SERVIÇO
O QUÊ: Culinária Musical
QUANDO: Domingo, 8 de dezembro, das 12h às 17h30
ONDE: Casa do Benin - Pelourinho – Salvador (BA)
VALOR: Entrada custa R$ 20 (Em espécie) | Prato custa R$ 30 (porção inteira) e R$ 15 (meia), com pagamento aceito também com cartão de débito e crédito
A festa em comemoração ao Dia Nacional do Samba, que ocorreria em 6 de dezembro no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, foi adiada para o dia seguinte, das 17h às 23h. De acordo com a produção, o adiamento ocorreu por causa de problemas burocráticos envolvendo recursos de apoiadores do projeto.
Com seus horas de duração, a festa acontece na Praça Caramuru, com a participação de nomes como Mariene de Castro, Nelson Rufino, Walmir Lima, Edil Pacheco, Juliana Ribeiro, Gerônimo, Alexandre Leão, Roberto Mendes, Firmino de Itapuã, Gal do Beco, Guiga de Ogum, Cláudia Costa, Gabriela Lima, Verônica Dumar, Jorginho Comancheiro, Muniz do Garcia, Vânia Bárbara, Roque Bentenquê, Neto Bala, Fred Dantas, Cicinho de Assis e Chocolate da Bahia. O grupo Cor do Brasil será a banda base, acompanhando todos os cantores.
SERVIÇO
O QUÊ: Dia do Samba
QUANDO: Sábado, 7 de dezembro, das 17h às 23h
ONDE: Praça Caramuru - Rio Vermelho - Salvador (BA)
VALOR: Entrada gratuita
O Samba Vai Kem Ké acontece nesta sexta-feira (29) no Largo Tereza Batista, no Pelourinho, às 19h. O grupo busca resgatar as tradições do samba junino, samba duto e do samba de roda. O furdunço, idealizado pelo maestro Augusto Conceição e o percussionista Lomanto Oliveira, tem entrada gratuita e conta com as presenças das sambadeiras Júlia Carvalho, Larissa Lima e Rafaela Mustafá.
SERVIÇO
O QUÊ: Sexta do Vai Kem Ké
QUANDO: Sexta Feira, 29 de novembro, a partir das 19h
ONDE: Largo Tereza Batista, Pelourinho
VALOR: Entrada gratuita
Mariene de Castro e Maria Rita sobem ao palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves no dia 17 de novembro, a partir das 18h, com o projeto “Elas no Samba”. A iniciativa contempla shows completos de cada uma das artistas.
Acompanhada por acompanhada por Leandro Pereira (violão 7 cordas), Fred Camacho (banjo e cavaquinho), Vinícius Feijão (pandeiro), Jorge Quininho (percussão) e Adilson Didão (percussão), a cantora paulista apresentará ao público o projeto “Samba da Maria”. No repertório de Maria Rita, sucessos de sua discografia, a exemplo de “Tá Perdoado”, “Maltratar Não é Direito” e “Corpo Só”, além de clássicos imortalizados nas vozes de grandes nomes da música brasileira, como Beth Carvalho (‘Vou Festejar’), Jorge Aragão (‘Coisa de Pele’, ‘Lucidez’), Clara Nunes (‘Juízo Final’), Gonzaguinha (‘É’, ‘O Homem Falou’), Elis Regina (‘O Bêbado e a Equilibrista’) e Arlindo Cruz (‘O Meu Lugar’).
Já Mariene de Castro levará ao palco o show “Santo de Casa”, com um repertório composto de canções de fases diferentes de sua carreira, desde o álbum “Abre Caminho” até o “Colheita”, passando por composições de Clara Nunes, Roque Ferreira e Wlamir Lima.
SERVIÇO
O QUÊ: Elas no Samba - Mariene de Castro e Maria Rita
QUANDO: Domingo, 17 de novembro, às 18h
ONDE: Concha Acústica do TCA – Salvador (BA)
VALOR: Pista – R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia) | Camarote – R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia)
A TVE Bahia exibe, nesta sexta-feira (23), às 22h, o documentário “Batatinha - O Poeta do Samba”, que mostra a vida, obra e trajetória do cantor e compositor baiano Oscar Penha, mais conhecido como Batatinha e considerado um dos maiores nomes do samba na Bahia.
Dirigido por Marcelo Rabelo, o longa-metragem é conduzido pelos filhos do artista, que conversam com amigos, colegas e vizinhos importantes na vida do pai. Nascido em 1924, Batatinha morreu em 1997, deixando composições regravadas por nomes de peso no cenário musical brasileiro como Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Autor de 150 músicas, o sambista gravou apenas um disco solo em toda sua vida.
O documentário será exibido em horário alternativo no domingo (25), às 12h30, no sábado (31), às 17h30, e pode ser assistido também pela internet (clique aqui).
Após a morte da sambista Beth Carvalho (veja aqui), foi lançado neste domingo (5), a última gravação musical realizada pela cantora. A música "Trovador urbano" foi uma parceria entre Enzo Belmonte, Nelson Sargento e Beth. Segundo o site Extra, o clipe foi gravado em dezembro, pouco antes de uma das internações da cantora.
Na filmagem, a sambista aparece cantando deitada, como já vinha se apresentando. Para conseguirem realizar o encontro entre os sambistas, um estúdio foi montado na casa de Beth Carvalho.
Péricles escolheu Salvador para a gravação do seu novo DVD. O show do cantor de samba irá acontecer no dia 6 de julho, na Arena Fonte Nova, a partir das 18h.
O repertório contará com músicas inéditas do seu álbum mais recente "Em sua direção", e também com canções conhecidas pelo público pela interpretação de Péricles. O evento terá a presença de convidados e também um show do cantor Tiee.
Os valores dos ingressos, que já estão à venda, variam de R$ 40 a R$ 140, a depender do setor escolhido. Eles podem ser adquiridos na loja do Pida, no Salvador Shopping.
SERVIÇO
O QUÊ: Gravação do DVD de Péricles
QUANDO: Sábado, 6 de julho, às 18h
ONDE: Arena Fonte Nova, Salvador-BA
VALOR: Arena - R$ 40, Área Vip Open Bar - R$ 140 e 3 ingressos da Arena - R$ 99
Após seis anos, Alcione se prepara para gravar em estúdio, ainda neste primeiro semestre de 2019, um álbum com músicas inéditas.
Os últimos lançamentos da cantora foram dois registros de shows em CD e DVD, "Eterna alegria ao vivo", em 2014 e "Boleros ao vivo", em 2017.
De acordo com informações do colunista Mauro Ferreira, do G1, o repertório do novo trabalho da sambista inclui composições de Fred Camacho, Altay Veloso, Serginho Meriti e Toninho Geraes, entre outros autores.
As músicas "O samba ainda é" (Serginho Meriti, Claudemir e Ricardo Moraes) e "Alto Conceito" (Fred Camacho), já estão entre as faixas do novo álbum. O último álbum de estúdio da Marrom foi "Eterna alegria" saiu em 2013.
As bandas de samba Paparico e Movimento vão marcar presença na terceira edição do projeto Barracão das Raízes, realizada na Fábrica Cultural, na Ribeira. Os shows vão acontecer no próximo sábado (9) das 16 às 22 horas.
Os ingressos para o evento estão custando R$ 15 e poderão ser adquiridos no Balcão Samba Vivo, que fica no piso L4 do Shopping Piedade ou através do portal (clique aqui).
Com o objetivo de dar visibilidade ao samba em Salvador, o dinheiro arrecadado com os show do Barracão será revertido para a manutenção da Fábrica Cultural, um dos mais novos espaços de incentivo cultural e empreendedor da cidade.
O cantor Péricles não integrará o grupo de intérpretes que puxará o samba-enredo da escola de samba Estação Primeira de Mangueira no próximo Carnaval. O sambista, que foi intérprete da agremiação em 2018, ficou impedido de comparecer aos ensaios na quadra da escola, após mudanças de datas, segundo o UOL.
A assessoria do artista informou que o cantor chegou a organizar sua agenda de shows quando recebeu a programação inicial dos ensaios no fim de 2018, mas por mudanças administrativas na Mangueira e consequente mudança de datas, Péricles não conseguiu conciliar as apresentações com os ensaios.
O cantor lamentou a impossibilidade de estar na Marquês de Sapucaí no comando do samba-enredo da Mangueira: "Estou muito triste com o fato de não poder defender a minha escola na avenida, mas meu coração estará na Sapucaí torcendo pela verde e rosa".
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Jaques Wagner
"Te afianço que vamos corrigir, tanto em cima como embaixo".
Disse o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), durante a discussão na Comissão de Assuntos Econômicos sobre o projeto que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, indicando que a faixa de cobrança dos chamados “super-ricos”, que ganham acima de R$ 600 mil, precisaria ser retificada a cada ano.