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Baianão Sub-20: Confira os resultados das primeiras partidas entre as equipes

Baianão Sub-20: Confira os resultados das primeiras partidas entre as equipes
Foto: Letícia Martins/ Divulgação /EC Bahia
Foi dada a largada! O Campeonato Baiano Sub-20 teve início no último sábado (16) e as equipes de base já buscam a conquista da taça. No Grupo 1, Vitória e Estrela de Março venceram seus jogos e largaram na frente. No Grupo 2, Bahia, Juazeirense e Jacuipense triunfaram diante dos adversários. Já no Grupo 3, Vitória da Conquista e Conquista também foram superiores nos duelos.
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Ítalo Rodrigues revela procura por reforços e diz estar monitorando "três ou quatro" atletas do Nova Iguaçu

Ítalo Rodrigues revela procura por reforços e diz estar monitorando "três ou quatro" atletas do Nova Iguaçu
Foto: Ulisses Gama / Bahia Notícias
Durante entrevista ao Podcast BN na Bola desta segunda-feira (18), Italo Rodrigues, diretor de futebol do Vitória, falou sobre as observações ao mercado e possibilidades de contratar novos jogadores, destaques de times de outros estaduais.

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Entrevistas

Focado nas Olimpíadas, Arthur Elias explica preparação da Seleção Feminina: "Estamos aqui para criar um entrosamento maior"
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Após um período vitorioso pelo Corinthians entre os anos de 2016 e 2022, Arthur Elias, treinador da Seleção Brasileira Feminina, quer resgatar o bom futebol da equipe na preparação para as Olimpíadas de Paris. Ele soma em seu currículo títulos emblemáticos pelo seu ex-clube, entre eles estão quatro Libertadores, cinco Brasileiros, três Paulistas, uma Copa Paulista, uma Copa do Brasil e duas Supercopas. 

 

Foto: Rodrigo Gazzanel / Ag. Corinthians

 

Com o desejo de dar oportunidade para as atletas e as colocarem no melhor nível possível, o técnico almeja um futuro vencedor com a amarelinha, montando uma base forte de jogadoras e dando todas as oportunidades possíveis. Atualmente o Brasil Feminino disputa a Copa Ouro, último torneio antes das Olimpíadas, onde venceu a primeira partida contra o Porto Rico pelo placar de 1 a 0.

 

Sobre o inicio na Copa Ouro, Arthur Elias analisou a vitória do Brasil contra a Seleção Porto Riquenha e falou sobre o momento atual da equipe convocada.
 

 

“Ainda falta um pouco de entendimento e entrosamento, isso é natural porque tenho aberto a Seleção para muitas jogadoras. O tempo que tivemos com essas atletas foi resumido a apenas um treino”, pontuou o treinador em entrevista ao Bahia Notícias.

 

“Sabemos que vão haver inconsistências nesse início de competição, mas estamos aqui justamente para isso. Estamos aqui para criar um entrosamento maior, tirar essa inconsistência nos momentos do jogo e jogar cada vez mais partidas melhores”, completou.

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

 

Questionado sobre a forma de como a Seleção Brasileira Feminina jogava quando comandada por Pia Sundhage, Arthur não fugiu das perguntas e explicou de qual maneira pode fazer as atletas desempenharem um melhor futebol. O treinador também explicou sobre o planejamento para preparar atletas experientes, como Marta e Cristiane, para a disputa das Olimpíadas. Confira a entrevista completa:
 

Como você avalia a estreia da Seleção Brasileira na Copa Ouro?
Foi um jogo em que tivemos bastante dificuldade por conta do adversário que vem treinando há muito tempo e tem uma marcação muito forte. Perdemos muitas oportunidades de gol e é claro que isso torna o jogo um pouco mais nervoso. É uma coisa que eu já identificava e agora que estou próximo, tenho tentado fazer o grupo ficar cada vez mais confiante para jogar dentro do melhor potencial delas. Ainda falta um pouco de entendimento e entrosamento, isso é natural porque tenho aberto a Seleção para muitas jogadoras. O tempo que tivemos com essas atletas foi resumido a apenas um treino. Sabemos que vão haver inconsistências nesse início de competição, mas estamos aqui justamente para isso. Estamos aqui para criar um entrosamento maior, tirar essa inconsistência nos momentos do jogo e jogar cada vez mais partidas melhores.
 

Foto: Leandro Lopes / CBF

 

Sabendo que existem algumas seleções no radar que propõem perigo ao Brasil. Marta e Cristiane fora da Copa Ouro preocupam?

Nosso próximo adversário é a Colômbia e sabemos que elas vivem um grande momento, nos últimos dois anos a seleção colombiana evoluiu bastante e com atletas jogando em nível alto e internacionalmente em grandes clubes. São jogadoras que a gente conhece muito bem pela atuação na Libertadores e no Campeonato Colombiano, que tem aumentado o seu nível. O próximo adversário é uma equipe que considero estar no nível do Brasil, assim como os Estados Unidos e Canadá, que são grandes seleções. Acredito que essas quatro equipes são as mais fortes da competição, mas o futebol tem mudado muito, todo mundo tá bem preparado, como pudemos ver na Copa do Mundo. O jogo de ontem foi um jogo em que encontramos uma equipe muito bem organizada, não teremos jogo fácil e é claro que na teoria as quatro equipes que citei são as mais fortes.

 

A gente vai fazer de tudo para que a Marta, a Cris e todas as atletas que a gente tem monitorado cheguem muito bem para as Olimpíadas, essa é a nossa meta. A gente tem que entender o melhor planejamento para cada jogadora para que elas cheguem no mais alto nível para as Olimpíadas daqui a 4 meses. Marta e Cristiane foram duas atletas que a gente entendeu seria muito importante fazerem a pré-temporada completa pelos seus clubes. Esse é um momento de preparação e a atleta consegue treinar bastante, adquirir capacidades físicas necessárias para a temporada, ritmo de jogo em relação aos seus clubes. Marta já está adaptada ao treino intenso do Orlando Pride e a Cris se transferiu para o Flamengo, precisa de uma adaptação ao novo clube e a uma ideia de jogo. O pensamento é de que elas fazendo a pré-temporada nos clubes beneficiária a Seleção Brasileira, claro que isso deixa aberta a oportunidade de avaliar outras jogadoras, como tenho feito. Foram 7 novas convocadas que eu não havia chamado para uma competição longa e oficial. O desafio é a gente abrir a Seleção Brasileira para muitas jogadoras, tentar monitorar e contar sempre com o apoio dos clubes. Teremos um período pequeno depois do grupo fechado para as olimpíadas, mas suficiente para termos uma uma equipe muito bem organizada e equilibrada taticamente com as atletas em seu mais alto nível.

 

 

Que cara você dá para essa Seleção que disputa a Copa Ouro ?

Cara de uma seleção que procura resgatar uma identidade brasileira, uma confiança para se jogar futebol, resgatar o prazer de defender a Seleção Brasileira em todas as competições e de ter o apoio do torcedor. A Seleção Brasileira vem de resultados ruins nas últimas Olimpíadas e Copas do Mundo, a gente não pode esconder isso, mas a minha confiança é total no grupo de atletas. Eu vejo que existem situações que podemos viver aqui na Copa Ouro, que vão preparar o grupo que irá disputar, as outras atletas que não estão conosco, também irão se preparar nos seus clubes. Eu não estou preocupado agora com o grupo que vai para as Olimpíadas, estou preocupado em realmente fazer o melhor por cada jogadora que temos convocado e adquirir mais consistência nessa competição, mais entendimento de modelo de jogo que temos implantado, que é algo que eu acredito muito. Tenho certeza de que com esse grupo iremos fazer uma grande Olimpíada.

 

Meu foco na Seleção Brasileira é em fazer uma nova história com uma dimensão ainda maior (do que feita no Corinthians), a minha maneira de pensar futebol é ofensiva e é de querer ter um jogo de imposição e mostrar a sua identidade jogando. Eu vou sempre pensar o futebol de forma ofensiva, querendo criar muitas chances de gol.

 

Em relação ao trabalho anterior, acredito que foi um trabalho com uma treinadora muito experiente e vitoriosa no futebol. Pia não teve um bom resultado mas teve muitas coisas positivas, não podemos olhar só o resultado, foi construido dentro de 4 - 5 anos com a Pia uma consistência defensiva, uma organização das atletas por maior parte do jogo. Sempre tivemos dificuldade de sincronia com as equipes Brasileiras, eu acho que a Pia fez o trabalho dela com aquilo que ela acreditava, o que eu penso de futebol é bastante diferente e não cabe a comparação nesse sentido. O que precisamos pensar é que a seleção brasileira precisa ter um resultado melhor e essa é a minha missão aqui.

 

 

O Brasil é um dos países que disputam a sede para a Copa do Mundo. O atentado ao ônibus do Fortaleza  pode mudar a decisão da FIFA ?

Em relação à decisão da FIFA, eu, os brasileiros, as atletas e todas as pessoas que trabalham com o futebol feminino estamos bastante ansiosos com a decisão final, com expectativa e otimismo de que a Copa do Mundo possa vir para o nosso país. O país tem totais condições disso e acredito que é um grande momento do futebol feminino, daqui há 3 anos com certeza o crescimento será ainda maior e estaremos num patamar melhor. Estamos muito orgulhosos pela nossa candidatura, temos o apoio da CBF e do Governo Federal para que isso possa se concretizar. Esperamos uma resposta da FIFA, existe uma concorrência alta, mas acredito que chegou a hora do Brasil fazer uma grande competição e uma grande Copa do Mundo. Será um orgulho pra gente e uma motivação a mais dentre tantas que temos para defender a Seleção Brasileira e o nosso país, seria espetacular. 

 

Em relação ao atentado, é claro que é sempre ruim um país que tem violência, mas sabemos que infelizmente no mundo inteiro tem acontecido tragédias. Estamos num mundo com guerras acontecendo e eu acho que o que ocorreu não será determinante para a FIFA mudar a sua decisão em relação à Copa do Mundo, a gente lamenta mas acredito que não teremos interferência nenhuma.

 

 

A Seleção Masculina foi eliminada no Pré-Olímpico. A pressão pela Seleção Feminina ser a única a disputar as Olimpíadas é maior?

De maneira alguma, a gente tem muito orgulho de defender a Seleção Brasileira, acho que quem coloca mais pressão são as próprias atletas. Eu como treinador, me pressiono para conseguirmos o resultado, quando recebemos críticas construtivas nós absorvemos e refletimos, mas quando chegam situações que não tem nada a ver com o nosso contexto e situações que passamos aqui, não damos nenhuma bola sobre isso. Não estamos preocupados com uma pressão em relação à cobrança de resultados, a gente tem um objetivo e é ele que nos une e que nos motiva, é o que vai fazer a Seleção Brasileira conseguir aumentar as suas chances de terem uma grande performance nas grandes competições e assim será nos Jogos Olímpicos. Nós ficamos tristes pela não participação do masculino, temos um país apaixonado pelo futebol e sabemos que a Seleção Masculina assim como a Feminina em Copas do Mundo não tiveram um resultado expressivo, mas nós vamos sempre pensar no futebol brasileiro e naquilo que é melhor. Tenho certeza que nós vamos voltar a ser campeões no masculino e tenho certeza que o feminino voltará a ser protagonista e quem sabe ser merecedor de um título.

 

 

Por conta da idade elevada, dá pra sonhar com Marta e Cristiane na próxima Copa do Mundo?

A participação da Marta e da Cris na Copa do Mundo, por conta da idade eu acredito que seja muito difícil, mas nada é impossível, isso depende muito delas e do planejamento de carreira. É difícil ser atleta de alto nível como elas são, eu não sei quais são os planos delas exatamente para a próxima Copa, não conversei com elas, mas estamos focados em deixar elas no melhor nível para terem oportunidade de participar das Olimpíadas. Obviamente a concorrência é grande, a gente tem um leque de atletas bem grande no país, então o foco é prepará-las para as Paris. A Copa do Mundo tem quer ser pensada temporada a temporada, tempo a tempo e que seja algo natural.

 

Foto: Stuart Franklin / FIFA
 

Filho de ídolo do Itabuna, Mathaus Sodré comanda o Dragão após título em primeiro ano como técnico
Foto: Reprodução/Instagram/@mathausodre

Aos 36 anos de idade, Mathaus Sodré será o treinador mais jovem do Campeonato Baiano de 2024. Contratado pelo Itabuna, equipe por onde atuou como jogador entre 2009 e 2011, Mathaus estreou como técnico no ano passado à frente do Águia de Marabá. A experiência em terras paraenses rendeu a taça do Campeonato Paraense após 11 anos seguidos de títulos da dupla Remo e Paysandu.

 

Além do primeiro título estadual da história do Águia de Marabá, Mathaus e seus comandados alcançaram uma heroica terceira fase da Copa do Brasil, eliminando os favoritos Botafogo da Paraíba e Goiás. Tudo isso no primeiro ano da carreira do promissor treinador. 

 

Filho de Gérson Sodré, ex-jogador com passagens por Portuguesa, Guarani, Ceará e ídolo do Itabuna nos anos 70, Mathaus tabela com o pai, seu auxiliar técnico e companheiro de vida. Em conversa com o Bahia Notícias, o jovem treinador do Azulão contou que foi Gérson quem escolheu o seu nome, uma homenagem ao histórico jogador alemão Lothar Matthaus, campeão da Copa do Mundo em 1990 e eleito melhor do mundo pela Fifa em 1991.

 

"Foi uma homenagem ao Matthaus e meu pai quer que deixe claro que eu nasci em 1987 e o Lothar Matthaus brilhou pro mundo, digamos assim, em 1990, então, ele fala que não foi 'modinha' ter colocado este nome após o título mundial da Alemanha (risos). O Lothar Matthaus era um jogador que ele gostava muito, que tinha um estilo de liderança e aí ele acabou convencendo a minha mãe para eu me chamar Mathaus", explicou o técnico.

 

Sobre o acerto com o Itabuna, que mandará os seus jogos no em 2024 no estádio Mário Pessoa, em Ilhéus, estreando neste domingo (14), às 18h30, contra o Atlético de Alagoinhas, Mathaus disse que as conversas foram positivas pelo fato do seu bom relacionamento com o diretor de futebol e o presidente do clube, os irmãos Ricardo e Rodrigo Xavier, respectivamente. Inevitavelmente, a história do seu pai na cidade também contribuiu para o casamento, além da força do Campeonato Baiano.

 

"Aqui é um clube onde meu pai nasceu. É a cidade onde meu pai nasceu. O clube que projetou ele pro futebol. Ele é considerado um ídolo aqui. Eu não poderia não dar esse presente para ele e, consequentemente, pra mim também, porque eu acredito que o Campeonato Baiano seja muito forte e vai me projetar ainda mais pro futebol brasileiro", disse Sodré.

 

No bate-papo, entre outros assuntos, Mathaus contou como chegou até o Águia de Marabá, falou sobre seu estilo de jogo e referências profissionais e projetou a temporada do Itabuna, equipe semifinalista do último Baianão e que este ano ainda disputará a Série D e Copa do Brasil.

 

Confira abaixo a entrevista completa:

 

Gérson e Mathaus, pai e filho, constroem história de sucesso no futebol | Foto: Reprodução/Instagram/@mathausodre

 

Mathaus, primeiramente conta como foram os seus primeiros passos no futebol até você assumir o seu primeiro time profissional como técnico, o Águia de Marabá, no ano passado? Como você avalia a sua passagem pela equipe, conquistado o Campeonato Paraense e chegando à terceira fase da Copa do Brasil?

 

Meus primeiros passos foram através do meu pai, Gérson Sodré. Ele foi um jogador profissional e desde bebê, na barriga da minha mãe, ele costuma falar que eu já sou um campeão. Quando ele conquistou o tricampeonato cearense pelo Ceará, um ano eu estava na barriga da minha mãe e nos outros dois eu presenciei “pequenininho". Com certeza foi ele que me deu a inspiração para estar nessa carreira que eu estou hoje.

 

Cheguei a jogar em alguns clubes, mas não levei muito a sério, como o futebol tem que ser. Participei de algumas categorias de base. Tive uma oportunidade até no Itabuna. Fiquei três temporadas aqui no clube. Em 2009, 2010 e 2011 tive a oportunidade de fazer parte do grupo que conseguiu m acesso para a Série A. Após algumas contusões, eu acabei optando por encerrar a carreira de jogador e dei continuidade na Portuguesa de Desportos, onde meu pai estava sendo treinador das categorias de base. Aí veio essa primeira oportunidade de trabalhar com ele. Eu já fazia algumas coisas como olheiro, na época que meu pai trabalhou com o Estevam Soares e era auxiliar dele, eu saía para alguns clubes, ia visitar os adversários para passar relatório para ele, isso tudo ainda muito jovem. Eu considero que foi aí a minha primeira oportunidade no futebol, nessa função de auxiliar técnico, olheiro.

 

O grande pulo foi em 2015, onde o Maurício Copertino, que foi auxiliar do Vanderlei Luxemburgo, teve uma passagem pela Portuguesa e eu acabei sendo auxiliar dele. Nesse período, a gente deu liga. Aí eu deixei um pouco de ser o filho do Gerson Sodré, ídolo da Portuguesa, para começar a ser um pouco do Mathaus Sodré. O Maurício acabou elevando meu nome para os caras enxergarem minha qualidade, além do meu sobrenome, o qual eu sou muito honrado e levo por tudo que meu pai conquistou. Não tenho nada a esconder sobre isso.

 

Acabei ficando na Portuguesa até o final de 2017 quando o Maurício me fez um convite para gente passar uma temporada no futebol chinês, me convidando para ser seu auxiliar dele lá na China, já no futebol profissional. Prontamente eu aceitei, tivemos um ano muito vitorioso em 2018, uma campanha muito boa com um clube chinês da Segunda Divisão, o Zhejian Yiteng. Depois, eu retorno pro Brasil e tenho a oportunidade de ir para o Oeste, na Série B. Acabei ficando lá, como auxiliar do clube e consequentemente treinador do sub-20, onde fizemos uma campanha boa no Campeonato Paulista.

 

Eu terminei o Campeonato Paulista no ano da pandemia e não teve a Copa São Paulo. Dessa forma, a gente encerrou as atividades e o preparador físico, Geziel, que estava no Oeste, estava indo pro Águia de Marabá, em 2021, trabalhar no Campeonato Paraense. Ele me fez o convite para ser auxiliar do clube, do técnico João Galvão. Eu aceitei o desafio, conseguimos a classificação, mas acabamos sendo eliminados pelo Remo. Até que em 2022, o Águia de Marabá, com o presidente Ferreirinha e o vice-presidente Pedrinho Correia, entraram em contato comigo para ser treinador. O clube havia conquistado um calendário cheio, com pré-copa do Brasil e com um Campeonato Brasileiro da Série D.

 

Prontamente eu aceito esse desafio na minha vida. Tinha certeza que isso ia ser muito importante para minha carreira. Consegui resgatar meu pai para ser meu auxiliar e aí entra essa dupla Mathaus Sodré e Gerson Sodré. Avalio como uma passagem muito vitoriosa, conquistando um título paraense que desde 2011 não ia para uma equipe do interior, sempre ficando Remo e Paysandu. Encaramos a Copa do Brasil, iria ser a nossa coroação pelo trabalho que a gente vinha desenvolvendo no Campeonato Paraense e foi isso que aconteceu. Veio o Botafogo da Paraíba, vencemos. Deu um respiro financeiro para o clube, continuamos firme no Paraense e consequentemente veio o Goiás e a torcida nos abraçou. Eliminamos o Goiás também, criando uma atmosfera incrível lá em Marabá.


Como foi o acerto com o Itabuna e o que o levou aceitar o projeto? Conta também sobre a sua relação e a do seu pai, Gerson Sodré, com o clube.

 

O meu acerto com o Itabuna Esporte Clube foi muito pelo relacionamento com o Ricardo Xavier, com a família Xavier. Por eu ter passado aqui como jogador, eu já os conhecia. O pai deles foi presidente do meu pai também. Aqui é um clube onde meu pai nasceu. A cidade onde meu pai nasceu. O clube que o projetou pro futebol. É considerado um ídolo da cidade. Eu vejo o carinho e via quando eu estava aqui como jogador de futebol. A conversa começou quando eu procurei ajudar o Ricardo com algumas informações de alguns jogadores que ele queria, que tinha trabalhado comigo no Águia de Marabá. Na ocasião, eu confesso que a gente não estava nem cogitando a possibilidade de estar vindo para cá. Eu estava com outros objetivos e também com algumas questões familiares, mas a partir daí, a gente começou a estreitar um pouco mais a relação e veio o convite oficial.

 

Eu jamais poderia dizer não ao Itabuna, por tudo que envolve esse clube, a cidade. Tenho familiares aqui. Tia, tio, primos. Meu pai também não vinha para cá, então acabamos unindo o útil ao agradável. Com o retorno, ele conseguiu estar próximo da família, já que ele abriu mão de muita coisa para embarcar comigo lá para Marabá. Eu não poderia fazer de outra forma que não fosse dar esse presente para ele e, consequentemente, para mim também, porque eu acredito que o Campeonato Baiano seja muito forte. Vai me projetar ainda mais pro futebol e me dar um lastro muito bacana pros próximos porque eu estou apenas começando no futebol brasileiro.

 

Quais as suas referências e lembranças quando pensa em futebol baiano?

 

As referências ao futebol baiano eu vejo mais pelo lado antigo, com as histórias do meu pai falando muito do Berimbau de Ouro (antiga premiação do Campeonato Baiano), que ele foi feliz em conquistar aqui. Na época que eu joguei também eu pude acompanhar um pouco mais de perto. O Campeonato Baiano eu sei que é muito forte, onde as equipes do interior se preparam muito. Tem a mística dos torcedores. Isso é o que me encanta muito. É o torcedor apaixonado, com essa atmosfera muito calorosa. Então, se for para dizer uma das referências, lembranças, com certeza é o torcedor baiano. E sim, é um torcedor muito alegre, muito contente. Claro que tem as cobranças, como em todo lugar, mas eles trazem muita alegria pro futebol.

 

No próximo dia 14, o Itabuna estreia no Baianão contra o Atlético de Alagoinhas. Como está sendo a preparação para o estadual e quais as expectativas para a temporada?

 

Dia 14 temos a nossa estreia pelo Campeonato dentro de casa, entre aspas. A gente sabe que seria muito importante jogar aqui em Itabuna, por tudo que eu falei, com respeito à torcida, à cidade, a mobilização de todos. Mas a preparação vem sendo a melhor possível, esses jogadores vêm se entregando a cada dia, procurando superar algumas dificuldades em cima do entrosamento da equipe, que a gente sabe que é difícil. A equipe está sendo toda reformulada e isso demanda um tempo, mas estamos acelerando o mais rápido possível. Eu fiz a pré-temporada em uma cidade vizinha aqui, para criar esse conjunto e eu estou muito otimista com esse Canpeonato, com tudo que nós estamos desenvolvendo aqui. Não só eu, mas toda a comissão técnica. Estamos trabalhando para iniciar bem já no dia 14 diante do nosso torcedor, que vai se deslocar para Ilhéus. Vai ser nosso cartão de visita e nós temos que fazer uma boa exibição para que eles possam sempre retornar e nos deixar mais fortes.

 

Além do Baianão, o Itabuna jogará a Série D e a Copa do Brasil. Imagino que a oportunidade de jogar duas competições nacionais esteja mexendo com todo o clube e a cidade, certo?

 

Com certeza, quando você tem um calendário, uma Copa do Brasil, mexe com o clube, o torcedor, os jogadores. Isso acaba atraindo os jogadores para cá em cima da visibilidade da Copa do Brasil, que é logo no primeiro semestre. A Série D também porque dá uma segurança, com calendário o ano inteiro e um planejamento mais longo. Mas, com certeza, a Copa do Brasil é o que mexe bastante, porque já é logo no início do ano. Passar de uma fase acaba mudando a história do o clube pelo fator financeiro. Eu tive essa felicidade de passar duas fases da Copa do Brasil pelo Águia de Marabá, senti esse gostinho, vi o que modificou no clube. Espero que aqui, junto com esses jogadores, junto com a comissão, com o torcedor, nesse primeiro jogo que é dentro de casa para que nós, possamos ser felizes e cada vez mais reestruturar o Itabuna Esporte Clube. Esse clube merece muito. Espero estar fazendo parte disso, podendo fazer um grande trabalho nessas três competições que temos pela frente. 

 

Além dos tradicionais Bahia e Vitória, como você avalia o nível dos times do estado, do interior especificamente?

 

Claro, Bahia e Vitória são os clubes grandes da capital. Hoje, são dois clubes na Série A do Campeonato Brasileiro. Isso qualifica ainda mais o Campeonato Baiano. Mostra a sua força, obrigando os clubes do interior a se fortalecerem se quiserem sonhar com o título. Eu vejo as equipes do interior muito bem montadas, cada vez mais estruturadas. Cada vez mais profissionais, com jogadores de níveis muito interessantes. Vejo o Campeonato Baiano como um dos mais fortes. Estão muito bem niveladas todas as equipes que tenho acompanhado, estudado, buscando informações de alguns treinadores que eu conheço. Alex Alves, que está no Jacobina. O Zé Carlos, que está no Atlético, contra quem nós vamos fazer nossa estreia. Outros treinadores que eu conheço no futebol e sei do poder deles de montagem de elenco, de força de conjunto. E não há dúvidas que o Campeonato Baiano vai ser um torneio muito forte em vista da nossa estreia com um clube que foi bicampeão baiano, que já mostrou a sua grandeza dentro da competição. Eu acredito que este seja o Campeonato Baiano mais forte dos últimos anos.

 

Quais os técnicos você tem como referência e qual estilo de jogo que mais lhe atrai?

 

Meu estilo de jogo consiste em uma linha de quatro defensiva muito sólida, que marca bastante, e com bastante aproximação para jogar, facilitando a tomada de decisão do atleta. Gosto muito do Vanderlei Luxemburgo como referência dos anos 1990/2000 e para citar um de fora: o Jurgen Klopp, do Liverpool.

 

Já aconteceu de você treinar jogadores mais velhos do que você? Como se dá essa relação?

 

Sim, já aconteceu de treinar jogadores mais velhos do que eu ou mesmo de idade muito próximas. A relação com eles tem sido muito tranquila a partir do momento que eu me apresento, que eles vão conhecendo meu dia a dia. É normal ter um pouquinho de receio, mas aí eles vão vendo na conduta, nas falas, no histórico, porque o jogador é assim, eles vão buscar referências e quando você tem consciência de que você faz o seu melhor, não comete injustiças, sacanagem… Hoje o futebol não permite mais essas coisas. Não importa a idade, seja mais velho, seja mais novo, eles acabam te respeitando com que você passa para eles. Esse período da minha carreira onde eu tive experiências de trabalhar com jogadores mais velhos, seja aqui no Brasil ou até mesmo na China, onde trabalhei com os jogadores mais velhos do que eu, na ocasião, três anos atrás, então, tinham bastante jogadores. Eles sempre me respeitaram, sempre tiveram uma postura muito profissional comigo e eu fico feliz de estar podendo ter esse reconhecimento em cima do trabalho.

 

Seu nome é uma referência ao ex-jogador alemão? Conta um pouco sobre como seus pais tiveram essa ideia.

 

Sim, foi  uma homenagem ao Matthaus e meu pai quer que deixe claro que eu nasci em 1987 e o Lothar Matthaus brilhou pro mundo em 1990, digamos assim, então, ele fala que não foi 'modinha', ter colocado o nome após o título mundial da Alemanha (risos). O Matthaus era um jogador que ele gostava muito, que tinha um estilo de liderança e aí ele acabou convencendo a minha mãe para eu me chamar Mathaus. Não tenho o Lothar, mas tenho o Mathaus em homenagem.

 

Como você avalia a nova safra de técnicos do futebol brasileiro?

 

A safra de treinadores do Brasil vem cada vez mais forte. Não perdendo a sua essência. Eu acho que é fundamental nunca perdemos a nossa essência do futebol brasileiro, do improviso, da criatividade, da ginga. Isso daí eu acho que seja o treinador mais experiente, seja o jovem, seja quem for não pode jamais tirar essa essência do jogador brasileiro. Eu vejo uma safra muito boa, que tem feito bons trabalhos. Não vejo muito essa questão de idade no futebol. Acho que é merecimento, é oportunidade, é entrega o que vai definir se o treinador é capacitado ou não. Eu tenho muito respeito pelos treinadores mais experientes. Gosto demais de vários. Inclusive, eu tenho meu pai como meu fiel escudeiro por tudo que ele fez e ainda pode fazer pro futebol. É claro que a formação dos dirigentes, pessoas envolvidas no futebol, tem que ser cada vez mais profissional. O futebol não permite mais algumas coisas que no passado eram permitidas. Hoje, os jogadores estão mais preparados. Na pré-temporada, cada vez mais, eles estão tendo essa consciência que acabou a fase do jogador amador. E quando a gente fala que acabou essa questão do jogador amador, tem que acabar também a questão do dirigente amador. Acredito muito nisso. Quando as coisas vão se encaixando profissionalmente tem tudo para dar certo e quem ganha somos nós, apaixonados pelo futebol.

 

Até agora, quais os momentos que você considera mais marcantes na sua promissora carreira?

 

Com certeza o momento mais marcante na minha carreira é o título paraense, com a presença do meu pai ao meu lado. Conquistar um título inédito para um clube do interior, por toda a dificuldade que é, com dois clubes grandes na região, Paysandu e Remo, e você conseguir desbancá-los e dar um título inédito para uma cidade no meu primeiro trabalho, foi esse o ápice até agora. Tive a oportunidade da minha mãe Elizete, da minha irmã Ariane e do meu sobrinho afilhado Gael estarem presentes no primeiro jogo dentro de casa contra o Remo, onde nós quebramos um tabu de 11 anos sem vitória contra eles, saindo na frente da finalíssima, ganhando esse jogo por 1 a 0. Esse foi um momento espetacular onde eu pude comemorar com as pessoas que eu amo. Outro momento marcante foi a vitória em cima do Goiás na Copa do Brasil, uma equipe até então de Série D enfrentando uma de Série A e você conseguir competir, fazer com que os jogadores comprem a ideia e sairem vitoriosos, fazendo história, levando o clube à terceira fase da Copa do Brasil onde todos nós sabemos da dificuldade. Posso pontuar esses dois momentos mais marcantes para mim e a vitória contra a Tuna Luso, que decretou a minha primeira vitória como treinador profissional. Nós saímos vencedores por 2 a 1 na segunda rodada do Campeonato Paraense. Eu levo essas três datas aí com bastante carinho e com certeza serão marcantes por longos anos, independente dos títulos que eu venha a conquistar. A gente fala que o primeiro a gente nunca esquece, né? Eu costumo sempre falar que campeão é campeão.

Léo Condé vê Série A com "nível muito elevado" e projeta dificuldades para o Vitória
Foto: Victor Ferreira / EC Vitória

De contrato renovado com o Vitória, o técnico Léo Condé prevê desafios significativos para o clube na Série A do Campeonato Brasileiro de 2024. Após a conquista na Segunda Divisão, o Rubro-Negro baiano retornou à elite do futebol nacional depois de cinco anos. Conforme avaliação do profissional, é natural esperar que o clube enfrente obstáculos no caminho. 

 

"O Vitória vai entrar em uma disputa de Brasileiro em que o nível está muito elevado, as equipes muito bem estruturadas. É normal ter um pouco de dificuldade neste momento de reestruturação de equipe. Mas sabemos que o clube mostrou competência nesse último ano para chegar forte", afirmou, em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias. 

 

De qualquer forma, o comandante entende que, no primeiro momento da temporada, é preciso focar nos campeonatos regionais. O Leão não avança à fase de mata-mata do Campeonato Baiano há cinco anos e não chega à final da Copa do Nordeste há 13. 

 

"No Campeonato Brasileiro, o clube traça suas metas, mas, neste primeiro momento, meu foco total é o Baiano e a Copa do Nordeste. Vitória tem que ser protagonista nessas competições e mostrar a força da sua camisa", pontuou. 

 

Durante a entrevista, Condé comentou também sobre os episódios turbulentos de 2023, a conquista histórica da taça da Série B e a montagem do elenco para 2024. Confira: 

 

Léo, gostaria que você fizesse uma retrospectiva de 2023. Quando o ano começou, você imaginava que terminaria dessa forma, com o Vitória campeão e você idolatrado pela torcida?

Foi um ano espetacular esse de 2023. Um início muito turbulento. Cheguei em um momento muito complicado do Vitória, mas conseguimos nos organizar bem. Fizemos uma Série B inesquecível. Conseguimos manter o Vitória entre os quatro primeiros durante quase toda a competição. Se eu esperava o título? Não. Nossa expectativa era fazer um Vitória competitivo. Eram cinco anos que o Vitória não conseguia ser protagonista em uma competição. Agora, é claro que o título foi a cereja do bolo. Estou muito feliz por ter conquistado o título e o respeito da torcida. 

 

Houve algum momento em que você se sentiu inseguro em relação à continuidade de seu trabalho no Vitória? Muitos apontam aquele jogo contra o Novorizontino, no primeiro turno, como um momento chave da Série B. Dentro do clube, houve alguma sinalização de que você seria demitido em caso de derrota naquela partida?

Realmente, sabemos como é a dinâmica do futebol. Sempre, em algum momento, vai haver questionamentos. Mas sou uma pessoa muito segura do que faço e foco naquilo que tenho controle, que são os treinamentos, organização da equipe. Foi isso o que fiz durante esse período. Não deixei nada externo me influenciar. Fomos passando alguns obstáculos. Realmente tivemos momentos complicados durante a competição, o que é natural. Vai ter algum momento em que você terá tropeços. 

 

Foi a primeira vez que você conseguiu subir com um clube para a Série A. No ano que vem, o desafio será ainda maior. Se considera preparado para ajudar o Vitória a atingir a meta de se classificar para a Sul-Americana?

Vai ser um momento distinto da minha carreira. Mas já passei por isso. Quando saí das categorias de base para treinar o profissional, foi um desafio. Consegui obter êxito. Quando saí de Minas para trabalhar no interior de São Paulo, também. Conseguimos bons resultados. Quando saí da C para a B, foi outro desafio. Espero conseguir superar esse outro desafio que está por vir. É claro que o foco inicial é a disputa do campeonato estadual e da Copa do Nordeste. No Campeonato Brasileiro, o clube traça suas metas, mas, neste primeiro momento, meu foco total é o Baiano e a Copa do Nordeste. O Vitória vai entrar em uma disputa de Brasileiro em que o nível está muito elevado, as equipes muito bem estruturadas. É normal o clube ter um pouco de dificuldade neste momento de reestruturação de equipe. Mas sabemos que o clube mostrou competência nesse último ano para chegar forte. 

 

O Vitória não avança para o mata-mata do Campeonato Baiano desde 2018 e não chega a uma final de Copa do Nordeste desde 2010. Qual é a importância de retomar esse protagonismo regional? E como você avalia a base montada para o próximo ano? 

O Vitória tem que ser protagonista nessas competições e mostrar a força da sua camisa. Em relação à base montada, temos uma para iniciar o ano. O clube está se movimentando para se reforçar porque precisa. Vamos entrar em uma disputa com equipes muito estruturadas. O que fizemos de bom vamos procurar manter, principalmente no aspecto físico. Temos que ter uma equipe competitiva, com força, velocidade. O futebol atual exige muito. Aliado, é claro, à qualidade técnica. 

 

Não é você quem fecha os negócios, mas existe uma participação sua na seleção dos atletas contratados pelo Vitória. Como observa a linha de trabalho que vem sendo seguida nessa pós-temporada? 

Naturalmente, sou consultado em algumas situações. Mas vai muito pela possibilidade financeira do clube, por enxergar a chance de um retorno técnico e financeiro de algum atleta. É uma série de situações que determinam a contratação de atleta A, B ou C. O clube sabe minhas ideias de jogo, o que penso e espero de características de atletas, mas as contratações são pautadas pela condição financeira e pela análise do departamento de inteligência. 

 

Você chegou ao Vitória em um momento muito conturbado. As eliminações no Campeonato Baiano, na Copa do Nordeste e na Copa do Brasil falam por si. Agora, terá a oportunidade de começar uma temporada do zero. Se sente um pouco mais tranquilo para implementar suas ideias? O que você pode prometer ao torcedor que pretende lotar o Barradão mais uma vez em 2024?

Apesar do pouco tempo de pré-temporada, apenas 15 dias de treinamento, conseguimos ter uma equipe base. Esperamos iniciar forte, o torcedor teve um papel fundamental para o acesso da equipe. O que ele pode esperar é uma equipe competitiva e organizada dentro das peças que terei em mãos.

Sant'Ana mira Bahia consolidado em outros esportes e faz alerta para o futebol: "City precisa de suporte"
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Após comandar o Bahia no triênio 2015-2017, Marcelo Sant'Ana quer voltar a ser presidente do Bahia, agora em uma nova fase. Com a associação para manter e ao mesmo tempo lidar com o Grupo City no futebol, o candidato pensa em um futuro promissor com uma base forte de sócios e uma presença positiva em outras modalidades. Na opinião dele, trabalho e competência serão essenciais.

 

"Eu sou torcedor, mas na gestão temos que trabalhar alguns pontos. A questão dos esportes, a questão das embaixadas, preocupação com o plano de sócios, melhora na comunicação e transparência, mostrando o que o Grupo City já cumpriu em contrato, buscar fontes alternativas em receitas, procurar pouco a pouco diversificar as ações do clube para que ele finque, aos poucos, a sua bandeira como clube olímpico e social", disse, em entrevista ao Bahia Notícias.

 

Ao falar sobre o trabalho dos estrangeiros no futebol do Esquadrão de Aço, Sant'Ana apontou que faltou suporte da atual diretoria executiva no "ano zero" do grupo.

 

"Precisa de alguém que ajude no relacionamento e eu acho que não teve o suporte que ele esperava do Bahia ao longo do ano. Não estou lá dentro, não tenho representatividade para falar sobre sentimento do Grupo City e nem do Bahia, mas é um sentimento que tenho", apontou.

 

Marcelo Sant'Ana não fugiu de perguntas sobre o fato de ter sido empresário de atletas e de ter conquistado a fama de "brigão" enquanto liderou o clube azul, vermelho e branco. Confira a entrevista completa:

 


Por que você decidiu voltar a tentar a presidência do Bahia?
Foi uma decisão tomada com calma, com responsabilidade. Fui presidente no ciclo 2015, 2016 e 2017. Era um ciclo novo para o Bahia também. Fui o primeiro presidente eleito na era democrática para um mandato regular de três anos. O Bahia era um clube grande como continua, com torcida apaixonada, reconhecido nacionalmente, mas naquela época o Bahia não tinha organização, não tinha rumo. O Bahia pré-intervenção, o torcedor lembra a série de crises que o Bahia passava. A gente conseguiu, com erros e acertos, recuperar a credibilidade do Bahia, a dignidade dos funcionários e valorizar a marca do Bahia dentro do mercado. Recuperamos o patrimônio com Fazendão, Cidade Tricolor, terreno do Jardim das Margaridas... A gente conquistou todas as certidões negativas de débito municipal, estadual e federal, que na época garantiram o contrato com a Caixa e permitem que o Bahia tenha projetos com a Lei de Incentivo ao Esporte. Fomos citados por um consultor do Itaú como um dos cinco clubes do Brasil, se ele pudesse indicar, como um clube para se comprar ações. Justamente pelo trabalho de governança, transparência, comunicação que trouxemos. Além das questões de campo porque tudo tem que convergir para o resultado esportivo. Título baiano, acesso, Copa do Nordeste, a maior pontuação do Bahia nos pontos corridos. E o Bahia agora está no cenário com alguma similaridade. O Bahia, desde maio, tem uma SAF. É sócio minoritário e o clube precisa de um indicativo qual rumo vai tomar. Por contrato, o Bahia tem responsabilidade de cumprir o contrato com o City, colaborar com o relacionamento corporativo, mas o Bahia tem outro braço que é fincar a sua bandeira como clube olímpico e social. Em qual contexto? Em quais esportes? Como aumentar o orçamento que está previsto em R$ 4 milhões? É um contexto que o clube precisa ser posicionado. Dentro desse contexto, a gente se coloca como opção para o torcedor.


Como você enxerga o cenário de 10% no comando do futebol?
A parte de gestão no dia a dia é do Grupo City. Mas o representante do Bahia integra o conselho de administração. São cinco indicados pelo City e um do Bahia. Hoje, temos três estrangeiros e os outros dois ficam na operação do Bahia, que é o Raul Aguirre e o Cadu Santoro. A gente pretende, dentro desse conselho, pontuar a opinião do Bahia, preservar a identidade... Claro que a gente espera um crescimento da instituição, maior capacidade de investimento, profissionalismo que reflita em uma time mais competitivo e vencedor. E às vezes gosto de fazer brincadeiras para pessoa ter um cenário mais claro: um time de futebol são 11 jogadores e cada jogador representa mais ou menos 9%, que daria 99%. Se você joga com um a menos, faz diferença? Faz muita diferença. Na SAF eu entendo da mesma maneira. O Bahia tem que jogar com o time completo. Entendo que isso tem que ser conduzido dessa maneira. Defendo mais transparência e comunicação para que você reforce esse laço. A SAF existe desde maio. A gente tem a informação de que o City já pagou 60 a 70% das dívidas trabalhistas e cíveis, que era previsto. Se isso foi feito, porque não é comunicado? Isso mostra a seriedade do parceiro em cumprir o contrato. Tem uma previsão contratual de investimento mínimo em folha salarial. Está sendo feito? Por que não é comunicado? Para mim, esses pontos reforçam a parceria. Quando você sinaliza: 'o ano está abaixo, contudo eles têm feito investimentos, tem outros projetos que estão sendo implementados...', isso daria uma maior segurança para o torcedor, principalmente em ano de crise. Você daria dados objetivos e faria o papel fiscalizador. A gente acredita que isso tem que ser reforçado para o sucesso da parceria.

 

 

Por qual motivo você não tentou a reeleição após seu primeiro mandato?
Em 2017, quando a gente optou por não continuar, eu vinha cansado dos três anos de presidência. Hoje, quando o torcedor vê o clube mais organizado, as pessoas esquecem o contexto do Bahia naquela época. A gente teve que reorganizar o Bahia da porta para dentro como uma empresa. Não gosto de ficar pontuando isso, foi um momento passado, mas o Bahia não tinha fluxo de caixa. Quando perguntava quem era o sócio do Bahia, tinha que perguntar para uma empresa tercerizada... Esse era o cenário de dificuldade, aliada as viagens com o time, perdi jogos quando minha segunda filha ia nascer. Dos três anos que eu fiquei presidente, devo ter passado um ano fora de Salvador, somando viagens para o time, viagem à Brasília para resolver política, São Paulo para patrocínio, Rio de Janeiro para as questões da CBF. Para mim, o trabalho no Bahia tem que ter dedicação 100%. Isso é emocionalmente desgastante. Minha segunda filha ia nascer e eu sentia que minha esposa precisava de minha atenção. E o clube estava organizado. A gente tinha um clube campeão do Nordeste, maior pontuação nos pontos corridos, a gente tinha, dos titulares, nove jogadores com contrato... Jean, Capixaba e Zé Rafael com proposta para serem vendidos, 13º já pago, salário para pagar já no caixa do clube. O Bahia, no nosso entendimento, tava com o caminho sólido para continuar dando alegria para a gente que é tricolor. Preferi priorizar a minha família naquele momento.

 

 

Uma das suas missões será alavancar o número de sócios. Na sua gestão passada, você contratou Jorge Avancini e ele foi muito criticado. Acredita que foi um erro?
Na época ele tinha um histórico de sucesso no Internacional, o clube que tinha o maior número de sócios já registrado no futebol brasileiro e os gaúchos têm essa tradição em associação. Buscamos o profissional dentro desse contexto. O Sócio Esquadrão foi criado na nossa administração com ele como chefe. Se você entrar no site e ver a marquinha, é a empresa contratada na nossa época. A setorização é a mesma... Teve evoluções naturais, algumas ações que ajudaram, que foram o desconto da cerveja e a camisa... Na parte comercial, a gente saiu de um faturamento de R$ 2 milhões, R$ 3 milhões ano para superarmos R$ 12 milhões no último ano. De 2017 a 2023, esse número é o segundo maior. Críticas são naturais, faz parte. Nesse contexto atual, temos sim que desenvolver esse novo plano de sócio. Um conteúdo decisivo que a gente tinha, que é o acesso garantido, hoje está com a SAF. Mas existem outros mecanismo. A gente pode trabalhar com preços diferentes, a depender por exemplo da região que a pessoa mora , se é sexo masculino ou feminino... Você pode trabalhar com experiência, desconto em produtos, então você tem caminhos para fortalecer. Se a gente for abordar a questão da embaixada, dos sete primeiros nomes, três são de embaixada. Agora, durante a campanha, buscamos ouvir para valorizar os sócios que estão fora de Salvador... Quando eu era o presidente, a gente tinha um departamento de ligação com embaixadas, a gente sempre fazia matchday nas cidades, levando troféus, ídolos, mascote... Isso dá sensação de pertencimento para eles. A opção de comprar o produto e ele ser entregue em sua casa, é uma crítica que o pessoal que mora no exterior faz muito e ouviram a justificativa de que o frete é caro. Eles pontuam que, como moram longe de Salvador, será que não poderiam ter um benefício de uma ou duas partidas, quando abre venda exclusiva, o sócio que mora fora não pode comprar primeiro? Tem pontos de gancho que a gente pode valorizar e reconfigurar o nosso plano de sócio.


Na sua opinião, o que pesou para a queda brusca de associados no Bahia?
Sem dúvida nenhuma a falta de comunicação pesou muito. E aí eu agradeço a imprensa nesse período de eleição, que está trazendo esse debate com todos os candidatos. Aí eu uso esse dado que você trouxe. No dia da inscrição de chapa, eu estive na sede do clube junto com o candidato à vice, Rogério Gargur, e os funcionários sinalizaram que naquela época a expectativa era de ter 4500 a 5 mil sócios adimplentes, com condição de voto. A gente teve na semana passada a lista com 7800 adimplentes. Então 2800 pessoas se regularizaram em 30 dias. Pessoas que tinham mais de um ano como sócio. Esse número pode ser até maior. Então é um crescimento superior a 50% do que se tinha em 30 dias de campanha. Isso indica que a comunicação era ineficaz. Não dá pra responsabilizar o torcedor. Se o sócio não acompanhou naquela época, você tem que comunicar de forma recorrente. Você tem que comunicar sempre. Quando a gente vai para o barzinho, a gente não fala sobre os mesmos jogos do Bahia? Então você tem que trazer várias vezes o mesmo tema para no dia que a pessoa estiver disposta, ela ser saciada. A comunicação tem que ser estimulada, as redes sociais são discretas... Temos que debater isso com a profundidade que se exige para que o sócio se sinta importante. Se a gente aumenta a base de sócios, você aumenta a força do clube. A partir do momento que você fortalece o clube, no contexto dos 10%, a SAF vê a força que o clube tem pela representatividade do torcedor. Não podemos ter um descolamento tão grande. E aí eu pontuo que quando a gente criou o Sócio Esquadrão, na mesma época da parceria com as Obras Sociais Irmã Dulce, o Sócio Esquadrão era nome fantasia para você dizer que era sócio do Bahia. Era um nome comercial porque a gente ia usar o nome Esquadrão em vários produtos do clube. A ideia era ter essa marca comercial. Quando teve o desmembramento, o Bahia não criou um nome fantasia e as pessoas foram acostumadas a dizer que eram Sócio Esquadrão, acharem que eram sócios do Bahia. E hoje não é mais assim. É responsabilidade do clube comunicar. Você tem que dar isso mastigado ao sócio.

 


Você foi pioneiro nas questões de responsabilidade social com a parceria nas Obras Sociais Irmã Dulce. Como pretende seguir esse caminho se for eleito?
A gente iniciou esse trabalho com Irmã Dulce em outubro de 2015. A gente sentia a importância do Bahia devolver à comunidade esse carinho. Quando a gente fala de Bahia, a gente fala de baianidade. A situação é recíproca. Depois a gente teve avanços com a UNICEF, focado na formação pessoal dos atletas... Acredito que o Bahia teve um avanço nos últimos anos, mas vou continuar a ser transparente. Não acho que são concorrentes, mas prefiro que o Bahia seja reconhecido como clube vencedor, um clube campeão e que dê alegria ao seu torcedor, preferencialmente no futebol. Quando o Bahia foi fundado em 1931 por dissidentes da Associação Atlética e do Bahiano de Tênis, ele foi fundado para ser um clube de futebol. Ao longo dos anos teve sucesso em outras modalidades, mas o coração do clube é o futebol. Dá para trabalhar responsabilidade social e o sucesso esportivo de maneira que ambos valorizem a marca. Mas em qualquer dividida, o lado esportivo vai prevalecer.


Você tem sido questionado pelo fato de ser empresário de atletas. Como está a sua situação e a da sua empresa?
Era minha empresa. Agradeço pela pergunta porque é um tema que as pessoas têm duvida. E se as pessoas têm dúvida, quem está se colocando à disposição, tem que esclarecer. Não sou mais empresário de atleta, minha carteira não foi renovada. A FIFA mudou o sistema de regulamento de transferência e agenciamento de atletas. De imediato, algumas cláusulas foram implementadas e estão em vigor desde 1º de outubro. Para ser agente de jogador, você tem que ser agente FIFA. Só tem dois caminhos para ser agente FIFA: se até abril de 2015 você era agente FIFA e agora é fazer a prova para agente FIFA. Teve a prova em setembro e eu não fiz já visualizando essa possibilidade de ser presidente. A FIFA não reconhece mais pessoa jurídica, só pessoa física. Então a empresa não pode mais operar no mercado do futebol porque a FIFA e a CBF não reconhecem mais. A Fifa mudou a lei em dezembro de 2022. Alguns pontos já valeram de imediato e os demais valeram a partir de 1° de outubro. Não sou mais sócio, já foi registrado na junta comercial, não tenho participação no quadro acionário. Agora é só o Marcelo Barros e o que ele vai fazer com a empresa, é decisão dele. Fazendo um comparativo, embora eu ache que não tem nada a ver, eu fui dono de uma empresa por quatro anos. Fizemos marketing esportivo, trabalhava para comunicação de atletas, prestava consultoria aos clubes. Só tive dois atletas no Bahia em quatro anos e um único atleta em divisão de base. Quem comprou o atleta foi o Grupo City, que foi o Thiago. De maneira bem transparente, esse atleta rendeu ao Bahia um lucro líquido de R$ 7 milhões de reais. Foi o que rendeu. O Tillemont, a empresa que ele trabalhou por 20 anos, A Antonius, tinha entre 15 a 20 jogadores no Bahia, no sub-15, sub-17, júnior e profissional. Na época, ele que responderia pelos jogadores da própria empresa. Hoje quem determina é o City. Agradeço quando a imprensa faz esse questionamento, mas eu acho curioso quando os concorrentes falam. Porque se eles acham que tem esse conflito de interesse, poderiam ter impugnado minha candidatura. Se eles colocam minha idoneidade em xeque, eu fui presidente do Bahia por três anos e digo com tranquilidade que provavelmente sou o único presidente de 2000 para cá que deixou o Bahia tem ser nenhuma ressalva nas prestações de contas. Nunca foi questionado sobre minha honestidade. Se alguem quer questionar agora, está no direito e qualquer um faz sua campanha como entende. Mas não coloque apenas a minha, coloca a do próprio parceiro, o City. Alguém para fazer uma coisa errada, tem que fazer em parceria com alguém, principalmente quando você não tem a caneta. E eu, Marcelo Sant'Ana, acredito no Grupo City.

 

O candidato Leonardo Martinez acredita que o investimento do City pode mudar a depender do "ambiente" com o presidente eleito. Acredita nessa teoria?
Não entendo o que o candidato quis dizer sobre esse posicionamento. Cada um tem suas ideias, mas acreditava que a relação com o City era regida por um contrato. A partir do cumprimento desse contrato, é que entram questões de relacionamento que podem potencializar ou não as outras relações. Eu conheço o City desde 2016, que é quando fui pela primeira vez em Manchester. Tenho contato regular desde outubro de 2019 pelas minhas outras atividades. Não entendi a abordagem do outro candidato. Mas acredito na seriedade do City, confio que eles podem dar resultado que a gente espera, embora esse primeiro ano esteja abaixo da expectativa. Pessoalmente enxergo que eles perceberam durante o ano que a abordagem inicial foi equivocada. Porque a gente vê a mudança no perfil de jogador que chegou entre janeiro e abril para os jogadores que vieram na segunda janela. A partir da saída do Renato Paiva e a chegada de Rogério Ceni, você vê a mudança do perfil de liderança. Se trouxe um treinador que conhece o Brasil, com histórico de jogador, foram mudanças perceptíveis na linha de gestão. Tomara que essas mudanças representem a nossa continuidade na Série A.

 

O Grupo City está em seu "ano zero" e vive um processo de adaptação. Como você pretende colaborar?
Sua pergunta é bem precisa. É um ano zero, de transição, de conhecer coisas novas. Ele está dizendo que precisa de suporte. Precisa de alguém que ajude no relacionamento e eu acho que não teve o suporte que ele esperava do Bahia ao longo do ano. Não estou lá dentro, não tenho representatividade para falar sobre sentimento do Grupo City e nem do Bahia, mas é um sentimento que tenho. O City, anos atrás, tinham quatro funcionários do Brasil. Agora, se contar futebol masculino, feminino e base, são 400 funcionários aqui. Olha a mudança. O City é um grupo global com 13 clubes, experientes, com trajetória. Em Manchester eles são donos do clube e lidam com outros anos. O Campeonato Espanhol hoje tem o Girona, que o City é dono e La Liga é uma liga privada. Na MLS é uma liga privada e o New York City é privado, do City. No Brasil, a relação do Bahia é de privado com uma associação e quem controla o campeonato é a CBF, uma entidade política. No Brasil não é exatamente igual a vários contextos que eles trabalhavam. Tem algumas particularidades que se você não se adaptar, chega a conta e tem arestas a aparar. Eles precisam e desejam ter um relacionamento mais fácil.


Muitos dizem que o presidente Bellintani abandonou o clube. Qual a sua visão sobre a gestão dele?
Não posso usar a palavra "abandonou". Que ele não está se comunicando, sendo parceiro do torcedor na transparência do contrato, que a gente não sabe se foi feito encaminhamento, isso eu posso dizer. Usar a palavra "abandonado"... Acredito que os funcionários estão tentando fazer o seu trabalho, caberia ao Conselho Deliberativo ter uma postura mais firme na cobrança. Me preocupa é que projetos de lei de incentivo costumam ser apresentados em um ano para captar recurso no outro ano. Se o Bahia não apresentou projeto esse ano, no ano que vem a gente fica com a captação limitada. É um tempo que você perde. Você não contrata jogador sem saber quem vai ser o próximo presidente? Por que você não pode apresentar um projeto? Poderia discutir com o torcedor o papel da associação. Não poderia chamar o sócio para discutir o papel do Bahia? Quais esportes trabalhar? Quais as necessidades? Fazer uma pesquisa, marcar reuniões na Fonte Nova, fazer um debate público, um brainstorm. Até para se manter a mobilização. Poderia chegar dar uma série de possibilidades já discutidas. E isso não foi feito. Tomara que tenha uma reunião final de ano e a gente saiba o que foi feito nos últimos meses.

 

Você visitou a sede da associação. O que achou?
Quando fui lá, o coração ficou apertado. Quando deixei a presidência, contando com os atletas, eram 296 funcionários. Nessa visita, pude conhecer seis funcionários e é um contexto bem diferente. São duas salas comerciais, é um contexto diferente. O orçamento previsto é de R$ 4 milhões, a gente tem que ampliar essa receita. Temos que associar o Bahia no Ministério do Esporte e Comitê Brasileiro de Clubes. O Bahia tem que se aproximar da iniciativa privada para buscar patrocinadores, a gente tem que aumentar essa capacidade da associação para ter um trabalho mais assertivo nos outros esportes. Divido em alto rendimento, oportunidade de mercado e um lado mais de visibilidade, que é o apoio a atletas e competições. O esporte competitivo é um custo alto, necessita de infraestrutura. De maneira adequada, teríamos o Ginásio de Cajazeiras e a Arena Poliesportiva de Lauro de Freitas. Em alguns casos, o piso e as dimensões não são adequadas. Um esporte coletivo vai exigir custo fixo com atletas, comissão técnica, departamento comercial... No NBB, que é o Campeonato Brasileiro de Basquete, para se ter um time competitivo é R$ 2,5 milhões anos. O Flamengo investe de R$ 6 a 8 milhões. A Associação tem R$ 4 milhões de orçamento, não dá para fazer um esporte competitivo no curto prazo. Tem a sinalização da prefeitura de construir uma Arena Esportiva na Boca do Rio. Se tiver, seria interessante o Bahia ter autonomia da gestão do seu conteúdo ou do dia de evento, que aí você começa a ter receitas anexas com bilheteria, exploração de espaço publicitário, de repende com alimentos e bebidas, talvez estacionamento. Então temos que ter discussões equilibradas. 

 

Você viveu embates fortes com a CBF e a FBF. Essas situações lhe deram a fama de "brigão". Acha que brigou com razão? Exagerou?
Eu tinha 33 anos na época, tenho 42. Estou mais experiente, mas tenho a mesma determinação de defender os interesses do Bahia. Se tiver que brigar com A,B e C para defender o interesse do Bahia, não tenha dúvida que Marcelo Sant'Ana vai continuar com o mesmo posicionamento.  A partir do momento que você é o presidente, o torcedor espera que você defenda o clube, mesmo que isso te desgaste. Você tá ali para defender a instituição, não para pipocar. A omissão o torcedor já viu aonde leva o Bahia. Fui presidente do Bahia durante três anos e conheci quatro presidentes da Arena Fonte Nova. Será que a dificuldade era no Bahia ou na própria gestão do equipamento. Esse contrato que a gente brigou, o Bahia na época tinha um faturamento garantido de R$ 10 milhões e no nosso primeiro ano faturamos R$ 12,5 milhões, diminuiu o mínimo garantido, mas faturamos 12 milhões. Esse contrato renegociado permitiu a loja e museu do Bahia, que na época a gente não tinha capacidade financeira de fazer, mas a gestão de Guilherme fez. Trabalhar pelo Bahia às vezes gera desgaste. O Bahia era um clube que não era respeitado no mercado, tinha fama de mal pagador. Vou permitir que a pessoa não respeite o clube? Vou reposicionar e esse reposicionamento deixou muita gente desconfortável. Muita gente que tava na zona de conforto se beneficiava e ai tirou muita gente da zona de conforto. Muita gente não gosta de ver o Bahia protagonista, não. O Bahia é o maior clube da Bahia, mas tem outros clubes que buscam o seu espaço. E quando o Bahia cresce, incomoda. Cada um tem seu objetivo. Se eu voltar a ser presidente, vou respeitar todos os contratos que o Bahia assinou, mas vou defender o interesse do Bahia acima de qualquer coisa.

 

Como valorizar a marca do Bahia e cuidar da sua torcida que é nacional? Dizem até que o Bahia é o mundo.
Eu prefiro que o Bahia seja o mundo se ele ganhar o Mundial de Clubes. Dizer que o Bahia é o mundo na oratória é bonitinho, mas a gente tem um longo caminho a percorrer. Claro que se você botar isso como uma visão, é bacana, mas vamos estruturar, fazer cada coisa em uma área para fazer com que o clube seja nacional, dispute o mundial. Eu vou achar legal. Eu sou torcedor, mas na gestão temos que trabalhar alguns pontos. A questão dos esportes, a questão das embaixadas, preocupação com o plano de sócios, melhora na comunicação e transparência, mostrando o que o Grupo City já cumpriu em contrato, buscar fontes alternativas em receitas, procurar pouco a pouco diversificar as ações do clube para que ele finque, aos poucos, a sua bandeira como clube olímpico e social. Já tivemos grandes baianos no esporte e não conseguiram mudar a cultura. Ricardo, do vôlei de praia, para mim é o maior atleta da história da Bahia. Ele é ouro, prata e bronze em olimpíada. Ricardo nunca treinou em Salvador porque não tem cultura. É por falta de qualidade? Ele treinou na Paraíba e agora treina a equipe do México. Ana Marcela Cunha, Popó... Se eu começar a falar, vai aumentar a lista. Pouco a pouco o Bahia vai apoiar pela força da marca. O torcedor vai exigir a excelência porque o Bahia nasceu para vencer.

 

Como você projeta o futuro da associação?
A gente quer um clube mais forte, já posicionado em duas modalidades esportivas de uma maneira interessante, um clube podendo podendo produzir conteúdos e eventos em Salvador de excelência, valorizando o clube, tendo um plano de sócio estruturado e um clube disputando, no futebol profissional masculino, com capacidade entre os oito e dez do Brasil e no mata mata chegando aonde não chegamos, tentando algo mais. Tinha essa expectativa depois que saí da presidência, mas não vi. Então acho que a gente tem a possibilidade de atingir isso que a gente deseja. A gente tem visto outros clubes, Fortaleza, Athletico, clubes fora do eixo. Os mineiros estão aí, os gaúchos, temos que ser mais competentes e eficientes.

 

Faça as suas considerações finais.
Peço que conheça todos os candidatos, com suas ideias e propostas. Relembre o Bahia que a gente tinha antes da intervenção e antes da democracia. Esse Bahia que ajudamos a transformar, entre erros e acertos, temos as nossas dificuldades, mas fizemos esse clube crescer, tenho certeza que vocês viveram com a gente. Agora é um momento de construção do Bahia olímpico e social e fortalecimento no futebol profissional. A SAF, para ser completa, precisa que o Bahia saiba como participar e saiba se posicionar representando o interesse do torcedor e o contrato que foi assinado. Se você confia na gente, Marcelo Sant'Ana 31, junto com Rogério Gargur, e no Conselho Deliberativo, Revolução Tricolor, número 131. Obrigado, vamos em frente e Bora Bahêa!

 


Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Verhine planeja melhoria na relação com torcida do Bahia e mira associação com R$ 22 mi de orçamento em 2026
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Economista com anos de experiência na presidência do Conselho Fiscal do Bahia, Marcus Verhine foi mais um candidato à presidência do Esquadrão de Aço entrevistado pelo Bahia Notícias. Dono de um perfil técnico e com muita discrição, o gestor financeiro pensa em uma gestão participativa para a associação no triênio 2024-2026. Para ele, o principal caminho é escutar os sócios e entender o que é preciso para um futuro positivo.

 

"Tem que ser feito um planejamento estratégico e no dia 31 de janeiro tem que ser apresentado. Vamos fazer um workshop com os sócios e as sócias para coletarmos informações e desenvolver o nosso planejamento. Vamos criar um canal de escuta para levar contribuições para a SAF, ouvindo questões específicas de acessibilidade, nossa cultura... Além disso, eles serão consultados sobre a modalidade esportiva que vamos abraçar. Estamos tendo o cuidado de não anunciar o esporte que vamos abraçar por causa disso. Vamos fazer um levantamento, consultar os sócios, fazer o estudo de viabilidade, levar para o Conselho Deliberativo e aí sim vamos abraçar", explicou.

 

Conhecedor das finanças, Verhine quer fazer uma "escadinha" na receita da associação, que vai começar praticamente de baixo a partir do ano que vem. A missão é fechar o último ano de mandato com R$ 22 milhões. 

 

"Nosso primeiro ano não vai ter resultados expressivos, será um ano de planejamento. Vamos buscar a captação, que não é simples... Não vamos ter um boom, mas estimamos uma receita de R$ 7,5 milhões no primeiro ano, no segundo ano R$ 14 milhões por conta dos esportes e no terceiro ano estamos estimando R$ 22 milhões", indicou.

 

Marcus Verhine também falou ao BN sobre a sua luta para colaborar na democratização do clube, sua experiência na visita ao Manchester City, a relação com o futebol e a cobrança pela participação dos associados no pleito do próximo sábado (2). Leia a entrevista completa:

 

Marcus, fale um pouco sobre a sua história com o Bahia e a motivação para se tornar presidente.
Eu sou um tricolor apaixonado como todos. A ligação vem desde a infância e aprendi no jogo contra o Santa Cruz [1981] que o impossível não existe e na semana passada, contra o Corinthians, mostramos que isso faz parte. Depois de muito tempo acompanhando nas arquibancadas, torcendo muito, acompanhando o título de 88, diversos jogos, passei a lutar pela democracia no clube. Fiz parte da Associação Bahia Livre, organizamos passeatas, participei da manifestação dos 50 mil em 2006, participei da organização da Conferência Gigante Tricolor em 2008 e em todo o processo da intervenção... De 2013 para cá, participei do Conselho Deliberativo e durante seis anos fui presidente do Conselho Fiscal do clube. Acompanhei todo o processo de construção da SAF, conheço bem o contrato, meu vice Rogério Silveira conhece mais a fundo e temos condições de fiscalizar o contrato, mas a intenção também é agregar valor, vamos criar um canal de escuta com o sócio para que o nosso time seja bem sucedido em campo.

 

Como foi o seu trabalho dentro do Conselho Fiscal do Bahia?
Foi um processo longo. O Bahia, após a intervenção, iniciou uma nova era de transparência. Muitos esqueletos estavam escondidos e os conselhos fiscais tiveram esse desafio. O primeiro foi o mais difícil porque enfrentou questões que ninguém sabia. Apareciam dívidas que a gente não sabia que existiam. Também acompanhei o processo todo e vi o desafio que o Conselho Fiscal da época enfrentou. Depois foi a questão de controle das contas, ver se os dados eram lançados, se isso refletia nos balanços. Depois acompanhei o processo de consolidação já com um mecanismo de acompanhamento chamado DRO, chancelado pela APFUT, o que ficou mais fácil de acompanhar. Tem questões específicas que fogem um pouco ao senso comum, como a amortização de passe de atletas, questões que acompanhamos. Nessa última gestão, o grande desafio foi a SAF, mas antes da SAF tivemos uma oportunidade de participar do acordo do Opportunity. Entendo que esse foi o maior erro recente da história do clube ao ser assinado em 2006. De forma resumida, o Bahia topou adquirir o controle do BASA pagando R$ 4 milhões, só que o clube estava na Série C e não tinha recursos. Comprometeu a receita de venda de atletas entre 2009 e 2023 para repassar ao Opportunity. Essa dívida era monstruosa, o Bahia foi à Justiça, teve uma briga grande, chegou a ganhar. Por conta disso, essa dívida não tinha sido contabilizada no balanço e finalmente, nos últimos anos, o Opportunity conseguiu reverter e já havia uma possibilidade real do clube ter que arcar com essa dívida, que já girava em R$ 116 milhões. Então foi muito importante esse acordo, me especializei nesse acompanhamento e foi uma felicidade ter esse acordo. Esse acordo viabilizou a constituição da SAF. Uma dívida histórica foi resolvida. Sobre a SAF, o que a gente acompanhou é que houve uma mudança enorme nas contas do clube. Isso está atendendo às expectativas. O clube teve um passivo muito maior que o ativo, então sempre tinha um saldo devedor. Logo após o closing, com o pagamento das dívidas da SAF, isso já inverteu. Hoje o Bahia tem um patrimônio positivo, o que é uma coisa histórica. Fiquei até emocionado quando vi. Já foram pagos R$ 200 milhões em dívidas e isso teve um impacto significativo nas finanças do clube.

 

Como melhorar a comunicação com o sócio do Bahia?
O desafio é grande, mas entendemos que é possível melhorar a comunicação com o sócio, fazer eles entenderem o papel deles e do clube. A função é engajá-los. Tem que ser feito um planejamento estratégico e no dia 31 de janeiro tem que ser apresentado. Vamos fazer um workshop com os sócios e as sócias para coletarmos informações e desenvolver o nosso planejamento. Vamos criar um canal de escuta para levar contribuições para a SAF, ouvindo questões específicas de acessibilidade, nossa cultura... Além disso, eles serão consultados sobre a modalidade esportiva que vamos abraçar. Estamos tendo o cuidado de não anunciar o esporte que vamos abraçar por causa disso. Vamos fazer um levantamento, consultar os sócios, fazer o estudo de viabilidade, levar para o Conselho Deliberativo e aí sim vamos abraçar. Também vamos redesenhar o plano de sócios, com novos parceiros, não só com descontos e sim experiências. Uma visita ao centro de treinamento, visita ao jogo... Vamos colocar também as embaixadas, que também servem como canal com os torcedores do interior. Elas também vão poder identificar parceiros no plano de sócios. Nosso primeiro ano não vai ter resultados expressivos, será um ano de planejamento. Vamos buscar a captação, que não é simples... Não vamos ter um boom, mas estimamos uma receita de R$ 7,5 milhões no primeiro ano, no segundo ano R$ 14 milhões por conta dos esportes e no terceiro ano estamos estimando R$ 22 milhões. Essa é a nossa rampa de receita.

 

Você sempre apresentou um perfil técnico, distante dos holofotes, mas se vê obrigado a apresentar um perfil político. Como tem sido?
Tem sido uma recepção boa. Nos últimos seis anos eu ocupei o Conselho Fiscal e até agradeço aos jornalistas por entenderem o meu papel, que não pode comentar nada sobre questões do clube. Entendo que é até uma coisa enfadonha falar de um parecer do Conselho Fiscal, que é uma questão muito técnica. Entendo que não ser uma pessoa da comunicação, fizemos uma comunicação institucional, com pareceres trimestais, estabelecemos uma parceria boa com o Conselho Deliberativo e a Diretoria Executiva. Tenho trânsito entre os grupos tricolores e o respeito deles. Entendo que no dia 2 de dezembro já podemos conversar com outros grupos e os candidatos para trabalhar nesse modelo de construção do clube. Sempre dou o exemplo de Pernambuco com o Porto de Suape. O Estado abraçou o Porto, independente do partido no poder. Precisamos desse norte. Esse planejamento tem que ser feito com a participação de todos para que se sintam representados. Caso eu saia e outra pessoa assuma, ela vai seguir essa trilha e não retroceder. Entendo que posso reunir os grupos, mesmo não tendo essa relação com a mídia. Acredito que tenho condição de reunir os grupos.

 


Como fazer com que o sócio do Bahia não tenha dificuldades já sofridas no passado?
Eu tava até comentando com o pessoal. Entrei na luta pela democratização do Bahia em 2004, mas só me tornei sócio em 2008. Fiquei quatro anos esperando. Na época do distrato com o Opportunity, não consegui participar da assembleia na Sede de Praia. Tentei convencer os sócios a não aprovar aquela loucura, mas não deu certo. Nessa época só era sócio quem passava por um filtro. Era uma coisa incrível. Não é a mesma coisa agora, mas está tendo uma falha de comunicação grande. Após o closing, muitos sócios não sabiam que eram mais sócios, outros achavam que não eram mais. Entrei em contato com uma pessoa e achava que ela ia poder votar, fui verificar e ele não é mais sócio da associação. Foi uma situação muito complicada na comunicação. Isso tem que ser alterado. A medida é criar um plano de comunicação específico, que seja fácil de explicar e mostrar o papel deles nesse processo.

 

Como promover a inclusão dentro do clube?
Lembrando que o clube tem sete funcionários, só para todos estarem na mesma página. O clube tinha um orçamento de R$ 200 milhões. Em 2019, no último ano normal do Bahia, se a gente atualizar os valores, passa de R$ 200 milhões. Você sai desse patamar para R$ 4,5 milhões. O corpo de funcionários mudou muito. São sete funcionários, está prevista a contratação de um gerente de projetos e ele vai ter papel fundamental na captação de recursos. Ele será selecionado de forma aberta ao mercado, não será indicação minha, terá metas a cumprir. A ideia nossa é dar diversidade. As pessoas às vezes confundem, acham que é política partidária e não existe isso. Um ambiente que tem diversidade está propício a inovação. Uma empresa que aposta na diversidade cresce, os funcionários ficam satisfeitos. As pessoas querem isso das organização. É uma questão de recursos humanos e vamos abraçar, até porque temos compromisso em uma sociedade melhor. Vamos aderir ao selo da diversidade étnico-racial da Prefeitura de Salvador, vamos aderir ao pacto global da ONU. Todas as organizações grandes do planeta fazem parte e você tem que fazer parte. Eu trabalho na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e ela é signatária, o SEBRAE também é. Não há custos para o Bahia, mas é a sinalização de compromisso com essa agenda, que é importante, pensando na parte prática, para a captação de recursos. O relatório de sustentabilidade também é importante, vamos procurar grandes empresas para participar e elas exigem das organizações. Tem que estar documentada, seguindo os indicadores. Será uma ferramenta de gestão e captação de recursos.

 


Como você enxerga os 10% do Bahia dentro da SAF liderada pelo Grupo City?
É importante esclarecer. o Bahia tem 10% da SAF, mas ele participa do Conselho de administração, que é composto por quatro pessoas, três são indicadas pelo City, sendo que são representadas por uma pessoa chamada Alexandre Nogueira e a outra é o presidente do clube. Esse conselho se reúne a cada três meses, recebe relatórios mensais da diretoria de futebol, ele aprova o trabalho de futebol, tem acesso a todos os contratos, ele opina sobre as contas e ele é responsável também pela governança da SAF. Em agosto, o Conselho Deliberativo indicou o seu representante no Conselho Fiscal da SAF. O representante foi eleito pelo Conselho Deliberativo e até hoje não tomou posse. Os outros dois membros do Conselho Fiscal, indicados pelo City, já tomaram posse. Por que que o representante do clube não tomou posse? O conselho de administração poderia ser convocado de forma extraordinária e o presidente do clube pode fazer a convocação e poderia ter atacado essa questão. Ele é responsável pela governança e é importante que o Conselho Fiscal da SAF funcione. Por enquanto, ele está capenga. Ele pode influenciar no futebol, recebe relatório mensais, ele vai acompanhando o plano de trabalho, ele sabe os jogadores que serão contratados... Ele vai cobrar o planejamento. Se não estiver entregue, ele vai cobrar.

 

Como você avalia o processo de gestão de Guilherme Bellintani?
Até o closing, eu estava no Conselho Fiscal até outubro... Até o closing existiu um trabalho grande na transição, que não foi fácil. Houve uma migração de ativos e passivos de um dia para outro, não é exagero. Vão de vez. Então é uma operação complexa, tudo tem que ser lançado de forma correta. Depois do closing, vejo Vitor participando dessa transição, mas o clube de fato ficou em segundo plano. Foi contratada até uma empresa pra fazer essa comunicação com os sócios, mas não foi bem sucedido. Como falei, a questão do Conselho Fiscal da SAF não tem explicação porque não aconteceu. É papel do presidente do clube zelar. Também acompanhei as reuniões do Conselho Deliberativo e vi vários conselheiros querendo discutir o futuro do clube, mas não aconteceu. A diretoria tinha o modelo de fazer o "Repensando o Bahia", mas não foi feito. A gente vai fazer isso, mas poderia ser feito agora. Era o momento ideal para fazer. Acredito que deixou a desejar.

 

Na função de presidente do Conselho Fiscal, você esteve em Manchester para representar o Bahia. Como foi a experiência?
Foi uma experiência muito interessante. Chegamos lá na quinta-feira e o jogo foi no sábado. Visitamos o centro de treinamento do City, conversamos com vários membros de diretoria, tivemos várias reuniões... Ficou claro para mim a importância do matchday, que é a terceira maior receita do City. Eles exploram todos os espaços do estádio para levantar recursos, experiências... A inclusão com áreas de acessibilidade, espaço para pessoas com autismo. É um espaço que junta a comunidade local. Os campos são perfeitos e um dos campos, que está até em azul, é para a comunidade. Tem muita gente empregada da comunidade e eles pagam acima do teto. Há um senso de pertencimento e eles têm um item de sustentabilidade, da relação com a cultura. O interesse deles aqui é de longo prazo, não é uma questão limitada ou comercial apenas. A divisão de base do Bahia já tem a capoeira, que é um esporte não olímpico. Eles têm o cuidado de identificar com a nossa cultura. Temos as cores do nosso estado, uma história linda, o primeiro representante do Brasil na Libertadores, primeiro campeão brasileiro, temos um sistema democrático perfeito. Entendo que eles têm essa preocupação. Tanto que tiveram uma reunião aqui e ficaram maravilhados com a torcida. O pessoal ficou atrás da Bamor e ficou louco. Eles sabem que aqui é diferente e entendem que aqui há uma possibilidade real de ter um novo Manchester City.

 

A sua campanha solicitou ao Bahia a inscrição no Comitê Brasileiro de Clubes. Qual a importância dessa adesão?
São os três grupos que me apoiam, o +Bahia, Independente Tricolor e O Bahia é de Todos e Todas que fizeram essa solicitação e que foi abraçada pela mesa do Conselho Deliberativo. É importante a gente ingressar o mais rápido possível no Comitê Brasileiro de Clubes. Eles recebem recurso da loteria e outra parte é direcionada para o Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos. O primeiro ano é de adaptação, você não consegue recurso de imediato. Os recursos começam a chegar no segundo ano, com viagens e questões específicas para os esportes que vamos abraçar. Então será uma importante fonte, mas não será a única e nem a principal. A nossa principal fonte será de parcerias com empresas privadas, já fizemos o mapeamento, vamos propor projetos, procurar os parceiros do City, que já sinalizaram interesse. Há interesse de fincar raízes aqui. Vamos explorar o matchday e na sequência, no último ano de gestão, para ter o nosso espaço próprio. Será um local para o sócio e a sócia usufruir.

 


Particularmente, você tem alguma preferência por algum esporte?
Tem modalidades que eu gosto bastante, não queria antecipar, mas vou responder... Quando eu era adolescente, andava de skate. Um escudo do Bahia no skate ficaria lindo. Tem muitos atletas talentosos que precisam de apoio, então tenho um carinho especial. Mas vou ouvir o sócio e a sócia. Temos uma ligação boa com o basquete, mas é uma questão que será ouvida pelo sócio e sócia. A decisão será técnica.


Você sempre fala em gestão participativa no Bahia. Como promover unidade com tantos grupos?
Acredito que todos devem participar desse modelo de atuação. Caso eu não seja eleito, estarei à disposição para ajudar. Lutei dez anos pela democratização do clube. Sempre foi assim. As assembleias gerais, que eram bem tumultuadas, nós organizávamos e tomávamos a rasteira da presidência. Mas a gente queria organizar porque a gente não aceitava. Mesmo que a gente não conseguisse aprovar o que conseguia. Minha vida foi e está sendo de dedicação ao clube. Acho que todos os grupos precisam estar envolvidos e por ocupar uma questão mais técnica, no Conselho Fiscal, me dá uma facilidade de conversar com diferentes grupos. Os candidatos me respeitam nos debates, não vi ninguém me atacar, sabem meu histórico e entendo que posso conversar com os quatro.

 

O Bahia perdeu muitos sócios recentemente. Você teme um esvaziamento na votação do sábado?
Tenho essa preocupação. Na última assembleia geral, foi um número muito pequeno, bem reduzido. A votação foi baixíssima. Houve uma falha de comunicação e tem gente que não sabe que é sócio. Lutamos muito pela democratização do clube, então é importante que o sócio participe e viva o clube, pois precisamos estar fortes, fiscalizar a SAF e também viver o Esporte Clube Bahia. É o nosso patrimônio, carrega nossas cores e precisa ser fortalecido sempre. Peço que o sócio participe e se possível, vote no 88. 

 

Como você sonha a associação em 2026?
Sonho com um caminho claro, legítimo, que todos saibam o caminho a ser trilhado, com um projeto de ginásio já apresentado e com pelo menos 20 mil sócios em dia fiscalizando, participando ativamente da vida do clube e o nosso time se destacando em campo.

 

Deixe suas considerações finais.
Nação Tricolor, estamos chegando na reta final de campanha, estamos construindo um novo modelo. Precisamos de todos os sócios e sócias nesse projeto. Reúno as condições para tocar esse projeto, tenho competência técnica, sou gestor, economista, tenho história no clube e um projeto a ser apresentado. Gostaria que todos se juntassem ao 88. Não se esqueçam da segunda estrela. Bora Bahêa! 

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Martinez detalha propostas para o Bahia e afirma que investimento do City vai depender do presidente eleito
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Presidente do Conselho Deliberativo do Bahia, Leonardo Martinez foi um dos nomes que conduziu o processo da SAF do Bahia. Neste fim de ano, ele tenta se tornar presidente do Esquadrão de Aço. Em entrevista ao Bahia Notícias, o advogado relatou a sua experiência e disse estar pronto para assumir o cargo no triênio 2024-2026. A votação será realizada no próximo sábado (2).

 

"Entre os candidatos, sou o que tem uma relação mais próxima a essa nova realidade do Esporte Clube Bahia. Houve a cisão e foi criado o Bahia SAF, fui presidente do Conselho que conduziu esse processo, tive um triênio movimentado, com atuações históricas, recorde de realizações de reuniões, conduzi a SAF, a expulsão de Marcelo Guimarães Filho, conduzi a reforma dos diplomas legais, estatuto...", disse.

 

O gestor também disse ter uma relação próxima com o Grupo City e reafirmou a teoria de que o conglomerado pode mudar a sua ideia de investimento a partir do presidente eleito. Martinez argumenta que o "ambiente" pode ser diferencial para a confiança de Ferran Soriano e companhia. Vale ressaltar que o contrato assinado neste ano tem um investimento pré-definido partindo de R$ 1 bilhão nos próximos 15 anos. Apesar da afirmação, não há registros públicos ou apurados pelo Bahia Notícias que indiquem a possibilidade de alteração das cifras a serem aplicadas pelo grupo na associação durante a regência do contrato.

 

"Se você tem um ambiente propositivo, de fluidez... O City vê o Bahia como a menina dos olhos, de forma positiva. Mas se eu tenho um presidente que mobiliza milhões de pessoas... O presidente pode influenciar para o bem e para a forma de criar tumulto, espuma... A tendência é que o sócio busque um caminho saudável. Pra quê [o Grupo City] investir em um esporte que está dando dor de cabeça?", pontuou.

 

Martinez também falou de planos para fortalecer o número de associados, o trabalho com torcedores do interior do estado, a busca por outros esportes e maneiras de captar recursos financeiros. Leia a entrevista completa: 

 

Como surgiu o objetivo de se tornar presidente do Bahia?
Eu sou presidente do Conselho Deliberativo ainda, com muito orgulho. Entre os candidatos, sou o que tem uma relação mais próxima a essa nova realidade do Esporte Clube Bahia. Houve a cisão e foi criado o Bahia SAF, fui presidente do Conselho que conduziu esse processo, tive um triênio movimentado, com atuações históricas, recorde de realizações de reuniões, conduzi a SAF, a expulsão de Marcelo Guimarães Filho, conduzi a reforma dos diplomas legais, estatuto... Para além disso, tenho uma experiência comprovada com as associações. O Esporte Clube Bahia sempre foi uma associação, mas a partir da cisão do departamento de futebol, temos uma identificação forte com o terceiro setor. Fui vice-presidente e colaborador da AMA, tivemos resultados alcançados, a implementação, autoria e execução de termos de fomento, destravamos o projeto da sede própria, um sonho antigo... A sede será entregue até abril de 2024, com quatro, piscina olímpica, sala de aula... Essa experiência em associações me credencia a ajudar o Bahia, sem submeter o clube a riscos.

 

Você fala muito em "terceiro setor", enquanto outras campanhas evitam o termo. O que falar desse novo momento da associação?
Lamento essas campanhas que tratam um processo tão sério de informação com ilusão com o torcedor. Buscam trazer a paixão do torcedor, mas não posso iludir. Não posso dizer que o próximo presidente vai ter controle sobre o futebol. O City Football Group investiu R$ 1 bilhão e tem 90% do contrato. Isso quer dizer que quem toma as decisões é o City. Mas ter um bom relacionamento com o City é muito importante porque você vai, de forma assertiva, cobrar o que está previsto em contrato. Nenhum candidato vai dizer que vai tapar os olhos. A verdade é que todos os candidatos tem compromisso de fiscalizar o contrato. Tem candidato que busca, o ex-presidente Marcelo Sant'Ana, quer trazer uma veia, experiência no futebol que não reflete a realidade. Ele foi presidente do Bahia no primeiro ano e o Bahia ficou em 9º na Série B, no segundo ano subiu em quarto lugar graças ao Náutico, que perdeu para o rebaixado Oeste... Pós presidência, tornou-se empresário que não conseguiu emplacar, não conseguiu ser diretor executivo no Athletico e no ABC. Agora, depois de renunciar ao Conselho Deliberativo, dez dias depois de se afastar da empresa, ele volta para tentar ser presidente. Perguntei a ele se ele volta a ser empresário se perder. Ele não responde. Me preocupo muito, antes de ser candidato, como torcedor, por causa de algumas campanhas ilusórias. A gente precisa acompanhar o futebol do Bahia, mas não pdoemos vender ilusões para o sócio. Precisamos de um presidente que saiba captar recursos, foi isso que fiz enquanto era gestor, captei mais de R$ 20 milhões, e precisamos de um presidente com bom relacionamento. O City precisa se relacionar com alguém que não votou contra.

 

Como conseguir alavancar o número de sócios da associação?
Precisamos melhorar muito a comunicação entre sócio e Esporte Clube Bahia. Hoje muitas pessoas não sabem se são sócias da associação. Precisamos engajar o torcedor,ter a nossa sede própria. Consegui a sede própria da AMA e vamos conseguir a sede do Bahia. Já temos o projeto, está nas minhas redes sociais, vamos gerar pertencimento, envolver os ídolos nesse projeto para dar dignidade e resgatar a história, o senso e torcedor raiz. Precisamos miscigenar a nossa cultura com a nova realidade. O City tinha dinheiro para comprar um clube do zero, mas eles não queriam isso. Queriam um clube forte, com torcida e cultura. O nosso papel é fazer essa mediação, trazer esses benefícios com a nossa cultura. Nós vamos trazer essa identidade cultural para dentro da associação, vamos ser os porta-vozes, trazer o Grupo City para além do que está no contrato. Pretendo implementar na minha gestão um fortalecimento do Bahia da Massa e Bermuda e Camiseta, atrelado ao sócio da associação e da SAF. Isso será encaminhado para fortalecer o sócio que baixa renda para garantir novas vagas. São dois CNPJ'S diferentes, mas o Bahia SAF pode contratar a associação, basta ter entendimento de qualidade para que isso aconteça. Iremos ter no Grupo City um parceiro para fortalecer a associação.

 

 

 

Como é a sua relação com o Grupo City? Falou com algum deles durante esse período eleitoral?
A relação com o Grupo City é construída. Não se faz de um minuto para outros. A partir de comportamentos, você avalia e vai fortalecendo uma relação. Desde antes da realização do contrato, tenho uma relação honesta com o Grupo City. Nem de permissividade como presidente do Conselho Deliberativo, mas houve momentos em que precisei dialogar. Houve um momento que não abria mão de que os conselheiros tivessem acesso integral ao contrato e que a comissão provisória da SAF tivesse acesso em tempo real. Inicialmente, não era esse o formato. O Grupo City entendia que por questões estratégicas de mercado, a diretoria e a mesa diretora poderiam ter acesso. Eles entendiam que quanto mais pessoas, mais chances de vazamento. Apesar de defender que o sócio também deveria ter acesso, conseguimos chegar ao meio termo. Todos os conselheiros tiveram acesso ao contrato na Arena Fonte Nova, os componentes da comissão provisória tiveram acesso em tempo real e eu, enquanto presidente do Conselho, tinha acesso em tempo real. Também exigi que a diretoria criasse um canal de perguntas e respostas para os sócios, além de disponibilizar advogados para tirar dúvidas dos sócios. Naquela época, foi o máximo possível. Naquela época poderia fazer tumulto e terminar sendo responsável por inviabilizar o negócio. Construímos uma relação honesta, onde eles sabem que eu defendo o interesse do Bahia, mas que não vou criar tumulto. É uma relação positiva, de respeito mútuo e tem tudo para fortalecer. Tenho contato com as principais lideranças, assisto os jogos no mesmo camarote de Raul Aguirre, CEO. Já tive diálogos com Ferran Soriano, sempre com muita franqueza. Ele percebe sinceridade de minha parte, sem nenhum tipo de interesse ou criando caos para o sócio.

 


Como você pretende trabalhar com as embaixadas do clube?
Nosso plano de gestão tem a expansão do alcance territorial, que visa fortalecer a relaão com os sócios do interior, embaixadas e um diferencial meu é de que tudo que digo, tem uma história escrita por mim mesmo. Quando digo que tenho experiência em associações, isso pode ser verificado na AMA, quando digo que sou um presidente de Conselho que tenho equilíbrio, isso pode ser visto na forma que conduzi as reuniões, a convivência com dez grupos políticos. Quando falo de fortalecer os sócios do interior, não é uma promessa de campanha que vou fazer e sumir. Eu instituí as reuniões híbridas, que permite a participação do sócio do interior. Hoje ele pode ser conselheiro por conta das reuniões híbrida. Nossa gestão também fortaleceu a situação dos ex-jogadores de futebol do Bahia. Vamos utilizar os ídolos para fortalecer essa relação com o torcedor. Toda essa movimentação gera força, engajamento. Teremos esportes no Bahia e com sistema de acesso garantido, vamos ter um clube de vantagens da associação e teremos isso graças a nossa relação com o City. Vamos atrelar produtos do futebol, trazendo benefícios para quem for sócio da associação e do Bahia SAF. Aposto no fortalecimento desse relacionamento para atrair e dar robustez para o nosso quatro de sócios.


Sua campanha tem sido marcada por muitas rusgas com o ex-presidente Marcelo Sant'Ana. Teme que isso atrapalhe a questão propositiva na eleição?
Preciso lhe dizer que antes de ser presidente do Conselho, sou torcedor e estou disposto a defender o Bahia com toda a minha força. E eu não tenho dúvida que a eleição de Marcelo Sant'Ana traz risco para o Esporte Clube Bahia. Por falta de capacidade, falta de experiência... Ele mesmo admitiu ter um conselho consultivo feito por pessoas que não apoiam mais ele. Pessoas que ajudaram ele em outro momento não estão mais pelo estilo dele. Marcelo tem uma péssima relação com o Grupo City, que é o grupo que tem 90% do nosso futebol. Quanto a essa questão propositiva, penso que não. Óbvio que essas declarações certamente vão ser colocadas na chamada de uma matéria e vão render cliques, mas eu não deixo de falar sobre minhas propostas. As pessoas acabam sendo atraídas pela polêmica. Meu plano de gestão tem dez pilares. Tenho uma história como gestor de associações e presidente do Conselho do Bahia. Se eu tivesse um milímetro de dúvida sobre minha capacidade, não iria colocar meu nome à disposição. Não tenho interesse financeiro e político.

 

 

Você tem uma boa relação com os ídolos do clube. Como tem sido esse contato?
Primeiro, é uma relação fraternal mesmo. Sou filho de ex-jogador, convivi com os ídolos e tenho responsabilidade em ter o apoio deles. Esse apoio veio porque eles sabem exatamente o que irei fazer. Eles sabem do amor que tenho, até irracional. Estou em um momento pessoal e financeiro tranquilo e me expor para me tornar presidente é chamar porrada que normalmente você não tomaria normalmente. Eu sou pai de família, tenho filho com autismo... E sempre procurei colocar amor em tudo que faço. Os ídolos estão comigo e é bom lembrar que eles são de uma época que não era o glamour que tem hoje. Ronaldo Passos atuou 18 anos no Bahia, Douglas deve a vida dele ao Bahia, todo mundo sabe a gratidão que Douglas tem por não entrar em um avião que ganhou. É um cara que jogou oito anos no Bahia e ganhou sete títulos. É algo que me honra e traz grande responsabilidade.

 

Particularmente, qual a opinião do candidato sobre outros esportes na associação?
Penso muito que teremos bons resultados com boxe, temos um ídolo que é Hebert Conceição, podemos ter bons resultados com maratonas aquáticas e natação. Podemos ter um termo de cooperação com a prefeitura de Salvador na piscina olímpica. Posso citar basquete, mas isso é um mero pensamento do presidente. Não dá pra criar ilusões. A gente precisa cumprir o estatuto, a legislação e trazer o que ter pertinência técnica... Vamos ouvir o sócio e seguir todo esse percurso que eu disse pra você.

 

Você chegou a pedir para os sócios "não arriscarem o futuro do Bahia" durante as eleições por conta do investimento do City para 2024. A depender do presidente eleito, esse investimento pode mudar?

Em relação ao investimento, isso está atrelado ao ambiente. Se você tem um ambiente propositivo, de fluidez... O City vê o Bahia como a menina dos olhos, de forma positiva. Mas se eu tenho um presidente que mobiliza milhões de pessoas... O presidente pode influenciar para o bem e para a forma de criar tumulto, espuma... A tendência é que o sócio busque um caminho saudável. Pra quê investir em um esporte que está dando dor de cabeça? Pra quê se 'aporrinhar' tanto com alguém que possa estar dando problema, confusão. O que acontece pode gerar repercussão positiva e negativa. O Grupo quer repercussão positiva.

 

Como você avalia a condução do Bahia após a passagem de bastão para o City?
Depende da fase. Quem conhece o contrato, sabe que tínhamos que cumprir 16 etapas para ter o closing. Essas etapas foram cumpridas de forma correta, antes do prazo e precisamos reconhecer o empenho para isso. Não é simples. São muitas etapas, altíssima complexidade. Logo após o closing, se iniciam diversas outras etapas burocráticas e que não dão tanta visibilidade. O momento era de prender esforços para garantir isso. Mas se você me perguntar sobre essa terceira parte, a diretoria poderia ter feito movimentos para estruturação da associação. A pedido de outro grupo político, encaminhei o pedido de inscrição no Comitê Brasileiro de Clubes para que possamos, por exemplo, receber recursos da Caixa. Enquanto presidente e candidato, poderia não dar notoriedade e arquivas, mas tenho que pensar no bem do Bahia. Deferi e encaminhei no mesmo dia. Não quero criar espuma política e problema. Acho que a diretoria já deveria ter feito isso, mas temos que reconhecer o lado positivo. O "Repensando o Bahia" poderia ter sido feito, teve o pedido, mas temos que olhar para a frente. Se eu for presidente, a associação vai ser forte. Se você me perguntar se eles deveriam ter contratado, eu diria que não. Se você pega um profissional gabaritado que sabe que o presidente está no último mandato e que três meses depois irá sair, fica difícil fazer contrato. O que eu digo enquanto presidente do Conselho tem repercussão. Muitas das cobranças eu faço de forma institucional. Se a resposta for coerente, me dou por satisfeito. Não vou para a imprensa criar tumulto. Em parte, concordo, mas acho que eles poderiam ter feito um pouco mais.


Como você avalia a gestão de Guilherme Bellintani no Bahia?
Avalio de forma honesta. Poderia ser, enquanto candidato que não tem apoio de Bellintani, poderia tratar ele como uma pessoa que deve ficar longe, mas preciso ser honesto. Bellintani tem as qualidades dele, foi Bellintani que trouxe o Grupo City, deixando com dívidas quitadas, alavancou o número de sócios no Bahia e Guilherme tem um defeito em relação ao futebol. Ele poderia ter delegado, até porque ninguém é bom em tudo. Respeitosamente, não é a praia de Guilherme. Mas acho que foi um presidente positivo. Se eu for eleito, apesar dele não me apoiar e de não ter direcionamento dele, já que ele apoia Ferretti, não tenha dúvida de que vou procurar Guilherme Bellintani para ajudar o Bahia.


E o Grupo City?
Como torcedor, óbvio que a gente estava achando que com o Grupo City, iríamos ter resultados fantásticos em campo e eu me encaixo. Mas se você para pra analisar com equilíbrio, isso não é possível, não é o esperado. Tenho certeza que o Grupo City tem história e quando disse para você que essa é a melhor SAF do Brasil, não tenho dúvida nenhuma. Temos o melhor parceiro do mundo e você pode me cobrar. O Grupo City deu certo, a SAF deu certo e o Bahia é um multicampeão do Brasil.

 


Você tem Fernanda Tude como vice na sua chapa. Qual será o trabalho para as mulheres no clube?
O 100% Bahêa é um grupo que tem uma atuação forte. Fernanda Tude, além de mulher, tem alta capacidade. É advogada, empreendedora, conhece o futebol como poucos, tem 15 anos de experiência em associações e o 100% Bahêa tem uma característica de que não fazemos apenas o cumprimento de número mínimo. Sempre colocamos mulheres maior do que o obrigatório e em posição de eleição. Tem grupo que adiciona nas últimas posições. Acho que é simbólico e não admiti retirar essa obrigatoriedade enquanto presidente do Conselho. É assim que nós vamos ampliar. Fernanda Tude vem para trazer a participação da mulher e incluir todas as minorias. O Bahia é um clube do povo, com pessoas de todas as formas e é isso que vamos fomentar e fortalecer no nosso plano de gestão. Pretendo incluir pessoas com deficiência na nossa equipe, também vamos inserir mulheres. Isso vai depender também do orçamento com a nossa gestão, porque temos responsabilidade financeira. O Bahia não é lugar de cabide de emprego. Teremos pessoa com competência técnica e representatividade. Queremos todos e todas com qualificação.

 


Recentemente, a campanha apresentou o projeto de uma grande sede social para receber os associados e conselheiros. Pode falar mais sobre a ideia?
Quem não me conhece viu aquilo ali e ficou se perguntando se vai dar certo. Já quem me conhece diz que realmente. É uma repetição de uma história que já escrevi. Quando eu comecei na Associação dos Amigos do Autista, tinha o sonho da sede própria e muitos diziam que não era possível. E hoje temos um projeto em execução na Estrada do Curralinho, uma sede sendo levantada, com projeto inicial de R$ 14 milhões e hoje R$ 18 milhões com os aditivos. Uma sede de uma associação que não tinha nenhuma renda, vivia sempre uma situação difícil e hoje nós temos uma sede que está sendo construída e será inaugurada no dia 2 de abril de 2024, dia mundial do autismo. 

 

Como reforçar a marca Bahia no Brasil e ao redor do mundo?
É mais um ponto que não fica só na promessa, também fica na minha história. Sou presidente do Conselho Deliberativo que, na reforma estatuária, trouxemos a preocupação com as cores e a marca do Bahia. Se o sócio acessar o estatuto do clube, vai ver que até o código pantone de cor está presente, para garantir as cores e nossa identidade. Nós iremos crescer de dentro para fora, expandir nossa marca. Não conheço um empresário que não queira ligar a sua marca com a do Bahia. O Bahia é muito forte, nossa marca é forte e ela deve fazer parte da sociedade e das pessoas que torcem para o Esporte Clube Bahia.

 


Como pretende colaborar na relação do Grupo City com Federação Bahiana de Futebol (FBF) e Confederação Brasileira de Futebol (CBF)? 
Temos um ex-presidente que teve um relacionamento tumultuado com a CBF e Federação Bahiana de Futebol. Tenho uma rede de relacionamento muito boa e tenho os ídolos ao meu lado. Tenho pessoas que viveram a história do futebol... Além do relacionamento com os gestores do futebol, tenho pessoas que irei me socorrer se eu precisar do apoio. Irei pedir apoio e nos colocaremos à disposição do Grupo City que tem a sua rede de relacionamento. Mas em momento algum vou criar ilusão de que é o presidente que vai definir os rumos do futebol. Ele será um facilitador, alguém que irá intermediar. Sem passar imagem de brigão e conflituoso.

 

Você afirma que os candidatos não devem iludir a torcida sobre o trabalho no futebol, mas o presidente participa de um conselho consultivo no City. Como define essa participação com a SAF?
Não é pequena. É uma grande de administração. O conselho de administração é de quatro pessoas, com uma do Bahia. O representante do City responde por uma pessoa e o presidente da associação na interlocução. É a pessoa que vai dialogar e sabendo que não há conflito de interesse, um passado de empresariado e interesse outros, isso já dá um caminho fluído. A verdade é que por mais que você possa deliberar e opinar, a decisão é de quem tem a maioria das cotas. É importante ter um caminho de bom relacionamento e influenciar positivamente. É levar o sentimento da torcida para dentro desta mesa. Foi que fiz na viagem para Manchester. Encontrei Ferran Soriano e disse o que achava sobre Renato Paiva. Por conta dessa impressão, o grupo tomou essa ou aquela decisão? Não. Mas é diferente da pessoa ouvir minha opinião e pensar 'será que ele pensa isso mesmo ou quer me indicar um técnico?'.

 


Qual é o objetivo para entregar o Bahia em 2026?
Pretendo entregar com patrimônio material e imaterial muito mais forte, robusto, organizado, com direcionamento de crescimento no esporte e mais do que isso: no senso de pertencimento do sócio do Esporte Clube Bahia. Falam que vamos cuidar apenas de 10%. Espero que daqui a alguns anos, a gente possa ter ciência da força do Bahia.

 

Deixe suas considerações finais.
Hoje estou aqui para agradecer a vocês. Sou presidente que você conhece: equilibrado, responsável e que sempre atuou no melhor para o Bahia. Estamos em uma eleição polarizada. Não dê voto para aquele candidato que você sabe que não tem chances. Seu voto pode ser decisivo para que o candidato que não seja o melhor saia vencedor. Vote em Leonardo Martinez porque você terá alguém que quer o melhor para o Bahia, experiência comprovada e que vai lutar para ter o coração tricolor na Diretoria Executiva. 

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Baraúna projeta "resgate da credibilidade" com o sócio do Bahia e critica gestão Belllintani: "Omisso"
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Radialista com grande experiência na cobertura do Bahia e conselheiro do clube, Jaílson Baraúna quer representar o torcedor do Esquadrão de Aço na função de presidente. Com Raimundo Nonato como vice, ele faz parte da chapa Um Novo Bahêa, de número 79. Com o sonho de ser escolhido pelo associado no próximo sábado (2), o candidato concedeu entrevista exclusiva ao Bahia Notícias e disse que um dos principais objetivos é cuidar da associação com responsabilidade e "resgatar a credibilidade" com o torcedor.

 

"O Bahia é do povo, feito pelo povo. Quem é o sócio do Bahia? É o povo. A gente tem que estar perto do povo. Eu não posso falar de cor se não a tenho. Como vou falar de pobreza se nunca fui pobre? Como vou falar de arquibancada se nunca estive lá? O que fez o sócio estar longe é justamente isso. Pessoas que sequer vão na arquibancada ou vão de três em três anos para fazer campanha, mas no dia a dia não estão nem aí para o povo", disse.

 

Crítico ferrenho do atual presidente, Guilherme Bellintani, Baraúna afirmou que a gestão "abandonou" o clube após a assinatura de contrato com o Grupo City, que assumiu o futebol do clube. 

 

"Pensam um Bahia e trabalham para um Bahia pequeno. Quando tiveram 210 milhões de orçamento, rebaixaram o clube. São pequenos, pensaram o Bahia pequeno, agiram o Bahia pequeno e prejudicaram o próximo presidente, independente de quem seja. Deveria ter um mínimo de estrutura e não tem. De 8h às 17h só tinham isso para fazer? Abertura de empresa o seu contador não faz? O contrato não estava assinado? Só dava para pensar no closing? É uma desculpa esfarrapada!, esbravejou.

 

Baraúna também foi questionado sobre busca de receitas para a associação, trabalho em parceria com o Grupo City, presença dos negros dentro do clube e a escolha por outras modalidades esportivas.

 


Por que você decidiu se candidatar à presidência do Bahia?
Por ver por dentro aquilo que você não queria que estivesse acontecendo. Um Bahia mal administrado, abandonado, um presidente omisso que se acha no direito de apresentar um candidato tendo errado tanto e feito mal desportivamente. Um cara que gerou prejuízos que estão contabilizados. Quem quiser, pode ver na prestação de contas. O passivo do Bahia quando Marcelo Sant'Ana saiu era de 87 milhões. Quando ele entregou para a SAF, estava acima de 270. São quase 200 milhões de prejuízo acumulados ao longo da gestão de alguém que era visto como Midas. De ver tudo isso no Conselho e ver o sistema dizer amém, a gente quis sair para mostrar que o povo tem voz, vez e capacidade de gerir o clube e impor uma gestão que tem que ser técnica e que pode ter pimenta com a paixão. Tudo aquilo que se faz com paixão, se dá algo mais e é esse "algo mais" que queremos dar ao Esporte Clube Bahia.

 

 

 

Na sua opinião, qual vai ser a principal missão do próximo presidente do Bahia?
Resgatar a credibilidade, a comunicação com o sócio. O Bahia tem 50 mil sócios transferidos para a SAF e só 7 mil para a associação. Por que tanta distância? Como essa distância aconteceu? Ela acontece pela falha de comunicação, pela ausência do presidente. Você já viu o presidente no setor Norte? Leste? Ladeira da Fonte? Você só vê o presidente em evento de marketing, cercado por seguranças. O Bahia é do povo, feito pelo povo. Quem é o sócio do Bahia? É o povo. A gente tem que estar perto do povo. Eu não posso falar de cor se não a tenho. Como vou falar de pobreza se nunca fui pobre? Como vou falar de arquibancada se nunca estive lá? O que fez o sócio estar longe é justamente isso. Pessoas que sequer vão na arquibancada ou vão de três em três anos para fazer campanha, mas no dia a dia não estão nem aí para o povo. Por ver tudo isso, a gente precisa fazer com que o sócio participe de fato da vida do clube. 

 

Como atrair os sócios para a associação?
Já tivemos um tempo atrás o plano de descontos. Esse plano foi transferido e depois vou entender melhor essa situação. Vamos imaginar que você tem um menino e que você pague de mensalidade 800 reais. Se a gente consegue ter uma parceria com essa escola, ela oferece um desconto de 10%. Estamos falando de 800, então 80 reais, que equivale a quatro mensalidades do sócio. É vantajoso para o sócio pagar os 20 do sócio? É, porque ele ganha quatro todo mês. E no final de um ano, ele tem 48 mensalidades economizadas e pagou 12. É buscar parcerias para reestabelecer. Não é uma ideia minha, mas é uma reedição do que já teve, mas foi abandonado. É uma reedição de parcerias com bares, restaurantes, escolas, faculdades e dar corpo a isso. Além de me comunicar com o sócio, ele vai ter benefício no bolso. Quando você economiza no bolso, sobra 20 para pagar a associação e colaborar com o projeto.

 

Baraúna, você é o único candidato negro dessas eleições. Como vê a inserção dos pretos dentro do Bahia?
Zero. O Bahia tem um núcleo de ações afirmativas onde o diretor do núcleo fala de discriminação, mas ele, com todo respeito, é branco de olhos azuis. Me diga um diretor negro do Bahia. Não tem nenhum! Não posso falar de inserção, acolhimento, cuidado com o povo negro, se não tenho nenhum negro na minha gestão. É acolhimento para ganhar curtida? Para ganhar voto na eleição? É só para isso que o negro serve? Mas quantos negros teriam capacidade? Eu conheço vários e não tem nenhum. Temos baianos com história fantástica que poderiam ser coordenadores da divisão de base do Bahia. Mas não são. E a maior representatividade de base no Brasil é um baiano. Tirando os dois que estão comandando o clube, não temos ninguém representando os baianos. Estamos nesse pleito para isso. Nós somos a cor dessa cidade. Não a cor da pele, mas sim a cor de quem constrói o Bahia. Quem construiu o Bahia é o negro, branco, pobre, trabalhador, assalariado. Nós representamos tudo isso. O Bahia não tem cor específica, mas falando do povo preto, não tem ninguém em cargo de comando. Talvez você encontre o motorista, o mecânico, o faxineiro, mas o gerente, supervisor e diretor, esqueça.

 

 

Como será o seu trabalho com as embaixadas?
A nossa facilidade é falar do que a gente vive. Vocês acompanham. As embaixadas, para eles, servem como massa de manobra. Eles aparecem pontualmente, como você disse, em um jogo do Campeonato Baiano. Não é todo ano que o Bahia joga em Alagoinhas, Feira ou Juazeiro, depende de um sorteio. É só isso? O novo estatuto do Bahia diz que a embaixada é um braço da associação, mas eles só usam isso para pegar voto. Todo mundo procura as embaixadas de três em três anos. O que você pergunta para o cara da embaixada? Pergunta a dor, as dificuldades... Oferecemos isso como projeto na nossa chapa de conselho no ano passado. Fingiram que acataram e não implementaram. Sendo presidente, vamos buscar fazer a caravana tricolor, que é levar o clube onde o torcedor está. Qual a regularidade disso? Vai depender de orçamento, estudo. Se depender da gente, uma vez por mês estaremos em algum lugar. Vamos conversar, entender e perceber aquele espaço. Propor, falar, é simples, mas eles não têm boa vontade. A relação tem que ser permanente e contínua.

 

Como trabalhar junto ao Grupo City e fiscalizar o cumprimento do contrato?
Criaram essa fantasia. Não é função do presidente ser fiscal. Para isso, existe o conselho fiscal da SAF. Cabe ao presidente fiscalizar? Cabe ao presidente ter conhecimento. Criaram a fantasia de que é só isso. O presidente faz parte do conselho de administração. Eu sou dono de uma empresa. 'Ah, mas você só tem 10%'. E daí? Deixei de ser dono? Porque tenho 10%, tenho que chegar lá de bermuda e camiseta, colocando o pé em cima da mesa? Qual a função do presidente? Ele faz parte do conselho de administração, com três do grupo City. A função é propor, dialogar, debater, conversar, entender o funcionamento da sua empresa. O fato de ser minoritário não lhe dá o direito de ser omisso. O City entrou com 1 bilhão e entramos com as outras coisas. Quanto demandaria fazer um CT como Dias D'Ávila? Quanto tempo levaria o City criando um time para subir até a primeira divisão? Quanto demandaria para o City disputar competições nacionais? Quanto tempo levaria para ter a sala de troféus que temos? A torcida que temos? Qual o valor disso? Tem um bem material que não tem como ser calculado de forma taxativa, mas somos nós que cuidamos disso. É um valor maior que 1 bilhão. Todo esse valor está lá colocado. O Bahia não entrou com o dinheiro, mas entrou com tudo isso que representa muito mais e eles têm que fazer valer. Como a gente faz? Acompanhando, opinando, propondo, estando presente não omisso, permissivo. E observando através do conselho fiscal. A função não é pedir relatório no ar condicionado. Também temos direito. Temos que entrar com ordem, respeito, coerência.

 

Você vai participar do futebol do clube?
Você não tem essa prerrogativa de comando, é do Grupo City. Mas a prerrogativa de saber das coisas. É perguntar como estão as coisas, entender o planejamento do futebol. Ele vai acatar a sua sugestão se ele quiser, mas são quatro. Três vão votar contra você, mas o não você já tem. É convencer com bons argumentos que a sua opinião é válida.

 

Como tem visto o trabalho para a entrada do Bahia em outros esportes?
Ele só tem pedido voto para o candidato dele. Só. Para a associação, não fez nada. Por que nada? A associação está no zero. Não cabia ao presidente atual ter alguns estudos de viabilidade para facilitar a vida do próximo presidente. Ele tem a associação para virar SAF em dezembro. Não poderia ter destacado alguém para começar a pensar a associação, já que era um caminho sem volta? Se eu sei que é um rito burocrático, porque não destacou pessoas para pensar o próximo momento? O presidente que vai entrar não sabe para que lado o Bahia vai. O Bahia sequer se inscreveu nos conselhos de ações sociais. Um movimento bobo, tolo, um ofício enviado. Nada! O presidente chegou e disse que era opção dele não fazer nada. Vou dizer que isso é bom? Eu quero implementar a natação. Como será isso? Qual será a viabilidade? Não tem planejamento. Não tem uma folha de papel dando norte para nada. Os estudos de viabilidade deveriam ter sido feitos, já que ficaram um ano coçando e cheirando, desfilando simpatia. Eu o apoiei para a reeleição porque entendi que era a melhor condição para tocar o clube. Mas quando você acessa as contas desse pós momentos, você olha que fez errado. Ele descansou de uma imensa maioria no Conselho para fazer bobagens e bobagens. O próximo presidente vai ter que pensar tudo do zero e isso não é certo.

 

Você tem preferência pelo basquete. Como fazer isso viável?
A gente pensa do ponto de vista de participação e econômico e financeiro. Quando a gente fala do basquete, é a maior liga do país. O futebol é comandado pela casa da Mãe Joana. Você sabe quando será a última rodada do Bahia? Casa da Mãe Joana. Você não sabe nada. No basquete, você sabe o primeiro e o último jogo, com dia, horário e local. A liga é organizada, com parceria da NBA, que desenvolve ações bilaterais, com participação de 87 milhões de brasileiros, com vários participando nas redes sociais do NBB e os que assistem regularmente. Temos transmissão no canal aberto, fechado e streaming. Todos os jogos transmitindo, com parceiros diretos e participação na montagens dos times. Temos patrocinadores que dão nome á liga. Quando você vê esse universo, lhe interessa. É um esporte de massa. Teremos em breve uma Arena com 12, 15 mil pessoas. Imagine você indo para um jogo de basquete e ver um Bahia competitivo, com 15 mil pessoas vibrando? Já vinha conversando antes de ser candidato por ser um caminho viável, economicamente falando.

 

Qual vai ser o trabalho para tornar a associação rentável?
Deixa eu parafrasear uma letra do Ilê Ayiê: 'Cada pedaço de chão, cada pedra fincada, um pedaço de mim'. Não é Baraúna sozinho. São várias pedrinhas que vão calçar essa via, pavimentar essa via para buscar novos parceiros. Temos pessoas que militam no mais alto nível de construção e captação de recursos, tanto no recurso do mercado formal como através das leis de incentivo ao esporte. Temos um grupo de pessoas do mais alto nível, com militância em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, que já vivenciam isso no seu dia a dia, captando recursos para projetos. Já temos apoio dessas pessoas. O que não posso é pedindo algo sem ser nada. Porque você não vai dar nada a alguém que pleiteia, mas vai confiar em quem está lá. O mandato existindo, temos pessoas capacitadas para fazer a busca.

 

Baraúna, você é conhecido pelo seu trabalho como repórter e conselheiro, mas também passou uma imagem polêmica após a discussão com o técnico Renato Paiva. Como você pretende mudar essa imagem?
Nada melhor do que o meu entrevistador falar do que sou fora desse cenário. Eu não ligo a câmera e começo a gritar, pular no pescoço de ninguém... Eu brigo pelos ideais que tenho. E uma coisa é certa: ninguém vai pisar no Bahia. Ninguém vai tratar o Bahia como ele não mereça ser tratado. A mesma vontade que acham que briguei com Paiva, tenho para brigar com qualquer um pelo Bahia. O que a gente tem que adequar é o meio de fazer. Não sou Hebert Conceição para sair na mão. Vou brigar nas ideias, no argumento, juridicamente, com ideias, essa é a forma. Por trás da câmera, existe o pai, filho, companheiro... Mas gosto de receber o que entrego. Sou bem falado por meus companheiros de Conselho porque meu trabalho é esse. Naquele momento, ainda que subindo o tom de forma equivocada, pedia aquele tipo de atuação. Na busca pelo melhor para o Bahia, vocês vão ver aquele Leão, com vontade de buscar o melhor para o Bahia.

 

Como será o trabalho do presidente para ser o elo de ligação do Bahia com as entidades FBF e CBF?
É tentando fazer esse elo de ligação. Conheço Ednaldo Rodrigues, Ricardo Lima... A convivência como repórter faz a gente saber da trajetória de Ednaldo, desde diretor do interior até vice-presidente, presidente... A gente sabe a trajetória das pessoas. A gente pode auxiliar, caso necessário. Não vamos nos enxerir em nada. A gente entende que, por conhecer as pessoas, a gente pode auxiliar.

 

É possível entregar uma associação fortalecida em 2026?
É possível. Sendo diferente, praticando tudo que falei. Não adianta prometer e não fazer, essa é a pior parte. Pega o plano de gestão da atual administração e veja o que foi feito. Estamos falando de gestão. O que é que foi feito? Não estou prometendo nada, estou falando de coisas que posso realizar. Posso fazer a aproximação com o sócio, posso implementar uma ou duas modalidades, posso colaborar com o City... Não adianta apresentar 20 pilares e fazer três. Prefiro fazer três e ser parabenizado por cumprir esses três pilares. Estou aqui para quebrar paradigmas, furar essa bolha. Muitos estão pela vaidade de ser presidente do Bahia. Estou por ser torcedor. Eu quero ser de fato a expressão de quem represento, que é o torcedor e sócio. Garanto a você que a gente colocando em prática o plano de descontos, não teremos só sete mil sócios, mas 14, 15, 20, 30... O torcedor vai entender que é benéfico ser sócio, que o bolso agradece, que o filho dele agradece por ter um clube social para estar no final de semana. Estamos conversando, mas tem que ter um segundo momento, que é a realidade. 

 

Como você avalia o trabalho do Grupo City no Bahia?
São três avaliações distintas de um só momento. Não posso imputar ao Ferran Soriano responsabilidade se ele colocou pessoas que para ele eram competentes para fazer as coisas acontecerem e não fizeram. Posso questionar a escolha, dizer que ele escolheu mal, mas a culpa não é dele. No planejamento estratégico ele pensou em Raul Aguirre e Cadu Santoro, pessoas que trabalham a anos e tem a confiança. Não fizeram. Ele avaliou bem, mas execução mal. Raul Aguirre veio para ser o CEO. Ele tem pertinência no futebol? Tem. Mas está ali para cuidar do clubem estrutura, departamentos, das contas, finanças, parceiros, muito mais que só futebol. Cadu Santoro faltou perspicácia na escolha do treinador. Ele se deixou ouvir por pequenino e pequenez, fez uma escolha ruim, se deixou ouvir quando queimam Gilberto, que teria sido útil, na não manutenção de Davó, Ignácio e outros, que são melhores do que os que estão aí. Davó daria mais dor de cabeça a Everaldo. Gilberto? Muito melhor que Everaldo, com uma história. Um estaria forçando o outro a estar em alto nível. Ignácio fez uma Libertadores de alto nível, enquanto Kanu deixa de subir em uma bola para reclamar de uma falta e a gente toma um gol. Atuações que poderiam ter sido diferentes por questão de escolha. Quem fez essas escolhas? Cadu e o cidadão que saiu. Esses dois prejudicaram o Bahia. O primeiro por gastar mal e o segundo por indicar mal quem vir. A indicação por trazer Chávez por R$ 16 milhões. Não seria melhor trazer Reinaldo de graça? 'Ah, mas Reinaldo é velho'. E o Grêmio disputando título gastando um terço do que gastamos. E aí? Levo vocês ao debate. Estou apresentando situações de times com resultado gastando menos que o Bahia. Futebol é feito de escolhas e as dele não deram certo. Pra mim, ele escolheu mal.

 

 

Qual a sua avaliação da gestão Bellintani? Por que você define Bellintani e Ferraz como "pequenino e pequenez"?
Péssima. Defino por pequenino e pequenez porque traduzem esse pensamento. Você acha que ele ouviu de quem que a briga era contra o rebaixamento? Você acha que Cadu Santoro diria isso? Ele ouviu de quem? Fui eu que botei no vestiário de Pituaçu que a meta era de cinco pontos em seis jogos? Fui eu que quando questionado sobre a posição do Bahia sempre se falava em orçamento? Quando se pensa dessa forma, se pensa pequeno. Pelo outro estar junto e apoiar em tudo, é pequenez. Pensam um Bahia e trabalham para um Bahia pequeno. Quando tiveram 210 milhões de orçamento, rebaixaram o clube. São pequenos, pensaram o Bahia pequeno, agiram o Bahia pequeno e prejudicaram o próximo presidente, independente de quem seja. Deveria ter um mínimo de estrutura e não tem. De 8h às 17h só tinham isso para fazer? Abertura de empresa o seu contador não faz? O contrato não estava assinado? Só dava para pensar no closing? É uma desculpa esfarrapada! Que ajuste é esse? Tem algo fora do contrato que não foi dito para a gente? Você passa sete meses fazendo nada? Não posso deixar de chamá-los de pequenino e pequenez. Um cara que disputa três finais do Nordeste e ganhou uma. E a que ganhou foi fora. Em casa não soube o que fazer, não tinha expressão facial para isso, ficava que nem barata tonta. Liberou Anderson, Tiago Pagnussat para trazer Wanderson por R$ 2 milhões, que deu um prejuízo recente de R$ 10 milhões em ações trabalhistas... Lucas Fonseca, Rossi, Mano Menezes, Elias... Posso avaliar isso bem? Eu tô trazendo dados, gente. Não tenho nada contra a pessoa, gosto da pessoa dele, mas estou falando do meu clube que ele geriu mal. Não consigo gostar de quem trata mal o meu clube. Não tenho esse cinismo. Nunca me chamou para a casa dele. Aliás, me chamou quando queria que eu o apoiasse para reeleição. Ele estabeleceu tudo que estava no plano de gestão deles e não cumpriu. São pessoas que não merecem minha credibilidade e meu respeito enquanto gestores.

 

Muitos criticam a busca intensa pela presidência do Bahia. Dizem que os candidatos procuram somente o salário de R$ 30 mil. Como vê essa opinião?
Discordo. É um trabalho que está lá posto. Cabe ao próximo presidente que não é só pelos R$ 30 mil. Se fosse menos, para mim dá no mesmo. Tenho meus ganhos como radialista e profissional de educação física. No Bahia, existe o retorno da dedicação exclusiva pelo seu trabalho. Não é por causa disso, e sim pelo Bahia. Mostrar que o Bahia vai além do futebol, além desse descaso atual. Desde a era democrática estabelecida, o Bahia é comandado pelos mesmos grupos. Nos últimos seis, esses estado deplorável que estão deixando o grupo. Não estou falando do meu amigo Marcelo Sant'Ana, estou falando do contexto político. A Revolução Tricolor e o Simplesmente Bahia estão há dez anos no clube. É esse modelo que você quer? Porque não sair desse sistema? Só esses dois comandaram. Pode ser diferente? Cabe ser diferente? Eu acho que cabe.

 

Faça suas considerações finais.
A gente fala a nossa verdade, olhando no olho e falamos do que podemos efetivamente fazer. Não vim vender sonhos e impossibilidades. Vim vender a fala de uma pessoa que tem capacidade de cumprir o que está falando e fazendo valer o dinheiro que é posto na associação. O primeiro compromisso é comigo. Tenho que me reconhecer e ao me reconhecer, reconheço o torcedor. Eu farei valer cada centavo administrado por nós e em cada passo que dermos como Esporte Clube Bahia.

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Emerson Ferretti valoriza papel do cargo de presidente do Bahia: "É dono do futebol também"
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Ídolo do Bahia dentro do campo por muitos anos, Emerson Ferretti agora quer defender o Tricolor na gestão do esporte. Candidato à presidência do clube pela chapa União Tricolor, o ex-goleiro e hoje comentarista esportivo pensa em fazer uma associação forte para o futuro. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele falou sobre os seus planos e destacou que o papel do mandatário tem muita utilidade, mesmo com o futebol estando nas mãos do Grupo City. As eleições serão no próximo sábado (2).

 

"Então, se você enfraquece a atuação do presidente do Esporte Clube Bahia, você está enfraquecendo o próprio clube. Você está entregando o poder todo ao sócio que é majoritário, ok, mas ele não é dono sozinho e o presidente do clube traz a voz e o sentimento de milhões de torcedores. Olha a importância disso", disse.

 

Com passagem pelo Ypiranga na função de presidente, Emerson destacou que um dos objetivos é fortalecer a marca do Esquadrão de Aço por Salvador. 

 

"Fincar a marca Bahia no coração da Bahia. Pelourinho é o coração da Bahia, é onde todos os turistas do mundo que vêm a Salvador passam e eles vêm todos os patrimônios e materiais da Bahia. Eles vêm o acarajé, a baiana, a música, a capoeira e não veem o Bahia", explicou.

 

O postulante também destacou outras propostoas, além de falar sobre a sua relação dentro da política do clube e uma possível ligação entre ele e o atual presidente, Guilherme Bellintani. Confira a entrevista completa: 

 

Por que Emerson Ferretti é o nome ideal para ser presidente do Bahia?   

Eu tenho falado muito sobre isso. A gente já está em campanha há 20 dias e foi uma preparação de longo tempo. A ideia não surgiu agora. Eu sempre gostei de gestão. Com 17 anos, eu já estava na faculdade de administração em Porto Alegre, só que não consegui me formar porque aos, 20 anos, eu já era goleiro titular da equipe profissional do Grêmio, mas eu sempre gostei de estudar muito. Durante a minha carreira profissional, eu sempre estudei, busquei me informar e me qualificar. Sempre procurei, nos clubes que eu jogava, em especial o Bahia, porque eu tinha uma abertura maior, pelo fato de ser ídolo, então, eu conversava com a diretoria, entendia um pouco mais da gestão do clube e, antes de encerrar minha carreira de atleta, eu voltei para faculdade de administração, em Salvador. Em meus dois últimos anos como atleta, eu frequentei a faculdade. Parei de jogar em 2007 e me formei em 2009. Além da formação em administração, eu sou pós-graduado em gestão esportiva e já fiz vários cursos de especialização de gestão esportiva e gestão do futebol. Fui me qualificando porque eu gosto de estudar e gosto de gestão. A ideia de ser presidente do Bahia eu sempre tive. Enquanto atleta, o Bahia foi o clube que eu me identifiquei, passei a amar, criei uma identificação muito rápida com o clube e com a torcida, e passou a ser um projeto de vida após encerrar minha carreira. Logicamente, eu me preparo para pleitear esse cargo, que é muito importante. Após minha carreira de atleta ser encerrada, eu tive outros trabalhos. Aliás, exerço alguns até hoje. Já faz 15 anos que sou comentarista de rádio e TV aqui na Bahia. E eu fui para prática na gestão com o Ypiranga onde foram oito anos de muito aprendizado. Eu pude botar na prática o que aprendi na faculdade. Tinha o conhecimento teórico fresco e, no Ypiranga, dentro de uma recuperação de uma marca, de uma estrutura física, porque o Ypiranga não tinha nada, a gente conseguiu fazer muitas coisas e, principalmente, salvar o clube de fechar as portas. Essa foi a grande conquista do trabalho no Ypiranga. Hoje, o clube está vivo, reformado, tem patrimônio e isso me credenciou. Fora isso, eu tive trabalhos na Prefeitura de Salvador, na preparação da cidade para a Copa do Mundo, o maior evento esportivo que Salvador já teve, eu acompanhei e ajudei a preparar a cidade. Trabalhei no Governo do Estado, na Sudesb, que é o órgão que cuida do esporte na Bahia e trabalhei no Comitê Organizador da Copa América em 2019, que também veio para Salvador. Então, eu tenho uma larga experiência dentro do universo desportivo, como atleta, como gestor, como imprensa. Para ser exato, são 44 anos dentro do universo do esporte e uma preparação muito longa para hoje estar pleiteando o cargo de presidente do clube que eu amo. Do lugar onde eu escolhi viver. Eu amo a Bahia, nunca escondi isso. Então, une paixões: o Bahia, a Bahia, a gestão e uma preparação para tudo isso.  

 

Desde a cisão entre Bahia SAF  e Bahia Associação, se criaram muitas teorias. Muitas pessoas pensam de várias formas diferentes sobre o presidente da Associação Esporte Clube Bahia. Qual a importância desse cargo além do sentimento que você tem pelo clube?   

Diminuir a participação do presidente eu acho que é pensar pequeno, né? É você entregar o poder todo ao outro sócio.O que aconteceu foi que esse esse ano nasceu o Bahia SAF, que é uma empresa privada e que o Esporte Clube Bahia transferiu todos os ativos de futebol para essa empresa e 90% das ações dessa empresa foram compradas pelo Grupo City, diga-se de passagem, o melhor parceiro que o Bahia poderia ter atraído, porque ele é o maior gestor de clubes do mundo. Então, hoje, nós fazemos parte de um grupo mundial que domina o futebol mundial porque tem 13 clubes ao redor do mundo e com resultados muito relevantes. Daqui a pouco, eu vou trazer  as transformações em todos os clubes que o grupo City entrou como administrador. Então, se você enfraquece a atuação do presidente do Esporte Clube Bahia, você está enfraquecendo o próprio clube. Você está entregando o poder todo ao sócio que é majoritário, ok, mas ele não é dono sozinho e o presidente do clube traz a voz e o sentimento de milhões de torcedores. Olha a importância disso. Olha a responsabilidade de ser a voz, de ser a pessoa que vai representar o clube junto ao sócio, ao parceiro Grupo City no Bahia SAF, que cuida do futebol, que é onde a maioria dos torcedores estão interessados, né? Eles querem ver a bola entrar, querem ver a bola na rede. É isso que o torcedor quer. Então, o torcedor tem que entender isso: o Bahia é dono do futebol também, junto com o City e fortalecer o clube, fortalecer esse presidente é um dos deveres que o torcedor e o sócio têm para a gente poder ajudar o Grupo City a transformar a realidade do Bahia num curto espaço de tempo para que o Bahia volte a ter conquistas relevantes.   

 

 

 

 

A Associação, a partir do ano que vem, começa praticamente do zero. Hoje, a Associação tem somente uma sede administrativa e um setor financeiro onde as coisas estão sendo organizadas. Se fala numa possibilidade de orçamento de quatro milhões a partir do ano que vem, contando já com os dois milhões e meio que são oferecidos pelo Grupo City. Como tornar, já a partir do ano que vem, essa Associação rentável e próspera para o futuro do clube?  

 

Esse é o desafio do próximo presidente. Essa receita que a gente imagina é uma receita básica que dá para manter um trabalho básico de manutenção, de um quadro de funcionários reduzido, de uma sede, mas todos os outros projetos a gente vai ter que buscar receitas em outros lugares para poder executá-lo. Já tem vários caminhos para serem executados, por exemplo: a criação da Fundação, que, logicamente, passa pela aprovação do Conselho Deliberativo, mas a partir do momento de criada a Fundação, você pode receber doações diretas de empresas, de pessoas físicas, você pode fazer parcerias com entes públicos, Prefeituras, Governo do Estado, Sistema S, Ministério Público, Defensoria Pública. Você pode ter patrocínios diretos de empresas. Então, você traz através de projetos bem elaborados e com o braço social que a Fundação vai atuar, você traz recursos para usar na Fundação. Nos projetos olímpicos, da mesma forma. O Bahia hoje não tem nenhuma estrutura física para poder iniciar um trabalho no ambiente olímpico. A gente vai precisar construir do zero. Passa por projetos bem elaborados aprovados, principalmente, nas leis de incentivo federal e estadual, e também passa, logicamente, pela captação de patrocínio. Nós já estamos em contato com uma agência de marketing expert em marketing esportivo de modalidades olímpicas, com quase 20 anos de atuação no mercado e a gente já tem algumas ideias em relação a projetos que a gente já quer iniciar, porque não podemos perder tempo. Logicamente tem algumas modalidades que precisam ter um investimento menor, que são modalidades individuais e podem ser as primeiras a serem absorvidas por esse novo Bahia Olímpico. Mas tem as modalidades coletivas, que demandam maior investimento e que, logicamente, precisam ter projetos e patrocínios por trás. Paralelo a isso, falando de estrutura física para ter as modalidades olímpicas vai ser necessário fazer parcerias tanto com o poder público, Prefeitura, Governo do Estado, como também instituições privadas, como clubes... Porque eles já têm essa estrutura física. Existe estrutura física na cidade que você pode utilizar, mas, logicamente, para o Bahia utilizar e fazer um trabalho de formação de atletas, montagem de equipes, disputa de competições e até criar competições esportivas. Pro Bahia ser um criador de competições esportivas você precisa ter a parceria para usar as infra estruturas, apesar de muita coisa já estar aí na natureza, né? Por exemplo, a gente tem uma orla, uma costa muito grande que você pode ter vela, remo, surf, vôlei de praia. Você tem aí várias modalidades que a natureza já nos beneficiou, gratuitamente, e tem a estrutura física da cidade, com quadras de tênis, quadras de basquete, basquete 3 por 3, quadras de vôlei, ciclismo,  pistas de skates. Tem muitas estruturas que podem ser utilizadas. Eu acho que o Bahia entrando forte no ambiente olímpico vai motivar e fomentar a modalidade olímpica. Outra coisa que a gente precisa para aumentar as receitas é motivar o torcedor a se associar ao clube, com uma comunicação bastante eficiente para que ele entenda que se associando ele está fortalecendo o clube. Trazendo benefícios para o sócio. Uma rede de benefícios que hoje o sócio do Esporte Clube Bahia não tem. A rede de benefícios ficou toda com o sócio torcedor, que pertence à SAF. É trazer para o sócio do clube essa rede de benefícios para motivar o torcedor a se associar. E também quando tiverem modalidades olímpicas, eu acredito que vai motivar o torcedor porque vão ter vantagens em relação a todos esses produtos que podem ser criados com as modalidades olímpicas.   

 

 

 

Existe um mundo de modalidades olímpicas, mas, hoje, a preocupação do torcedor do Bahia, sem dúvidas, é a próxima partida de futebol, o resultado positivo, os três pontos. Isso passa pelo Grupo City, que hoje comanda o futebol do clube. Como você enxerga esses primeiros momentos do grupo City e, caso seja eleito, qual vai ser o seu caminho para fiscalizar e acompanhar o cumprimento deste contrato?   

Primeiro, eu queria destacar, que ficou pendente na última resposta, o trabalho das Embaixadas, de pessoas que moram longe de Salvador, amam o Bahia e também são muito importantes, porque fomentam a marca Bahia, criam novos torcedores, se associam... Tem um movimento fora de Salvador de torcedores tricolores organizados nessas embaixadas que a gente precisa fortalecer também e aproximar o clube deles. É um dos nossos projetos e eles podem ser os nossos olheiros em relação a atletas olímpicos. Podem ser nossos parceiros nessa caminhada também. Falando do futebol, a expectativa criada pelo torcedor, a partir do momento que o Grupo City tomou conta do futebol do clube, foi muito alta e os resultados estão bem aquém. Mesmo ficando na Primeira Divisão, a avaliação vai ser que os resultados esportivos foram aquém da expectativa criada. Como eu sou do futebol, eu entendo que no futebol a gente não aperta um botão e muda uma realidade de uma hora para outra. Pode acontecer, pode, mas não é o comum. É um processo, é um trabalho, que você vai fazendo ajustes, porque erros são inerentes ao processo e você vai fazendo ajustes. Às vezes você trabalha, trabalha, e o resultado vem daqui a dois, três anos, mas vêm, o importante é ter os resultados. Essa expectativa criada foi muito em função do que o Grupo City já transformou, por exemplo, o Manchester City, que é o maior campeão inglês nos últimos 15 anos, que é o período que o Grupo City comanda o Manchester City. São sete títulos ingleses e um da Champions League em 15 anos. Ele transformou a realidade de um clube que fazia 44 anos que não era campeão inglês. O grupo City botou o Melbourne City para ser campeão australiano pela primeira vez em 2021. Fez o Mumbai City ser campeão indiano pela primeira vez em 2021. Fez o New York City campeão pela primeira vez da MLS em 2021. Yokohama Mariners, também, campeão japonês depois de muito tempo e, hoje, o Girona é líder do Campeonato Espanhol, clube que até então era irrelevante no futebol espanhol e, hoje, é líder à frente dos gigantes Real Madrid e Barcelona. Então, essa capacidade do Grupo City de transformar a realidade dos clubes, logicamente, veio para o imaginário do torcedor tricolor e eu não tenho dúvidas que vai acontecer. Só que o primeiro ano é um ano de ajustes. O Grupo City, inclusive, não conhece bem o futebol brasileiro. Está chegando agora. E é daí a importância de ter um presidente que seja oriundo do futebol. E aí eu acredito, que é uma vantagem que eu carrego em relação aos outros concorrentes. Por toda a minha experiência que eu já listei aqui na primeira pergunta. São 44 anos dentro do futebol. Eu conheço o futebol brasileiro. Essa experiência pode ajudar muito nesse trabalho junto ao Grupo City. É um trabalho em conjunto de dois sócios que precisam conversar. É uma experiência que o Grupo City não pode desprezar. Eles têm a expertise, o poder financeiro, mas a gente conhece o futebol brasileiro e a gente conhece o Bahia, a torcida do Bahia. Já fui atleta do clube durante seis anos. A gente junta isso e fortalece o trabalho. É nesse sentido que a gente pensa em trabalhar com o Bahia SAF.   

 

Muito se fala sobre o Bahia ser o mundo, mas pouco se vê o Bahia fora de Salvador, aqui na Bahia, no interior, digamos assim, Eu vejo que você foca também numa interiorização do Esquadrão. Como seria essa interiorização? Como fazer com que esses sócios continuem associados à Associação. Como seria essa estratégia de interiorização do clube?   

O nosso slogan, inclusive, é o Bahia é o mundo, o Bahia é do povo. Até para respeitar a identidade do clube, a essência do clube, de um clube popular. Então, o Bahia é o mundo, mas o Bahia é do povo. E o povo não está só aqui em Salvador, o povo está por toda a Bahia. Inclusive, fora da Bahia. A gente tem muitos torcedores do Bahia em São Paulo, por exemplo. Quando a gente vai jogar lá é impressionante porque tem muitos baianos, mas tem muito simpatizantes também. É impressionante como o torcedor do Bahia ocupa os estádios lá em São Paulo e em outros lugares do Brasil. No interior do estado, logicamente, a gente precisa fazer um trabalho de motivação. Naturalmente, eles já existem, torcedores tricolores, porque eles são baianos e o Bahia é uma das forças do futebol da Bahia, então, naturalmente, já tem, mas, logicamente, que a gente compete com outros grandes times, inclusive do futebol brasileiro e hoje em dia do futebol mundial. A presença do Bahia no interior precisa ser reforçada e, principalmente, o diálogo com as embaixadas. Domingo passado, eu estive em um evento, no segundo Encontro das Embaixadas, um torneio que eles fizeram em Feira de Santana. Participaram oito Embaixadas e a gente teve a oportunidade de conversar com todas elas e ouvir um pouco da demanda. Eu acho que passa, primeiro, por aí. Ouvir as Embaixadas, que conhecem a realidade de cada lugar. A Embaixada de Senhor do Bonfim, de Capim Grosso, de Alagoinhas, de Feira de Santana, de Quixabeira. Eles conhecem a realidade local e podem trazer para nós quais são as necessidades e a partir daí nós trabalharmos juntos. Eu cresci na divisão de base do Grêmio e o Rio Grande do Sul, para mim, é o lugar que melhor trabalha essas questões de Embaixada. Ainda tem a figura dos Consulados lá. Grêmio e Inter são, talvez, os dois times no Brasil que melhor trabalham isso. Toda cidade do Rio Grande do Sul tem a Embaixada do Inter, a Embaixada do Grêmio, o Consulado do Inter, o Consulado do Grêmio e o trabalho deles é muito forte. Eles criam eventos, levam as divisões de base do Grêmio, do Inter para jogar lá. Eles têm atividades culturais, sociais. E essa expertise deles a gente pode trazer. Eu tenho acesso, eu cresci dentro do Grêmio. Eu tenho acesso ao Grêmio, eu tenho acesso ao Inter, ao Juventude, e a gente pode fazer um benchmarking para entender como eles agem, ouvir as embaixadas do nosso interior e adaptar a nossa realidade. Isso precisa ser feito e aí a gente vai estar fortalecendo o trabalho no interior e as embaixadas vão ser um braço do Bahia em cada lugar trazendo novos torcedores, gerando receita, vendendo produtos, criando eventos culturais e sociais, eventos esportivos, com a participação do clube. A gente também pode trazer essas embaixadas para os jogos do Bahia aqui, na Fonte Nova, em algum momento do ano. Fazer com que esse encontro das embaixadas possa ter uma vez no ano em Salvador. Quem sabe disputar um torneio dentro da Fonte Nova, que é onde o Bahia joga. Tem muita coisa boa que pode ser feita, mas, logicamente, a gente precisa, primeiro, entender as necessidades deles. Abrir um canal de comunicação para entender o que eles precisam.   

 

Emerson, a sua chapa é uma união tricolor de alguns grupos políticos e um deles é o Simplesmente Bahia, que é o grupo do atual presidente Guilherme Belintani. Como você avalia a gestão dele e com você encara, de repente, uma possível pecha de continuísmo com a sua candidatura?  

Inclusive, os concorrentes tentam colocar isso. Primeiro, Bellintani teve seus erros, mas eu acho que ele teve muitos acertos na gestão. Ele pegou o clube com 14 mil sócios e está entregando com mais de 50 mil. Ele pegou o clube com 80 milhões de orçamento e está entregando com quase 200 milhões de orçamento. Ele criou a loja, a marca própria, a Esquadrão. Ele criou a loja do clube. Ele criou o museu do clube. Criou o núcleo de ações afirmativas, que encheu de orgulho o torcedor tricolor. Tem muita coisa boa e, talvez, a maior conquista desta gestão foi trazer o maior grupo de gestão de futebol do mundo, que é o Grupo City, para ser parceiro do Bahia. Então, tem muita coisa boa. Eu sou um candidato independente, não sou filiado a nenhum dos grupos políticos do Bahia, eu não fazia parte da política do Bahia até pouco tempo atrás, quando começou a se materializar a ideia da candidatura. Eu precisei me aproximar das pessoas que fazem a política do Bahia, porque qualquer candidato precisa ter uma chapa de 100 conselheiros para poder escrever a sua candidatura. Eu precisava ter acesso às pessoas que fazem a política interna do Bahia e eu não sou filiado a nenhum grupo, como eu falei anteriormente. Eu estou indo com a chapa 123, que é a chapa do Bahia na Veia, que foi o primeiro grupo que entendeu que o Emerson era o melhor nome para concorrer à presidência. Eu conversei com todos os grupos, talvez, eu não tenha conversado só com o 100% Bahia, que desde o início teve Leonardo Martinez como candidato, mas todos os outros grupos, eu conversei, me coloquei à disposição. Fui sabatinado por alguns deles e estou indo com quem entendeu que o Emerson era o melhor nome. E aí são quatro grupos: O Bahia na Veia, a Nova Ordem Tricolor, a Convergência Tricolor e o Simplesmente Bahia, e eu tenho como meu vice, o Paulo Tavares, que foi um consenso desses quatro grupos, que ele seria o melhor nome para compor a chapa comigo, justamente pela expertise dele dentro do Bahia. Ele é um dos dois únicos conselheiros que desde 2013, desde a intervenção, fez parte de todas as gestões, inclusive, foi Conselheiro Fiscal no primeiro mandato de Bellintani. Ele conhece muito bem o clube e todos os números, toda a máquina do Bahia e como ela funciona. Ele vem complementar, além de ser um empresário bem sucedido, que entende muito de gestão, e foi um consenso dos quatro grupos. Eu estou muito satisfeito com a escolha. Bellintani e Vitor, a atual diretoria, não se manifestou, se mantendo neutro até então e, para mim, eu estou feliz porque eu estou indo com gente que acredita no que eu acredito para o Bahia, que é o sucesso da SAF. Eu votei a favor, defendo esse trabalho que foi feito. Vou trabalhar para desenvolver a SAF junto com o Grupo City e quem acredita nisso também tem me apoiado.   

 

Foram oito anos no Ypiranga, entre 2010 e 2017, muito tempo de clube. Qualquer gestor tem os seus erros e os seus acertos. Qual o seu principal acerto, no comando do aurinegro, e qual o seu principal erro?  

 

Eu vou até expandir, qualquer gestor não, qualquer pessoa em todos os momentos da vida profissional, pessoal, com os amigos, a gente erra, acerta. Logicamente que erros acontecem, até pela inexperiência. Eu fui atleta a minha vida toda, apesar de ser formado, foi a minha primeira experiência na prática. Se gestores experientes erram, porque eu, que estava na minha primeira experiência como gestor, não iria errar? Claro que houve erros, mas eu acho que a maior conquista e o meu maior legado no Ypiranga foi ajudar, trabalhar e, talvez, ser o principal elemento desse processo de salvar o clube. O clube estava fechando as portas. O clube não tinha uma caneta, uma bola. O clube não tinha nada. O clube tinha dívidas. A Vila Canária, o seu único patrimônio, seu Centro de Treinamento, já havia sido perdida. E hoje você vê a realidade do Ypiranga completamente diferente. A Vila Canária é do Ypiranga, foi recuperada na nossa gestão. A Vila Canária está reformada, hoje tem um campo de grama sintética, tem refletor, tem arquibancada. É um ‘estadiozinho’ que comporta jogos de pequeno porte. O clube está vivo e essa foi a grande conquista. O clube voltou aos campos enquanto eu era gestor. Quando eu cheguei o Ypiranga fazia 10 anos que não disputava um Campeonato Baiano. A gente conseguiu, sem dinheiro, e sem uma equipe qualificada colocar o time novamente em campo. Isso já foi uma grande conquista também. Mesmo sem estrutura. Tiveram dias que a gente acabou de treinar 6 horas da tarde e não sabia onde ia treinar no outro dia porque a Vila Canária estava numa situação degradada e Salvador é carente de campos de futebol. Essa era a situação que a gente enfrentou no Ypiranga e a gente conseguiu muitas coisas. Inclusive, a gestão é elogiada por, praticamente, toda a imprensa na época. Foram muitas conquistas. Sobre os erros, talvez, a inexperiência, né? Pois eu fui aprendendo com o andamento do trabalho, porque eram muitas situações novas que eu precisava resolver. Eu, como presidente, precisava tomar à frente e resolver. Logicamente, nem todas foram corretas. O maior erro, eu não sei se eu considero um grande erro, mas eu percebi que, nas primeiras conversas, as pessoas achavam que o Ypiranga já tinha fechado as portas e aí eu deduzi que a gente precisa mostrar à sociedade que o Ypiranga está vivo e qual é a melhor forma? Botar o time para jogar, mesmo sem condição, então, já no primeiro ano, a gente botou o Ypiranga para jogar e o torcedor quer os times vitoriosos, mas a gente botou para marcar território, para mostrar para sociedade que o Ypiranga está disputando, então, ele está vivo, porque era muito difícil conseguir apoio, no início, só falando que o Ypiranga não tinha morrido. Eles precisavam ver o Ypiranga jogando uma competição. Então, a gente botou o Ypiranga, nos primeiros anos, sem dinheiro, mas botou só para disputar. E quando você coloca um time em campo, você é cobrado pelo resultado. É que nem um jogador quando entra em campo, às vezes ele está machucado, está com problema em casa, não está bem emocionalmente, mas a partir do momento que ele entra em campo, é cobrado pelo desempenho. Ninguém quer saber se ele está com problema, se ele está dentro de campo, tem que desempenhar. O Ypiranga foi a mesma coisa. Existem cobranças em relação ao desempenho do time de futebol do Ypiranga, mas de pessoas que não conhecem a realidade do clube e a dificuldade de colocar o time em campo, ainda mais de buscar resultados, sem dinheiro.  

 

Como você visa manter os atuais associados junto à Associação? E melhor, como você busca trazer novos parceiros e novos sócios para Esporte Clube Bahia?   

Primeiro, precisa ter uma comunicação muito aberta, muito franca e direta com o torcedor, com o sócio. O clube precisa melhorar. Nem o clube, nem o Grupo City fizeram uma comunicação eficiente neste ano. É um dos pontos fracos que a gente observou. Isso precisa ser melhorado para que o torcedor se sinta pertencente, participativo. A segunda coisa é trazer uma rede de benefícios para o plano de sócios do clube para que o torcedor perceba vantagem em se associar, além de fortalecer o clube, gerar receita, mas que ele tenha vantagem para se associar. E a partir daí, você fazer parcerias. Como eu falei, a gente vai ter parcerias nas modalidades olímpicas. A partir do momento que o Bahia tiver times disputando competições, o engajamento do torcedor é automático. Então, você ter um time de basquete do Bahia, o torcedor tricolor vai ao ginásio assistir. O Bahia faz uma competição de ciclismo, na cidade, o torcedor tricolor que gosta da modalidade vai participar. Se tem um time de vôlei de praia, o torcedor tricolor vai prestigiar. Então, você começa a engajar o torcedor de outras formas. A partir daí, você cria produtos dessas modalidades, comercializa esses produtos. Isso tudo vai gerando receita e vai atraindo parceiros. A marca Bahia é muito forte e tem condição de transformar a realidade olímpica da Bahia. Se trabalhar certo e trazer parceiros, empresas privadas, iniciativa privada, para junto do Bahia e assim potencializar. A marca Bahia precisa ser muito bem explorada, no bom sentido, para potencializar esse trabalho.  

 

Emerson, principalmente nesse começo do trabalho do Grupo City no Bahia, o presidente da Associação e o vice-presidente também, servem como fios condutores das relações com as entidades do futebol, como a CBF, a Federação Baiana. O próprio exemplo disso é a presença do vice-presidente, Vitor Ferraz, em uma reunião com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o Cadu Santoro, diretor, e o CEO do Grupo City, o Raul Aguirre. Como você enxerga o atual momento da relação do Esporte Clube Bahia com a CBF, que é a entidade máxima, e na sua visão, caso seja eleito, como você pretende melhorar essa relação?   

Eu acredito que tudo passa por diálogo sempre. Não é brigando que a gente vai conseguir ter o respeito ou conseguir algumas coisas. Ter diálogo não é baixar a cabeça, não é ser submisso, é se posicionar, mas com diálogo. Você pode se posicionar sem brigar. Então, eu acredito muito no diálogo, se posicionando. A gente tem, hoje, na presidência da CBF um baiano que conhece muito bem a realidade, as pessoas que fazem o Esporte Clube Bahia, que tem uma boa relação com o clube até porque foi presidente da nossa Federação por muitos anos e a gente tem esse canal de comunicação aberto. O acesso à CBF, a Edinaldo, então, isso pode ser feito com muito diálogo sempre. Não é ser beneficiado pela CBF, mas sim ser respeitado. Isso a gente tem que buscar ao máximo através do diálogo e agora, com o Grupo City que é um player internacional, que tem poder, que tem força e que precisa ser ouvido nessa interlocução com a CBF.   

 

Emerson, enquanto jogador você viveu a realidade de um Bahia como clube empresa na parceria com o Opportunity. Eu queria que você trouxesse um relato de como você via o trabalho naquela época e como isso pode ser útil é pro seu trabalho como presidente e, principalmente, na relação com jogadores. Querendo ou não, o presidente vai ter uma presença no setor construtivo do City e vai ter esse relacionamento com atletas. Você que tem uma experiência, tem um diálogo com jogadores, pode ser importante nisso?   

Sim, eu acredito que os jogadores vendo o presidente como sendo um deles. O presidente foi um de nós que já esteve aqui. Eu acho que eles vão criar uma uma aproximação, uma empatia grande em relação a isso. O BASA, que era o Bahia SA, da minha época, tinha um formato diferente do que foi constituído agora com o Bahia SAF e quem comandava o futebol do Bahia não era o pessoal do Opportunity, eram as mesmas pessoas que já estavam. Então, na prática não mudou muito o dia a dia, as decisões. Tinha o dinheiro, essa retaguarda, mas o dia a dia era as mesmas pessoas. Então, não tinha muita diferença. Somente em um ano, em 2004, que parece que o Opportunity tomou mais à frente, colocou pessoas na gestão para poder tomar as rédeas do clube um pouco mais. Era diferente a configuração.  

 

Já existem esportes que vocês estão querendo iniciar na Associação ou eles ainda vão ser estudados?   

O primeiro passo é filiar o Bahia em todas as federações que existem. A gente não tem essa informação ainda, se o Bahia é filiado as variadas federações. Este é o primeiro passo. Filiar também ao Comitê Brasileiro de Clubes, que faz parte do Sistema Nacional do Esporte, recebe verba das loterias, 0.46% das loterias, e essa verba é repassada aos clubes que desenvolvem trabalho olímpico. Então, o Bahia precisa ser inserido nesse meio. A partir daí, iniciar a construção de projetos de modalidades coletivas porque elas demoram um pouco mais, precisam de mais dinheiro. A construção do projeto precisa ser imediata e aí o estudo de viabilidade se vai ser basquete, vôlei, handebol, o que vai ser mais viável, o que pode trazer recursos para o clube, o que pode trazer engajamento para a torcida e o que pode trazer visibilidade e também parceiros comerciais. Qual modalidade dessas coletivas têm maior potencial para trazer essas quatro coisas: parceiros comerciais, visibilidade, receita e engajamento do torcedor. E, logicamente, títulos porque o torcedor quer ganhar sempre, né? E que a gente precisa, quando colocar as equipes, serem equipes competitivas, porque não pode ser colocado só por colocar, o torcedor quer vencer. As modalidades individuais podem ser iniciadas imediatamente. Você pode ter tênis de mesa, um trabalho de formação de atletas de tênis de mesa. É um esporte que demanda muito pouco investimento financeiro e estrutura física mínima. Então, você já pode iniciar um trabalho dentro de uma modalidade olímpica, por exemplo, com o tênis de mesa. Skate, já tem as pistas na cidade. Você faz uma parceria com a Prefeitura e você utiliza a estrutura física que já tem. Surf, já existem vários atletas. Vôlei de praia. Tem modalidades que você já pode começar de imediato e a gente já tem conversado com pessoas desse ambiente olímpico aqui, na Bahia, para que a gente não perca tempo. O boxe já existe um trabalho muito forte aqui na Bahia sendo feito. Por que não o Bahia montar a sua equipe de boxe? Absorver esses atletas que já fazem um trabalho bacana. Nesse primeiro momento, são coisas que não são tão simples assim, mas tem menos dificuldade de acontecer. Então, essas modalidades de imediato já podem ser absorvidas.  

 

Emerson, no seu plano de gestão, você fala em ouvir o torcedor. E, ter um canal aberto, ouvir essas opiniões, ouvir as sugestões do torcedor. O que você tem de plano para, de fato, ouvir o torcedor, receber esse anseio do tricolor que é tão apaixonado e participativo?   

Criar canais de comunicação que sejam fáceis para o torcedor e criar uma equipe de comunicação dentro do Esporte Clube Bahia, que atenda essa demanda. Esse é o primeiro momento. Eu já tenho, junto com Paulo, gente já tem conversado, tendo sucesso na eleição, já parte da gente o contato com as Embaixadas, nos apresentando, nos colocando à disposição, já marcando reuniões para ouvi-las, com as torcidas organizadas, por mais que o Bahia não possa prometer algumas coisas porque a Arena Fonte Nova não é do Bahia, mas a gente precisa ouvir para entender, o que eles precisam, porque daí a gente pode interceder por eles junto a Arena, junto ao Grupo City. São vários players, vários stakeholders do Bahia que a gente precisa ouvir e o torcedor também. É criar esses canais, ouvir e trazer essas informações para que a gente possa, primeiro, responder, porque o torcedor quando entra em contato com o clube e não tem uma resposta, a frustração é muito grande, porque o sentimento é de desprezo. O torcedor se sente desprestigiado, desprezado pelo clube. É tomar um cuidado, e é uma dos nossos pilares, o cuidado com o sócio, o cuidado com o nosso torcedor e para cuidar deles, a gente precisa ouvi-los. Esse é o entendimento. E dizer que eu não vou fazer igual a outros que já fizeram. Primeiro, eu tenho 24 anos de Bahia. Eu sou um cara muito aberto ao diálogo e eu não vou mudar isso depois que eu pegar a caneta do Bahia. Eu circulo na cidade, eu me relaciono com a torcida desde quando eu era goleiro do Bahia, eu falo com as pessoas. Eu não vou mudar porque não vai mudar nada na minha pessoa o cargo que eu vou ocupar. Vou continuar sendo o mesmo Emerson e isso vai para dentro da minha gestão.  

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

 

Emerson, você tem vivido um cenário diferente nos últimos dias. Um cenário de acirramento político em busca desse cargo tão importante, não só para as pessoas que o disputam, mas também pros torcedores que fazem parte da vida deste clube. Como você tem avaliado esse cenário político? Esse momento em que você tem que debater ideias, discutir e também ouvir algumas coisas, como acontece em qualquer campanha.   

É uma novidade para mim essa briga louca, né? E que às vezes esquece de discutir projetos, o futuro do clube, que é o principal objetivo, para desqualificar o outro, o seu concorrente. Isso a gente vê na na macropolítica, nas eleições para presidente do país e acaba se repetindo na micropolítica, porque não deixa de ser uma política. É novo para mim todo esse processo, mas a partir do momento que eu desejei e sonhei em ser presidente do Bahia, eu sabia que eu teria que passar por esse momento. E eu me preparei para isso. Por mais que algumas situações causem estranheza, sejam novas, mas eu me preparei para isso e eu acho que o objetivo final, que é justamente fazer um trabalho, que encha o torcedor de orgulho, vale a pena porque a gente tem um mês de campanha, mas depois vai ter três anos de gestão para poder encher esse torcedor de orgulho. Então, vale a pena você aguentar tudo isso. Até porque você precisa se mostrar, falar de ideias, mostrar que você é capaz, de fazer uma boa gestão, e, logicamente, a campanha é para isso. A gente está querendo mostrar, falar com o torcedor, se mostrar capacitado para poder defender o Bahia novamente. Eu que já fui campeão dentro de campo, já fui capitão do time, levantei troféu de bicampeão do Nordeste dentro do estádio do maior rival. Eu que já senti o que é ser campeão pelo Bahia, quero muito voltar a sentir esse gostinho, não mais dentro de campo, mas de uma outra forma, ajudando o clube a voltar a ser campeão, a ter conquistas relevantes.  

 

Emerson, te agrada a forma como clube vem sendo conduzido depois do closing com o Grupo City?  

Eu entendo que esse ano a prioridade toda foi o fechamento do negócio, que foi realizado em maio. Então, até maio eram necessários os últimos ajustes para que entregasse o Bahia SAF para o Grupo City. A partir daí, poderia, sim, ter iniciado um trabalho do clube já preparando para a próxima gestão. Não foi. Eu não conversei com o Guilherme, nem com o Vitor, para entender o porquê que não aconteceu. Talvez, eles não quisessem iniciar projetos, que talvez o próximo presidente não se interessasse em continuar. Então, eles preferiram deixar para que o próximo presidente, realmente, meta a mão no trabalho. Não que eles não tenham colocado. Como eu falei, a grande conquista deles foi trazer o Grupo City. A gente tem uma sede, hoje, que a gente pensa em trocar, mas não iniciou um trabalho efetivo, poderia ter iniciado, mas foi uma escolha da diretoria e a gente começa o trabalho, sem problema, a partir do momento que for eleito. A gente começa o trabalho e isso não é problema.   

 

Quais as suas considerações finais?   

Eu já deixei bem claro, desde o primeiro momento, as minhas qualificações, o meu preparo de muitos anos, a minha experiência dentro do futebol, são 44 anos, e isso me credencia estar pleiteando esse cargo. Então, eu não caí de paraquedas. Eu me preparei para estar aqui, eu tenho projetos que a gente já construiu, já estamos conversando com pessoas, com instituições que possam fazer com que a gente não perca tempo. Eu sou um amante do futebol, amo o Bahia, amo a Bahia e escolhi aqui para ficar. Sou o primeiro ex-atleta do clube a se candidatar à presidência. É um marco. Pedrinho, a torcida do Vasco entendeu que ele, por toda sua experiência, como atleta do clube no futebol, seria importante. Eu acho que isso abre uma nova era para ex-atletas ocuparem espaços de decisão dentro do futebol brasileiro, dentro dos clubes, e eu venho nesse caminho. Logicamente que a gente precisa se preparar para e eu estou preparado. E eu já defendi o Bahia, o torcedor do Bahia já viu o Emerson. Já se identificou com o Emerson, como um tricolor. A cidade de Salvador já me entregou o título de cidadão soteropolitano, já reconheceu os serviços que eu prestei à sociedade. Já me abraçou, já me acolheu. Eu sou mais um baiano, eu sou mais um tricolor que quer muito ver o Bahia muito forte e eu me preparei para isso. É por isso que dia 2, a gente está confiante que a chapa número 12, que é a minha e de Paulo Tavares, vai poder comemorar para iniciar um trabalho de dignidade, que enche o torcedor de orgulho. 

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Fábio Mota avalia que maior acerto da gestão foi não ceder à pressão por demissão de Condé
Foto: Victor Ferreira / EC Vitória

Presidente do Vitória, Fábio Mota avalia que o maior acerto que teve em 2023 foi não ceder à pressão para demitir o técnico Léo Condé durante a Série B. Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, o mandatário rubro-negro declarou que se orgulha de ter se mantido o treinador que sagrou-se campeão brasileiro com o clube. 

 

"O maior acerto que eu tive foi ter mantido Léo Condé até o fim do campeonato, não ter ouvido pressão. Eu tinha convicção e certeza e que daria certo com ele", destacou. 

 

O momento de maior questionamento a Condé foi entre as 12ª e 16ª rodadas da Série B, quando o time perdeu quatro jogos de cinco. No entanto, Mota garante que não teve nenhuma dúvida de que daria certo.

 

"Mesmo que perdesse para o Novorizontino [na 17ª rodada, partida vencida pelo Leão por 2 a 1], ele não sairia. Iríamos até o fim da Série B com ele. Sabíamos que daria êxito", disse. 

 

Durante a entrevista, o presidente do Vitória pontuou ainda que a prioridade é se classificar para a Copa Sul-Americana em 2024. Inclusive, o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste, torneios que são disputados no início do ano, devem ficar em segundo plano.

 

"Não podemos entrar [na Série A] com a mentalidade de não cair (...) Vamos brigar pelo título do Baiano e da Copa do Nordeste, mas se tiver que abrir mão para se classificar para a Sul-Americana, com certeza essa será a prioridade", disse Mota. 

 

Ele também explicou porque projeta um orçamento superior a R$ 210 milhões em 2024 e revelou alguns nomes que deseja manter do atual elenco do Leão. Zeca, Camutanga, Rodrigo Andrade e Osvaldo estão entre eles. 

 

Confira a entrevista completa: 

 

O Vitória começou o ano eliminado de três competições e terminou campeão. Qual foi a chave para a virada rubro-negra?

Ficou claro que, em 70% dos jogos que o Vitória levou a virada, tanto na Copa do Nordeste quanto no Campeonato Baiano, ela se deu depois dos 25 minutos do segundo tempo. Tínhamos um problema de preparação física. A partir daí, Diego [Kami Mura, preparador físico] chegou e implementou uma metodologia nova, competitiva, muito vinculada às escolas de São Paulo. Mantivemos quase o mesmo elenco, fizemos contratações pontuais em posições que tínhamos carência. Usamos muito a criatividade, já que o Vitória não tinha grana. Fomos buscar jogadores bons por um custo menor. Montamos uma estratégia que vai desde o pagamento de salários adiantados, para reanimar a equipe e mandar um aviso ao mercado de que o Vitória é uma instituição respeitada, que cumpre com suas obrigações, que tem nova direção. Investimos para viajar um dia antes e voltar um dia depois [em jogos fora de casa]. Isso foi muito importante porque deu para os jogadores descansarem. Dentro dessa linha, equipamos todo o nosso setor de fisiologia, fisioterapia e academia. Compramos uma série de equipamentos no montante de mais de R$ 2 milhões. A bola não entra por acaso e as pessoas às vezes não enxergam o planejamento que foi executado por fora. Nada disso foi sorte. E o ponto fundamental: a torcida ter abraçado o projeto. Quando cheguei, tínhamos uma média de 3.800 pagantes. Hoje, passa de 26 mil em uma Série B. Tínhamos quase 4 mil sócios, hoje passamos de 33 mil. A torcida é a grande responsável por essa transformação, por acreditar no projeto que apresentamos e por levar o Vitória da Série C à Série A e sacramentar com o título. 

 

Depois da saída de João Burse, o que motivou a escolha de Léo Condé? Existiram outros nomes na pauta naquele momento?

Quando fomos contratar o treinador, o perfil era: que conhecesse a Série B, que tinha identificação com a base e que tinha resultados. Condé foi quinto colocado no ano passado [comandando o Sampaio Corrêa] com uma estrutura mínima. A folha era metade da nossa. Fizemos o convite. Ele foi o primeiro da lista e o primeiro que aceitou. Quando chegou, foi dentro da crise. Não creditamos [os primeiros] resultados ruins a ele. O maior acerto que eu tive foi ter mantido Léo Condé até o fim do campeonato, não ter ouvido pressão. Eu tinha convicção e certeza que daria certo com ele. 

 

O momento de maior questionamento ao trabalho de Condé foi quando o Vitória perdeu quatro jogos de cinco na Série B. Houve alguma dúvida da parte da diretoria naquele período?

Dúvida zero, e ele sabe disso. Sempre teve a tranquilidade para trabalhar. Mesmo que perdesse para o Novorizontino [na 17ª rodada da Série B], ele não sairia. Iríamos até o fim da Série B com ele. Sabíamos que daria êxito, resultado. Condé é estrategista, monta a equipe de acordo com o adversário. Não joga bonito. Veio para ganhar o jogo. Não quer saber se o time adversário teve 90% de posse de bola se com 10% ele ganhou. Assim deu certo. Ficou 80% da Série B como líder do campeonato. Saiu apenas duas rodadas do G-4. O Vitória tem 72 pontos, outro recorde que batemos, e o segundo colocado tem 64. É incontestável a campanha. 

 

Em 2023, o time que disputou o Campeonato Baiano não foi o mesmo da Série B. Esse planejamento será feito novamente em 2024, quando o patamar será diferente?

No ano passado, trocamos quase a equipe toda. Ficamos só com quatro jogadores do time da Série C para a Série B. Neste ano, temos uma base e uma referência dessa base. Contra clubes do Nordeste na Série B, só perdemos uma partida [para o CRB] e vencemos todas as outras. E é evidente que, também diferente do ano passado, nosso recurso é maior neste ano. Só não podemos montar o time do Campeonato Brasileiro em janeiro. Temos um primeiro trimestre muito deficitário. O Campeonato Baiano melhorou muito, aumentou sua receita, mas o futebol continua caro. O Vitória vai arrecadar 20% do que gasta em todo o Campeonato Baiano, com a folha que temos hoje. Vamos fazer contratações, com algumas ações de troca. A ideia é que se contrate de oito a dez jogadores. A ideia é entrar para ganhar o Baiano e o Nordeste, mas com um time mais barato. 

 

E quais são as metas do Vitória na Série A e na Copa do Brasil?

Na Série A, a ideia é se classificar para a Sul-Americana. Não podemos entrar [na Série A] com a mentalidade de não cair. Na Copa do Brasil, esperamos ter um time forte para brigar. 

 

O senhor já falou, em entrevistas recentes, que projeta um orçamento de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões em 2024. Em 2023, o orçamento foi de R$ 61 milhões. Dentro do planejamento, quais são as fontes de receita para sanar esse aumento?

O orçamento é uma previsão do que você vai gastar. A receita da televisão era de R$ 8 milhões [na Série B], vai para perto de R$ 80 milhões [na Série A]. O projetado do orçamento passado nunca foi essa média de público. Com certeza na Série A será bem maior. A ideia é que tenhamos mais sócios. Os patrocinadores que já estão têm renovação de cláusula contratual com um valor bem maior que agora. E os que vão chegar serão com valores bem maiores. Não podemos ter um orçamento menor que R$ 210, R$ 220 milhões para brigar pelo título do Baiano, do Nordeste, para se classificar à Sul-Americana. 

 

Alguns nomes do atual elenco já foram ventilados para uma possível renovação, como Zeca e Osvaldo. O senhor confirma que existe o interesse do Vitória na continuidade desses atletas?

Temos uma base. Do time titular, Lucas é do Vitória, Wagner, Dudu, Matheusinho, Iury Castilho, Mateus Gonçalves, Zé Hugo. É evidente que temos interesse em Camutanga, Zeca, Railan, Rodrigo Andrade, Osvaldo. A ideia é manter essa base para o Campeonato Baiano, para a Copa do Nordeste. As contratações que faremos agora serão pensando na Série A. 

 

Para jogadores chegarem, outros têm que sair. Já há uma projeção de quais?

Vamos concluir o campeonato. Falta um jogo ainda. A grande maioria dos contratos vence no dia 30 de novembro. 

 

Em relação à Arena Barradão, a ideia é começar o projeto mesmo em 2025? Como estão as obras da duplicação da Rua Artêmio Valente e do novo estacionamento, que são exigências dos investidores?

As condições já começaram. O estacionamento novo já começou e as placas da nova obra da Artêmio Valente já estão fixadas. O governador assistiu ao jogo [Vitória x Sport, no último sábado (18)] aqui e disse que deve dar a ordem de serviço no início de dezembro. A empresa já esteve aqui para procurar o local da instalação do canteiro da obra. Isso melhora bastante para os investidores. Enquanto isso, fazemos nosso dever de casa. Demos entrada com o projeto na prefeitura. Precisa de todos os alvarás. Da mesma forma, estamos fatiando o projeto, que é grande, de R$ 350 milhões. Nosso diretor de Patrimônio continua conversando com Ivan Smarcevscki, arquiteto da obra. A ideia é fazer por etapas. Começar pela cobertura até finalizar. Não sabemos se conseguiremos o dinheiro todo de uma vez só. Se tudo correr bem, começamos a obra no segundo semestre de 2025. 

 

E como está o andamento das obras pontuais no estádio, como camarotes, telão, banheiros, academia, etc.?

Estamos concluindo oito camarotes e duas salas. O banheiro feminino está nos finalmentes. Em mais 30 dias concluiremos o banheiro. Todas essas obras estão em comum acordo com o projeto da Arena. Amanhã começamos a construção de um novo prédio. Do lado direito, teremos um prédio de três andares. Faremos a sede da TV Vitória, com estúdio para podcast, com câmeras, equipamentos. A ideia é que essa obra dure de três a quatro meses. Estamos fazendo a academia do Leão. Os seis campos estão prontos, os vestiários estão concluindo, assim como o bar temático. Começamos a arquibancada. Esperamos até o fim do ano concluir toda a academia de futebol. 

 

Os sócios do Vitória votaram e 87% foi favorável ao uso da estrela sobre o escudo para simbolizar o título da Série B. Qual é a sua opinião de torcedor sobre o tema?

Minha opinião sempre foi favorável. Não é um título qualquer. Depois da mudança da Série B, quando se colocaram apenas 20 clubes, se você pegar o histórico dos que ganharam, são os grandes: Grêmio, Palmeiras, Botafogo, Vasco, Corinthians. É o primeiro clube baiano a conquistar um título nacional por pontos corridos. A estrela tem que estar sim no uniforme, mas não sou dono do Vitória. Fiz questão de, mesmo não precisando, consultar o sócio-torcedor, que decidiu. A partir de janeiro, o uniforme do Vitória terá a estrela. 

 

O Vitória vai conquistar o título do Campeonato Baiano?

Vamos entrar para ganhar. Pela grandeza, vamos brigar. Mas nossa prioridade é classificar para a Sul-Americana na Série A. Vamos brigar pelo título do Baiano e da Copa do Nordeste, mas se tiver que abrir mão para se classificar para a Sul-Americana, com certeza essa será a prioridade. 

Lenda do MMA, Rodrigo Minotauro fala sobre legado e o papel da Bahia nas lutas
Fotos: Iris Samara / Bahia Notícias

A rica lista de lutadores baianos comprova a tradição do estado nas artes marciais. A Boa Terra, com a sua ginga particular, é celeiro de atletas que transformam o ringue em habitat natural e viram referências de superação, disciplina e muita força de vontade.

 

Um dos grandes nomes dessa lista é Antônio Rodrigo Nogueira, o Minotauro, multicampeão de MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas) e mundialmente conhecido como um dos maiores lutadores da história. Nascido em Vitória da Conquista e atual embaixador internacional do UFC (Ultimate Fighting Championship), a principal organização de MMA do mundo, Minotauro, que também se dedica ao ramo de negócios e à ações sociais à frente do Instituto Irmãos Nogueira, está em Salvador para a apresentação do Minotauro Energy Drink, a sua marca de energéticos, já conhecida no Rio de Janeiro e São Paulo e que agora desembarca em Salvador.

 

Figura fundamental na popularização do MMA no Brasil, Rodrigo Minotauro esteve na redação do Bahia Notícias e falou, entre outros assuntos, sobre a força da Bahia nas artes marciais, lembrando do icônico treinador Luiz Dórea, formador de diversos lutadores na lendária Academia Champion. “Os gringos nunca tiveram uma corda do Chiclete para brincar”, comentou aos risos.

 

“A Bahia é um celeiro de atletas. Tem o Popó, o Robson Conceição, o Hebert Conceição, a Amanda Nunes… O porte físico, o atleticismo do baiano é animal. Os gringos nunca tiveram a corda do Chiclete para brincar (risos). O baiano é grande, atleta, se dá bem em todos os esportes. Seja na capoeira, que também é um celeiro, porque é uma luta ágil. Muita gente já praticou capoeira e o boxe está enraizado na Bahia. Luiz Dórea já formou todos os grandes campeões. Pessoas de fora vêm treinar com ele. Já fui para Cuba com Dória pela seleção brasileira em duas oportunidades. Lá, todos os treinadores, gente da França, de Gana… e o Dória era treinador de seis países. Ele dava aula em Cuba, que tem toda uma tradição enorme no boxe”, disse o ex-lutador de 47 anos.

 

Dono de grandes feitos esportivos, como ser o único lutador na história a ganhar os cinturões dos pesados no UFC e no Pride, Minotauro lembrou da luta do soteropolitano Jailton Almeida "Malhadinho" contra o estadunidense Curtis Blaydes, no próximo dia 4 de novembro, pelo UFC São Paulo, e disse que é "como se o Vitória, ou o Bahia, estivesse na final do Campeonato Brasileiro".

 

Mas o legado de Rodrigo Minotauro não se limita apenas aos ringues. Junto com seu irmão gêmeo, o também ex-lutador Antônio Rogério Nogueira, o Minotouro, a dupla está à frente do Instituto Irmãos Nogueira, que já atendeu cerca de 15 mil crianças em mais de quatro estados diferentes em parceria com o projeto Esporte para Além das Fronteiras, que tem a proposta de colocar artes marciais nas escolas públicas. Além disso, há também a Academia Team Nogueira, dona de 13 títulos mundiais e que já formou quase 200 faixas pretas.

 

"Comecei no judô em Vitória da Conquista e foi no boxe onde conheci o Luiz Dórea, um super ídolo, treinador de Popó, Cigano, Anderson Silva... O Dória é o maior caça-talentos do esporte baiano. Tive uma grande carreira, são quatro títulos mundiais, além do UFC e do Pride tem os títulos do World Extreme Fighting (WEF) e do Rings: King of Kings, outros dois grandes eventos. Uma geração de lutadores do MMA geralmente dura seis anos. A gente conseguiu virar duas gerações. A minha carreira foi de 15 anos. Eu, o Anderson, entre outros, fomos até aos 40 em alto nível, entre os primeiros do ranking, a gente conseguiu resistir e é um esporte duro pro nosso corpo. Mas além de fazer isso, eu, o Rogério, deixamos um legado. Colocamos uma academia, a Team Nogueira, que tem 13 títulos mundiais como academia, não só minha, como do Anderson, Junior Cigano, Rafael Feijão, os irmãos Patricio e Patricky Freire… Nós fizemos um time. Botamos um Instituto, o Instituto Irmãos Nogueira, que entrou num projeto, o Esporte para Além das Fronteiras, que coloca as artes marciais nas escolas públicas. Estamos em quatro estados diferentes, atendendo 15 mil crianças. Isso é legado. Formamos vários outros campeões. É algo coletivo, a academia Team Nogueira tem 20 mil alunos. Dos nossos alunos, já são quase 200 faixas pretas, 800 graduados, então a gente conseguiu espalhar, através da arte marcial, muita coisa".

 

Durante a conversa, Minotauro ainda falou sobre a importância de manter uma vida saudável, os projetos que toca após deixar de ser lutador e os momentos mais marcantes da longa e vitoriosa carreira. Confira abaixo a entrevista completa:

 

 

Minotauro, é um prazer te receber na redação do Bahia Notícias. Como está sendo a atual estadia em Salvador?

Nunca perdi as raízes aqui da Bahia e estamos voltando com um produto que é muito legal, muito bom, popular, o energético Minotauro, entre 8 e 10 reais, então, a gente fala com muita gente. E é gostoso. O nome “Minotauro” nasceu na Bahia e a gente fez algo muito bacana no lançamento do energético aqui em Salvador, colocando um octógono no mercado e recebendo os fãs para entrar no ringue comigo, para ter mesmo esse contato com o público baiano. Foi uma volta com o pé direito em um momento tão bom porque no dia 4 de novembro, o UFC vai estar em São Paulo e o atleta baiano, Jailton Malhadinho, vai estar lutando no 'main event' (a luta principal da noite). Comparando com o futebol, é como se o Vitória, ou o Bahia, estivesse na final do Campeonato Brasileiro.

 

Como estão os projetos depois de ter pendurado as luvas?

Eu sou embaixador do UFC. São 108 atletas brasileiros contratados, um recorde dos 590 em toda a organização. Eu faço parte da comunicação desses atletas com a organização. Indico talentos, eu sou olheiro também. Fazemos eventos, represento a marca UFC. Trabalho no escritório de segunda a sexta, sentado na cadeira. Hoje trabalho mais do que trabalhava antes.

 

E a rotina de treinos? Qual a importância de manter uma vida ativa e saudável para o público geral, não só pros atletas?

Tem muito ex-atleta que para de treinar totalmente, que não está ganhando dinheiro, não está competindo e fala "vou treinar para quê?". O treino é estilo de vida. Eu sempre fui da cultura de acordar de manhã, fazer uma corrida. Minha religião é fazer uma atividade física pelo menos uma hora por dia. Quando eu vivia disso, eu treinava duas vezes por dia, uma vez de manhã, uma vez à noite. A galera que não tem tempo para treinar, faz uma caminhada, uma respiração. O que é uma corrida? Você precisa apenas calçar um tênis e ir para rua procurar um lugar para correr. Pelo menos, tenha um hobby. Quem puder fazer uma capoeira, pegar uma prancha de surfe, um boxe três vezes por semana... Atividade física é mais importante que só o físico, é nosso mental.

 

Qual a sua relação com o futebol? Sente simpatia por algum time?

Eu simpatizo com o Vasco, gosto do Flamengo, São Paulo, Corinthians... Quando o Flamengo ganha não sou aquele vascaíno que torço contra. Flamengo ganhando eu acho muito maneiro porque é uma torcida maravilhosa. Eu morei no Rio e tenho vários amigos flamenguistas. Torço para qualquer time da Bahia. Da Bahia, gosto do Vitória, mas eu sou um cara que sou baiano. Eu vou torcer pela Bahia.

 

Como você lida com o lado mais midiático? Hoje em dia, inclusive, estão acontecendo várias lutas de ex-lutadores contra influencers. Como você enxerga esse fenômeno?

Eu acho muito legal. O atleta em si é um produto. Ele se vende o tempo inteiro. Eu dependo de quantas pessoas me assistem. O fã é um consumidor da sua imagem. É muito legal esse negócio que os influencers estão entrando. Esse evento chamado FMS, o Fight Music Show, é de um primo meu, o "Mama". Já está na terceira edição, o último foi no estádio do Athletico-PR, com cerca de 12 mil pessoas. O Popó tinha 500 mil seguidores, lutou com o Whinderson foi pra 2,5 milhões.

 

Já pensou em participar do Fight Music Show?

Eu, por ser embaixador do UFC, tenho um contrato. Eu sou diretor do UFC hoje em dia. E sou um 'senhor', né? (Risos). Eu operei o quadril, tive um acidente na minha visão, não consigo mais desempenhar em alto rendimento. Não penso em lutar mais, mas estou sempre no Instagram, treinando, ensinando golpes.

 

Quais momentos da sua carreira você considera os mais importantes?

São várias lutas. Uma com o Mirko Cro Cop (em 2003), que a gente conseguiu levar a Glória Maria para assistir a luta. Foi um marco pra gente, um esporte que ninguém via aqui e o Fantástico fazer duas matérias de 16 minutos. Foi o ‘boom’ do esporte. Não tinha matéria no jornal, nada. É uma luta que tenho um carinho incrível. Outra foi com o Bob Sapp (em 2002), 'monstrão', 171kg, estádio para 108 mil pessoas, duas TVs televisionando o mesmo evento. E quando o UFC veio para o Brasil, em 2011, na luta contra o Brendan Schaub, evento que pela primeira vez teve transmissão na TV aberta. São três lutas que eu tenho um carinho.

 

Você foi campeão pelo Pride e pelo UFC. Quais as diferenças de cada evento?

O esporte mudou bastante. No Pride era um show de arenas abertas. E o UFC é um show para televisão. O ‘canhão’ do UFC vai para para 1.2 bilhões de lares. O UFC é maior na TV e por isso você tem que botar mais regras. O Pride era mais sem regra. O UFC o tempo é menor, a comissão de exames de cabeça, de braço, o cara te olha inteiro. O esporte tem mais cuidado com o atleta e eu fiz parte dessa transição.

 

Conta um pouco mais sobre os objetivos do Instituto Irmãos Nogueira.

Nos Emirados Árabes, o jiu-jitsu é matéria obrigatória. Tem 850 faixas pretas brasileiras dando aula lá. Se você passar em árabe e perder em jiu-jitsu, você perde de ano. Ai você fala 'pra que tanta gente lutando?' São valores. O moleque tem uma mentalidade melhor, uma autoestima melhor, ele é mais controlado quando ele treina. Cria-se um livro com a metodologia e a gente tem um projeto muito parecido: são 55 minutos de aula e 5 minutos chamado de momento do mestre. O mestre vai falar todo dia sobre um valor. Um garoto desse escutar sobre 'empatia', ele vai conquistando valores através do esporte. Educação através das artes marciais. A gente está em cinco cidades e quer entrar em mais cidades. Itabuna, Itapetinga, Itambé, aquela região do sul. Estamos mostrando o projeto e nossa intenção é formar cidadãos.

 

E pro futuro, o que podemos esperar de Rodrigo Minotauro? 

Eu moro em São Paulo e estou por aqui sempre. A nossa ideia é fazer pré-projetos esportivos aqui em Salvador através da Minotauro Energy Drink. Com jiu-tistu, capoeira, artes marciais. Então, a gente está em Salvador sempre. Trazendo essa comunidade da luta para conhecer nosso projeto. Nosso projeto é um energético, mas é um estilo de vida, que é academia, malhação. Queremos colocar as lutas nas escolas. Salvador é minha terra, oxe (risos). 

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