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Entrevista

Focado nas Olimpíadas, Arthur Elias explica preparação da Seleção Feminina: "Estamos aqui para criar um entrosamento maior"

Por Thiago Tolentino

Focado nas Olimpíadas, Arthur Elias explica preparação da Seleção Feminina: "Estamos aqui para criar um entrosamento maior"
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Após um período vitorioso pelo Corinthians entre os anos de 2016 e 2022, Arthur Elias, treinador da Seleção Brasileira Feminina, quer resgatar o bom futebol da equipe na preparação para as Olimpíadas de Paris. Ele soma em seu currículo títulos emblemáticos pelo seu ex-clube, entre eles estão quatro Libertadores, cinco Brasileiros, três Paulistas, uma Copa Paulista, uma Copa do Brasil e duas Supercopas. 

 

Foto: Rodrigo Gazzanel / Ag. Corinthians

 

Com o desejo de dar oportunidade para as atletas e as colocarem no melhor nível possível, o técnico almeja um futuro vencedor com a amarelinha, montando uma base forte de jogadoras e dando todas as oportunidades possíveis. Atualmente o Brasil Feminino disputa a Copa Ouro, último torneio antes das Olimpíadas, onde venceu a primeira partida contra o Porto Rico pelo placar de 1 a 0.

 

Sobre o inicio na Copa Ouro, Arthur Elias analisou a vitória do Brasil contra a Seleção Porto Riquenha e falou sobre o momento atual da equipe convocada.
 

 

“Ainda falta um pouco de entendimento e entrosamento, isso é natural porque tenho aberto a Seleção para muitas jogadoras. O tempo que tivemos com essas atletas foi resumido a apenas um treino”, pontuou o treinador em entrevista ao Bahia Notícias.

 

“Sabemos que vão haver inconsistências nesse início de competição, mas estamos aqui justamente para isso. Estamos aqui para criar um entrosamento maior, tirar essa inconsistência nos momentos do jogo e jogar cada vez mais partidas melhores”, completou.

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

 

Questionado sobre a forma de como a Seleção Brasileira Feminina jogava quando comandada por Pia Sundhage, Arthur não fugiu das perguntas e explicou de qual maneira pode fazer as atletas desempenharem um melhor futebol. O treinador também explicou sobre o planejamento para preparar atletas experientes, como Marta e Cristiane, para a disputa das Olimpíadas. Confira a entrevista completa:
 

Como você avalia a estreia da Seleção Brasileira na Copa Ouro?
Foi um jogo em que tivemos bastante dificuldade por conta do adversário que vem treinando há muito tempo e tem uma marcação muito forte. Perdemos muitas oportunidades de gol e é claro que isso torna o jogo um pouco mais nervoso. É uma coisa que eu já identificava e agora que estou próximo, tenho tentado fazer o grupo ficar cada vez mais confiante para jogar dentro do melhor potencial delas. Ainda falta um pouco de entendimento e entrosamento, isso é natural porque tenho aberto a Seleção para muitas jogadoras. O tempo que tivemos com essas atletas foi resumido a apenas um treino. Sabemos que vão haver inconsistências nesse início de competição, mas estamos aqui justamente para isso. Estamos aqui para criar um entrosamento maior, tirar essa inconsistência nos momentos do jogo e jogar cada vez mais partidas melhores.
 

Foto: Leandro Lopes / CBF

 

Sabendo que existem algumas seleções no radar que propõem perigo ao Brasil. Marta e Cristiane fora da Copa Ouro preocupam?

Nosso próximo adversário é a Colômbia e sabemos que elas vivem um grande momento, nos últimos dois anos a seleção colombiana evoluiu bastante e com atletas jogando em nível alto e internacionalmente em grandes clubes. São jogadoras que a gente conhece muito bem pela atuação na Libertadores e no Campeonato Colombiano, que tem aumentado o seu nível. O próximo adversário é uma equipe que considero estar no nível do Brasil, assim como os Estados Unidos e Canadá, que são grandes seleções. Acredito que essas quatro equipes são as mais fortes da competição, mas o futebol tem mudado muito, todo mundo tá bem preparado, como pudemos ver na Copa do Mundo. O jogo de ontem foi um jogo em que encontramos uma equipe muito bem organizada, não teremos jogo fácil e é claro que na teoria as quatro equipes que citei são as mais fortes.

 

A gente vai fazer de tudo para que a Marta, a Cris e todas as atletas que a gente tem monitorado cheguem muito bem para as Olimpíadas, essa é a nossa meta. A gente tem que entender o melhor planejamento para cada jogadora para que elas cheguem no mais alto nível para as Olimpíadas daqui a 4 meses. Marta e Cristiane foram duas atletas que a gente entendeu seria muito importante fazerem a pré-temporada completa pelos seus clubes. Esse é um momento de preparação e a atleta consegue treinar bastante, adquirir capacidades físicas necessárias para a temporada, ritmo de jogo em relação aos seus clubes. Marta já está adaptada ao treino intenso do Orlando Pride e a Cris se transferiu para o Flamengo, precisa de uma adaptação ao novo clube e a uma ideia de jogo. O pensamento é de que elas fazendo a pré-temporada nos clubes beneficiária a Seleção Brasileira, claro que isso deixa aberta a oportunidade de avaliar outras jogadoras, como tenho feito. Foram 7 novas convocadas que eu não havia chamado para uma competição longa e oficial. O desafio é a gente abrir a Seleção Brasileira para muitas jogadoras, tentar monitorar e contar sempre com o apoio dos clubes. Teremos um período pequeno depois do grupo fechado para as olimpíadas, mas suficiente para termos uma uma equipe muito bem organizada e equilibrada taticamente com as atletas em seu mais alto nível.

 

 

Que cara você dá para essa Seleção que disputa a Copa Ouro ?

Cara de uma seleção que procura resgatar uma identidade brasileira, uma confiança para se jogar futebol, resgatar o prazer de defender a Seleção Brasileira em todas as competições e de ter o apoio do torcedor. A Seleção Brasileira vem de resultados ruins nas últimas Olimpíadas e Copas do Mundo, a gente não pode esconder isso, mas a minha confiança é total no grupo de atletas. Eu vejo que existem situações que podemos viver aqui na Copa Ouro, que vão preparar o grupo que irá disputar, as outras atletas que não estão conosco, também irão se preparar nos seus clubes. Eu não estou preocupado agora com o grupo que vai para as Olimpíadas, estou preocupado em realmente fazer o melhor por cada jogadora que temos convocado e adquirir mais consistência nessa competição, mais entendimento de modelo de jogo que temos implantado, que é algo que eu acredito muito. Tenho certeza de que com esse grupo iremos fazer uma grande Olimpíada.

 

Meu foco na Seleção Brasileira é em fazer uma nova história com uma dimensão ainda maior (do que feita no Corinthians), a minha maneira de pensar futebol é ofensiva e é de querer ter um jogo de imposição e mostrar a sua identidade jogando. Eu vou sempre pensar o futebol de forma ofensiva, querendo criar muitas chances de gol.

 

Em relação ao trabalho anterior, acredito que foi um trabalho com uma treinadora muito experiente e vitoriosa no futebol. Pia não teve um bom resultado mas teve muitas coisas positivas, não podemos olhar só o resultado, foi construido dentro de 4 - 5 anos com a Pia uma consistência defensiva, uma organização das atletas por maior parte do jogo. Sempre tivemos dificuldade de sincronia com as equipes Brasileiras, eu acho que a Pia fez o trabalho dela com aquilo que ela acreditava, o que eu penso de futebol é bastante diferente e não cabe a comparação nesse sentido. O que precisamos pensar é que a seleção brasileira precisa ter um resultado melhor e essa é a minha missão aqui.

 

 

O Brasil é um dos países que disputam a sede para a Copa do Mundo. O atentado ao ônibus do Fortaleza  pode mudar a decisão da FIFA ?

Em relação à decisão da FIFA, eu, os brasileiros, as atletas e todas as pessoas que trabalham com o futebol feminino estamos bastante ansiosos com a decisão final, com expectativa e otimismo de que a Copa do Mundo possa vir para o nosso país. O país tem totais condições disso e acredito que é um grande momento do futebol feminino, daqui há 3 anos com certeza o crescimento será ainda maior e estaremos num patamar melhor. Estamos muito orgulhosos pela nossa candidatura, temos o apoio da CBF e do Governo Federal para que isso possa se concretizar. Esperamos uma resposta da FIFA, existe uma concorrência alta, mas acredito que chegou a hora do Brasil fazer uma grande competição e uma grande Copa do Mundo. Será um orgulho pra gente e uma motivação a mais dentre tantas que temos para defender a Seleção Brasileira e o nosso país, seria espetacular. 

 

Em relação ao atentado, é claro que é sempre ruim um país que tem violência, mas sabemos que infelizmente no mundo inteiro tem acontecido tragédias. Estamos num mundo com guerras acontecendo e eu acho que o que ocorreu não será determinante para a FIFA mudar a sua decisão em relação à Copa do Mundo, a gente lamenta mas acredito que não teremos interferência nenhuma.

 

 

A Seleção Masculina foi eliminada no Pré-Olímpico. A pressão pela Seleção Feminina ser a única a disputar as Olimpíadas é maior?

De maneira alguma, a gente tem muito orgulho de defender a Seleção Brasileira, acho que quem coloca mais pressão são as próprias atletas. Eu como treinador, me pressiono para conseguirmos o resultado, quando recebemos críticas construtivas nós absorvemos e refletimos, mas quando chegam situações que não tem nada a ver com o nosso contexto e situações que passamos aqui, não damos nenhuma bola sobre isso. Não estamos preocupados com uma pressão em relação à cobrança de resultados, a gente tem um objetivo e é ele que nos une e que nos motiva, é o que vai fazer a Seleção Brasileira conseguir aumentar as suas chances de terem uma grande performance nas grandes competições e assim será nos Jogos Olímpicos. Nós ficamos tristes pela não participação do masculino, temos um país apaixonado pelo futebol e sabemos que a Seleção Masculina assim como a Feminina em Copas do Mundo não tiveram um resultado expressivo, mas nós vamos sempre pensar no futebol brasileiro e naquilo que é melhor. Tenho certeza que nós vamos voltar a ser campeões no masculino e tenho certeza que o feminino voltará a ser protagonista e quem sabe ser merecedor de um título.

 

 

Por conta da idade elevada, dá pra sonhar com Marta e Cristiane na próxima Copa do Mundo?

A participação da Marta e da Cris na Copa do Mundo, por conta da idade eu acredito que seja muito difícil, mas nada é impossível, isso depende muito delas e do planejamento de carreira. É difícil ser atleta de alto nível como elas são, eu não sei quais são os planos delas exatamente para a próxima Copa, não conversei com elas, mas estamos focados em deixar elas no melhor nível para terem oportunidade de participar das Olimpíadas. Obviamente a concorrência é grande, a gente tem um leque de atletas bem grande no país, então o foco é prepará-las para as Paris. A Copa do Mundo tem quer ser pensada temporada a temporada, tempo a tempo e que seja algo natural.

 

Foto: Stuart Franklin / FIFA