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Que o Brasil é terra de grandes obras do cinema, não há mais dúvidas. Desde antes da conquista inédita no Oscar 2025 com o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, o país já conhecia grandes títulos como “Cidade de Deus”, “Auto da Compadecida”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”.
Segundo dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine), as salas de cinema brasileiras receberão um público de cerca de 125,50 milhões, entre 4 de janeiro de 2024 e 1º de janeiro de 2025. Mas e a Bahia? O estado também contribuiu para a história cinematográfica do país, com a ajuda de nomes como Glauber Rocha, Antônio Pitanga e, mais recente, Lázaro Ramos.
No entanto, não é toda a população baiana que consegue acompanhar o sucesso do cinema brasileiro ou do estado. Dados extraídos do Painel de Complexos e Salas de Exibição da Ancine apontam que apenas 5,5% dos municípios baianos possuem complexos cinematográficos, os cinemas. Ou seja, dos 417 do estado, apenas 23 possuem salas de cinema.
São 39 complexos em funcionamento e 1 fechado temporariamente na Bahia, nos municípios de Luis Eduardo Magalhães, Barreiras, Guanambi, Irecê, Juazeiro, Paulo Afonso, Ibicaraí, Teixeira de Freitas, Itamaraju, Porto Seguro, Eunápolis, Itabuna, Vitória da Conquista, Jequié, Amargosa, Serrinha, Cachoeira, Feira de Santana, Alagoinhas, Santo Antonio de Jesus, Camaçari, Lauro de Freitas, Salvador.
Em relação ao Brasil, a coisa diminui ainda mais. O estado possui apenas 142 salas de cinema, representando 4% em relação ao país. Dessas salas, 14 funcionam na capital baiana, Salvador. Apesar dessa ausência na maioria do território da Bahia, a produção audiovisual resiste e se organiza.
Um exemplo é o grupo Articulação Audiovisual dos Interiores da Bahia (Aviba), que busca articular realizadores audiovisuais do interior do estado e “trocar figurinha” sobre política pública, produções audiovisuais e fortalecimento do setor. É o que explica o sócio-produtor da Cambuí Produções, Aléxis Góis.
Trabalhador do setor há cerca de 20 anos, Aléxis cresceu em Santo Estevão, no Vale do Paraguaçu, e contou ao Bahia Notícias que só teve contato com a sala de cinema em Feira de Santana. Entre os fatores que acredita que podem ter influenciado a ausência de salas na Bahia estão a “mudança econômica e cultural” na dinâmica das cidades.
“Com as questões como violência, as próprias cidades mudando, depois mais recentemente a internet, as pessoas acabavam indo cada vez mais para dentro de casa e aí esses espaços, eles sem apoio econômico para existir e sem esse consumo cultural que tinha antes, eles vão perdendo espaço. Além disso, a gente tem uma dominância muito grande de Hollywood, dos cinemas americanos”, explica.
Aléxis aponta que o cinema se tornou voltado para o comércio. “Não só dentro do cinema, como pipoca, refrigerante e tudo mais, mas é de outros subprodutos relacionados a própria temática do filme e é um cinema que tá distante da realidade da população, tanto nas suas temáticas, nas suas histórias, mas também nos seus valores”, completa.
Já para Edson Bastos, diretor da Voo Audiovisual, e profissional do setor desde 2008, a modernização também é um fator. “Depois da chegada do digital, do VHS… ficou muito mais difícil voltar as salas de cinema porque as pessoas ficaram no modo da comodidade de assistir seus filmes em casa”, contou. Essa comodidade teria diminuído apenas após a pandemia, quando as salas de cinema retornaram junto a novas políticas públicas, como a Lei Paulo Gustavo.
Edson é natural de Ipiaú, a cerca de 355 km da capital baiana. Assim como Aléxis, o produtor só esteve em uma sala de cinema fora do município onde morava. “Já teve vários cinemas em Ipiaú, inclusive o Cine Éden, que leva o nome desse projeto que a gente [do Voo Audiovisual] faz também, Circuito Cine Éden, onde a fachada é tombada. Como eu nasci em 85, nessa época o cinema já estava fechado, então eu não vivenciei o cinema. Eu não tive acesso a cinema na infância, só na adolescência e a primeira vez [foi] quando eu vim para Salvador”, compartilha.
Para além desses fatores, os produtores audiovisuais apontam problemas com as políticas públicas existentes do setor, tanto ao nível federal, quanto estadual. Por exemplo, ao nível federal, o Brasil possui o Fundo Setorial do Audiovisual, criado em 2006 e regulamentado em 2007, que destinado ao desenvolvimento articulado de toda a cadeia produtiva audiovisual.
“Hoje a gente tem políticas públicas sendo executadas na Bahia que são com recursos federais. Então essas políticas públicas elas deram um sopro de vida no setor do audiovisual, mas elas estão longe de ser suficientes. A gente precisa que o estado que os municípios também invistam no dentro da cadeia produtiva”, afirma Aléxis.
Para o produtor da Cambuí Produções, as políticas públicas são voltadas para a produção, mas é “insuficiente”. “A gente precisa de mais, a gente precisa pensar como uma cadeia produtiva desde o início do desenvolvimento de ideias, desenvolvimento de roteiros, de núcleos criativos, passando pela produção, distribuição, passando pelo mercado, mas também passando pelos direitos do público. No final das contas, a gente faz filme para que o público veja”, declara.
Edson explica que essas políticas dão conta, principalmente, da produção. “É um grande investimento em produção de filmes, de séries, mas há pouco investimento em distribuição. No próprio roteiro, há pouco investimento. E ainda assim, mesmo tendo a maior parte do recurso investido em produção, ainda existe uma grande quantidade de pessoas tentando acessar esses recursos que nunca conseguiram também”.
Além de investimentos em toda a cadeia produtiva do setor, os produtores apresentam uma preocupação com a formação de um público consumidor de cinema. Aléxis afirma que não há “uma identificação cultural” da população do interior com o tipo de cinema que é realizado.
Para esse público ser formado é necessário, segundo Edson Bastos, que sejam realizadas mostra de cinema, cineclube, festival de cinema, mesmo com a ausência de salas. “Porque sem o público interessado, as salas continuam vazias”, defendeu.
“O filme enquanto obra artística e, enquanto esse elemento vivo, só existe quando o público está vendo. Então hoje, por exemplo, a gente poderia ter é o cumprimento da lei que exige um conteúdo nacional de cinema nacional [Lei nº 13.006/2014] de 2 horas [mensais] nas escolas públicas”, sugeriu Aléxis.
“A gente não tem um projeto, uma política para poder colocar esses filmes que foram financiados pelo próprio Estado, que tratam da Bahia, enquanto tema, que tem a nossa cara, que tem a nossa cor, dentro dessas escolas públicas para estar formando um público lá na frente que vai consumir esse próprio cinema”, concluiu o membro do Aviba.
Além do impasse envolvendo o “calote” da Ingresso Rápido a produtores de shows realizados no Complexo Teatro Castro Alves (saiba mais detalhes), a indefinição sobre uma nova operadora para administrar a venda de entradas gera insegurança aos empresários do setor de eventos, que temem marcar novas pautas no local e ter mais prejuízos.
“Eu acho o seguinte: a gente teve problemas sérios durante a pandemia, principalmente nosso setor, e a essa altura já era para estar tudo resolvido. Era para estar tudo solucionado, porque mecanismos existem, a tecnologia está aí, o governo tem pessoas capacitadas e que durante a pandemia toda ficaram recebendo seus salários, ao contrário dos produtores que movimentam a cultura. E agora a gente está sem poder realizar eventos no complexo que a maioria das pessoas que trabalham com cultura de Salvador, como eu, trabalham, que é o Complexo TCA”, lamentou Irá Carvalho, à frente da Íris Produções, empresa que já trouxe grandes medalhões da música brasileira à capital baiana.
A produtora relatou a preocupação pelas incertezas e contou que teve que pisar no freio no momento em que o setor deveria estar acelerando depois do longo período inviabilizado pela pandemia. “Os órgãos têm que entender que nós fomos prejudicados, ficamos um ano e oito meses parados, e agora a gente não pode estar [parado]. É difícil de entender que agora, a essa altura, a gente vai ter um problema desse. É muito triste, eu fico preocupada. Já solicitei pauta e estou aguardando retorno pra confirmação a partir de janeiro de 2022, porque eu, para fazer um show em novembro ou dezembro, já teria que estar vendendo e não tem tiqueteira, então não posso abrir venda”, reclamou Irá, lembrando que ainda não teve confirmação de suas marcações. “Até por conta dessa incerteza, eu não vou programar agora. A gente entende que já era pra estar com a pauta a partir de novembro marcada, mas a gente não tem essa posição porque o próprio teatro não tem a tiqueteira e não pode liberar o show sem ela”, pontuou.
Em meio ao impasse junto ao TCA, a empresária com larga experiência no mercado baiano revelou que tem buscado alternativas. “Vou fazer Jau e Zeca Baleiro, dia 24 agora, no Vila Armazém, em Lauro de Freitas; estou fazendo Nando Reis dia 14 de novembro na Praia do Forte, porque eu estou me virando. Mas nem todo mundo tem essa possibilidade”, salienta a produtora. Irá Carvalho afirmou ainda que o problema com o teatro é uma “queixa geral do setor”, que ao longo da pandemia tentou propor soluções, mas viu a euforia da retomada ser abafada por questões triviais. “A gente veio dialogando, propondo e conversando pra chegar nesse momento e a gente estar pronto, já estarmos preparados tanto a gente, que está há um ano e oito meses sem ganhar, quanto o equipamento. Eu acho que pior do que o equipamento, que depende de tecnologia e recursos que existem, somos nós que sobrevivemos a tudo isso. Então agora era a hora da gente estar feliz”, assinalou, sem nominar culpados, mas cobrando o empenho do governo do estado, da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), que segundo ela têm pessoas capacitadas para resolver a questão.
A produtora baiana revelou ainda que chegou a apresentar sugestões junto à direção do Teatro Castro Alves, mas não teve “abertura” para chegar a um acordo. “A gente já trouxe até alternativas de, nesse momento emergencial, abrir um precedente de colocar uma empresa fazendo um período teste de três meses pra vender os ingressos ou a gente mesmo vender nossos ingressos através de uma própria tiqueteira que a gente tenha relacionamento, que trabalhe sério no mercado”, contou Irá, para quem a resolução do impasse “não é difícil de resolver, porque no mundo se vende ingressos, em outros estados estão acontecendo coisas”. Ela defende que agora é preciso encontrar de imediato uma forma de resolver. “Eu já gostaria de estar fazendo show em novembro e dezembro, mas não tive essa oportunidade”, queixou-se.
A produtora Marlucia Sie, por sua vez, conta que vive o dilema do dinheiro retido com a Ingresso Rápido de um show vendido e ainda não realizado e também a dificuldade de marcar seus eventos no complexo TCA. “Esse ano eu solicitei pauta para novembro e dezembro, mas recebi uma negativa e uma das justificativas que eu soube depois por outros produtores é que o teatro reservou todas as pautas de dezembro para escolas particulares de balé, dando prioridade a escolas de balé ao invés da produção cultural da Bahia. Nós, que já que estamos há um ano e oito meses sem receber R$ 1, sem ganhar dinheiro. O TCA e a Funceb priorizaram escolas particulares”, criticou. “E agora não tem mais jeito, já devem ter firmado o contrato e não tem como voltar atrás”, lamentou a empresária, que classifica o incidente como negligência. “Na verdade, acho que foi uma falta não de planejamento, mas de cuidado com a classe cultural da Bahia e de Salvador. Eles não pensaram na gente, acho que eles planejaram exatamente isso, acho que foi falta de cuidado e atenção ao setor. Porque o que estamos carentes hoje é exatamente isso, cuidado e atenção. Acho que planejamento eles tiveram, tanto tiveram que está tudo fechado lá para as escolas”, alfinetou.
A produtora relatou como exemplo de sua agonia também uma apresentação do grupo Teatro Mágico anterior à pandemia, cuja bilheteria foi aberta e chegou a vender 400 ingressos, mas ela não sabe se será compensada pelo prejuízo. “Em reunião no TCA com todos os produtores eu questionei a respeito disso, porque eu estava preocupada, e não adiantava eu fazer o show, não posso trazer um artista de outra cidade, e ter 400 ingressos indisponíveis. Porque quando terminar o evento eu tenho que pagar todo mundo”, contou Marlucia sobre a apresentação, que agora ela tenta marcar para março de 2022, na Sala Principal.
“Nós ficamos com 400 ingressos a menos e o teatro ainda não definiu esse repasse. Primeiro sugeriu que a gente cancelasse todos os ingressos e as pessoas comprassem de novo, mas isso também é um tiro no pé da gente. Quer dizer, se eu sou cliente e cancelam o ingresso, por lei eu só vou receber meu dinheiro em dezembro de 2022 por conta de decreto federal. E eu vou comprar de novo o mesmo ingresso? Ninguém tem dinheiro sobrando!”, questionou a produtora, indignada com proposição da direção do teatro. “Eu fui contra, disse que não ia cancelar nenhum ingresso, tanto que não cancelei minha pauta do Teatro Mágico. Nós não pegamos o dinheiro de volta, nossa reserva de pauta continua lá no TCA, ele vai acontecer, porque tem que acontecer, né? Solicitei a pauta pra março de 2022 e não tive confirmação ainda, e a gente tem que colocar agenda também”, acrescentou.
Assim como Irá Carvalho, Marlucia também teme prejuízos com a indefinição a respeito dos projetos futuros no espaço. “Não adianta a gente marcar pauta e eles não pagarem a gente. Porque a gente não tem previsão desse dinheiro, as produtoras não pegaram, e a gente não pode pegar em dinheiro do que não aconteceu. Então, eu estou muito insegura de fazer o evento do Teatro Mágico em março e não ter o dinheiro dos ingressos que foram vendidos no dia do fechamento do borderô. É uma situação muito difícil que a gente está passando”, salientou a empresária baiana, que cobra uma atenção especial para o mercado local, que segundo ela movimenta de 80% a 90% das pautas do complexo e merecem prioridade aos produtores nacionais.
Para a produtora, o Teatro Castro Alves é o “calcanhar de aquiles” do setor neste momento, porque é um dos poucos espaços de Salvador aptos a receber eventos de escala comercial, necessários para reativar toda a cadeia produtiva do entretenimento. “A gente depende do complexo para trabalhar e ter uma receita nossa, porque temos hoje só o Teatro Módulo e o Jorge Amado funcionando, de teatro comercial. O Isba fechou, o Sesc está em reforma e ainda não terminou, e o TCA com esse impasse da tiqueteira”, pontuou.
A bronca da empresária, entretanto, não se resume ao episódio TCA, mas à gestão da cultura estadual de forma ampla. “O que acontece hoje na Bahia como um todo é que o governador não ajudou em nada durante a pandemia a classe cultural. Nós tivemos várias reuniões da classe artística e da produção cultural, sobre o enfrentamento da pandemia, e só em uma tivemos representante do governo. Depois, nenhum representante do governo compareceu a nenhuma reunião nossa. Então, nós estamos totalmente abandonados pelo governo do estado”, disparou Marlucia Sie, reforçando a inação do governo Rui Costa na resolução das demandas do setor e lembrando que a lei emergencial aplicada na Bahia é uma política que vem de Brasília e não do Palácio de Ondina.
“Não adianta dizer assim ‘ah, nós temos a Aldir Blanc’. A Aldir Blanc é uma lei federal, onde o governo só tem que repassar o valor. Então, na primeira reunião eles falaram que teve a Aldir Blanc, mas a gente não tem edital, não teve auxílio emergencial do governo do estado, a gente não tem nada do governo do estado”, frisou a produtora, reiterando a queixa de que “o governador não recebe a gente, a secretária de Cultura Arany também não recebe a gente, então, nós não somos recebidos pelo governo do estado, que poderia ajudar muito a classe”.
RESPOSTA DO TEATRO CASTRO ALVES
Em nota encaminhada ao Bahia Notícias, o Teatro Castro Alves informou que, enquanto equipamento público, “reforça o seu compromisso com a cadeia produtiva da cultura e afirma que foram tomadas medidas jurídicas e administrativas cabíveis junto à Procuradoria Geral do Estado (PGE), Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) e Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), relativas ao não repasse de verbas do período inicial da pandemia de Covid-19”. O teatro disse ainda que "embora nenhuma empresa tenha apresentado proposta na primeira tentativa para a gestão da bilheteria, a tramitação do processo para a contratação segue em caráter de urgência”.
Sobre a reclamação dos produtores quanto à dificuldade para a marcação de pautas, a direção do espaço salientou que “com a flexibilização do número de pessoas em espaços culturais, determinada nos decretos, a procura para agendamento de eventos no TCA passou a ser maior”. O teatro disse ainda que “foram realizados vários encontros com diversas produtoras para tratar do tema da retomada” e que a partir disso a Sala Principal, Concha Acústica e Sala do Coro “já possuem diversos eventos marcados para os próximos meses, provenientes de demandas de diferentes produtoras”.
O TCA ressaltou ainda que durante a pandemia permaneceu ativo, “sempre respeitando os decretos de prevenção a disseminação da Covid-19, seja com uma programação virtual nas suas plataformas, ou recebendo gravações e lives de produções artísticas de gêneros variados em todos os seus palcos”. Por fim, destacou que o espaço está aberto para o público, com as visitas educativas do programa “TCA de Perto” e a Ocupação Mobiliário-Memória no Foyer.
Insatisfeito com a implementação da Lei de Emergência Cultural pelo governo, um grupo de produtores culturais reivindica que a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) revejam o entendimento jurídico que impactou no desconto de 20% no Imposto de Renda (IR) Retido na Fonte para as empresas contempladas pelos prêmios dos editais do Programa Aldir Blanc Bahia.
“Se você recebe um prêmio de R$ 160 mil e de repente é surpreendido com a notícia de que vai ser descontado na fonte 20%, isso significa menos R $32 mil no orçamento, que por muitas vezes inviabiliza o próprio projeto”, argumenta a agente cultural Eliana Pedroso, segundo a qual, o manifesto é apoiado por nomes como Simone Carrera, diretora geral da Sole Produções; Marcos Clement, à frente da Trevo Produções e Walson Botelho, um dos fundadores do Balé Folclórico da Bahia.
A queixa se dá porque, diferente do governo baiano, outros gestores e até a Fundação Gregório de Mattos (FGM), vinculada à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador, seguem procedimentos distintos em suas chamadas públicas. “A Funceb optou por um caminho jurídico que não está sendo adotado em lugares que têm o mercado mais amadurecido como, por exemplo, Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, e o, que é muito importante, nem mesmo pelo município de Salvador”, afirma Pedroso.
Procurada pelo Bahia Notícias, a FGM confirmou que a modalidade adotada no órgão é realmente diferente do que foi feito pelo governo estadual. “Aqui na FGM a gente adota a prática de, Pessoa Física, fazemos a retenção na fonte. Pessoa Jurídica, não (inclusive MEI). Deixamos a opção de cada um prestar contas, conforme seu porte”, informou a assessoria da FGM. “A opção de declarar no IR está para além da gente. A maneira da dedução é que muda. Não fazemos a cobrança dos 20%. Que essa parte fique bem clara. Em PF, existe uma alíquota e PJ, fica a cargo de cada empresa, em sua declaração, que é com a Receita Federal”, explica.
Classificando a interpretação do governo do estado como um “detalhe singular”, Eliana Pedroso questiona os motivos das disparidades. “Todos os lugares que citei, inclusive a FGM, estão adotando a Solução de Divergência Cosit Nº 9 - 2012 (clique aqui e saiba mais), que foi reiterada pelo decreto Nº. 9.580/2018. Tem uma série de especificações que levam ao entendimento de que prêmios artísticos recebidos em dinheiro não devem ser descontados na fonte para Pessoas Jurídicas. E a Funceb é a única que está adotando a ideia de que estamos ganhando um prêmio sobre forma de bens e serviços”, defende a agente cultural, segundo a qual o entendimento correto é o de que as empresas estão recebendo “um prêmio em dinheiro - é isso que é considerado por todo o Brasil - e não estamos recebendo um prêmio em forma de bem, nem em forma de serviço”.
Outro ponto salientado por ela é que os editais não deixavam claro que haveria a dedução dos 20% no IR para as empresas, mas apenas a menção de pagamento de “impostos cabíveis”. A produtora disse ainda que os editais não deixavam claro que haveria a dedução dos 20% no IR para as empresas, mas apenas a menção de pagamento de “impostos cabíveis”. Apesar de não contar de forma explícita a questão, no Anexo IX do edital Prêmio das Artes Jorge Portugal 2020, da Funceb, com o recibo de pagamento consta um campo com o valor da alíquota de 20% referente à dedução no Imposto de Renda (veja o documento).
Para finalizar, ela mencionou também o contexto delicado enfrentado pelo setor, diante da paralisação das atividades na pandemia do novo coronavírus. “Esse entendimento, exatamente neste momento, vai de encontro à situação emergencial da cultural em geral, à situação de penúria em que vivem nesse momento os trabalhadores da cultura”, pontua.
A Secult-BA, por sua vez, emitiu uma nota oficial reiterando que o processo de seleção ocorreu totalmente dentro da lei. “Conforme é indicado nos editais do Programa Aldir Blanc Bahia que visam atendimento ao inciso III da Lei Aldir Blanc (Lei n° 14.017), os valores dos prêmios serão pagos em parcela única e serão deduzidos os tributos previstos na legislação em vigor”, diz o comunicado, que destaca em negrito a palavra “prêmios”, modalidade de chamada pública esta, passível de dedução do IR. “O valor deduzido é referente ao Imposto de Renda Retido na Fonte, e tem como base a Lei nº 8.981/95, art.63 que diz: ‘Os prêmios distribuídos sob a forma de bens e serviços, através de concursos e sorteios de qualquer espécie, estão sujeitos à incidência do imposto, à alíquota de vinte por cento, exclusivamente na fonte’”, conclui a secretaria.
A Operação Será ganhou desdobramentos nesta terça-feira (27). Os produtores musicais que trabalharam com o cantor Renato Russo em vida e após a morte, em 1996, negaram que as canções citadas no relatório encontrado durante o cumprimento de mandados nesta segunda-feira (veja aqui) sejam inéditas.
Segundo o G1, um dos alvos da investigação, que está sob responsabilidade da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), é o advogado, escritor e pesquisador Marcelo Fróes, idealizador de álbuns póstumos do ex-vocalista da Legião Urbana.
Ouvido pela polícia, Fróes negou ter se apropriado indevidamente de obras de Renato. De acordo com ele, as faixas mencionadas não se tratam de obras nunca divulgadas, mas sim gravações inéditas de canções já lançadas.
Carlos Trilha, que assina a produção dos álbuns solo de Renato Russo, comentou o caso, também afirmando que não existem músicas inéditas. Ele ainda reforçou a versão de Fróes dizendo que as obras citadas no relatório podem ser remixagens e letras nunca usadas, que estariam sendo musicadas por outros artistas.
O produtor contou ter entregado à família do músico, em 2002, um documento com o levantamento de músicas achadas em uma gravadora e em acervos pessoais. Conforme explicou ao site, nessa relação de materiais não há qualquer citação a canções que sejam desconhecidas pelo público. "Até porque, se existissem, já teriam sido lançadas no passado", afirmou.
"É fundamental que as pessoas entendam a diferença entre música inédita, aquela totalmente nova, que ninguém nunca ouviu, e gravação inédita, que é a música já conhecida, gravada de uma forma diferente", ressaltou.
"Se falarmos em gravações de músicas já conhecidas, posso afirmar que existem muito mais do que 30 inéditas. Há muito material guardado, que também tem um altíssimo valor histórico". Para ele, a operação policial é "fruto de uma falha de comunicação".
Segundo os investigadores, o estúdio onde o relatório foi encontrado prestou serviços para uma gravadora. O delegado Mauricio Demétrio, titular da DRCPIM, considerou o "cumprimento do mandado de busca e apreensões foi altamente produtivo e conseguimos provas robustas, que em breve vão ajudar a esclarecer toda a verdade sobre o que estava acontecendo". "Tem pelo menos 30 músicas em versões inéditas", completou.
Três produtores do programa de Ellen DeGeneres deixaram a atração, após uma investigação interna para apurar queixas de de intimidação, racismo e má conduta sexual. Segundo o jornal O Globo, a informação foi divulgada por um porta-voz da Warner Bros Television, emissora que produz o programa.
Ainda de acordo com a publicação, a saída dos profissionais se deu depois de semanas de turbulência nos bastidores do “The Ellen DeGeneres Show”, por causa das denúncias feitas por ex-funcionários, que disseram ter sofrido com o local de trabalho hostil e classificaram a apresentadora como “mesquinha”.
Os relatos viralizaram e deram força para uma campanha que pedia retratação pública e a substituição da apresentadora. A iniciativa contou com apoio de nomes como Katy Perry, Kevin Hart, Alec Baldwin e Ashton Kutcher.
Diante da situação, a Warner Bros afirmou que estava investigando o caso e que implementaria mudanças de equipe. Nesta segunda-feira (17), Ellen DeGeneres bateu um papo virtual com a equipe do programa e, segundo a Variety, fez um discurso emotivo em tom de desculpas. Ela chegou a dizer que “não é perfeita” e que era “doloroso” ler os relatos dos antigos funcionários sobre o clima no set de filmagens.
A Secretaria de Cultura da Bahia (Secult) se manifestou, após artistas, proponentes e produtores culturais firmarem uma carta aberta para apontar problemas nos Editais Setoriais 2019 e criticar a atuação da pasta na aplicação do certame (clique aqui e saiba mais).
Em nota oficial divulgada no início da noite desta terça-feira (17), a Secult informou que “em razão do número de propostas inabilitadas, iremos, a partir desta data, apurar minuciosamente se houve falha na Plataforma SIIC – Clique Fomento ou outra falha técnica que possa ter influenciado tal resultado”.
A secretaria destacou ainda que a iniciativa reafirma seu compromisso com o diálogo e a transparência e que está “trabalhando para cumprir os princípios da administração pública, sem que deixemos de cumprir o dever de dar suporte à cultura do Estado”, de acordo com o previsto no edital e com a finalidade da própria pasta.
Em agosto, produtores baianos reclamaram dos resultados da análise prévia do edital, apontando que questões como autodeclaração de cor e comprovante de residência foram fatores que levaram à desclassificação de propostas (relembre aqui).
Um grupo de produtores culturais à frente de eventos calendarizados apoiados pelo Fundo de Cultura se reuniram com a secretária de Cultura da Bahia, Arany Santana, nesta segunda-feira (30). Segundo a Secult, o encontro “reafirma a abertura do diálogo com a classe artística e refortalece o diálogo entre governo e sociedade civil”.
Entre os participantes da reunião estiveram: Cláudio Marques, do Panorama de Coisa de Cinema; Felipe de Assis, Fiac Bahia; Rafael Magalhães, do Filte Bahia; Selma Santos, Festival de Rua; Rowney Scott, Festival de Jazz do Capão; Ellen Mello, Diment-IC; Cristina Castro, Viva Dança; Vandre Abreu, Cantoria São Gabriel; Elizete e Henrique da Cia Cuca de Teatro (Fenatifs).
Diante das incertezas provocadas pelos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PSL) à Agência Nacional do Cinema (Ancine), o secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten voltará a se reunir com o setor audiovisual. De acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, o encontro com alguns dos principais produtores de cinema e séries do país está agendado para a próxima terça-feira (13).
Ainda segundo a publicação, a ideia é mostrar a Bolsonaro a importância da indústria do audiovisual e a pluralidade da produção nacional, além de trabalhar com o objetivo de aperfeiçoar a transparência na aplicação dos recursos.
Esta não é a primeira vez que acontece este tipo de reunião. Em julho ele esteve com Pedro Albuquerque, da Conspiração Filmes; Fabiano Gullane, da Gullane Entretenimento; Beto Gaus, da Pródigo; e Rodrigo Teixeira, da RT Features (clique aqui e saiba mais).
Após reação do setor, Bolsonaro parece ter começado a compreender a importância da cadeia produtiva do audiovisual. Ele, que antes falava em aplicar um filtro ideológico ou extinguir a Ancine, admitiu que pode recuar desta decisão (clique aqui e saiba mais).
Os produtores da série The Walking Dead querem manter a trama por mais dez anos, mesmo com a queda drástica de audiência nas últimas temporadas. A AMC, responsável pela produção, disse em entrevista à Forbes nesta semana que pretende expandir a história por mais uma década.
“The Walking Dead é um universo… e nós temos um plano para administrar durante a próxima década. Este plano, entretanto, é um plano cuidadoso para respeitar a vontade do mundo dos fãs”, disse o presidente da empresa, Josh Sapan. Ele também disse que tem vontade de realizar nos próximos anos uma série de spin-offs a partir do seriado. A nona temporada de The Walking Dead estreia no Brasil no próximo dia 7 de outubro.
Dois produtores de Hollywood foram ágeis e já estão na Tailândia para acompanhar o resgate dos garotos que passaram 18 dias presos com o treinador de futebol em uma caverna no norte do país. De acordo com informações do jornal Extra, os americanos Michael Scott e Adam Smith querem rodar um filme sobre o incidente. "Haverá outras empresas de produção chegando, por isso temos que agir muito rapidamente", disse Smith ao site australiano "News". A dupla acompanhou todo o processo enfrentado pela equipe de mergulhadores para resgatar os garotos com segurança e aproveitou para, além de registrar imagens, realizar entrevistas e conseguir direitos exclusivos para explorar a história. "Eu vejo isso como um grande filme de Hollywood com os maiores astros do Cinema", disse Scott à AAP, acrescentando que a produtora cristã Pure Flix, da qual é sócio-direitor, pretende enviar também um roteirista ao local.
Escobar foi assassinado no dia 2 de dezembro de 1993 durante uma perseguição policial. O corpo do traficante colombiano caiu por cima do telhado da casa em questão. Para recriar a cena, os produtores já alugaram outro espaço.
A secretaria esclarece que iniciou nesta semana a assinatura dos Termos de Acordo e Compromisso (TACs) do edital. Dos 109 projetos que serão apoiados através do mecanismo de fomento, 71 TACs já foram assinados e receberão o pagamento a partir da próxima segunda-feira (7). Inicialmente foram pré-selecionados 151 projetos. Seis deles foram imediatamente desclassificados porque os proponentes eram funcionários públicos e a norma não permitia. A atriz e cantora Morgana D’Ávila, à frente do grupo de artistas que se reuniram no Passeio Público para discutir e contestar o edital, apontou que 63 projetos foram desclassificados, o que ela afirma se tratar de um recorde em 10 anos. Posteriormente, 10 projetos suplentes foram convocados e 5 recursos, admitidos. Do total de 166 projetos convocados, após a entrega de documentos e ajustes, a previsão é de que 109 Termos de Acordo e Compromisso sejam firmados.
A Secult também explica que a entrega de documentos foi feita por meio eletrônico. "Os canais de diálogo com os proponentes sempre estiveram e continuam abertos. Todas as manifestações referentes ao Agitação Cultural estão sendo respondidas. A Secretaria de Cultura reitera que continuará a cumprir os procedimentos democráticos e republicanos que guiam a sua gestão", ressalta em nota.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luiz Inácio Lula da Silva
"O dado concreto é que, do ponto de vista da quantidade de mortes, a operação foi considerada um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa".
Disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao criticar a operação policial que resultou na morte de 121 pessoas no Rio de Janeiro, classificando a ação como uma “matança” e “desastrosa”.