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motoristas de aplicativo
O imbróglio sobre a falta de um espaço seguro para motoristas de aplicativo próximo ao aeroporto de Salvador pode finalmente chegar ao fim. A Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) e a Vinci Airports, concessionária responsável pelo Salvador Bahia Airport, possuem um projeto de revitalização de um estacionamento desativado para receber aqueles que aguardam o chamado dos passageiros que desembarcam todos os dias na capital baiana.
O local escolhido fica na Avenida Tenente Frederico Gustavo dos Santos, pouco antes do famoso bambuzal soteropolitano. Atualmente, os motoristas de plataformas como Uber e 99 já utilizam uma via interna, exatamente em frente ao estacionamento. A informação foi revelada pelo secretário de Mobilidade, Pablo Souza, aos âncoras do programa Bahia Notícias no Ar, da Antena 1 Salvador 100.1 FM, Mauricio Leiro e Rebeca Menezes.
"Nós fizemos um projeto junto com a Vinci pra acomodar os motoristas de aplicativo que ficam naquele acesso do aeroporto. Anexo à região onde eles ficam tem o antigo estacionamento, então aquela região vai ser revitalizada para que esses motoristas por aplicativo possam ter ali uma condição bacana de acolhimento, com toda a estrutura que eles precisam para poder estarem bem acomodados e desenvolverem o seu trabalho", apontou o gestor.
Estacionamento ficará antes do bambuzal | Foto: Reprodução / Google Street View
Segundo Souza, a gestão do estacionamento será feita pela própria Vinci, mas a ideia é que os motoristas não precisem pagar por sua utilização. "Não vai ser cobrado nada dos motoristas de aplicativo pra estarem lá. Esse modelo de remuneração, a Vinci tem trazido uma referência de outras cidades em que o passageiro pagaria uma taxa simbólica, no valor de um ou dois reais, pra puder ajudar a fazer a manutenção desse espaço, e a gente ofereceria aí todas as condições, da melhor maneira possível", explicou. "Mas essa questão da taxa ainda está em estudo, em avaliação por parte da Vinci. A regra básica é que não vai onerar em nada aos trabalhadores", completou o secretário.
O titular da Semob ainda apontou que os projetos já foram aprovados pela Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), e que a Vinci já deu início a intervenções próximo à área de desembarque, mas que ainda não há previsão de quando o estacionamento será liberado para os motoristas. "Essas obras já se iniciaram, mas as obras que se referem ao projeto que eles chamam de 'Kiss & Fly', que é uma zona de embarque e desembarque dos passageiros no aeroporto. Na sequência, eles vão atacar essa área dos motoristas de aplicativo, pra poder oferecer uma condição melhor pros trabalhadores daquela região com todo o conforto, com toda a comodidade, e sem não é um tipo de cobrança", concluiu.
O Bahia Notícias procurou a assessoria da Vinci Airports para confirmar detalhes do projeto. Em nota, a concessionária confirmou que está desenvolvendo um projeto contemplando um estacionamento para motoristas de aplicativo no Aeroporto de Salvador. "A iniciativa tem como objetivo contribuir com a organização da operação e a melhoria da experiência de passageiros e motoristas. Paralelamente, o aeroporto também implantará um projeto de reorganização do meio-fio para melhorar o tráfego da área de embarque e desembarque, aponta a nota.
Placa do sistema Kiss & Fly do Aeroporto de Ponta Delgada, em Portugal | Foto: Divulgação
SISTEMA KISS & FLY
Apesar de não dstalhar na resposta enviada ao BN, a empresa já teria compartilhado em reuniões realizadas nas últimas semanas a instalação de um novo modelo de embarque e desembarque.
Adotado em diversos aeroportos ao redor do mundo, como o de Lisboa ou o de Ponta Delgada, em Portugal - ambos também sob administração da Vinci -, o sistema "Kiss & Fly" visa otimizar o fluxo de embarque e desembarque com maior segurança e fluidez, especialmente em horários de pico, além de coibir o transporte clandestino.
O projeto adotado em outros equipamentos funciona por meio de cancelas com tempo de permanência limitado – em média 10 minutos – para que condutores deixem ou busquem passageiros. Após esse período, seria cobrada uma taxa fixa.
A proposta, contudo, já tem gerado um burburinho. De acordo com o site Ei Táxi, ao tomar conhecimento do projeto na última semana, o presidente da Associação Geral dos Taxistas, Denis Paim, criticou o fato de apenas parte da categoria ter participado das discussões sobre a mudança, e que é preciso diálogo para evitar problemas para os profissionais. “E se for um passageiro cadeirante, por exemplo? Vai haver tempo extra? Como fica o pagamento? Tudo isso ainda não está esclarecido”, destacou.
IMPASSE ANTIGO
O debate sobre a falta de um espaço adequado para os motoristas de aplicativo é antigo, e envolve uma série de polêmicas.
A Uber, primeira empresa do setor a atuar na Bahia, chegou à cidade em 2016 sob forte fiscalização da prefeitura de Salvador - à época, o então prefeito de Salvador, ACM Neto, se disse contra o serviço, mas pregou cautela. Em abril daquele ano, a Câmara de Vereadores chegou a aprovar um projeto de Lei, proposto pelo vereador Alfredo Mangueira (PMDB), proibindo a atuação da plataforma.
Desde então, plataformas similares ganharam cada vez mais força, e se tornaram comuns na cidade. Estima-se que a capital e a Região Metropolitana de Salvador já contem com uma frota de aproximadamente 40 mil motoristas de aplicativo ativos. O número, inclusive, está bem acima do limite definido pela lei que regulamentou a atividade na cidade, aprovada pela Câmara de Salvador em 2019. De acordo com o PLE 258/18, o número máximo de motoristas que poderiam atuar nas vias da cidade era de 7.200, mesma quantidade de licenças de taxistas.
Ao longo dos últimos anos, a fila de carros na via interna da na Avenida Tenente Frederico Gustavo dos Santos apenas cresceu, e diversas barracas de alimentos, bebidas e até serviços se espalharam pela calçada. Porém, a ocupação nunca foi exatamente pacífica.
Motoristas criticam frequentemente as multas aplicadas pela Transalvador na região, que geraram protestos da categoria nos últimos anos. Além disso, as barracas instaladas em frente ao estacionamento também foram alvo de órgãos da prefeitura. Em 2023, por exemplo, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) e a Guarda Municipal retiraram as estruturas de ambulantes que não possuíam autorização dos órgãos municipais.
Em outubro do mesmo ano, o então vereador Átila do Congo, que foi eleito como representante da categoria, informou que tentou alugar o estacionamento desativado, mas que a proposta foi rejeitada pela Vinci, que já teria um projeto para o local. Procurada pelo Bahia Notícias, a Vinci explicou à época que não aceitou a proposta de aluguel porque "tem como premissa estabelecer contratos comerciais com pessoas jurídicas". "Mantemos um canal de diálogo constante com empresas de transporte por aplicativo em busca de viabilizar a melhoria contínua na experiência dos motoristas e passageiros", disse o grupo em nota.
Quem chega ao aeroporto de Salvador, em qualquer horário, logo vê uma longa fila de motoristas parados próximos a um estacionamento desativado localizado pouco antes do bambuzal que se tornou cartão postal da cidade. Se o espaço criado para carros está vazio, e os motoristas precisam de um local mais seguro e organizado, a solução parece fácil... Mas não é. Um impasse sobre o aluguel travou a solução óbvia.
O assunto voltou à tona durante uma entrevista com o vereador Átila do Congo (Patriota) ao programa Bahia Notícias no Ar, na Salvador FM, na última semana, quando o edil revelou que ele mesmo tentou pagar o estacionamento com verba do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo da Bahia (Simactter), mas não conseguiu avançar na negociação com a Vinci, concessionária que administra o Salvador Bahia Airport.
"Eu já tentei alugar aquele espaço, via sindicato. A Vinci disse que ia ocupar - e tem anos que não ocupa. [...] A empresa disse pra mim que teria utilidade e até hoje não tem", lamentou Átila.
O vereador citou como exemplo bolsões para os motoristas que já existem em outras capitais, como Brasília e São Paulo - espaços geridos pela própria Uber, primeira empresa do ramo a chegar ao Brasil.
Presidente do sindicato, ele contou ainda que, sem um acordo com a concessionária, iniciou conversas com o prefeito Bruno Reis e com o secretário de Mobilidade, Fabrizzio Muller, para desenvolver um projeto para aquela localidade e alocar os motoristas "com dignidade". "Aquele é um cartão postal negativo pra cidade. O turista chega e vê aquela situação".
Terreno de estacionamento desativado pertence à Vinci | Foto: Reprodução / Google Maps
PROJETO À VISTA, MAS SEM PRAZO
Procurada pelo Bahia Notícias, a Vinci explicou que não aceitou a proposta de aluguel porque "tem como premissa estabelecer contratos comerciais com pessoas jurídicas". "Mantemos um canal de diálogo constante com empresas de transporte por aplicativo em busca de viabilizar a melhoria contínua na experiência dos motoristas e passageiros", disse o grupo em nota.
Ainda ao site, a companhia confirmou que existe um projeto de uso para o estacionamento desativado, mas que a política interna "não permite dar mais detalhes de negociações em processo".
EXPERIÊNCIA EM OUTRAS CIDADES
Ao anunciar um novo estacionamento para os motoristas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a Uber prometeu acesso a 230 motoristas a um "local confortável, com banheiros, água, café, vending machines e apropriado para estacionar o seu carro e aguardar sua próxima viagem".
Menos de um ano depois, o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, também ganhou um espaço da empresa com 300 vagas com banheiros e sala de espera.
O BN procurou a Uber para questionar sobre a existência de um projeto similar na capital baiana, que este ano registrou a maior taxa média de ocupação em voos nacionais. Porém, até a publicação desta matéria, não houve resposta. A empresa também não respondeu se há alguma conversa com a Vinci nem se estuda alguma outra solução para o problema.
INSEGURANÇA E MULTAS
Além da dificuldade de locais gratuitos para estacionar próximo ao aeroporto, os motoristas de aplicativos questionam outros problemas que enfrentam diariamente. Temas como segurança são constantes. Não só há a preocupação com assaltos como, em pleno carnaval deste ano, um carro desgovernado atingiu o a fila, deixando um morto.
Acidente atingiu carros e deixou um morto | Foto: Reprodução / Redes Sociais
Críticas à atuação de órgãos da prefeitura também são comuns: em dezembro do ano passado, uma manifestação acusou a Transalvador de aplicar multas em quem estaciona no local. Já em julho deste ano, as barracas utilizadas como ponto de apoio para motoristas foram retiradas pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), por falta de licenciamento.
A Câmara Municipal de Salvador (CMS) aprovou o substitutivo ao projeto de lei enviado pelo Executivo que prevê a ampliação da idade máxima de veículos de taxistas e motoristas de aplicativo. Com a aprovação da matéria nesta quarta-feira (26), o texto agora vai para sanção do prefeito Bruno Reis (União).
Atualmente a idade máxima dos veículos permitidos a circular no transporte de passageiros em Salvador é de 8 anos. Agora, com a provável sanção de Bruno Reis, a idade máxima permitida deve chegar a 10 anos. O prazo para a implementação da flexibilização é de 48 meses.
Segundo a prefeitura, a intenção do projeto é mitigar os efeitos da pandemia, que influenciou no aumento substancial nos valores de automóveis.
A cabeleireira Amanda foi condenada a 63 anos e oito meses de reclusão, na noite desta quarta-feira (19), pelos assassinatos de quatro motoristas de aplicativo no ano de 2019, em Salvador. A condenação foi uma escolha majoritária do júri, formado por sete pessoas, sendo cinco mulheres e dois homens.
Amanda era acusada de 12 crimes: quatro homicídios, uma tentativa de homicídio, seis roubos e uma corrupção de menor, referente ao adolescente Estênio, que teria participado na ação criminosa contra os motoristas de aplicativo.
Durante o julgamento, Amanda se declarou inocente de 11 acusações, assumindo para si apenas um dos roubos de carro. Segundo ela, o traficante de drogas Jeferson seria o responsável pelas mortes e a teria coagido a ajudar nos roubos dos veículos.
“Eu não estou aqui para matar ninguém. Eu não sou assassino”, disse Amanda, usando o gênero masculino. “Eu não sou monstro. Eu não estava lá para tirar a vida de ninguém. Era simplesmente um roubo para quitar dívida”, lamentou. “Eu tenho convicção que não matei ninguém. Não fiz por espontânea vontade”, continuou a cabeleireira.
A defesa de Amanda alegou que a ré sofreu de transfobia no processo e era também vítima das ações do traficante de drogas Jeferson, que a coagiu a participar de crimes para pagar a dívida de R$ 5,5 mil que Murilo, marido da cabeleireira, possuía com ele.
“Como se coloca a foto de sete homens e de uma travesti e questiona quem é a travesti? Isso é reconhecimento? Isso é apontar o dedo para quem é culpado. Somente a foto de Amanda foi apresentada às testemunhas", criticou o defensor público Daniel Soeiro Freitas.
“Amanda foi coagida, induzida e não tinha escolha ao que Jeferson determinava. Todos que ali estavam sabiam que se opusessem morreriam. Morreria Murilo, morreria você (Amanda) do jeito cruel que Jeferson sabia fazer”, argumentou a defensora Flávia Apolônio.
Na madrugada do dia 13 de dezembro de 2019, cinco motoristas por aplicativo foram vítimas do crime: os falecidos Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias, além do sobrevivente Nivaldo dos Santos Vieira, que conseguiu fugir.
Como testemunha no julgamento de hoje, Nivaldo reconheceu Amanda como um dos agressores que o atacaram naquela madrugada. Segundo ele, a cabeleireira chegou a pular sobre ele enquanto o agredia.
“Você vai morrer hoje e eu vou morrer depois. A gente se encontra lá no inferno”, teria dito Amanda a Nivaldo, segundo o relato do próprio sobrevivente.
De acordo com a acusação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Amanda seria vinculada à organização criminosa chamada “Bonde do Maluco” e se juntou com o adolescente Estênio para a prática de um assalto na região da Estação Pirajá no dia 12 de dezembro de 2019. Na localidade de transbordo, os dois teriam roubado um aparelho celular, no qual foi realizada uma chamada no aplicativo “Uber”.
O motorista por aplicativo conhecido como Sávio foi rendido, levado a um barraco, espancado com um “barrote”, teve o pescoço amarrado com um fio de telefone e depois teria sido morto a tiros.
Em seguida, ainda segundo o MP-BA, o celular de Sávio teria sido usado por Amanda e Estênio para chamar um segundo motorista, desta vez pelo aplicativo “99 Pop”. O modus operandi teria se repetido, até a quinta vítima, que sobreviveu ao ataque.
Acusada de envolvimento nos assassinatos de quatro motoristas por aplicativo em Salvador no ano de 2019, a cabeleireira Amanda negou ter participado dos crimes que estão sendo julgados nesta quarta-feira (19), no Salão Principal do tribunal do júri do Fórum Ruy Barbosa.
“Eu não estou aqui para matar ninguém. Eu não sou assassino”, disse Amanda, usando o gênero masculino.
De acordo com a acusação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Amanda seria vinculada à organização criminosa chamada “Bonde do Maluco” e se juntou com o adolescente Estênio para a prática de um assalto na região da Estação Pirajá no dia 12 de dezembro de 2019. Na localidade de transbordo, os dois teriam roubado um aparelho celular, no qual foi realizada uma chamada no aplicativo “Uber”.
O motorista por aplicativo conhecido como Sávio foi rendido, levado a um barraco, espancado com um “barrote”, teve o pescoço amarrado com um fio de telefone e depois teria sido morto a tiros.
Em seguida, ainda segundo o MP-BA, o celular de Sávio teria sido usado por Amanda e Estênio para chamar um segundo motorista, desta vez pelo aplicativo “99 Pop”. O modus operandi teria se repetido, até a quinta vítima, que sobreviveu ao ataque.
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A VERSÃO DE AMANDA
A cabeleireira, porém, negou as acusações do MP-BA. Segundo Amanda, ela teria topado participar de crimes junto a Estênio e a uma outra travesti, identificada como Dominique, para o pagamento da dívida de R$ 5,5 mil que seu marido - Murilo, que estava preso - possuía junto a um traficante de drogas identificado como Jeferson.
Amanda garantiu que não esteve na Estação Pirajá no dia 12 de dezembro de 2019, encontrando Estênio apenas no dia seguinte. Amanda disse ter sido chamada por ele para sair da casa por volta das 4h30 da manhã do dia 13.
Conforme o depoimento de Amanda durante o julgamento, naquele momento, um carro por aplicativo já havia sido chamado e, quando eles entraram no carro, Estênio teria puxado a arma e apontado para o motorista, identificado como Anderson, que depois teria sido liberado pelo adolescente.
“Estênio era, digamos assim, compulsivo por dinheiro, gostava de dinheiro, gostava de farra. Quanto mais ele gastava, mais ele queria”, afirmou a cabeleireira, reconhecendo que sabia que Estênio já havia cometido outros crimes.
Ainda segundo o depoimento da acusada, ao saber da liberação de Anderson, Jeferson teria agredido a ela e a Estênio. Em seguida, o traficante chamou Dominique e um outro homem, determinando que os quatro fizessem uma nova chamada de carro por aplicativo, para um novo assalto.
“Eu não me recordo quem foi o motorista. Estênio que fez a chamada”, disse Amanda, negando se lembrar da vítima sobrevivente, identificada como Nivaldo. “A gente ficou aguardando, o carro entrou dentro da localidade. Nós entramos no carro, Estênio foi na frente e eu no fundo, e levamos ele até o campo”, relatou a cabeleireira.
Amanda confirmou que ela e Estênio portavam armas de fogo neste momento, mas negou que eles tivessem agredido o motorista. Após a dupla armada render a vítima, Jeferson apareceu e levou Nivaldo para o barraco, enquanto os dois faziam uma vistoria no carro.
Ao chegar no barraco, Amanda conta que encontrou cinco pessoas: Jeferson, uma mulher trans e outros três. “Jeferson que recebia (os motoristas) junto com outros dois rapazes”, contou.
Na versão da cabeleireira, Jeferson teria obrigado Estênio a agredir o motorista. Ao ouvir a recusa, o traficante agrediu o adolescente. Amanda afirma ter deixado o local neste momento, negando ter agredido Nivaldo. “Agressão? Eu que fui agredido por Jeferson e os outros rapazes”, declarou a travesti.
Ainda segundo o depoimento da cabeleireira, Estênio teria se recusado a ir embora junto a ela e acabou sendo assassinado por Jeferson. Amanda diz não saber que o adolescente era menor de idade. “Estênio tinha vida de adulto. Ele fazia programas. Ele tinha um corpo de adulto”, disse.
Ao deixar o local do crime, Amanda teria ido para a casa de um outro homem, na localidade Paz e Vida, na companhia de Dominique. Depois que saiu de lá, foi para a casa de uma outra pessoa no bairro da Mata Escura. Ao ter conhecimento das acusações contra si, ela teria procurado a delegacia por conta própria.
“Eu fui por minha espontânea vontade até a delegacia”. “O tempo todo, o delegado Altair Carneiro querendo que eu assumisse uma coisa que eu não fiz”, acusou, apontando ter sido coagida pelos policiais a se incriminar.
A perícia em Amanda, que está presa desde então, só teria sido realizada no dia 27 de janeiro, mais de um mês após os crimes. No presídio da Mata Escura, onde está no momento, ela diz ter sofrido agressões de agentes penitenciários e de outros internos. Lá, teria contraído o vírus HIV. “Fui abusada sexualmente diversas vezes”, contou, afirmando que só dorme com ajuda de medicamentos.
“Eu não sou monstro. Eu não estava lá para tirar a vida de ninguém. Era simplesmente um roubo para quitar dívida”, lamentou. “Eu tenho convicção que não matei ninguém. Não fiz por espontânea vontade”, concluiu.
“Eles sentiam prazer no que estavam fazendo”, diz único sobrevivente da chacina de motoristas de app
O único sobrevivente da chacina de motoristas de app, que ocorreu na madrugada de 13 de dezembro de 2019, por volta das 4h, na localidade conhecida como “Paz e Vida”, na entrada do bairro de Santo Inácio, em Salvador, Nivaldo Santos Vieira, detalhou os momentos de pânico vividos por ele, que teve uma arma colocada no olho e outra na orelha.
Durante o seu depoimento, no júri que acontece no Fórum Ruy Barbosa, na capital baiana, nesta quarta-feira (19), ele disse recebeu a chamada no aplicativo por volta das 5h30 e que foi levado pelos suspeitos para um corredor de barracos, onde observou que já tinha marcas de sangue e roupas jogadas, o que o fez pensar em cativeiro. “Eu tenho certeza que morreu mais gente ali”, contou.
Nivaldo ainda detalhou o momento em que foi encaminhado para a segunda casa pelos cinco acusados, sendo que foi agredido por 4 acusados, apenas Jel, apelido de Jefferson, não bateu: “mandava em tudo ali”.
De acordo com ele, no segundo barraco estava Alisson amarrado (com cabo de rede de internet, nas mãos e pés) e amordaçado, e ao lado dele tinha um corpo com um saco na cabeça. A pessoa morta era um motorista, de nome Sávio.
No seu relato, Nivaldo ainda falou que após Jeferson, apontado como líder por Nivaldo, pedir o dinheiro que ele tinha conseguido no dia, os sete reais, Amanda ficou pulando no corpo de Nivaldo, agredindo. Com isso, o cabo de rede que prendia suas mãos afrouxaram. Não contente com a cena, Amanda olhou para o sobrevivente e falou: “Você vai morrer hoje e eu vou morrer depois. A gente se encontra lá no inferno”.
Nivaldo ainda levou uma pancada de facão no ouvido direito dada por um rapaz que ele identifica como “baixinho”. Depois disso, enquanto ele orava o salmo 121, deixaram uma pistola em cima da geladeira, Genivaldo pegou e Nivaldo se jogou na mata conseguindo fugir. “Poca, poca, poca”, diziam os acusados.
Quando chegou ao final da mata, Nivaldo notou que era uma empresa e pediu socorro. “A ficha do segurança só caiu quando ele ouviu os tiros”, afirmou Nivaldo.
Nivaldo ainda disse que não tinha costume de rodar durante a madrugada. “Como era final de semana, uma sexta-feira, eu decidi rodar. Como eu não tinha nada em casa, de comer, 20 reais e o carro sem gasolina, eu fui rodar. Apareceu uma chamada boa para Camaçari e aí eu neguei, porque o pagamento era em cartão e eu precisava do dinheiro”, lembrou.
Para o sobrevivente, “eles sentiam prazer no que estavam fazendo” e “riam muito a todo momento”.
Quando questionado pela defesa se Amanda estava no momento em que conseguiu fugir, Nivaldo afirmou que ela tinha saído para buscar outro motorista e que no momento estavam apenas o rapaz com manchas no rosto e o baixinho “Nonon”.
Junto com comparsas, Amanda é acusada de ter montado uma emboscada e simular chamadas em aplicativos de viagem para atrair motoristas até o bairro. Ao chegarem, as vítimas foram espancadas e torturadas até a morte. Os quatro motoristas assassinados foram identificados como Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. O quinto motorista, Nivaldo dos Santos Vieira, conseguiu fugir e sobreviveu à chacina.
Uma das cinco testemunhas de acusação e a única testemunha de defesa não compareceram ao julgamento da travesti Amanda, acusada de envolvimento na morte de quatro motoristas de aplicativo de Salvador em 2019. O 2° Juízo da 2ª Vara do Júri do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) ocorre nesta quarta-feira (19) no Fórum Ruy Barbosa, localizado no Campo da Pólvora, Centro da capital baiana.
A testemunha de defesa, Uelinton B., não foi ao local do julgamento e nem foi localizada. No caso das testemunhas de acusação, apenas Daniel C. não compareceu. Ana C., Joelma M. Franciane F. e o sobrevivente Nivaldo dos Santos Vieira já testemunharam.
Para o turno vespertino, o julgamento saiu do Segundo Salão do Júri - onde esteve durante a manhã - para o Salão Principal do Fórum Ruy Barbosa.
LEMBRE O CASO
Na madrugada de 13 de dezembro de 2019, por volta das 4h, quatro motoristas de aplicativo foram mortos na localidade conhecida como ‘Paz e Vida’, na entrada do bairro da Santo Inácio, na capital baiana.
Junto com comparsas, Amanda é acusada de ter montado uma emboscada e simular chamadas em aplicativos de viagem para atrair motoristas até o bairro. Ao chegarem, as vítimas foram espancadas e torturadas até a morte. Os quatro motoristas assassinados foram identificados como Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. O quinto motorista, Nivaldo dos Santos Vieira, conseguiu fugir e sobreviveu à chacina.
A motivação do crime, conforme constam nos autos do processo, seria vingança, já que na noite anterior, diversos motoristas teriam se recusado a entrar na localidade, no bairro Santo Inácio, alegando falta de segurança. A recusa das viagens teria impedido o atendimento médico da mãe de um traficante da região, apontado como mandante e um dos autores dos crimes. Às vítimas, os acusados disseram fazer parte de facção criminosa conhecida como Bonde do Maluco.
Um relacionamento tranquilo que já durava nove meses. Foi assim que a namorada de Alisson Silva Damasceno, uma das vítimas da chacina de motoristas por aplicativo em 2019, em Salvador, classificou a relação dos dois. Ela é uma das testemunhas de acusação no júri da travesti Amanda, acusada de envolvimento no crime. O júri acontece no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, e teve início às 8h desta quarta-feira (19).
Durante seu depoimento, Joelma relatou que Alisson estava desempregado antes de rodar através do aplicativo Uber. Após ser demitido do mercado em que trabalhava, ele conseguiu alugar um carro para atender corridas de transporte de passageiros através da plataforma. Ainda conforme a testemunha, o namorado trabalhava entre 8h e 18h. "O nosso combinado foi ele não rodar à noite, só de dia", disse.
De acordo com o relato, na noite do crime, Alisson teria buscado ela no trabalho e o casal foi para o Dique do Tororó comer pizza. Na ocasião, os dois teriam acordado que Alisson iria para a casa dos pais, na Bonocô, e na manhã seguinte voltaria para o apartamento dela no Orixás Center. Joelma conta que por volta das 6h15 viu uma mensagem que Alisson havia deixado, às 1h55, e dizia: "Amor, vou começar a rodar porque a cama fica vazia sem você". A testemunha conta, ainda, que questionou o horário e pediu para o namorado tomar cuidado.
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Joelma trabalha como cuidadora de uma criança com deficiência e ficou sabendo do caso pela TV, quando a câmera deu zoo na placa do carro de Alisson, um automóvel de cor vermelha. "Soube que tinha um sobrevivente e eu achava que o sobrevivente era ele", disse.
Durante o depoimento, ela também relatou que ele estava fazendo um curso para polícia e planejando casamento.
RELEMBRE O CASO
Na madrugada de 13 de dezembro de 2019, por volta das 4h, quatro motoristas de aplicativo foram mortos na localidade conhecida como ‘Paz e Vida’, na entrada do bairro da Santo Inácio, na capital baiana.
Junto com comparsas, Amanda é acusada de ter montado uma emboscada e simular chamadas em aplicativos de viagem para atrair motoristas até o bairro. Ao chegarem, as vítimas foram espancadas e torturadas até a morte. Os quatro motoristas assassinados foram identificados como Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. O quinto motorista, Nivaldo dos Santos Vieira, conseguiu fugir e sobreviveu à chacina.
A motivação do crime, conforme constam nos autos do processo, seria vingança, já que na noite anterior, diversos motoristas teriam se recusado a entrar na localidade, no bairro Santo Inácio, alegando falta de segurança. A recusa das viagens teria impedido o atendimento médico da mãe de um traficante da região, apontado como mandante e um dos autores dos crimes.
O júri da travesti Amanda, acusada de envolvimento na morte de quatro motoristas de aplicativo em Salvador em 2019, terá cinco testemunhas de acusação. Entre eles, Nivaldo dos Santos Vieira, único sobrevivente do caso, que também entra como vítima no processo. Além disso, o julgamento terá uma testemunha de defesa.
A sessão do tribunal do júri ocorre no Fórum Ruy Barbosa, no Largo Campo da Pólvora, nesta quarta-feira (19), e o Bahia Notícias acompanha em tempo real o julgamento que teve início às 8h. A previsão é que a sessão entre pela tarde. De acordo com a lei, 50 jurados devem ser escolhidos mas para o caso 100 pessoas foram selecionadas. Do número, 29 estão nas dependências do Fórum e apenas sete nomes serão sorteados para compor o júri.
LEMBRE O CASO
Na madrugada de 13 de dezembro de 2019, por volta das 4h, quatro motoristas de aplicativo foram mortos na localidade conhecida como ‘Paz e Vida’, na entrada do bairro da Santo Inácio, na capital baiana.
Junto com comparsas, Amanda é acusada de ter montado uma emboscada e simular chamadas em aplicativos de viagem para atrair motoristas até o bairro. Ao chegarem, as vítimas foram espancadas e torturadas até a morte. Os quatro motoristas assassinados foram identificados como Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. O quinto motorista, Nivaldo dos Santos Vieira, conseguiu fugir e sobreviveu à chacina.
A motivação do crime, conforme constam nos autos do processo, seria vingança, já que na noite anterior, diversos motoristas teriam se recusado a entrar na localidade, no bairro Santo Inácio, alegando falta de segurança. A recusa das viagens teria impedido o atendimento médico da mãe de um traficante da região, apontado como mandante e um dos autores dos crimes. Às vítimas, os acusados disseram fazer parte de facção criminosa conhecida como Bonde do Maluco.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.