O Efeito Borboleta das urnas: cinco eleições para observamos em 2026
Em 2025, eleitores em cerca de 70 países foram às urnas, com alguns resultados previsíveis, como a reeleição de Daniel Noboa no Equador e a vitória do CDU de Friedrich Merz na Alemanha. Outros resultados, no entanto, surpreenderam, como a vitória esmagadora de Anthony Albanese na Austrália e a derrota inesperada dos conservadores no Canadá, em meio a Trump dizendo que transformaria o vizinho de cima no 51o estado americano.
O calendário eleitoral que se aproxima, em 2026, trará um mix interessante de possíveis certezas, como Rússia, e cenários incertos, como no Sudão do Sul. Não é apenas uma eleição, é o futuro da União Europeia, a estabilidade da América do Sul ou o equilíbrio de forças global. Vamos listar cinco eleições para ficar de olho no próximo ano.
1. Eleições legislativas na Hungria - 12 de abril
Considerado o laboratório da extrema-direita na Europa - e no mundo -, a Hungria se prepara para testar novamente a força do partido de seu premiê Viktor Orban, que há 15 anos vem aparelhando a Justiça, amordaçando a imprensa e cassando direitos das minorias. No entanto, em 2026 um partido de oposição tem ganhado tração em Budapeste.
2. Eleição presidencial da Colômbia - 31 de maio
A Colômbia testará se a recente guinada à direita na América Latina continua. O atual presidente Gustavo Petro não pode disputar a reeleição e termina o mandato enfraquecido por escândalos e dificuldades para implementar o acordo de paz de 2016 com as FARC. A violência política ainda foi agravada pelo assassinato do senador de oposição Miguel Uribe, um dos favoritos à presidente em 2026.
3. Eleição geral na Suécia - 13 de setembro
Prestes a entrar na OTAN (a aliança militar EUA-Europa), este é o único assunto que é consenso entre governo e oposição e não deve entrar no debate. No entanto, todo o resto está na mesa e as eleições devem medir a força do populismo e o impacto de campanhas de influência externa, sob um governo de centro-direita, que tem sido pressionado pelo tema da imigração.
4. Eleição presidencial no Brasil - 4 de outubro
O Brasil ilustra o fenômeno da polarização e da tensão institucional que se repete em outras latitudes. O país chega a 2026 mergulhado em uma atmosfera de campanha permanente, em que a queda de braço constante entre os Três Poderes deve se manter. Bolsonaro não pode concorrer e o futuro da direita está em jogo. Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas despontam como possíveis nomes, mas tudo ainda é incerto, ao passo que a direita ainda tenta entender se quer pragmatismo ou ressentimento. Lula segue como favorito, mas mostra sinais de cansaço e o eleitorado pede renovação.
5. Eleições de meio de mandato nos EUA - 3 de novembro
As midterms, quando parte do Senado e toda a Câmara é renovada, funciona como termômetro da presidência. Temendo perdas, Trump tem inclusive pressionado estados republicanos a redesenhar seus distritos eleitorais, na tentativa de conquistar mais deputados. Bom, se retomarem uma ou ambas as Casas do Congresso, a polarização em Washington tende a se aprofundar com 2028 já no horizonte.
Ou seja, em um mundo hiperconectado, as fronteiras são porosas para ideologias e capitais. Acompanhar o movimento das urnas em diferentes continentes pelo mundo se torna uma necessidade para compreender os rumos do próprio Brasil. O impacto dessas mudanças atravessa o Atlântico de duas formas principais: como modelo de gestão política e como vetor econômico.
Estratégias de comunicação digital e até discursos de polarização são "importados" e adaptados ao contexto brasileiro quase em tempo real. Portanto, 2026 não será apenas o ano em que o brasileiro escolherá seu próximo presidente, mas o momento em que o país descobrirá se navegará a favor ou contra uma maré global de transformações.
*Vitor Evangelista é jornalista e escreve sobre geopolítica e wellness no Espresso News
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
