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Leitos Covid junto da Climério de Oliveira preocupam comunidade da maternidade

Por Mauricio Leiro / Ailma Teixeira

Leitos Covid junto da Climério de Oliveira preocupam comunidade da maternidade
Foto: Divulgação

Com a confirmação da implantação e abertura de 10 leitos de UTI-COVID no Hospital Salvador (reveja aqui), funcionários e ex-alunos que trabalharam na Maternidade Climério de Oliveira, atualmente dentro do Hospital Salvador, se uniram para tentar sensibilizar o prefeito ACM Neto a retirar os leitos do local que divide espaço com UTI's neonatais.

 

Um abaixo-assinado foi criado por Juliana Travassos, médica e ex-aluna da Universidade Federal da Bahia, e já conta com cerca de 1.700 assinaturas para tentar direcionar os pacientes com a Covid-19 para unidades preparadas para a doença. Até esta sexta-feira (17), foram contabilizados 7 leitos de UTI-Covid ocupados no Hospital Salvador, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.

 

"A Universidade Federal apenas quis defender vidas. Independente de a Maternidade Climério de Oliveira estar temporariamente fora da sua sede, não se pode negligenciar os riscos criados com essa situação", disse a médica, que também é acompanhada por um grupo de funcionários da maternidade que relatou a dificuldade e o perigo com a chegada dos leitos Covid. 

 

O grupo reitera as condições precárias encontradas no hospital que funciona de forma provisória no local. "Para se ter ideia, só há dois elevadores. Os mesmos quebram diariamente, ao longo de um dia às vezes ocorrem de 10 a 15 quedas de energia. Sofremos com teto despencando, infiltrações e só no último ano dois episódios de infestação por Aedes aegypti, que costumam forçar a interrupção temporária de nossas atividades. Nosso funcionamento improvisado ocorre da seguinte forma: o pré-parto, que recebe as pacientes, fica no subsolo da unidade, enquanto que as salas cirúrgicas - para pacientes que precisam de parto cesáreo ou de procedimento cirúrgico qualquer, incluindo cirurgias de emergência - ficam no sétimo andar. Desse modo, dois elevadores funcionando normalmente são fundamentais para a MCO manter-se, aos trancos e barrancos, funcionando", diz o grupo.

 

"Mas qual foi o planejamento (que já está em execução) da prefeitura? Instalar uma UTI Covid Adulto num andar exatamente em frente à UTI Neonatal improvisada da MCO, separadas apenas por uma divisória móvel; instalar um necrotério Covid ao lado do pré-parto improvisado da MCO; determinar que um elevador sirva à MCO e um à unidade Covid Adulto da prefeitura. Se um dos elevadores quebrar, o que ocorre diariamente, o que será feito?", questiona.

 

O grupo de funcionário reforçou que é impossível proteger profissionais e pacientes vulneráveis (gestantes). Além disso, segundo o International Journal of Gynecology and Obstetrics, a grande maioria das grávidas mortas por Covid-19 em todo o mundo é brasileira, com 160 mortes contabilizadas entre o início da epidemia e 18 de junho, sendo que 124 ocorreram no Brasil.

 

"Nossos profissionais já estão expostos a Covid, como em qualquer unidade do Brasil e do mundo no momento. E estávamos nos organizando para essa exposição, que agora será elevada a enésima potência", analisa um dos funcionários da Climério ao Bahia Notícias. 

 

O grupo ainda cobrou respostas sobre a reforma do prédio da sede que fica em Nazaré, que já dura três anos, apesar de sido planejada para ser finalizada em 8 meses, sendo iniciada em 2017. "O governo federal, a EBSERH - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares-, ou quem quer que seja responsável pela reforma, precisa responder sobre isso", disseram.

 

Entre as autoridades procuradas pelo Bahia Notícias, o Conselho Regional de Medicina da Bahia, através do diretor do Departamento de Fiscalização do órgão, Otávio Marambaia, revelou que está atento as manifestações públicas sobre a instalação dos leitos no hospital e que "em princípio não representa nenhum perigo se todas as medidas e os cuidados de fluxo e acessos forem tomados".

 

Além disso, o conselho faz visitas nos hospitais e tem programada uma fiscalização no Hospital Salvador, sem revelar data específica. 

 

Já a Secretaria de Saúde da Bahia disse que o tema da Maternidade Climério de Oliveira é de competência da Secretaria Municipal de Saúde. Por sua vez a Secretaria Municipal de Saúde pontou que seria necessário buscar "esclarecimentos da dinâmica de funcionamento" da maternidade com o próprio hospital. 

 

Procurada pelo BN, a maternidade revelou que a petição "trata-se de uma iniciativa de estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia que realizaram o internato na Maternidade Climério de Oliveira (MCO-UFBA), não se tratando, portanto, de uma iniciativa da instituição".

 

Sobre a instalação dos leitos UTI de Covid-19 no Hospital Salvador, em ambiente compartilhado com a Maternidade Climério de Oliveira, disse que a questão "segue tramitando no Tribunal Regional Federal da 1ª Região".

 

ENTENDA O CASO
Os leitos do Hospital Salvador começaram a ser tema quando o prefeito ACM Neto (DEM) criticou o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, por ingressar na Justiça para impedir que pacientes diagnosticados com Covid-19 sejam encaminhados pela gestão municipal ao Hospital Salvador (reveja aqui).

 

A Sesab também se mostrou contrária a decisão do reitor da Ufba de judicializar a questão e se manifestou através do secretário Fábio Vilas-Boas que chegou a dizer que Salles 'se esforça para atrapalhar' quem trabalha para abrir leitos de UTI (relembre aqui). 

 

O embate judicial entre a Universidade Federal da Bahia e o Município de Salvador é de longa data, perdurando durante todo o mês de junho (reveja a disputa).