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Fernando Duarte
Jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia. Trabalhou nos jornais Tribuna da Bahia e A Tarde, além do site Bahia Todo Dia e nas rádios Tudo FM e Vida FM, além de ter apresentado o programa "Isso é Bahia", uma parceria entre o Bahia Notícias e o Grupo A Tarde, na rádio A Tarde FM. É colunista político e comanda o podcast "Projeto Prisma".
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A delegada Zaira Pimentel, da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), confirmou, nesta terça-feira (5), que o homem de 19 anos ouvido na última semana no caso da morte do dentista Lucas Maia não é o mesmo que aparece nas imagens de câmeras de segurança divulgadas do suspeito. A Polícia Civil convocou a imprensa após a TV Bahia indicar que apresentaria novas informações sobre o crime.
“Ficou constatado que não se tratava da pessoa que estava com o Lucas naquele dia. Foram outros elementos de prova que me convenceu, juntamente com a equipe, que não se tratava da mesma pessoa”, detalhou Pimentel. Segundo a delegada, já foram ouvidas 21 pessoas no curso do inquérito, que é mantido em sigilo.
“Eu gostaria de destacar que a Polícia Civil não forneceu cópias do inquérito e nenhum tipo de imagem para nenhum veículo de comunicação. A polícia está tomando todo o cuidado para que seja mantido todo o sigilo”, afirmou a representante da Polícia Civil, em tom irritado.
RELEMBRE O CASO
O dentista Lucas Maia foi encontrado morto no próprio apartamento, localizado em um prédio de luxo na Avenida Garibaldi, no último dia 25 de novembro. Após ficar sem notícias por dois dias, um amigo usou a cópia da chave da diarista para entrar no imóvel e encontrou Maia sem vida. O cachorro da vítima estava preso na varanda do apartamento.
Na última quinta (30), um suspeito foi ouvido e liberado pela Polícia Civil. Trata-se do homem que a delegada confirmou não ser o mesmo que aparece nas imagens de câmeras de segurança e apontado como principal suspeito do crime.
Segundo a delegada Zaira Pimental, ainda não é possível confirmar a motivação da morte, que é investigada como homicídio e não latrocínio - a linha de investigação é que, após a morte do dentista, o suspeito teria subtraído bens. “É muito cedo para determinar a motivação”, ressaltou Pimental.
Era final de setembro quando começaram a circular os rumores de que o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) teria obtido o aval dos cardeais Jaques Wagner e Rui Costa para ser candidato a prefeito de Salvador e que caberia ao governador Jerônimo Rodrigues anunciar. De lá pra cá, o grupo político só não rachou porque há muitos interesses em jogo, mas o nome do emedebista quase subiu no telhado. E, até aqui, não há um prazo para definir como a oposição vai entrar na disputa pela capital baiana no próximo ano.
No PT, há quem defenda ferrenhamente o nome de Robinson Almeida como candidato único do grupo. Apostam no número do partido e na associação com Lula para, se não vencer a disputa pela prefeitura, conseguir manter a bancada de vereadores. É difícil, inclusive, achar um petista que tente argumentar que é melhor para a oposição apostar em um nome como Geraldo Jr. para representá-los em Salvador. No máximo, negociar com o PCdoB ou o PSB para que a esquerda ainda se sinta presente nas urnas.
Há tempo suficiente se espera que Jerônimo tome as rédeas desse debate não apenas nos bastidores, mas também publicamente. De semana em semana, o governador empurra com a barriga e, a cada questionamento, adia qualquer anúncio ou entendimento. Os impacientes já ironizam e brincam que o candidato será apresentado após o Carnaval, quando o ano político começa formalmente na Bahia. Onze em cada 10 personagens ouvidos avaliam que, dificilmente, essa decisão sai antes do final de 2023, então se percebe o otimismo do entorno.
Robinson é um candidato pesado e, até quem está lado a lado com ele, admite que dificilmente ele emplacaria com competitividade. O grande trunfo dele é ser o único nome que o PT efetivamente colocou para o debate. E, convenhamos, o PT é o único com musculatura suficiente para “bancar” e fazer com que os aliados engulam a seco essa “imposição” democrática. Foi assim em outras oportunidades e pode ser assim outra vez.
Um aliado de primeira hora de Robinson garante que não haverá recuo e que a candidatura dele vai até o fim. Essas vozes tentam ecoar o que aconteceu com Jerônimo, que venceu mesmo sendo apresentado em março do ano eleitoral e sem ter sido testado nas urnas. Quase que acreditar que um raio cai duas vezes num único lugar - e na sequência.
Esses argumentos emparedam Geraldo Jr., que teria que lutar não apenas contra Bruno Reis e a máquina da prefeitura, mas também com o fogo amigo - que dispõe de armas tanto quanto os adversários contra ele. Como parte dos petistas entende que a sigla pode atingir a mesma marca de Jerônimo na capital em 2022, cerca de 35%, o emedebista não estaria lá muito próximo de ameaçar superar a candidatura petista.
São essas falas que tentam se sobrepujar às demais para garantir o PT e só ele à frente da chapa majoritária na capital baiana. “Se fosse Geraldo Jr. o nome a ser apresentado pelo governador, isso já teria sido feito”, asseguram esses interlocutores. Faz sentido. E Jerônimo dá todos os sinais de que eles estão certos. Só não sabemos até quando o comandante desse navio deixará o timão tão solto.
A Câmara deve apreciar, nesta terça-feira (28), as mudanças nos regimes de cobrança do IPTU e do ITIV de Salvador anunciadas pelo prefeito Bruno Reis no último dia 22. As matérias devem tramitar em regime de urgência e as discussões prévias aconteceram nos bastidores, tanto que não foi possível identificar os projetos no sistema interno do Legislativo.
Um força-tarefa foi montada nesta segunda (22) envolvendo o prefeito, o secretário de Governo, Cacá Leão, e o presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB). O objetivo, segundo interlocutores, é que o pacote de medidas que beneficiam o setor imobiliário passe sem grandes percalços, aproveitando a base de Bruno no Legislativo soteropolitano.
Antes, porém, a gestão municipal procurou dialogar especialmente com o vereador Edvaldo Brito (PSD), considerado uma das referências em Direito Tributário do Brasil. Com o aval de Brito, a oposição ficaria acuada e sem argumentos para tentar barrar a aprovação dos textos, que incluem remissões e isenções fiscais para investimentos imobiliários, com destaque maior à área do Centro Histórico da capital baiana.
Caso aprovado, o pacote estará entre as matérias apreciadas em tempo recorde durante a gestão de Muniz na Câmara de Salvador. No anúncio do pacote, Bruno tratou o tema como prioritário para gerar emprego e renda em Salvador. No evento, de uma incorporadora imobiliária, o prefeito foi tratado como um grande incentivar do mercado.
A indicação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF) não chega a ser uma surpresa. O ex-governador do Maranhão e senador licenciado era cotado desde que Ricardo Lewandowski se aposentou em abril e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou o advogado Cristiano Zanin para a vaga. Ex-juiz federal, Dino tem estatura política para estar na Corte e, comparado a outras opções de Lula e de Jair Bolsonaro no passado, também possui arcabouço jurídico para tomar posse. No entanto, essa indicação escancara exatamente a vertente política do Judiciário, algo que a nossa sociedade insiste em negar ou evita debater.
Havia muita expectativa em torno da possibilidade de Lula indicar uma mulher e uma pressão grande para que fosse uma mulher negra. O presidente já tinha dado indicativos que não cederia a pedidos externos e que emplacaria quem quisesse tanto no STF quanto na Procuradoria-Geral da República - a indicação de Paulo Gonet segue a mesma lógica. Dino era uma opção de primeira hora e faz jus ao que Lula dava indícios: preferia ter alguém mais umbilicalmente ligado a ele na Suprema Corte do que uma ilustre desconhecida das relações pessoais com o núcleo principal do Palácio do Planalto. Às cucuias qualquer tentativa de ampliar a representatividade de mulheres no STF. Como Dino se autoclara pardo, pelo menos o critério "negritude" para representatividade está apresentado.
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Ainda falta a sabatina no Senado Federal, mas, o fato dele ter uma cadeira na Casa, facilita a articulação de Dino. Ele deve passar sem sobressaltos e até mesmo os bolsonaristas menos ideológicos vão aprová-lo, dado o espírito de corpo tão presente no parlamento. Tal qual todos os últimos indicados, a sabatina é protocolar e deve acontecer antes do recesso, porém após uma semana de “folga”, com a viagem das principais figuras da República para um périplo no Oriente Médio e para a COP28.
De longe, Lula vai acompanhar uma eventual repercussão negativa da indicação de Dino, frente as objeções e aos pedidos para que a vaga deixada por Rosa Weber fosse ocupada por uma pessoa com um perfil semelhante ao da agora ministra aposentada. A comitiva presidencial, inclusive, levou boa parte dos figurões que poderiam ser pressionados sobre o tema. Por isso a escolha do anúncio, pouco antes do embarque, foi providencial e bem pensada.
Com Dino no STF, a Corte deve ser mais politizada ainda. Suposta guardiã da Constituição Federal e das leis brasileiras, a Suprema Corte sempre foi política. Entretanto, há um esforço que ultrapassa gerações para que isso não seja tema de debate. Como ex-deputado federal, ex-governador e quase ex-senador, o maranhense Flávio Dino será o primeiro nos últimos anos a chegar ao STF com o “estigma” de ter ocupado um cargo eletivo. E poderá fazer mais às claras a política interna e externa da Corte. Pelo menos, é uma expectativa possível a partir do retorno dele para a toga do Judiciário.
A musculatura política de Flávio Dino aumenta a pressão também por certo grau de imparcialidade no julgamento de ações e processos que envolvam aliados que, até aqui, foram parceiros de batalha. Como já foi observado que nem sempre os indicados seguem à risca a cartilha de quem os colocou no STF (vide Dias Tóffoli e Lula e até André Mendonça com o bolsonarismo), Dino terá o desafio extra de se desvencilhar no paletó da política partidária.
Quando Flávio Dino vestirá efetivamente a toga não depende apenas da sabatina do Senado, mas também da própria transição para o cargo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria convidado Ricardo Lewandowski, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), para comandar o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Atual titular da pasta, Flávio Dino deve ser indicado por Lula justamente para uma vaga no STF. As informações não foram confirmadas publicamente pelos envolvidos, mas circulam nos bastidores de maneira velada entre aliados do Palácio do Planalto.
Lewandowski deixou o STF em abril de 2023 depois de 17 anos na Corte. Para o lugar dele, foi indicado Cristiano Zanin, que tomou posse no último mês de agosto. Além do ex-ministro, também são citados em Brasília para ocupar a vaga de Dino no primeiro escalão nomes como Simone Tebet, atual ministra do Planejamento, e Jorge Messias - este último também “disputava” a indicação ao STF e atual titular da Advocacia-Geral da União (AGU).
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O ex-ministro do STF integra a comitiva presidencial que embarca na tarde desta segunda-feira (27) para um périplo no Oriente Médio, incluindo a participação na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), que acontece em Dubai.
Caso seja confirmada a indicação, Lewandowski será o primeiro ex-membro do STF a ocupar um posto no primeiro escalão do governo federal no passado recente. O último registro de um ato similar foi do próprio Lula, quando indicou o ministro aposentado Nelson Jobim para ocupar o Ministério da Defesa em 2007.
O Progressistas reúne algumas idiossincrasias típicas do sistema político brasileiro. A principal e que tem eco em diversos membros da sigla é a existência justificada para dar "governabilidade" a quem está no poder. É impressionante, por exemplo, a velocidade com que alguns membros da legenda no Congresso Nacional tenham deixado de apoiar Jair Bolsonaro após a eleição e migraram esse apoio para Luiz Inácio Lula da Silva. Aqui na Bahia, o PP consegue ser governo e oposição ao governo de Jerônimo Rodrigues e estar fincado na gestão de Bruno Reis em Salvador.
Não é fácil de entender, principalmente por ser difícil explicar. Um dos expoentes do partido, Cacá Leão, é secretário de governo da capital baiana, depois de integrar a chapa majoritária do candidato derrotado ao governo da Bahia. Enquanto isso, os deputados estaduais migraram quase que instantaneamente para a base de apoio vencedora. E olha que essa bancada está dividida: uma parte deve permanecer no Progressistas e a outra deve ir para o Avante na primeira janela partidária disponível. Ainda assim, eles chegaram ao consenso que não dá pra sobreviver sendo oposição. Então há de um lado Cacá e João Leão (este último quase persona non grata no petismo baiano) e do outro os deputados estaduais que nunca esconderam a predileção pelo petismo na Bahia.
O presidente estadual e deputado federal Mário Negromonte Jr. é o responsável por equilibrar essa equação, apesar de indicar a preferência por estar ao lado do PT na Bahia. Tanto que, de vez em nunca, ele dá uma declaração um pouco mais provocativa contra Bruno Reis, numa tentativa de ampliar o espaço do partido na prefeitura de Salvador - a maioria das vagas pertence a Cacá e, por isso, existe esse tensionamento. A sigla então se prepara para 2024, quando o prazo de desincompatibilização deve provocar uma rearrumação de forças, seguido por um provável segundo mandato de Bruno.
O Progressistas então "come pelas beiradas". Mordisca a prefeitura e também vai negociando espaços no governo baiano. O principal artífice dessas conversas é o deputado estadual Niltinho, que ganhou um assento no conselho político do governo Jerônimo, ao tempo em que já anunciou que vai apoiar o candidato do governador em Salvador - que nunca será Bruno Reis. Ou seja, o PP deve apoiar a reeleição do prefeito e um dos líderes da legenda na Assembleia não quer conta: vai estar com o outro lado.
Apesar de parecer "rachado", dificilmente se vê uma briga ruidosa entre eles. E olha que ainda existe uma terceira força dentro da legenda, com Cláudio Cajado empenhado em ser cavaleiro de Ciro Nogueira, um falso bolsonarista que ainda não abandonou o barco. O Progressistas faz aquilo que nasceu pra fazer: dar governabilidade. Algo que faz com muita qualidade se comparada a outras siglas que integram o chamado "centrão". Pode-se até discordar das ações, mas não dá pra negar a competência deles em transitar em todas as esferas de poder.
Um grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo. Calma, não voltamos ao momento em que Romero Jucá propôs a ascensão de Michel Temer (MDB) ao Palácio do Planalto e defenestrou Dilma Rousseff através de um impeachment questionável. A expressão cabe dentro da suposta tensão criada entre o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. Um jogo em que todos os personagens são bem mais experientes do que qualquer analista, por mais preciso e informado que ele seja.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) encampou uma cruzada “anti-STF” (com dose de ironia) para tentar obter mais espaço junto à direita, conseguir fazer seu sucessor em 2025 e, eventualmente, sobreviver em 2026. O mineiro, como prega a escola local, contribuiu durante a gestão de Jair Bolsonaro para frear os arroubos do Executivo e precisava retomar parte do eleitorado que ajudou a elegê-lo em 2018. O caminho mais fácil seria contribuir com a pauta da direita de maneira indireta e que, necessariamente, não tivesse impacto incisivo na realidade brasileira.
Pacheco fez isso em acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Há algum tempo, o muito poderoso Lira conseguiu avançar para um bom relacionamento com a Corte, depois de ter lidado com o desgaste durante o governo Bolsonaro. Nos bastidores, é dado como certo que o presidente da Câmara não vai pautar as medidas que limitam os poderes de ministros do STF, colocando na gaveta os projetos e ganhando um trunfo para negociar com a Corte - lembremo-nos que decisões de ministros recentemente beneficiaram Lira.
O STF não é formado por amadores. Está pressionado contra a parede e faz jus ao direito de espernear, apesar de saber que não necessariamente deve se preocupar com a tal pauta “anti-STF”. Os ministros conhecem os meandros de Brasília e encontrariam uma saída política - interna - que poderia chegar ao entendimento do que os senadores já decidiram. Foi assim, por exemplo, com os prazos para pedidos de vista, ainda durante a administração da recém aposentada Rosa Weber.
Para não parecer que não estão incomodados, os ministros sacaram a retórica bem comum. Inclusive, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, usou uma expressão repetida contra “conveniências políticas” que poderiam “sacrificar as instituições”. É natural - e esperado - que os 10 togados reajam da maneira como têm agido. Até mesmo o bolsonarista André Mendonça incorporou o espírito de grupo para criticar as propostas que limitariam os próprios poderes (sim, é contraditório, mas o que não é contraditório na política brasileira?). Afinal, é preciso manter a discrição de que os poderes são independentes e harmônicos, ainda que discordem entre si.
Onde entra a dose de combinação com o Palácio do Planalto? A sinalização do líder do governo Jaques Wagner (PT-BA), que votou a favor da PEC que limita a atuação dos ministros do STF. O senador da Bahia garante que foi uma decisão “estritamente pessoal”, mas ele não levaria junto outros defensores do governo como Otto Alencar (PSD-BA), por exemplo. Ainda na quarta à noite, Rui Costa, ministro da Casa Civil e quase porta-voz de Luiz Inácio Lula da Silva, já havia trazido o tom de que Wagner teria atuado sozinho e sem aval do Planalto.
Sinal de que a sintonia sempre existiu. Wagner é um político hábil o suficiente para saber que é necessário massagear o ego de uma figura como Rodrigo Pacheco, já que o governo precisa votar a agenda econômica tanto no Senado quanto na Câmara. Como o jogo estava perdido no caso da pauta “anti-STF”, era melhor acenar bem para o mineiro, enquanto caberia aos deputados colocarem em banho-maria qualquer mudança na legislação que afeta o STF. Wagner consegue com uma boa conversa arrefecer os ânimos que “pessoalmente” os ministros tenham nutrido contra ele.
Não dá para cravar que todos sabiam de tudo ou que tudo foi realmente um jogo combinado. Entretanto, é quase um “ligue os pontos” para entender que as peças no tabuleiro da política não são jogadas de maneira aleatória. Nessa batalha em questão, pode até parecer que o STF perdeu. Mas, no final, está mais para que todos tenham saído com vitórias. E olha que ainda temos outras pautas que podem provocar tensões, como o marco temporal, as reformas econômicas e até mesmo o futuro político do bolsonarismo. Existe pouca imaturidade em Brasília. Nenhum dos envolvidos nessas guerrilhas se enquadram nesse perfil.
O prefeito Bruno Reis (união) anunciou um pacote de “medida arrojadas” no aniversário de 40 anos da Moura Dubeux, comemorado nesta quarta-feira (22). A nova medida prevê que o ITIV, imposto municipal normalmente cobrado na transmissão onerosa de imóveis ou direitos reais entre pessoas vivas, como na compra e venda, seja isento em leilões para revitalizar a área do Centro Histórico.
Além disso, o investidor terá mais 10 anos sem pagamento de IPTU para investimentos feitos nessa área da capital baiana. Outra novidade foi a retirada das multas e juros existentes sobre a propriedade. “Quem adquire, tem logo de imediato o perdão de todas as dívidas de IPTU. O incorporador que comprar vai poder transferir o imóvel para o seu nome sendo isento do ITIV. Também será isenção de IPTU e ISS durante o período da obra”, prometeu.
Bruno sinalizou ainda que investidores terão um prazo de seis meses após a emissão do Habite-se para cessão gratuita ao primeiro comprador. A medida, por exemplo, beneficia empreendimentos de incorporação imobiliária, quando um investidor adquire um imóvel em planta com a expectativa de venda após a entrega do imóvel. O gestor também declarou que a cobrança do ITIV agora será no valor dos imóveis arrecadados, com base no valor do arremate.
A medida envolvendo perdão de multas e juros e a suspensão dos débitos é extensiva para investimentos imobiliários em Salvador. “Hoje, quem adquiriu um terreno e quiser construir vai ter suspensa, por parte da Sefaz, todos os débitos existentes no terreno. Então, se estiver devendo TVL e IPTU será suspenso. Vai entrar com alvará solicitando a construção da obra e só na aprovação do projeto é que deverá pagar os débitos existentes, isentos de todas as multas e juros. Vai pagar apenas o valor principal e em 60 parcelas fixas. Isso só após a emissão do alvará.”
Sobre o Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), Bruno informou que terá de 30 de novembro a 30 de dezembro para "regularizar a situação", com leis de incentivos e estímulos fiscais para o novo "programa de incentitivo a incorporação imobiliária".
Outra novidade anunciada relacionado ao incentivo financeiro é o valor do crédito cedido as empresas. "Dependendo do tipo de empreendimento, 50% de crédito do valor do investimento para usar no pagamento de seus impostos ou para fazer a cessão para terceiros. Nós agora estamos trazendo também uma novidade: 50% do valor da aquisição do imóvel de crédito. Se a Moura Dubeaux comprou um imóvel de R$ 10 milhões ela vai poder ter de crédito R$ 5 milhões, ou seja, 50%", assinalou Bruno.
“Nós tínhamos o PPI e o Revitalizar, juntamos o que tinha de melhor nos dois trazendo informações do que estão ocorrendo e outras cidades do Brasil e do mundo. Estamos também fazendo o conjunto de incentivos fiscais mais arrojados da história da cidade para estimular o centro histórico, nós estamos somando esse programa ‘Renova Centro’.”
Durante o anúncio, ele se esquivou dos possíveis questionamentos relacionados a demora de revitalizar essa área, o que já era cobrado desde a primeira gestão de ACM Neto (União). "Não há cidade no mundo que seja bem resolvida com seu Centro Histórico. A prefeitura, nos últimos anos, fez [ações] lá e vem fazendo, tanto Neto quanto eu, [injetamos] mais de um milhão de investimentos em diversos empreendimentos. Eu preciso que vocês acreditem no Centro Histórico, acreditem em nossa cidade", resumiu.
O pacote de medidas inclui matérias que demandam de aprovação da Câmara de Vereadores e também de portarias e regramentos da própria prefeitura.
Partes da esquerda mantêm certo nível de pragmatismo sobre as eleições de Salvador em 2024 e admitem que o plano mais viável é permitir um debate sobre a cidade, ainda que não seja possível "bater" o prefeito Bruno Reis em sua campanha para reeleição. O discurso é que, se não é possível ser competitivo, pelo menos consiga discutir rumos para a capital baiana que poderiam ser diferentes sob a perspectiva da esquerda. Eles são minoria.
É diferente da avaliação de que é possível perder ganhando, como alguns caciques da esquerda defendem. Para esse segmento, o momento é de estabelecer um nome ou alguns nomes que possam ser eleitoralmente viáveis no futuro ou que eventualmente possam integrar a Câmara de Vereadores, para ficar em poucos exemplos. Esse grupo é um pouco maior e mais encorpado. Ainda assim, não necessariamente será quem demarcará os rumos da disputa eleitoral soteropolitana.
Até aqui, quem parece estar na frente no embate é quem defende uma candidatura que defenda o governo estadual, possivelmente única, e que pode ser ocupada por uma figura que não necessariamente seja de esquerda. Essa preponderância tem se esvaído ao longo dos últimos meses, mas ainda assim pode ser aquela que permaneça e seja anunciada até o final deste ano (pelo menos é o que os otimistas acreditam). São cenários de incertezas, mas os debatidos por enquanto.
Porém é preciso dar certo nível de atenção àquele primeiro grupo, de um pragmatismo político e ideológico. Eles percebem que, caso a guerra seja perdida, é importante que haja uma avaliação profunda sobre o futuro de Salvador. O último governo de esquerda na capital baiana foi de Lídice da Mata, no começo dos anos 1990. Desde então, a centro-direita foi quem deu as cartas na cidade - ainda que exista um período de João Henrique mais à esquerda. Para a democracia, é fundamental que esse debate aconteça, independente do resultado das urnas. Cabe ao povo a decisão e, se não for possível vencer nos votos, que aconteça uma discussão democrática sobre possíveis rumos que o município pode ter.
É possível ter pragmatismo sem vencer a eleição? Sim. Isso vale tanto para quem segue a lógica do ganhar perdendo quanto para quem defende priorizar o Legislativo. É parte da disputa democrática saber escolher qual caminho seguir. Essa encruzilhada é onde se encontra a esquerda em Salvador.
Sommerliers e compradores de vinho de Salvador participaram, na última terça-feira (14), de um evento exclusivo para apresentação de 12 rótulos de vinhos italianos, como parte da programação da Semana da Cozinha Italiana no Mundo. O evento, realizado no Hotel Fasano, trouxe o premiado sommelier do grupo, Manoel Beato, para fazer uma masterclass sobre vinhos clássicos e modernos da Itália.
Sommelier do Grupo Fasano, Manoel Beato
Dados da Italian Trade Agency apontam que o Brasil é o quarto maior comprador de rótulos italianos nas Américas, ficando atrás apenas de Estados Unidos, Canadá e México. E a posição dos vinhos italianos na preferência dos brasileiros é também a quarta posição, atrás de Chile, Argentina e Portugal. Em 2023, a agência já observa um incremento de 4,4% na importação de vitivinícolas italianas.
“A Italian Trade Agency vem promovendo ações em cidades fora do eixo tradicional São Paulo- Rio de Janeiro, com o objetivo de ampliar a oferta e a presença de vinhos italianos em todas as regiões do Brasil. A escolha de Salvador para esta degustação reforça a importante participação da Bahia no mercado consumidor brasileiro”, destacou Ferdinando Fiore, diretor do escritório brasileiro da agência. Durante a apresentação, Fiore fez questão de registrar o potencial da capital baiana para expansão de produtos italianos para o Nordeste.
Ferdinando Fiore é diretor do escritório brasileiro da Italian Trade Agency
A masterclass “Diversidade da Produção Vitivinícola Italiana” trouxe rótulos como o Franciacorta DOCG Nitens Brut Le Marchesine, o Perlato Del Vosco Rosso Tua Rita, o Primitivo di Manduria Sessantanni San Marzano e o Barbaresco DOCG Palás Michele Chiarlo. O objetivo do evento, segundo os organizadores, para além de apresentar os rótulos, é aumentar o conhecimento que importadores, sommerliers de hotéis e restaurantes têm sobre vinhos italianos e, consequentemente, tornar os produtos mais acessíveis ao público em geral.
A Semana da Cozinha Italiana no Mundo é celebrada entre os dias 13 e 19 de novembro de 2023 e comemora a expressividade e a representatividade da culinária do país em diversas partes do mundo.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Binho Galinha
"Confio na justiça e estou à disposição".
Disse o deputado estadual Binho Galinha (Patriota) ao comentar sobre as acusações que apontam o parlamentar como chefe de uma milícia.