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Fernando Duarte
Jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia. Trabalhou nos jornais Tribuna da Bahia e A Tarde, além do site Bahia Todo Dia e nas rádios Tudo FM e Vida FM. Apresentou ainda o programa "Isso é Bahia", uma parceria entre o Bahia Notícias e o Grupo A Tarde, na rádio A Tarde FM. É colunista político e comanda o podcast "Projeto Prisma".
Últimas Notícias de Fernando Duarte
O taxista Carlos Mendes dos Júnior foi condenado 29 anos, 8 meses e 8 dias de prisão em regime fechado por ter matado a sua ex-esposa Helmarta Sousa Santos Luz, conhecida como Martinha. O homem foi julgado nesta terça-feira (7), no Tribunal de Júri de Valença, no baixo-sul da Bahia.
O crime ocorreu em setembro do ano passado, com Carlos sendo preso após confessar ter assassinado sua ex-esposa ao prestar depoimento na Delegacia Territorial de Valença.
Carlos teria estrangulado a ex-companheira e levado o corpo até a Ponte do Funil, que fica na Ilha de Itaparica, jogando o corpo dentro de uma mala no rio Jaguaripe.
A vítima, que tinha 38 anos, deixou uma filha de 15 anos, que era fruto do seu relacionamento com Carlos.
A MOTIVAÇÃO
Conforme a denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Carlos não aceitava o fim do seu relacionamento com Helmarta, mesmo após oito meses separados. O “estopim” teria sido quando sua ex-esposa teria assumido um novo relacionamento.
Imagens de segurança registraram o momento e que Carlos comprou as cordas, as quais foram usadas no assassinato, e os pesos para que o corpo de Helmarta não boiasse no rio.
De acordo com as investigações, durante o trajeto para a Ilha de Itaparica, o taxista ainda levou passageiros para o Terminal de Bom-Despacho, enquanto o corpo de Helmarta estava no porta-malas do veículo. No retorno para Valença, ele teria se livrado do corpo, o despejando na ponte.
A prisão do deputado estadual Binho Galinha (PRD), após dois dias foragido, deixou a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) em uma situação, no mínimo, constrangedora. Desde a deflagração da primeira fase da Operação El Patrón, era esperado que os parlamentares iniciassem a avaliação da possível quebra de decoro do deputado de Feira de Santana. As acusações eram graves e, de tão graves, tornaram o Legislativo baiano "refém" de um integrante da própria Assembleia - as aspas na palavra são uma referência a expressão utilizada pelo então presidente da AL-BA, Adolfo Menezes (PSD), ao tratar do tema.
Agora, com o encarceramento de Binho Galinha, os deputados tendem a evitar que o caso respingue na classe política. Afinal, em tese, ter como colega o suposto chefe de uma milícia seria razão suficiente para dar andamento à virtual cassação do parlamentar.
Todavia, é possível que haja apenas a suspensão temporária do mandato. E o motivo é falado nos cantos, nos corredores, mas sem rostos ou declarações públicas. Todos têm medo de quem pode vir a ser Binho Galinha.
Em 2022, ao emergir das urnas, o novo deputado era um ilustre desconhecido da maioria da população baiana. Com votação predominante na região de Feira de Santana, houve uma busca por entender quem era Binho Galinha. Ali, antes mesmo da posse, alguns parlamentares comentavam, em off, que a fama do novo deputado não seria das melhores. Ainda assim, preferiam dar o benefício da dúvida, para saber se os rumores que circundavam o novo colega eram verdade.
E foi assim até dezembro de 2023, quando o Ministério Público da Bahia (MP-BA) fez a primeira incursão contra Binho Galinha, com a El Patrón. O que era tratado como rumor ganhou contornos de uma realidade dura e que colocava a AL-BA contra a parede em um nível sem precedentes na história recente.
Entre idas e vindas, um Conselho de Ética foi instalado, como uma espécie de resposta à pressão social que se formava. Contudo, o colegiado permaneceu inoperante, ainda que a denúncia tivesse sido aceita e Binho Galinha tenha se tornado réu pelos diversos crimes listados pelo MP-BA. Era como se a sombra do parlamentar inspirasse receio de que qualquer posicionamento em desfavor dele sempre estivesse presente.
Tudo o que se falava sobre o tema era cercado de cautela, para evitar contrariar os interesses de um deputado sempre presente e cuja naturalidade espantava, ainda que contra ele fossem imputados crimes graves.
Presente na sessão do último dia 30, Binho Galinha parecia bem confortável na casa do povo. Já não era mais o patinho feio que chegara como desconhecido e inspirava medo. Distribuía simpatia e, sim, continuava a inspirar medo. Tanto que, com mandado de prisão em aberto, fugiu para não ser preso no dia seguinte a uma última ida no plenário. Ficou dois dias foragido antes de se entregar a Polícia Federal com apoio de uma defesa milionária que assegura que ele é mais uma vítima do que um criminoso.
Atrás das grades, Binho Galinha deve ser julgado politicamente pelos pares. Por um constrangimento que os deputados postergaram o máximo possível.
A Assembleia, sempre formada por raposas políticas das mais diversas estirpes, se vê numa situação bem atípica. Lá, é um Galinha que amedronta as raposas. E haja razões para temer. O caso Binho Galinha deve ser um marco das relações políticas entre um Estado paralelo e o Estado real. De qual lado estaremos no futuro?
Pivô de uma grande troca de farpas entre Abel Ferreira, Rogério Ceni e dirigentes do Palmeiras após o triunfo do Bahia frente ao Alviverde no último final de semana, o gramado da Fonte Nova deverá ser, novamente, alvo de protestos frente ao Flamengo. Isso porque, conforme apurado pelo Bahia Notícias, o campo não reúne condições ideais para jogo.
Segundo informações obtidas com exclusividade pelo BN, a Arena Fonte Nova vai iniciar, na próxima segunda-feira (6), a troca completa do gramado. A decisão foi tomada após o diagnóstico de que o atual campo não reagiu às tentativas de recuperação feitas pela administração e não apresentaria condições adequadas para a prática do futebol.
Antes disso, o estádio ainda receberá a partida entre Bahia e Flamengo neste domingo (5), às 18h30, pela Série A do Brasileirão. Em nota, a Fonte Nova garantiu que “o gramado encontra-se dentro dos parâmetros técnicos, com os indicadores de performance em conformidade com os padrões estabelecidos e com a jogabilidade dentro das especificações”, mas o Bahia Notícias pôde apurar que a expectativa é de que o campo esteja em situação ainda pior do que a registrada no confronto contra o Palmeiras.
Durante a semana, uma manutenção intensiva com medições diárias para garantir a preservação de todos os parâmetros técnicos foi realizada, mas parece não ter sido eficaz o suficiente. Vale lembrar, que o Palmeiras protocolou, no último dia 30 de setembro, uma reclamação oficial na CBF sobre as condições do gramado da Fonte Nova.
A situação ruim do campo também foi relatada na súmula de Anderson Daronco, árbitro do jogo entre Bahia x Palmeiras, e duramente criticada pelo técnico Abel Ferreira, do Alviverde, em entrevista coletiva após a derrota.
A previsão de conclusão das intervenções no gramado é até a próxima quinta-feira (9). O Bahia Notícias procurou a assessoria de comunicação da Arena, que até o momento da publicação desta nota, não se manifestou.
O deputado estadual Binho Galinha (PRD) segue foragido das autoridades após não ser encontrado em sua residência nesta quarta-feira (1º) durante a deflagração da Operação Estado Anômico, realizada pela Polícia Federal. Com o mandado de prisão sendo expedido no dia 19 de agosto deste ano, o parlamentar ainda participou de 15 sessões ordinárias na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), conforme levantamento realizado pelo Bahia Notícias.
Entre os dias 19 de agosto e 1º de setembro a AL-BA realizou 20 de sessões, ou seja, o parlamentar participou de 75% dos encontros na Casa Legislativa desda decisão que expediu o mandado de prisão. Conforme informações obtidas pela reportagem, a maioria das faltas foram enquanto o parlamentar participava das audiências relativas à Operação El Patrón, que ocorreram nos dias 23 a 29 de setembro.
Confira a presença do parlamentar:
Sessão | Presença
19/8/25 | Presente
20/8/25 | Presente
25/8/25 | Presente
26/8/25 | Presente
27/8/25 | Presente
01/09/25 | Presente
02/09/25 | Ausente
03/09/25 | Presente
08/09/25 | Presente
09/09/25 | Presente
10/9/25 | Presente
15/9/25 | Presente
16/9/25 | Presente
17/9/25 | Presente
22/9/25 | Presente
23/9/25 | Ausente
24/9/25 | Ausente
29/9/25 | Ausente
30/9/25 | Presente
01/10/25 | Ausente - Dia da deflagração da Operação Estado Anatômico
Na quarta, Mayana Cerqueira da Silva e João Guilherme, esposa e filho de Binho Galinha, foram presos pela Polícia Federal durante a operação. Outros quatro policiais militares também foram presos acusados de integrar a organização criminosa.
LEIA TAMBÉM:
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- Caso Binho Galinha: Organização criminosa atuava há mais de 20 anos em Feira e região, diz PF
A prisão preventiva de Binho Galinha e de mais nove integrantes do grupo criminoso foi decretada pela juíza Márcia Simões Costa, da Vara Criminal e Crimes contra a Criança e o Adolescente da comarca, atendendo a pedidos da Polícia Federal.
A decisão, com 25 páginas, analisou minuciosamente a situação de cada investigado, aplicando os rigorosos requisitos legais para a decretação da prisão preventiva. Para a maioria dos alvos, a magistrada reconheceu a presença do "fumus commissi delicti", ou seja, indícios suficientes de autoria e materialidade dos crimes, bem como o "periculum libertatis", que é o perigo concreto que a liberdade dos acusados representa para a ordem pública e para a instrução criminal.
CASSAÇÃO
Ainda foragido da Polícia Federa, Binho Galinha pode ter seu mandato cassado após ser acusado de envolvimento com uma milícia e a perda de seu cargo não precisa aguardar uma decisão da Justiça.
Ao Bahia Notícias, o advogado constitucionalista e eleitoral, Cícero Dias, afirmou que a Casa Legislativa não precisa aguardar necessariamente uma sentença da Justiça determinando a cassação. À reportagem, o especialista também explicou que, por se tratar de um processo criminal, não é de responsabilidade de Justiça Eleitoral determinar a cassação de Binho Galinha na AL-BA.
“Eu não creio que a Justiça Eleitoral tome alguma providência em relação a isso porque não são crimes vinculados a condutas eleitorais. O ponto da própria Assembleia de pronto [cassar o mandato] com base nessas acusações já abrir, se tiver interesse, uma comissão processante para ver a questão da conduta dele [Binho Galinha], e se é caso de cassação ou não. Mas isso depende da própria Assembleia, é uma definição ‘interna corporis’ da instituição. A Justiça Eleitoral, por não ser questão eleitoral, eu creio que ela apenas aguarde a decisão de condenação, ou a decisão da Assembleia, que se cassar, tem que oficiar a Justiça Eleitoral”, explicou o especialista.
A perda de mandato parlamentar pode ocorrer de duas formas distintas, a depender do motivo que a motivar. Nos casos de incompatibilidades, quebra de decoro parlamentar ou condenação criminal, a decisão cabe ao plenário da Assembleia Legislativa, em votação secreta. Para que a cassação seja confirmada, é necessária maioria absoluta dos votos. A abertura do processo pode ser provocada pela Mesa Diretora ou por partido político com representação na Casa, sempre garantindo ao acusado o direito à ampla defesa.
“Tem que se abrir um processo, que alguém tem que fazer esse requerimento, esse requerimento é lido pela presidente e aprovado. Após essa aprovação, iniciam-se os trabalhos do processo de cassação. Aí vem ampla defesa, contraditório e aquela coisa toda".
Confira o passo–passo:
- Representação: Uma representação é encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que tem 10 dias para emitir um parecer sobre a admissão ou arquivamento;
- Criação de Comissão Especial: Se a representação for aceita, o Presidente da Assembleia designa uma Comissão Especial processante com cinco membros para conduzir o processo;
- Defesa: O deputado acusado recebe uma cópia da representação e tem 10 dias (prorrogáveis por mais 10) para apresentar sua defesa por escrito. Neste prazo, ele pode requerer as provas que julgar necessárias;
- Instrução e Razões Finais: Após a instrução, o deputado tem mais 10 dias para apresentar suas razões finais;
- Parecer Final: O relator da comissão tem 15 dias para apresentar seu parecer, e a comissão tem mais 15 dias para apreciá-lo, encaminhando as conclusões para o órgão competente para o julgamento final (o Plenário).
Se a PEC da Blindagem já é uma página virada no Congresso Nacional, outro tema que engrossou o caldo das mobilizações há duas semanas voltou a ocupar espaço privilegiado nos debates. A anistia a condenados pelo 8 de janeiro de 2023 ganhou corpo com citações de políticos como Jaques Wagner (PT-BA) e Otto Alencar (PSD-BA), já na posição de não críticos absolutos do projeto. Sinal de que há a possibilidade de construção de consenso em um dos temas mais polêmicos e emblemáticos dos últimos anos.
Não restam dúvidas de que o movimento do 8 de janeiro de 2023 foi o ápice de movimentações para um golpe de estado - mal-sucedido, mas, ainda assim, um golpe. A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e o núcleo considerado principal na trama golpista será considerado, pelos livros de história do futuro, como uma espécie de marco refundador da democracia no Brasil. Todavia, centenas de pessoas, massas de manobra desse segmento político, pagaram com o encarceramento a falta de discernimento ante o golpismo fracassado. São essas pessoas que, agora, tendem a ser beneficiadas com uma "anistia" moderada.
Pelas manifestações públicas e nos bastidores de atores políticos relevantes - incluindo aí ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) -, criou-se a perspectiva de abrandamento das penas, em um esforço para mitigar o efeito negativo de quem critica eventuais excessos nas condenações. Não se fala mais em anistia ampla e irrestrita, como o bolsonarismo-raiz tentou empurrar na Câmara dos Deputados. A própria escolha de Paulinho da Força (SD-SP) mostra que a moderação passou a ser crucial para "apaziguar o país" (as aspas também servem como ironia neste caso). Ou seja, se houver um consenso, os apenados pela tentativa de golpe podem ser beneficiados.
Talvez por isso as falas de Wagner e Otto sejam tão relevantes nesse contexto. Como líder do governo no Senado, o petista baiano abriu a porta para a possibilidade do entorno de Luiz Inácio Lula da Silva não criar dificuldades para a aprovação do projeto. E olha que a matéria sequer foi votada na Câmara ainda, sinal também de uma "preparação de terreno" para quando o "PL da anistia" avançar no Congresso. E ressaltemos: Wagner não falou em anistia irrestrita, apenas comentou sobre reduções de algumas penas.
Pouco depois, foi a vez de um poderoso Otto Alencar, responsável por sepultar a PEC da Blindagem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, lançar mão de uma postura similar. Sugeriu o abrandamento das penas para pessoas com renda abaixo de R$ 5 mil, demarcando uma espécie de "justiça social e econômica". Surfando na própria construção de liderança respeitada, Otto mostra que, se houver consenso e uma preocupação não partidarizada dos condenados, ele pode evocar para si a responsabilidade desse diálogo.
Se houve combinação entre os dois senadores baianos, só o tempo para confirmar. Entretanto, o timming em que ambos se manifestaram sobre o mesmo tema sinaliza que existe espaço para discutir uma versão limitada de anistia aos acusados de golpe. Bem diferente daquela que pregaram os bolsonaristas radicais, que desejavam apenas beneficiar Bolsonaro e seus asseclas. Resta saber se a capacidade de mobilização que ajudou a por uma pá de cal na PEC da Blindagem vai manter o questionamento à anistia, transformada agora em abrandamento das penas.
Apesar dos adversários terem comemorado a hipótese de desistência de candidatura de ACM Neto ao governo da Bahia em 2026, a chance de concretização é baixa. Os mais diversos interlocutores que mantém contato frequente com o ex-prefeito de Salvador sobre o próximo pleito garantem: ele está estruturado e preparado para enfrentar o projeto de reeleição de Jerônimo Rodrigues – ou de quem eventualmente possa substituir o governador, caso se confirmem prognósticos pessimistas do petismo na Bahia. Porém, a frequência com que a saída de cena dele passou a ser notícia foi ampliada especialmente por “fogo amigo”.
Parte dos aliados do ex-prefeito querem, desde agora, que ele assuma compromissos difíceis de serem cumpridos. Especialmente do ponto de vista do financiamento de candidaturas. O nível de promessas do lado da base governista teria inflacionado o valor das campanhas, gerando pressão expressiva para que a oposição tente igualar as cifras. Essa leitura é feita não apenas no entorno mais próximo de ACM Neto, mas também de parlamentares que tentam a reeleição e mantém vínculos com lideranças do interior baiano.
Sem poder dizer “não” sorrindo, já que as máquinas sob comando da oposição têm limitações óbvias, o pré-candidato do União Brasil segue mitigando os impactos dos avanços da articulação política de Jerônimo, bem como os tais incêndios acesos por aliados – que estão mais preocupados com a própria campanha do que com a construção de uma musculatura política para enfrentar a consolidação dos 20 anos do PT no poder. Quase um beco sem saída, cujas opções são parcas e bem limitadas.
Por óbvio, o cenário não é mais dos positivos para ACM Neto. Especialmente pela falta de uma candidatura a presidente que o permita chamar de sua desde agora. Enquanto o favorito da centro-direita, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não sai de cima do muro sobre ser candidato ao Palácio do Planalto, as conversas seguem em banho maria. Contudo, independente de ser Tarcísio ou não, o ex-prefeito de Salvador não teria que lidar com o fardo de uma candidatura de Jair Bolsonaro – o que seria o principal fator para uma desistência prévia de estar nas urnas.
A naturalidade com que a base de Jerônimo se refestelou com a possibilidade – remota – de ACM Neto não figurar como candidato no próximo ano é uma demonstração de que o grande nome da oposição na Bahia continua sendo um adversário expressivo e representativo. Caso contrário, o ex-prefeito seria ignorado, tal qual aconteceu com outros nomes que estiveram com o nome nas urnas e foram rapidamente sobrepujados pelos governistas. Ou seja, há receio do eminente enfrentamento entre os dois projetos nas urnas no próximo ano.
Jerônimo segue como favorito e como candidato a ser batido. Entretanto, diferente de 2022, quando foi eleito como o candidato do PT e de Lula, terá a gestão colocada à prova e uma realidade bem diferente do discurso da unificação do “Brasil democrático” contra a “ameaça Bolsonaro”. Nesse contexto, dentre outros fatores, ACM Neto teria poucos motivos para abandonar o barco.
Têm tomado tração rumores de que o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), estaria avaliando a hipótese de não concorrer ao governo da Bahia em 2026. O movimento é celebrado por adversários, enquanto aliados enxergam com ceticismo qualquer movimento nesse sentido. No entanto, mesmo diante da emergência do tema, o entorno de ACM Neto evita falar abertamente sobre o tema, ainda que o incômodo exista com as abordagens.
Segundo informações obtidas pelo Bahia Notícias, o ex-prefeito reage a sucessivas tentativas de aliados em firmar compromissos eleitorais com antecedência, causando constrangimento e o tornando uma espécie de apagador de incêndios criados por outrem. Publicamente, ninguém reclama das atuações desses aliados, porém é crescente a “indignação” do núcleo mais próximo ao ainda pré-candidato ao governo baiano.
Dentre as indisposições, há a ofensiva do governo de Jerônimo Rodrigues (PT) para, desde 2023, “capturar” grupos políticos que no ano anterior marcharam ao lado do ex-prefeito. Somado a isso, um interlocutor revelou que pré-candidatos a deputados federal e estadual têm agido de maneira acintosa para “criar dificuldades para vender facilidades”. A pressão estaria tirando a paciência não somente de ACM Neto, mas também daqueles compartilham perspectivas semelhantes do ponto de vista eleitoral.
“Querem que ACM Neto assuma compromissos desde agora, como se fosse possível. Não é ano de política, isso deveria acontecer só no próximo ano. Tem gente querendo fechar lista de candidatos, como se isso fosse possível agora”, reclamou uma figura ligada ao ex-prefeito, em condição de anonimato. As queixas recorrentes, de falta de atenção a críticas pelo “sumiço” do pré-candidato do União Brasil a governador da Bahia, fazem crescer um mal-estar, cujos esforços para superação geram ainda mais tensão no grupo.
A leitura é que, por mais que virtualmente não haja uma candidatura a presidente de oposição definida, a musculatura do ex-prefeito para enfrentar Jerônimo Rodrigues garantiria desempenho bom para os oposicionistas locais. Por isso, quem trata como factível o abortamento prematuro da campanha é visto com reticência pela coxia do União Brasil na Bahia. “Querem que ACM Neto seja candidato nas condições deles, quando as condições para candidatura têm que vir do próprio ACM Neto”, sugere um dos articuladores.
Todavia, os rumores de uma eventual desistência da candidatura, a tanto tempo das definições, acendem o alerta para o futuro político de ACM Neto. “Seria a morte política dele”, vaticina um aliado.
FUTURO E POSSIBILIDADES
Os encontros recentes com aliados, seja durante agendas no interior do estado ou até mesmo em Brasília, como aconteceu na última quarta-feira (17), ilustram o tom da “antecipação” das negociações para disputa do próximo ano. Mesmo sem pressa, Neto sofrido também com a ameaça de alguns aliados próximos, indicando que a incerteza de uma candidatura na Bahia, ou até mesmo a possibilidade de integrar uma chapa nacional, pode repercutir na relação.
A ideia de “repetição” do cenário apresentado em 2018, quando o então prefeito da capital baiana refugou em ir ao embate estadual com o governador da época Rui Costa (PT), indicando o atual prefeito de Feira de Santana José Ronaldo (União) para a empreitada, ainda assusta alguns. O pleito seria de “carimbar” antecipadamente a presença nas eleições, confirmando a chapa que puxaria os candidatos a proporcional pelo grupo, mantendo um cenário “mais estável” para uma disputa extremamente concorrida e difícil, apontam aliados do ex-prefeito.
Com o “sinal amarelo” de Neto, alguns nomes também estariam ensaiando uma “condicionante” para conseguir uma liberação em garantir sua eleição legislativa, caso ele não esteja nas urnas baianas. Presentes em algumas reuniões, aliados próximos indicaram a reportagem que “a incerteza pode gerar dissidentes”.
O Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) promoveu, nesta terça-feira (416), mudanças em duas áreas consideradas nevrálgicas da pasta, porém que passam despercebidas aos olhos da população em geral. Foram nomeados Diego Aires de Souza para a Auditoria do SUS/BA e Daniela Sapucaia de Freitas para a Corregedoria. Seriam mudanças corriqueiras, desde que não houvesse ineditismo: pela primeira vez na história, um servidor que não é auditor de carreira vai assumir a Auditoria do SUS/BA.
A medida gerou preocupação entre auditores, servidores e pessoas que conhecem o funcionamento da secretaria. A possibilidade de um servidor de livre nomeação do secretário assumir a função de fiscalizar a execução de contratos e o funcionamento de hospitais e entidades que gerem unidades de saúde criou mal-estar, porém, publicamente, ninguém pretende falar. O receio é de represália, especialmente porque, por mais de 25 anos, nenhum titular da Sesab mexeu de forma tão contundente na estrutura da Auditoria do SUS/BA.
O órgão foi pioneiro no Brasil, após a Bahia realizar o primeiro concurso para auditor, em 1998. Desde então, apenas profissionais da carreira ocupavam a direção-geral e outros postos-chave, a exemplo de superintendências e cargos adjacentes. Os auditores são da área médica, enfermagem, odontologia e contábil e, tradicionalmente, ascendiam ao comando, independentemente da matriz política que comandava o governo baiano.
“Há o receio de que as mudanças provoquem um desmonte da Auditoria do SUS/BA, importante para coibir ações irregulares de gestores. Muitas vezes, não há nem a questão de dolo, mas de falta de fiscalização e esse órgão é essencial para isso”, revelou uma fonte, ao Bahia Notícias, em condição de anonimato.
A chegada de Diego Aires de Souza no órgão de Daniela Sapucaia de Freitas na Corregedoria foi celebrada pela secretária Roberta Santana. “Ao colocar profissionais com experiência comprovada na linha de frente, fortalecemos a ética, a transparência e a eficiência. Isso significa mais segurança na gestão dos recursos públicos e mais credibilidade para o SUS na Bahia”, afirmou.
Para a Sesab, as mudanças têm “a missão de reforçar a integridade do sistema”, ressaltando que ambos são servidores concursados - no caso de Diego Aires, entretanto, de uma área diferente da Saúde. Todavia, a preocupação de quem acompanha o dia a dia da fiscalização é que a nomeação de profissionais de outras carreiras “abra a porteira” para livres nomeações que possam comprometer futuramente a atuação dos órgãos. “Não quero crer que a Sesab vá permitir o afrouxamento da fiscalização”, indicou outra fonte, também após a garantia de anonimato. (Atualizada às 8h22 para corrigir a origem de um dos servidores nomeados)
No dia em que foram anunciados os indicados ao Grammy Latino, prêmio vinculado a Academia de Gravação dos Estados Unidos que reconhece produções latino-americanas, sete artistas baianos comemoraram suas indicações ao prêmio. Rachel Reis, Luedji Luna, Sued Nunes, BaianaSystem, Tierry, Gilberto Gil e Jadsa irão à Las Vegas no final do ano para celebrar a conquista.
A indicada a Artista Revelação, Sued Nunes, natural de Sapeaçu, comemorou a nominação com emoção nas redes sociais. Dona do álbum “Segunda-feira”, lançado em setembro de 2024, a artista destacou “tem muita água nos meus olhos agora; muita água e poucas palavras”, nas redes sociais. Ela concorre na mesma categoria que Yerai Cortés, Juliane Gamboa e Camila Guevara.
A Sereiona, Rachel Reis, recebeu a segunda indicação ao prêmio, pelo álbum “Divina Casca”, com participações de BaianaSystem, Don L e Rincon Sapiência. A cantora de Feira de Santana foi nominada a categoria de “Best MPB”, ao lado de outra baiana, Luedji Luna. Nas redes, Rachel escreveu: “Estar entre os indicados ao Grammy Latino é reconhecer que esse território emocional não é só meu, mas pode ser habitado por quem escuta. É um reconhecimento que transforma minhas marcas em memória compartilhada”
(link)
Com “Um Mar Pra Cada Um”, Luedji Luna também compõe a categoria de “Best MPB”. A soteropolitana que está me turnê do mesmo projeto, comemorou a primeira indicação ao prêmio. “Um Mar Pra Cada Um é um trabalho feito com muita honestidade, um mergulho profundo na minha humanidade que compartilho com o mundo. Fico emocionada com o Brasil pulsando no Grammy”, escreveu.
Já a banda BaianaSystem disputa a categoria de Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa com o disco “O Mundo Dá Voltas”. Na mesma categoria, a cantora Jadsa Castro, levará o álbum “BIg Buraco” a Las Vegas.
O cantor e compositor baiano Tierry também celebrou nesta quarta-feira (17). “Ainda sem palavras! Ver esse álbum reconhecido assim é gigante. Obrigado, minha gente: família, equipe, fãs”, escreveu nas redes sociais. O artista compete na categoria “Best Sertaneja Music Album”, ao lado de nomes como Chitãozinho & Xororó e Ana Castela.
O vanguardista Gilberto Gil concorre na categoria “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa” com a parceria “A Dança”, ao lado do MC Hariel. Nas redes, o perfil de Gil repostou a publicação do rapper: “Ser indicado ao Latin Grammy 2025 com “A Dança”, ao lado de um dos maiores gênios da nossa música, é mais que um sonho!” (Reportagem atualizada às 01h04)
O senador Otto Alencar (PSD-BA) confirmou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 03/2025, conhecida como PEC Da Blindagem, terá tramitação “normal” na Casa. O diálogo aconteceu após rumores sugerirem que Alcolumbre iria dar um “passe” na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo baiano, e encaminhar a matéria diretamente ao plenário, como aconteceu na Câmara dos Deputados.
Otto e Alcolumbre conversaram por cerca de 30 minutos, durante sessão do Senado, e chegaram a um consenso sobre o tema, amparado na polêmica gerada a partir da exigência de autorização da Câmara ou do Senado para processos penais contra parlamentares. Mais cedo, durante reunião da CCJ, Otto deu indicativos de que não tem pressa para que a PEC seja apreciada e se posicionou contrariamente ao texto, aprovado de maneira açodada pelos deputados durante sessões sequenciais na noite desta terça (16).
Articulada pelo chamado “Centrão” e pautada repentinamente pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a PEC da Blindagem foi aprovada em dois turnos em cerca de 3h, em votações relâmpagos. Segundo informações de bastidores, a mudança na legislação foi uma contrapartida para a apreciação da anistia para condenados do 8 de Janeiro de 2023.
No entanto, Motta não incluiu formalmente a anistia na pauta de votações. A expectativa é que medida seja desidratada para tornar as penas mais brandas, porém sem ser total e irrestrita para todos os condenados nas mobilizações de tentativas de golpe contra o Estado democrático de direito. Por trás dos projetos, deputados apontam que o predecessor do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi o grande articulador para as matérias aprovadas ou encaminhadas para a aprovação entre na Casa.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luiz Inácio Lula da Silva
"O problema que eu tenho é que eu não gostaria que o Rui deixasse o governo. Mas eu também não tenho o direito de exigir sacrifício do ministro que tem oportunidade de se eleger. Então, quem quiser ser candidato será liberado para ser candidato".
Disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que não gostaria que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, deixasse o governo federal, mas ressaltou que não pretende impedir que integrantes de sua equipe concorram nas eleições de 2026.