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Opinião: Lula cria crise, reduz papel de conciliador e reforça justificativas de Netanyahu em Israel

Por Fernando Duarte

Opinião: Lula cria crise, reduz papel de conciliador e reforça justificativas de Netanyahu em Israel
Foto: Ricardo Stuckert / PR

A falta de roteiro para presidentes da República brasileiros nos últimos anos tem dado mais dor de cabeça ao Itamaraty do que deveria acontecer. Durante o governo de Jair Bolsonaro, foram inúmeras as situações em que a verborragia do ex-presidente colocou o país em uma zona limítrofe sobre o que era aceitável ou não. Neste final de semana, mais uma vez, coube a Luiz Inácio Lula da Silva causar constrangimento na área de relações exteriores. A “linha vermelha” que Israel acusa Lula de passar ao comparar o massacre em Gaza com o Holocausto é apenas mais um exemplo de como não dá para haver improviso sobre declarações sobre conflitos internacionais.

 

A comparação de Lula não foi direta. É preciso explicitar isso. Porém falar sobre o Holocausto em um contexto de comparação com atuação do Estado de Israel é reforçar o discurso de antissemitismo que justifica a atuação de Benjamin Netanyahu como um “herói” na luta contra o Hamas. O brasileiro errou feio ao traçar esse paralelo e essa barbeiragem deve trazer repercussões graves para o comportamento que o próprio Lula vinha tentando pregar, como de um interlocutor capaz de mediar conflitos em busca da paz.

 

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Netanyahu tem cometido crimes de guerra nesse processo de enfrentamento às células terroristas. Apesar do Hamas e outros braços armados antissemitas que atuam em Israel e no entorno terem que ser responsabilizados pelos atos desencadeados a partir do ataque de 7 de outubro, a forma desproporcional como a população palestina tem sofrido as consequências dessa ação precisa ser condenada.

 

A fala do brasileiro desviou o foco do problema real, que é a morte de civis em meio a uma guerra que não terá uma solução em curto prazo. Até aqui, Lula vinha fazendo o enfrentamento ao modus operandi de Netanyahu de maneira cuidadosa. Agora perdeu a mão totalmente. E deixa de ter condições de assumir o protagonismo desejado por ele até então. São consequências da ausência de roteiro para assuntos que não são plenamente dominados pelos gestores brasileiros.