Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/
/
Geral

Notícia

Crise no setor de eventos trava concessão de Pituaçu à iniciativa privada

Por Matheus Caldas

Crise no setor de eventos trava concessão de Pituaçu à iniciativa privada
Foto: Leandro Aragão / Bahia Notícias

A ideia de conceder o estádio de Pituaçu à iniciativa privada travou devido à pandemia (leia mais aqui). De acordo com o secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Davidson Magalhães (PCdoB), o arrefecimento do plano tem um motivo principal: o impacto sofrido pelo setor de entretenimento com a pandemia da Covid-19. O setor era o principal interessado na concessão do equipamento.

 

“A gente tinha acelerado uma solicitação do governador [Rui Costa (PT)], mas, em função da própria pandemia, outros assuntos entraram em pauta. Esta área de eventos foi a que mais sofreu neste período. O tema acabou saindo de uma pauta imediata que estava posta”, explica, em entrevista ao Bahia Notícias.

 

De acordo com o titular da Setre, a gestão estadual recebeu consultas e propostas de setores empresariais interessados em explorar não só o estádio, mas também o estacionamento da praça esportiva, o antigo espaço para shows Bahia Café Hall, e o Parque de Pituaçu. Para o secretário, o assunto pode ser retomado quando houver a recuperação econômica do país no pós-pandemia. “Hoje, todos estão mais envolvidos na questão da pandemia. Isto acabou centralizando os esforços de governo e do país, exceto do presidente [Jair Bolsonaro]. Fora esse maluco, está todo mundo de olho nestas condições que não são nada fáceis”, prevê.

 

Segundo Davidson, num momento de crise, não é viável realizar uma concessão pública desta magnitude. “Hoje eu acho muito difícil, porque precisaria retomar esta atividade econômica para que possamos voltar a fazer este debate. Só se pode fazer uma política desta quando houver uma situação econômica boa, porque, se não, todos estes ativos ficam depreciados”, conclui.

 

O estádio foi completamente reformado durante a gestão do ex-governador e atual senador Jaques Wagner (PT). Na época, o então diretor da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), deputado estadual Bobô (PCdoB), captou R$ 22 milhões para a obra. O estádio teve sua capacidade aumentada de 16 mil para 34 mil lugares. 

 

A reforma foi realizada após o desmoronamento da antiga Fonte Nova, em 2007. Após a entrega, o Bahia passou a realizar o mando de campo no Pituaçu até a reinauguração do principal estádio da Bahia, em 2013, para os jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.

 

OUTROS ESPAÇOS
O Parque de Pituaçu abriga ainda o Espaço Mário Cravo e o Parque das Esculturas, que estão em processo avançado de deterioração por falta de investimentos (veja aqui). Em 2017, o então titular da Sema, Geraldo Reis, disse que o parque passaria por uma "grande intervenção", com investimento de R$ 17 milhões. A Secretaria de Cultura, que também teria atribuições por causa da área dedicada ao artista plástico, não se manifestou à época. Mário Cravo Jr. morreu em agosto de 2018, aos 95 anos (leia mais aqui).

 

DISPUTA JUDICIAL
O Bahia Café Hall recebia eventos até 2015, mas foi fechado depois de um processo judicial de reintegração de posse movido pelo Governo do Estado (entenda aqui). A disputa pelo espaço começou em 2010, quando a Caixa Econômica Federal avaliou que os R$ 7 mil pagos pelo aluguel do espaço era um valor baixo e deveria sofre reajuste para, no mínimo, R$ 39 mil. O governo então considerou que os locatários ocupavam o espaço de forma irregular e cobrou cerca de R$ 2,2 milhões.

 

Em 2014, o então gestor do Bahia Café Hall propôs pagar R$ 40 mil de aluguel, mas a gestão estadual não aceitou o acordo. 

 

Com uma área de mil metros quadrados, o Bahia Café Hall tem capacidade para abrigar até 2.200 pessoas e era considerada uma das principais casas de show de Salvador. À época do fechamento, circulou a informação de que o objetivo do governo era transformar o local em um espaço multicultural do estado.

 

O QUE EVOLUIU?

No final de 2019, o governo do estado lançou um edital de licitação para a contratação de uma empresa de engenharia para realizar as obras de manutenção de Pituaçu (leia mais aqui).

 

"Na verdade, todo ano nós temos que fazer essa reforma, porque há um desgaste natural do próprio estádio. A manutenção é para criar as condições que tornem aquela área atrativa para o processo de concessão", afirmou Davidson em entrevista ao programa "Isso é Bahia", da rádio A Tarde 103,9 FM, com Fernando Duarte e Jefferson Beltrão, em dezembro de 2019.

 

Entre 2015 e 2019, o governo baiano gastou R$ 2,1 milhões na manutenção preventiva e corretiva do Pituaçu. O valor, obtido pelo BN  por meio de Lei de Acesso à Informação (LAI), revela que o custo  gerado pela administração própria demandou 11% de toda a verba empenhada pelo governo em reformas e construção de estádios na Bahia no período  (R$ 19 milhões). 

 

E ATUALMENTE?
Por conta da reinauguração do hospital de campanha na Arena Fonte Nova, o Bahia adotou novamente Pituaçu como seu mando de campo. No ano passado, o estádio recebeu jogos da fase final da Copa do Nordeste, que teve o Ceará como campeão na grande final contra o Tricolor baiano.

 

Outra equipe que manda jogos na praça esportiva é o Jacuipense. O time, de Riachão do Jacuípe, na Bacia do Jacuípe, atualmente treina no Fazendão, ex-centro de treinamento do Bahia. Por conta da logística, o Leão do Sisal vem optando por atuar em Salvador.