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O ex-senador e especialista em planejamento urbano-regional Waldeck Ornélas voltou a criticar o projeto da Ponte Salvador-Itaparica, classificado por ele como uma iniciativa “inadequada em termos de temporalidade e localização”.

Waldeck Ornélas | Foto: Reprodução / Redes Sociais
Em entrevista ao Bahia Notícias, Ornélas reafirmou a posição contrária à construção da ponte e defendeu a implementação de um sistema de transporte coletivo de passageiros na Baía de Todos-os-Santos como solução mais eficiente para a mobilidade e o desenvolvimento econômico da região.
Segundo o ex-senador, a ponte tem um caráter basicamente rodoviário, em que beneficia apenas o tráfego de veículos, e não atende às necessidades da população que se desloca entre as cidades. “A ponte resolve o problema do fluxo veicular, mas não o da mobilidade cotidiana das pessoas. A revitalização econômica do entorno da baía só ocorrerá com um sistema eficiente de transporte de passageiros”, afirmou o também ex-ministro da Previdência do governo FHC ao Bahia Notícias.
Ornélas argumenta que o empreendimento, orçado atualmente em R$ 11 bilhões, deveria ser reavaliado. Ele destacou que o custo final pode ser ainda maior, já que estudos de fundação indicam a necessidade de intervenções mais profundas do que o previsto inicialmente.
“Meu receio é que apresentem um novo orçamento. Por isso, questionei em um artigo recente ‘quanto custa não fazer?’. É essencial compreender o impacto financeiro total dessa obra”, observou.
O ex-parlamentar também lembrou que já existe um sistema de transporte aquaviário na Baía de Todos-os-Santos, com rotas que conectam Salvador a cidades como Madre de Deus, Maragogipe e Cachoeira, as duas últimas no Recôncavo. Para ele, o modelo precisa ser aperfeiçoado e integrado a outros modais terrestres, e não substituído por uma ponte que privilegia apenas o transporte individual.
“A Baía de Todos-os-Santos é um recurso natural extraordinário e subutilizado. Temos um complexo portuário amplo, com potencial para reativar a economia local, como demonstra o caso do estaleiro Paraguaçu [Maragogipe], que pode gerar cerca de sete mil empregos. Isso exige soluções de transporte voltadas para os trabalhadores, e não apenas para automóveis”, completa Ornélas.
O ex-senador também comparou o projeto à Ponte Rio-Niterói, construída nos anos 1970. Para ele, o contexto atual é completamente diferente. “Naquele período havia uma metrópole na outra margem. Hoje, o cenário é outro, e o pedágio seria inviável para boa parte dos usuários. Estamos repetindo um modelo de desenvolvimento ultrapassado”, afirmou.
Waldeck Ornélas frisou que a posição contrária ao projeto não é recente. Desde 2019, ele publica artigos e notas técnicas em que critica a proposta, especialmente após a redução do vão central da ponte, que, segundo ele, comprometeu a viabilidade náutica da Baía de Todos-os-Santos.
“Tenho tratado desse tema há anos, antes mesmo da assinatura do contrato. Sempre defendi que a prioridade deve ser um sistema integrado de transporte de passageiros, capaz de impulsionar a economia local e melhorar a mobilidade de forma sustentável”, concluiu.
O ex-senador e ex-ministro Waldeck Ornelas foi convidado pela Associação Comercial da Bahia (ACB) nesta terça-feira (21) para debater a importância da implantação linhas férreas no estado. Em conversa com o Bahia Notícias, Ornelas disse temer que o estado fique isolado do restante do país caso os projetos do setor não saiam do papel.
"A Bahia está correndo risco de ficar sem ferrovia, de ficar isolada. É preciso integrar e desenvolver uma malha ferroviária básica neste momento", iniciou.
"Questões urgentes que estão sendo tomadas nesse momento no governo federal são em relação as novas etapas da Fiol [Ferrovia de Integração Oeste-Leste] e a necessidade absoluta que a Bahia tem de uma integração direta da Fiol com a [Ferrovia de Integração Centro-Oeste]. Na outra vertente há necessidade de termos uma definição em relação a renovação antecipada da FCA [Ferrovia Centro-Atlântica]", acrescentou Ornelas.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva já demonstrou interesse em manter os estudos que analisam a viabilidade de concessão única da ferrovia FICO - trecho Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT), que está sendo construído pela Vale - e da FIOL, corredor ferroviário para transporte pesado que percorre a Bahia, de oeste para leste, até chegar ao porto de Ilhéus.
Ornelas também falou sobre a necessidade de uma definição da Bahia em relação a FCA, a maior ferrovia do Brasil, que conecta sete estados e o Distrito Federal, e é a principal via de integração ferroviária entre as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
"De um lado nós temos um eixo horizontal que é o da Fiol que precisa se estender até a Fico para penetrar até o centro-oeste do Brasil e de outro lado a FCA que é a linha vertical que mantém a ligação da Bahia com o Sudeste. O estado do porte econômico e da importância da Bahia não pode deixar de ter uma ligação ferroviária com o Sudeste", completa.
A pretensão do presidente da ACB, Mário Dantas, é mobilizar o setor empresarial em torno do assunto e informar à sociedade sobre a importância de renovar o sistema de transporte de cargas por trens do estado.
“Se os setores públicos e privados não se unirem e não agirem de forma expedita e eficaz na defesa de uma malha ferroviária que complete o sistema logístico da Bahia, o estado vai pagar um preço alto e por décadas, como um grande entrave ao desenvolvimento econômico”, avalia.
“Essa reunião de hoje está startando esse processo de articulação entre as entidades empresariais privadas e que vão promover esse diálogo junto ao poder público. Foi o primeiro de muitos debates produtivos já procurando levar essas propostas para os governos estadual e federal na busca de viabilizar o projeto”, pontuou Dantas.
ENTRAVES PARA O DESENVOLVIMENTO
A coordenadora no núcleo de sustentabilidade da ACB e presidente do instituto Bahia Viva, Isabela Suarez, criticou o "associativismo" de alguns órgãos que, segundo ela, atrapalham o desenvolvimento no estado.
A empresária propôs a criação de uma comissão temporária para debater o assunto.
"Falamos pouco dos impedimentos que levam a falta de infraestrutura. Isso passa pela burocracia incetivada pelo Ministério Público Federal e Estadual e os órgãos licenciadores. A gente precisa se posicionar de forma mais crítica, vide o que está acontecendo em Boipeba. Existe hoje um mito que se criou em torno da atividade turística, da atividade portuária que são potencialmente poluidores. De fato existe um impacto, mas as compensações dentro do arcabouço legal estão aí para mitigar e promover o desenvolvimento em nosso estado", finalizou.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luiz Inácio Lula da Silva
"Grave erro histórico".
Disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao criticar o mecanismo das emendas impositivas, um dos tipos de transferências de verbas federais feitas por parlamentares aos estados e municípios. Em declaração dada nesta quinta-feira (4), o petista definiu o modelo como uma "grave erro histórico", mas negou que o governo tenha um "problema" com o Congresso Nacional".