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"A carne mais barata do mercado é a carne negra/ Que vai de graça pro presídio/ E para debaixo do plástico/ E vai de graça pro subemprego/ E pros hospitais psiquiátricos". Imortalizada na voz de Elza Soares, a canção "A Carne" é uma triste realidade do povo brasileiro. E, em meio a esse problema, uma chaga se mantém aberta: a violência policial. O tema tem sido recorrente em protestos e denúncias ao longo das últimas décadas no Brasil — e na Bahia. Casos emblemáticos, muitas vezes marcados por abusos de poder, seguem ecoando nas ruas e nas memórias da sociedade baiana. Esses episódios trágicos revelam um padrão de violência que ameaça a vida dos baianos.
Nesta reportagem, revisitamos alguns momentos que definiram a relação entre a polícia e as comunidades, levantando questões sobre a impunidade, os direitos humanos e a busca por justiça em um estado marcado pela desigualdade.
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GAMBOA
A madrugada de 1º de março de 2020 ficou marcada por gritos e silêncio na Gamboa de Baixo, comunidade periférica de Salvador. Enquanto a vida pulsava na cidade, Alexandre Santos dos Reis, de 20 anos, Cléverson Guimarães Cruz, de 22, e Patrick Sousa Sapucaia, de apenas 16, celebravam em um bar local.
O brilho das luzes festivas se apagou para os três jovens quando foram retirados à força por agentes do Batalhão de Rondas Especiais da Polícia Militar da Bahia (Rondesp). Poucas horas depois, seus corpos seriam encontrados sem vida em uma casa abandonada.
Hoje, quatro anos depois, a dor ainda ecoa pelas escadarias da comunidade. Na época, os moradores denunciaram que os policiais chegaram atirando e lançando gás lacrimogêneo, transformando a madrugada carnavalesca em uma noite de terror. A versão oficial da PM dizia que a ação foi uma resposta a uma ocorrência de sequestro, e que os jovens, supostamente armados, haviam resistido. Porém, as investigações desmontaram essa narrativa.
Os laudos periciais e as simulações realizadas mostraram que as armas de fogo apresentadas pelos policiais haviam sido plantadas no cenário do crime. Testemunhas relataram que, após as execuções, os PMs usaram vassouras, baldes e água cedida por moradores para lavar as poças de sangue que manchavam as escadarias. Mais tarde, os corpos de Alexandre, Cléverson e Patrick foram retirados da cena do crime, enrolados em lençóis e levados ao Hospital Geral do Estado (HGE) para sustentar a falsa versão de que teriam sido socorridos após um confronto.
Para Wagner Moreira, coordenador do IDEAS Assessoria Popular, que oferece suporte jurídico às famílias das vítimas, a denúncia do Ministério Público é um marco. “A tentativa de responsabilizar os policiais revela um esforço do MP para enfrentar a crise na segurança pública na Bahia, especialmente em casos emblemáticos como este”, afirmou Wagner.
Em novembro de 2023, três dos quatro policiais envolvidos foram denunciados por homicídio qualificado cometido por motivo torpe. Eles aguardam a decisão judicial que poderá levá-los a júri popular. Na mesma ocasião, a Justiça determinou o afastamento dos policiais por 180 dias, além da proibição de acesso à Gamboa e de contato com testemunhas e familiares. Contudo, relatos de moradores sugerem que os PMs continuaram frequentando a área, perpetuando o clima de medo.
Em julho de 2024, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) acusou formalmente quatro policiais militares por crime de fraude processual. Eles foram denunciados por alterar a cena do crime.
CABULA
Na madrugada do dia 6 de fevereiro de 2015, as vielas da Vila Moisés, no bairro do Cabula, em Salvador, foram testemunhas de uma tragédia que marcou para sempre a história da cidade. Doze jovens foram mortos durante uma operação das Rondas Especiais da Polícia Militar (Rondesp). As vítimas tinham idades entre 16 e 27 anos. O caso, que ficou conhecido como "Chacina do Cabula", levantou questões sobre o uso excessivo da força policial, as desigualdades sociais e as feridas abertas do racismo estrutural.
De acordo com a versão inicial apresentada pela Secretaria de Segurança Pública, os policiais estavam respondendo a uma informação de que um grupo planejava assaltar um banco na região. Ao chegarem no local, teriam sido recebidos a tiros por cerca de 30 suspeitos. Em contrapartida, investigações conduzidas pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) trouxeram à tona uma narrativa bem diferente: o crime teria sido premeditado pelos policiais como uma resposta violenta ao tráfico de drogas e em retaliação à morte de dois jovens ocorrida semanas antes, em 17 de janeiro de 2015, após uma incursão policial no bairro.
As evidências coletadas durante o inquérito sugerem que houve uma execução planejada. Dos 12 mortos, apenas quatro apresentavam vestígios de pólvora nas mãos. Laudos médicos revelaram que muitos foram atingidos por tiros disparados de cima para baixo, à queima-roupa. Alguns projéteis atravessaram a cabeça das vítimas, indicando uma abordagem de curta distância. Ao todo, as vítimas e os quatro sobreviventes receberam impressionantes 88 tiros.
As vidas ceifadas naquela noite incluíram os jovens Evson Pereira Dos Santos (27); Ricardo Vilas Boas Silva (27); Jeferson Pereira dos Santos (22); João Luís Pereira Rodrigues (21); Adriano de Souza Guimarães (21); Vitor Amorim de Araújo (19); Agenor Vitalino dos Santos Neto (19); Bruno Pires Nascimento (19); Tiago Gomes das Virgens (18); Natanael de Jesus Costa (17); Rodrigo Martins de Oliveira (17); e Caique Bastos dos Santos (16).
Quatro sobreviventes deram entrada no Hospital Roberto Santos naquela madrugada: Nilson Santana da Conceição (22); Luís Alberto de Jesus Filho (28); Luan Lucas Vieira de Oliveira (20); Arão de Paula Santos (23).
A denúncia foi inicialmente aceita pelo juiz Vilebaldo José de Freitas Pereira, mas, devido às férias do magistrado, o caso foi transferido para a juíza Marivalda Almeida Moutinho. Em julho de 2015, apenas cinco meses após o crime, Marivalda absolveu sumariamente os nove policiais acusados. Ela justificou sua decisão como uma tentativa de dar “satisfação à sociedade”, mas a decisão causou indignação e foi amplamente contestada.
Três anos depois, em setembro de 2018, a sentença foi anulada pela 1ª Turma da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia, que acolheu um recurso do MP-BA. O processo, então, ganhou novos contornos quando a própria juíza Marivalda foi afastada do cargo, acusada de participação em um esquema criminoso no âmbito da Operação Faroeste, envolvendo venda de sentenças judiciais.
A falta de confiança no sistema judicial baiano levou o procurador-geral da República da época, Rodrigo Janot, a pedir a federalização do caso. Havia preocupações com a neutralidade das investigações, agravadas por ameaças feitas ao promotor de justiça que conduzia o caso. A questão se tornou um símbolo da luta por justiça e transparência em um estado marcado por históricos de violência policial.
TUCANO
Pedro Henrique era um homem de presença marcante. Negro, ativista pelos Direitos Humanos, tatuador, seguidor da cultura rastafári e defensor da legalização da maconha, ele levava em seus dreadlocks não apenas um estilo, mas uma declaração de identidade e resistência. Sua vida, interrompida em 2018 por um crime brutal, tornou-se um símbolo da luta contra o preconceito e a violência policial no interior da Bahia.
Em 2012, Pedro mudou-se para Tucano, uma pequena cidade com pouco mais de 48 mil habitantes. Apesar de frequentar o lugar devido a laços familiares, ele logo se tornou alvo de abordagens policiais constantes. Para seu irmão, Davi Santos Cruz Souza, o preconceito em relação à aparência de Pedro foi o gatilho para a perseguição.
Ainda naquele ano, Pedro sofreu agressões durante uma abordagem policial. Ele reagiu da maneira que sabia: denunciou o ocorrido ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) e utilizou suas redes sociais para expor a violência. Mais do que isso, fundou a Caminhada da Paz, um ato em defesa dos Direitos Humanos e contra os abusos policiais, que, cinco anos após sua morte, continua sendo realizado anualmente em Tucano.
Entre 2012 e 2018, Pedro Henrique registrou ao menos cinco denúncias contra policiais militares, incluindo Sidiney Santana e Bruno Montino, que mais tarde seriam acusados de participar de seu assassinato.
Em 5 de maio de 2017, Pedro relatou ter sido praticamente despido em via pública para que suas tatuagens fossem examinadas pelos PMs. Em 14 de maio de 2018, ele precisou buscar atendimento médico após ser agredido durante uma abordagem. Menos de dez dias depois, em 24 de maio, ele e sua namorada foram abordados de forma truculenta ao voltarem do mercado. Nessa ocasião, Pedro afirmou que Sidiney mexeu em seus bolsos, quebrou seu celular, deu-lhe tapas e socos e, exibindo sua arma, desafiou: “Vá tomar suas providências porque você tem seu advogado e eu tenho o meu”.
Na noite do crime, em 2018, a casa do pai de Pedro, José Aguiar de Souza, foi invadida por três homens armados. Sob ameaça, ele foi obrigado a levar os assassinos até a residência do filho.
A invasão foi rápida e brutal. Pedro Henrique foi executado à queima-roupa, enquanto sua companheira estava dentro da casa. Ela ouviu os tiros, mas optou por não falar sobre o caso publicamente, temendo represálias. Contudo, em depoimento à polícia, identificou os três autores do crime como Sidiney Santana, Bruno Montino e José Carlos Dias. Apesar de estarem encapuzados, ela os reconheceu pelas vozes e características físicas.
A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou os três policiais militares pelo homicídio. O trabalho foi realizado em conjunto com a Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública, e o caso agora está sob responsabilidade do MP-BA. Apesar de o Departamento de Polícia Técnica (DPT) ter concluído todos os laudos periciais, o Ministério Público aguarda os resultados para dar prosseguimento ao processo.
FEIRA DE SANTANA
Na noite de um dia comum em Feira de Santana, o que parecia ser uma brincadeira entre adolescentes resultou em uma tragédia irreversível. Matheus dos Santos Souza, de apenas 14 anos, morreu após ser baleado enquanto estava na garupa de uma motocicleta. O caso chocou a população e levantou questionamentos sobre a violência policial e a vulnerabilidade juvenil.
De acordo com relatos de moradores e vídeos que circulam nas redes sociais, Matheus e um amigo estavam simulando uma situação de assalto, aproximando-se de dois jovens que vestiam uniformes escolares. A "brincadeira" foi interrompida pela chegada de uma viatura da Rondesp Leste, que avistou os adolescentes e interpretou a cena como uma tentativa de roubo.
Os policiais seguiram os jovens e, em uma sequência de eventos ainda sob investigação, dispararam contra a motocicleta. Os tiros atingiram Matheus, que não resistiu aos ferimentos. O amigo que conduzia a moto também foi atingido, mas sobreviveu e está sob cuidados médicos.
A Polícia Militar divulgou uma nota oficial expressando pesar pelo ocorrido e informando que os quatro policiais envolvidos foram afastados de suas funções operacionais até a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM).
“A PM lamenta profundamente as circunstâncias do ocorrido e informa que o Comando de Policiamento da Região Leste (CPRL) afastou das atividades operacionais os quatro policiais militares integrantes da guarnição até a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM), instaurado imediatamente após o fato”, afirmou a corporação em nota oficial.
LAURO DE FREITAS
Na manhã silenciosa de um dia comum no bairro do Portão, em Lauro de Freitas, a rotina foi abruptamente interrompida por tiros que ecoaram na localidade conhecida como Vila Nova de Portão. Givanildo Silva, um marceneiro de 36 anos, tombou ao chão, morto em uma ação policial que se transformou em mais um caso controverso envolvendo a Polícia Militar.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que, durante rondas na região, os policiais avistaram um grupo de homens armados e houve um confronto. Segundo o relato dos agentes, ao final da suposta troca de tiros, Givanildo foi encontrado caído no chão. Ele foi socorrido e levado ao Hospital Menandro de Faria, mas não resistiu aos ferimentos.
Ainda de acordo com a PM, uma pistola calibre .40, sete munições, 34 pinos de cocaína e 79 trouxas de maconha teriam sido encontrados com Givanildo. Essa narrativa, no entanto, é fortemente contestada pela família, amigos e testemunhas.
Para os moradores da região e parentes de Givanildo, a história contada pelos policiais não condiz com os fatos. Testemunhas afirmaram que os policiais chegaram atirando sem qualquer aviso ou confronto prévio. “Ele era trabalhador, não tinha nada a ver com o que estão dizendo. Era um homem honesto”, declarou um amigo próximo da vítima.
A revolta se transformou em protestos. Dois atos já foram realizados no bairro do Portão, com faixas e gritos por justiça. Os manifestantes exigem que os policiais envolvidos sejam responsabilizados e que a Polícia Militar se retrate pelas acusações contra o marceneiro.
"A carne mais barata do mercado é a carne negra/ Que vai de graça pro presídio/ E para debaixo do plástico/ E vai de graça pro subemprego/ E pros hospitais psiquiátricos". Imortalizada na voz de Elza Soares, a canção "A Carne" é uma triste realidade do povo brasileiro. E, em meio a esse problema, uma chaga se mantém aberta: a violência policial. O tema tem sido recorrente em protestos e denúncias ao longo das últimas décadas no Brasil — e na Bahia. Casos emblemáticos, muitas vezes marcados por abusos de poder, seguem ecoando nas ruas e nas memórias da sociedade baiana. Esses episódios trágicos revelam um padrão de violência que ameaça a vida dos baianos.
Em um caso recente, um funcionário da embasa, identificado como Welson Figueiredo Macedo, de 28 anos, foi morto por policiais militares com um tiro nas costas, no bairro de Castelo Branco, enquanto voltava do trabalho de moto.
Welson voltava do trabalho de moto e passou no bairro para deixar um amigo. Após levar levá-lo, Welson seguiu para o bairro de Fazenda Grande 2, onde morava com a esposa e o filho de oito anos. No percurso, policiais que estavam em uma viatura alegam que o teriam confundido com um suspeito.
Em nota, a PM informou que agentes faziam rondas, quando viram três suspeitos, de moto, assaltando um casal. Com a aproximação dos policiais, eles atiraram contra a viatura e fugiram. Pouco depois, os policiais receberam denúncias de que eles estavam no fim de linha do bairro. Houve troca de tiros e Welson foi encontrado ferido. Após ser baleado, o homem foi levado ao Hospital Eládio Lassere, onde morreu durante uma cirurgia.
A família acusa a Polícia Militar de matar a vítima, enquanto a corporação afirma que houve troca de tiros.
Se engana quem acredita que este é apenas mais um caso isolado, esse caso vem se somar a uma série de episódios semelhantes que, ao longo dos anos, continuam a expor a falha do sistema de segurança pública em garantir direitos básicos de proteção e segurança para a população.
No ano de 2023, foram registradas 1.702 mortes por ações policiais na Bahia em 2023. Este é o segundo ano consecutivo em que a Bahia supera os índices registrados no Rio de Janeiro e São Paulo, dois dos três estados brasileiros com maiores populações. As informações fazem parte da pesquisa Pele Alvo, da Rede de Observatório de Segurança, divulgados no dia 7 de novembro.
A Rede de Observatórios de Segurança monitora a situação em nove estados brasileiros: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Dentre esses, a Bahia foi o único estado a registrar mais de mil óbitos no ano passado.
Das 1.702 pessoas mortas em operação, a população negra representou 94,6% do total e 99,5% são homens, com uma vítima a cada sete horas. Segundo o estudo, a polícia baiana é a que mais mata, sendo responsável por quase a metade dos casos (47,5%) de pessoas negras mortas em ações policiais de todos os nove estados estudados. A juventude também faz parte do perfil mais vitimado: 62,0% dos mortos tinham entre 18 e 29 anos e 102 jovens de 12 a 17 anos foram mortos por agentes de segurança.
A violência policial na Bahia carrega uma história marcada por episódios que abalaram a sociedade e levantaram questionamentos sobre o uso excessivo da força e a impunidade. Ao longo das décadas, casos emblemáticos expuseram a fragilidade na relação entre as forças de segurança e a população, especialmente nas comunidades mais vulneráveis. Relembre, a seguir, alguns desses episódios que deixaram cicatrizes profundas no estado e continuam a ecoar na memória coletiva como símbolos da luta por justiça e direitos humanos.
Nesta reportagem, revisitamos momentos que definiram a relação entre a polícia e as comunidades, levantando questões sobre a impunidade, os direitos humanos e a busca por justiça em um estado marcado pela desigualdade.
Geovane Mascarenhas
No fim da tarde de 2 de agosto de 2014, Geovane Santana dos Santos, de 22 anos, foi abordado de maneira brutal pela Rondesp enquanto pilotava sua moto na Rua Nilo Peçanha, na região da Calçada, em Salvador. O jovem foi levado pelo subtenente Claudio Bonfim Borges, e os soldados Jesimiel e Jailson.
Na abordagem, Geovane foi conduzido na viatura 2.2211, junto com sua moto, até a Rua Luiz Maria, próximo ao Atacadão Recôncavo. Ali, foi apresentado a uma mulher que havia relatado ser vítima de roubo. No entanto, ela não reconheceu Geovane como o autor do crime.
Minutos depois, às 17h21, uma segunda viatura, de número 2.2203, chegou ao local com mais policiais, incluindo o sargento Gilson Conceição Santos e os soldados Cláudio José, Fabio Azevedo e Jocenilton Almeida. Ambas as viaturas permaneceram na cena até às 17h25, antes de seguirem para a sede da Rondesp, no bairro do Lobato.
É nesse ponto que o caso se torna ainda mais estarrecedor. Nas dependências da corporação, Geovane foi torturado e executado. Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPE), os policiais decapitaram o jovem, mutilaram seu corpo, incluindo a remoção das mãos, genitália e partes das tatuagens, numa tentativa de dificultar sua identificação.
Horas após a execução, às 21h, um grupo de policiais deixou a sede da Rondesp em duas viaturas, 2.2204 e R-10. Entre eles estavam Cláudio Bonfim, Jesimiel, o sargento Daniel e os soldados Roberto, Alan e Alex. O corpo mutilado de Geovane foi transportado até a Travessa São Rafael, na Rua das Casinhas, próximo ao Parque São Bartolomeu. No local, os acusados atearam fogo no cadáver, abandonando-o em uma casa sem moradores.
No dia seguinte, o corpo foi encontrado por moradores da região. A motocicleta e o celular de Geovane também foram subtraídos pelos policiais, conforme a denúncia. A brutalidade do caso chocou a população e levantou questionamentos sobre a conduta da polícia baiana.
Após quase 20 dias procurando Geovane, seu pai descobriu que um corpo decapitado, que tinha sido encontrado no Parque São Bartolomeu, que estava no Instituto Médico Legal pertencia ao seu filho. Para provar que seu filho havia desaparecido após uma abordagem policial, o pai foi até o bairro da Calçada onde encontrou imagens de uma câmera de segurança que mostra seu filho sendo abordado, agredido e levado pelos policiais.
Apesar das tentativas dos acusados de encobrir seus atos, a tecnologia foi decisiva para elucidar os fatos. Durante a abordagem inicial, os policiais desligaram o GPS da viatura 2.2211 e cortaram a fiação da câmera instalada no veículo. Contudo, o sistema de rastreamento continuou emitindo sinais para uma central localizada em outro estado. Além disso, os radiocomunicadores portáteis e fixos das viaturas também registraram as localizações exatas dos veículos.
Essas evidências desmentiram o relatório de serviço elaborado pelos policiais, que alegaram terem realizado rondas em locais totalmente diferentes. As provas tecnológicas, combinadas com depoimentos de testemunhas, apontaram para a responsabilidade dos acusados no sequestro, tortura e assassinato de Geovane.
O Ministério Público destacou a motivação “torpe” do crime, afirmando que os policiais agiram de maneira arbitrária, valendo-se da autoridade conferida pelo Estado para cometerem a execução. Relatos indicam que Jesimiel conhecia Geovane previamente, pois o jovem era primo da esposa de sua ex-companheira. Há indícios de que a antipatia pessoal pode ter influenciado a abordagem inicial e o desfecho trágico.
A execução de Geovane escancara a fragilidade do controle sobre as ações policiais em Salvador. Embora os acusados tenham sido presos temporariamente entre 15 de agosto e 12 de outubro de 2014, o caso lança luz sobre a violência institucional e a necessidade de responsabilização de agentes do Estado.
Para a família de Geovane, o luto é permanente, mas a esperança é de que a justiça seja feita. E para a sociedade, o caso é um lembrete doloroso de que a luta contra os abusos policiais continua longe de terminar.
Quatro anos depois do crime, em 2018, foi decidido que seis dos 11 policiais militares denunciados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por suspeita de envolvimento na morte de Geovane Santana Mascarenhas iriam a júri popular. Após idas e vindas, houve a decisão da juíza Gelzi Maria Almeida de Souza, do 1º Juízo da 1ª Vara do Júri, para o veredito popular. A última decisão é de 2023, mas o júri ainda não aconteceu.
Vão a júri Cláudio Bonfim Borges; Jesimiel da Silva Rezende; Daniel Pereira de Sousa Santos; Alan Morais Galiza dos Santos; Alex Santos Caetano; Roberto dos Santos Oliveira.
Os demais policiais foram inocentados pela Justiça por "inexistência de indícios suficientes de autoria". Os 11 policiais respondem ao processo em liberdade e, conforme a PM, desempenham atualmente funções administrativas. Todos foram denunciados pelos crimes de sequestro, roubo e homicídio qualificado por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima. Dos onze, seis policiais ainda foram denunciados por ocultação de cadáver.
A cozinheira Elaine Esteves Pereira, de 39 anos, foi morta pelo disparo de um policial após o carro em que estava com o marido bater na traseira de um veículo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) no Rio de Janeiro. O caso aconteceu na manhã desta segunda-feira (12).
O viúvo Carlos André Alves de Almeida, de 48 anos, contou à TV Globo que o casal estava sendo perseguido por outro carro e que chegou a ficar aliviado quando viu o carro da polícia. “Eu falei: ‘amor, fica calma que é a polícia’. Achei que a polícia era a nossa salvadora, mas o que aconteceu foi uma tragédia maior”.
Carlos afirmou que, assim que os disparos pararam, a esposa reclamou que estava passando mal. A mulher ainda conseguiu abrir a porta do carro, se soltar do cinto, mas, de acordo com o marido, começou a desfalecer no local. Elaine deixa duas filhas.
De acordo com relatos, Elaine e o marido saíram de uma festa e, no caminho de volta para casa, um homem parou ao lado deles e pediu que encostassem porque o casal havia batido no carro dele. Carlos André contou que nem ele nem a mulher perceberam o acidente e ficaram com medo de parar às 3 horas da manhã, por isso resolveram acelerar.
O outro carro perseguiu o deles e, segundo Carlos André, chegou a bater na traseira deles de propósito. Ao tentar fugir, perderam o controle do carro em uma curva e acabaram batendo no comboio da polícia.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que o carro estava “em fuga” e citou a proximidade com uma comunidade da região, Parada de São Lucas, como motivo para a reação dos agentes. Segundo a corporação, os tiros foram dados a fim de “interromper a investida repentina e violenta”.
A cidade de Salvador apresentou os maiores números de letalidade policial do Brasil em 2023. Foram 457 mortes decorrentes de violência praticada por agentes. No mesmo período, a Bahia registrou 1699 mortes por intervenção de agentes de segurança no estado, de um total de 6.393 registros do país; ou seja, um a cada quatro óbitos do país.
Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado nesta quinta-feira (18). O município de Jequié, no sudoeste do estado, aparece como a cidade mais violenta do Brasil, com 46,6 mortes a cada 100 mil habitantes provocadas por policiais.
Segundo Samira Bueno, diretora executiva do Fórum, a violência observada na Bahia é fruto de disputas do crime organizado. São grupos que se aliam a facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) ou o Comando Vermelho (CV), e travam batalhas por território. As mortes causadas por policiais se dão, em boa parte, pela sua interferência nestas disputas.
PERFIL DOS MORTOS
No quesito de mortes relativas, a Bahia só perde para o estado do Amapá, que possui 23,6 óbitos por violência policial a cada 100 mil habitantes. No entanto, o número absoluto de mortes no estado é de 173, quase um terço dos números de Salvador, com 457 mortes apenas em 2023.
De acordo com o estudo, a letalidade policial no país cresceu 188,9% nos últimos 10 anos. O perfil das vítimas aponta que 82,7% dos mortos por violência policial no período eram negros, 71,7% tinham entre 12 e 29 anos e 99,3% do sexo masculino. Com isso em vista, o risco de um negro morrer por intervenção da polícia é 3,8 vezes maior.
O levantamento aponta que o contexto violento atinge até mesmo os policiais. Foram 127 agentes assassinados no Brasil no último ano, sendo 57% deles fora de serviço. Deste número, 9 mortes ocorreram na Bahia.
Por outro lado, o número de policiais que tiraram a própria vida cresceu em 26,2% no mesmo período, com 118 policiais em 2023, sendo, deles, quatro baianos.
Salvador foi a cidade com mais mortes violentas registradas no Brasil em 2023, com 1.474 óbitos totais, tendo em segundo lugar, a cidade do Rio de Janeiro, com 1.438 mortes no mesmo período.
Um jovem de 24 anos terá que ser submetido a uma cirurgia na região do braço e da clavícula após abordagem policial em Barra do Jacuípe, litoral de Camaçari. O episódio foi registrado na noite da última sexta-feira (7) após, supostamente, a PM atender a um chamado por “paredão de som”. No entanto, imagens que circulam nas redes sociais mostram agressões cometidas por agentes de segurança contra o grupo em que o jovem integrava.
De acordo com o G1, familiares e amigos da vítima, que preferiram não se identificar, relataram que as agressões tiveram início após pessoas presentes começaram a filmar. As imagens mostram o jovem que teve o braço fraturado encostado na parede, quando recebe murros e chutes, enquanto pessoas ao redor gritam: “Para com isso. É abuso de autoridade” e “Tá errado bater no cara”.
O jovem deve passar por cirurgia após regulação - ele segue internado no Hospital Geral Menandro de Faria, em Lauro de Freitas. O rapaz terá que usar um pino de platina no corpo.
Por meio de nota, a disse que "fatos relacionados a agressões serão apurados", pois não apoia "comportamentos contrários à doutrina preconizada". "Ao chegar, a patrulha realizou abordagens e busca pessoal, na tentativa de identificar os envolvidos na formação do paredão, momento que foram hostilizados pela população e agredidos com arremessos de garrafas de vidro e ameaça verbal. Diante da situação, foi solicitado apoio de outras guarnições, mas os envolvidos conseguiram evadir", diz um trecho da nota, fornecida ao G1.
???? Jovem será submetido a cirurgia após agressão de policiais em Barra do Jacuípe
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) June 10, 2024
Veja momento da agressão ? pic.twitter.com/nilIBtkkb5
Um homem negro morreu após ser detido e algemado pela polícia nos EUA. Os policiais continuaram a aplicar pressão sobre suas costas mesmo após a vítima estar rendida e gritando: “Eu não consigo respirar”.
?? Homem negro morre nos EUA após ser detido e rendido por policiais
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) April 26, 2024
Confira ?? pic.twitter.com/jXePTj7aey
De acordo com reportagem do G1, Frank Tyson, norte-americano de 53 anos, foi morto após abordagem policial nos Estados Unidos. Frank estava em um bar quando os policiais chegaram e antes mesmo que eles tentassem rendê-lo, já gritava: “Vocês vão me matar”.
O caso ocorreu no último dia 18, mas só veio a público nesta quinta-feira (25), quando foram divulgadas as imagens da câmera corporal de um dos agentes envolvidos na ação. Não é a primeira vez que um caso do gênero acontece nos EUA. Os casos George Floyd e Eric Garner são outros exemplos recentes de violência policial contra a população negra.
Em 2014, Garner, outro homem negro, morreu após ser detido por um agente em Nova York e também reclamar que não conseguia respirar. Em 2020, mais um homem negro, George Floyd foi imobilizado pelo policial Derek Chauvin e disse diversas vezes que não conseguia respirar e também acabou morrendo.
Desde então, a frase “I can’t breathe”, eu não consigo respirar, em tradução livre, se tornou o slogan de movimentos que protestam contra abusos de policiais contra a população negra, como o Black Lives Matter.
De acordo com o canal de TV CBS, após imobilizar Tyson, os policiais ficaram conversando, em tom de brincadeira, com outras pessoas no local. Cinco minutos depois, um policial perguntou ao outro se o detido havia se acalmado e o agente respondeu que ele podia “estar desmaiado”.
Alguns minutos se passaram até que os agentes perceberam que Tyson não respondia. Finalmente, um deles disse que seria preciso chamar uma equipe médica, pois não estava mais sentindo o pulso do homem.
Os policiais tentaram fazer massagem cardíaca em Tyson, e o homem chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu e foi declarado morto menos de uma hora após dar entrada na emergência.
Segundo a imprensa americana, os policiais foram ao local em resposta a um chamado de acidente de carro. Havia apenas um carro na cena, sem motorista, e uma pessoa que estava passando apontou um bar de veteranos de guerra, como sendo o local onde o responsável estaria.
Tyson havia sido liberado da prisão no último dia 6 de abril, após passar 24 anos em detenção por envolvimento em um caso de sequestro e roubo. Ele se encontrava em uma lista de violadores da liberdade condicional por não ter se reportado a um oficial de justiça alguns dias antes.
Um policial militar jogou um jato de spray de pimenta no rosto de um homem negro que estava imobilizado pelo pescoço durante abordagem policial em São Paulo. Um vídeo mostrando a ação viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira (25).
As imagens foram compartilhadas pelo deputado estadual Renato Freitas (PT-PR). Para o G1, o gabinete do parlamentar informou que o episódio ocorreu na terça (23), segundo informações de um denunciante.
De acordo com a denúncia recebida pelo deputado, a confusão teria começado após o homem negro receber a cobrança de um aluguel que já estava pago. O cobrador era o ex-marido da proprietária do imóvel, que o ameaçou com uma faca.
A Polícia Militar, então, teria sido acionada pelo próprio rapaz que era ameaçado. Entretanto, quando os agentes chegaram, ele passou a ser o alvo da abordagem.
No início do vídeo, dois policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) do 9° Batalhão da Polícia Militar Metropolitana, que atende a região do Tucuruvi, Zona Norte da capital, participam da abordagem.
Um dos agentes segura o homem negro, que estava com os braços atrás das costas, contra o portão de uma residência, imobilizando-o pelo pescoço. Em seguida, o colega entrega o spray de pimenta, que é aplicado na região dos olhos dele.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou em nota que a "Polícia Militar não compactua com desvios de conduta ou excessos de seus agentes, punindo com rigor aqueles descumprem os protocolos da instituição". Questionada, a pasta não informou se os policiais serão afastados do serviço de rua.
"Assim que tomou ciência dos fatos, a PM instaurou um procedimento apuratório. As imagens veiculadas pela reportagem bem como a das câmeras operacionais estão sendo analisadas. As devidas medidas administrativas e legais cabíveis serão adotadas diante das irregularidades", afirma a SSP.
Um canal especializado dentro da Ouvidoria Nacional do Ministério Público para receber denúncias de abusos decorrentes de abordagem policial e encaminhá-las aos membros do MP com atribuição para o controle externo da atividade policial. É assim que deve funcionar a Ouvidoria de Combate à Violência Policial criada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
A novidade foi anunciada pelo presidente do CNMP, Paulo Gonet, nesta quarta-feira (17). A proposta foi apresentada na 3ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), em Brasília, e deve ser implementada no prazo de 60 dias.
Gonet afirmou que a ideia é atuar em cooperação com o Ministério Público brasileiro. “Às vezes as pessoas ficam com receio de ir diretamente a um órgão no Estado (denunciar a violência policial) e preferem vir ao Conselho”, argumentou. “A gente receberá isso pela Ouvidoria e depois repassará para o Ministério Público correspondente para medidas consideradas pertinentes”, propôs o presidente. A ideia recebeu a aprovação imediata do CNPG.
A instituição da Ouvidoria Nacional de Combate à Violência Policial está prevista na Portaria CNMP-PRESI nº 135. Também caberá à nova unidade promover a integração entre as Ouvidorias do Ministério Público e as demais instituições envolvidas no enfrentamento do tema, além de propor e realizar parcerias para o aperfeiçoamento das atividades desenvolvidas.
As demandas dirigidas à Ouvidoria de Combate à Violência Policial tramitarão conforme fluxo estabelecido no Regimento Interno da Ouvidoria Nacional do Ministério Público, estabelecido na Resolução nº 212/2020.
Jhonatan Votri, conhecido como MC Jotta V, morreu no último dia 10 após infecção pulmonar decorrente de agressões. A declaração de óbito do IML afirma que o MC foi agredido por um objeto contundente. A família de Jhonatan afirma que as agressões ocorreram na madrugada do dia 6, em Içara, município próximo de Criciúma.
De acordo com o UOL, parentes do MC declararam que ele vinha sendo perseguido por policiais militares há cerca de dois anos. Jhonatan, além de MC, era servente de pedreiro e tinha diversas composições que criticavam a opressão policial.
No dia 5, Jotta V teria gravado um vídeo denunciando agressões sofridas durante uma abordagem policial, dizendo que iria levar o vídeo até a corregedoria da PM. No vídeo, Jhonatan mostra diversos hematomas e identifica um dos policiais que o teriam agredido. Segundo o músico, ele foi jogado contra um alambrado e espancado. Em boletim de ocorrência obtido pelo UOL, o músico relata ter sido abordado após sair de um posto de conveniência por após a meia-noite do dia 5 deste mês. Ele negou ter reagido.
Em outro vídeo, um parente mostra o estado do rosto de Jotta V: “Isso aí é imprudência de policial usando farda. Ele tá ruim e ninguém sabe o que ele tem (...) para mim tem que afastar um policial desse aí”, afirma O pai de Jhonatan, Richard Votri, também relata que, após a morte do filho, duas viaturas foram até a sua casa para tentar intimidá-lo. “Eles estão nos coagindo, parece que até o médico que atestou a morte está com medo. A cidade é pequena, os amigos deles estão até sendo vigiados. Já chegou até ameaça pela internet”, conta Richard.
O pai do MC afirma que levou o jovem ao menos cinco vezes ao pronto socorro após o filho ter sido agredido, segundo Richard, o filho nunca chegou a ser atendido propriamente, mesmo sentindo fortes dores no peito. Locais próximos a onde o incidente teria acontecido afirmam que as suas câmeras de segurança estão fora de funcionamento. As câmeras corporais dos PMs também estão sendo solicitadas para auxiliar na investigação. Segundo Richard, o filho já havia denunciado os PMs à Corregedoria.
Segundo declaração da Polícia Militar de Santa Catarina, tanto a conduta de Jhonatan quanto a dos policiais estão sendo apuradas, e um Termo Circunstanciado contra o MC foi lavrado na madrugada do dia 5 para o dia 6, mesma madrugada em que Jhonatan e o pai teriam relatado as agressões sofridas. A polícia afirma que vai investigar o ocorrido para elucidar o mais brevemente possível os fatos.
Confundido com um bandido por uma guarnição da Polícia Militar, em Jequié, o judoca Keven Luan dos Santos Souza gravou um vídeo para agradecer o apoio e orações pela sua recuperação. O campeão foi alvejado com tiros de arma de fogo e precisou passar por um procedimento cirúrgico.
Judoca confundido e baleado pela PM agradece orações: “Estou me recuperando bem” pic.twitter.com/7CTme58TMz
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) January 13, 2024
O episódio aconteceu na noite da última terça-feira (9). Desde então, Keven está internado no Hospital Geral Prado Valadares (HGPV). As informações são do Blog Marcos Frahm, parceiro do Bahia Notícias.
”Passando para informar que estou me recuperando bem e para agradecer pelas orações de todo mundo. Já estou bem, logo estou aí, com vocês. Não vou poder falar muito e nem responder a todo mundo, e também estou me recuperando e não quero fazer muito esforço, para a recuperação vir rápida”, disse no vídeo gravado no leito do hospital.
O CASO
De acordo com comunicado do Projeto Judô em Ação, o caso teria ocorrido na Rua do Contorno, no bairro Jequiezinho, quando os policiais militares em ronda na área teriam avistado uma dupla a bordo de uma motocicleta e determinaram que o piloto parasse o veículo para averiguação (saiba mais).
Segundo o relato, a ordem não foi obedecida pelo condutor, momento em que o carona levantou os braços para demonstrar que não estava armado e fazendo afirmação de que não seria criminoso e foi baleado por um dos integrantes da guarnição.
Na ação, Keven foi atingido com três disparos nas costas e socorrido ao Hospital Geral Prado Valadares (HGPV), onde foi submetido a intervenção cirúrgica. De acordo com informações iniciais, o atleta chegou à unidade de saúde sozinho. O piloto da moto também teria sido atingido.
Informações preliminares indicam que os policiais relataram terem sido vítimas de um disparo de arma de fogo, tendo como origem a motocicleta em que Keven estava. Os integrantes da guarnição, inclusive, teriam reconhecido o atleta como o autor do disparo que atingiu a lateral direita da viatura policial, próximo ao pára-lama.
Público da Bahia para cobrar uma investigação do caso do judoca Keven Luan dos Santos Souza, alvejado com disparos de arma de fogo deflagrados por uma guarnição da Polícia Militar, em Jequié.
Mobilização na frente do MP-BA cobra investigação do caso do judoca atingido por tiros da PM pic.twitter.com/vcI3OfAfiu
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Em um momento de fala, o advogado de Keven, Miguel Bomfim, deu mais detalhes sobre as dúvidas que precisam ser sanadas através da apuração dos fatos.
“Preciso que a polícia investigue, a Polícia Civil precisa investigar. Há uma discussão de que a gente precisa ver as câmeras. Quanto tempo durou essa perseguição? Essa arma foi jogada em que momento e em que local? Foi antes ou depois do disparo? Foi dado o disparo e depois jogado? [...] Volto a dizer que respeito plenamente a Polícia Militar, o tenente-coronel Marcele sempre foi receptivo comigo [...] já estivemos lá para falar sobre direitos humanos, direitos das mulheres, para falar da Lei Maria da Penha e eu sempre tive bom relacionamento com todos os policiais militares, todos os policiais civis. Inclusive, sou professor das duas universidades daqui de Jequié e tenho excelentes alunos policiais e respeito de forma absurda. Confio na Polícia Militar, confio na Polícia Civil e preciso da investigação”, declarou.
De acordo com comunicado do Projeto Judô em Ação, o caso teria ocorrido na Rua do Contorno, no bairro Jequiezinho, quando os policiais militares em ronda na área teriam avistado uma dupla a bordo de uma motocicleta e determinaram que o piloto parasse o veículo para averiguação.
Por meio de nota, a PM reforçou a versão de que foram efetuados disparos contra a guarnição, fato que negado pelo advogado, que defende que Keven, o jovem e o piloto da motocicleta negam “categoricamente” que estivessem armados.
O judoca Keven Luan dos Santos Souza foi alvejado com disparos de arma de fogo deflagrados por uma guarnição da Polícia Militar, em Jequié, no Médio Rio de Contas, na tarde de terça-feira (9).
De acordo com comunicado do Projeto Judô em Ação, o caso teria ocorrido na Rua do Contorno, no bairro Jequiezinho, quando os policiais militares em ronda na área teriam avistado uma dupla a bordo de uma motocicleta e determinaram que o piloto parasse o veículo para averiguação. As informações são do Blog do Marcos Frahm, parceiro do Bahia Notícias.
Ainda segundo o relato, a ordem não foi obedecida pelo condutor, momento em que o carona levantou os braços para demonstrar que não estava armado e fazendo afirmação de que não seria criminoso e foi baleado por um dos integrantes da guarnição.
Na ação, Keven foi atingido com três disparos nas costas e socorrido ao Hospital Geral Prado Valadares (HGPV), onde foi submetido a intervenção cirúrgica e permanece internado, com quadro estável. Segundo informações iniciais, o atleta chegou a unidade de saúde sozinho. O piloto da moto também teria sido atingido.
”Keven é um judoca promissor que representou a cidade de Jequié e o estado da Bahia em diversos campeonatos brasileiros e nacionais. Patrocinado pelo Governo do Estado, melhor atleta do ano de 2023 do estado da Bahia está sendo convidado para fazer parte de outros clubes do Brasil”, diz um trecho da nota divulgada pelo Projeto Judô em Ação.
Informações preliminares indicam que os policiais relataram terem sido vítimas de um disparo de arma de fogo, tendo como origem a motocicleta em que Keven estava. Os integrantes da guarnição, inclusive, teriam reconhecido o atleta como o autor do disparo que atingiu a lateral direita da viatura policial, próximo ao pára-lama.
Por meio de nota, a PM reforçou a versão de que foram efetuados disparos contra a guarnição. "Os militares faziam rondas no bairro Jequiezinho, quando avistaram duas pessoas em atitude suspeita em uma motocicleta. A guarnição deu ordem de parada, que não foi atendida pelo condutor do veículo. Disparos foram efetuados contra os pms, chegando a atingir a viatura. Houve o revide e os suspeitos fugiram. Posteriormente, os policiais foram informados de que um homem, atingido por disparo de arma de fogo, havia dado entrada em uma unidade hospitalar. Durante as buscas, um revólver com quatro munições deflagradas e uma intacta foi encontrado. A arma foi apresentada na delegacia para adoção das medidas cabíveis", informou a corporação (Atualização às 12h28 para adicionar o posicionamento da PM-BA)
Nos 10 primeiros meses de 2023, a Bahia foi o estado brasileiro que registrou o maior número de mortes por intervenção policial do Brasil. Das 5.268 mortes por ação das forças de segurança entre janeiro e outubro, 1.410 foram registradas na Bahia -o equivalente a 27%. O número é quase o dobro do Rio de Janeiro (770) e superior ao de São Paulo (407).
Os números são de dados compilados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e divulgados na quarta-feira (27). Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança, em 2022, as polícias do estado fizeram 1.464 vítimas fatais durante confrontos e em operações, patamar nunca antes alcançado.
São Paulo registrou o maior número de mortes violentas, com 8.807 vítimas nos dez primeiros meses do ano. Neste ranking a Bahia aparece em segundo lugar (6.816 mortes), seguido do Rio de Janeiro (6.230). Proporcionalmente à população, o Amapá é o estado com a maior taxa, com 564 mortes violentas registradas no período.
Apesar dos números alarmantes, o governo registrou queda de 2,2% em mortes violentas. Entre janeiro e outubro deste ano, 71.078 pessoas morreram por causas violentas, uma média de 234 mortes por dia. No ano passado, o número de vítimas foi de 72.715 no mesmo período. Esses dados referem-se a feminicídio, homicídio doloso, morte por intervenção policial, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, mortes no trânsito ou em decorrência dela e suicídios.
As informações são fornecidas pelas secretarias de Segurança Pública dos estados e do Distrito Federal. O Ministério da Justiça e Segurança Pública recebe e valida os dados eletronicamente junto às unidades federativas, segundo o governo.
A pasta promete atualizar os dados a cada 30 dias no sistema. "Outra novidade é que os indicadores serão apresentados com base no número de vítimas e não apenas de ocorrências, o que possibilita dados mais minuciosos", diz nota do ministério.
Um homem negro de 34 anos anos foi preso e teve as mãos e os pés amarrados e unidos nas costas ela Polícia Militar (PM), no centro de São Paulo. O momento foi flagrado pela Mídia Ninja, que compartilhou o vídeo e o fez viralizar.
Conforme a publicação da Mídia Ninja, o caso ocorreu na tarde de quinta-feira (30) na Rua Santo Amaro, na Bela Vista. O homem, ainda sem identificação, teria reagido a uma ofensa que recebeu de uma mulher, que o xingou de "macaco". É possível ouvir algumas pessoas gritando "racistas" para um grupo de mulheres que pareciam comemorar a prisão.
"Estava dentro dos Correios, quando uma discussão em voz alta começou do outro lado da calçada. Algumas pessoas já estavam dizendo que uma das mulheres teria chamado o homem de 'macaco'. A polícia chegou já com uma abordagem violenta. As pessoas desceram a calçada, o homem estava gritando, no porta-malas do carro", disse Pedro Madeira, que fez as imagens para o Mídia Ninja. "Enquanto agentes imobilizavam o homem no carro, outro policial pegou a corda e começou a amarrá-lo. As mulheres, que estavam discutindo com o homem, estavam chorando e os locais chamando elas de 'racistas'”, contou.
Segundo o G1, a Ouvidoria da Polícia já recebeu as imagens e repudiou como a abordagem foi realizada pelos policiais militares. Pediu ainda para a Corregedoria da PM apurar a conduta dos agentes “que nada tem a ver com qualquer procedimento sobre abordagem que respeite a dignidade humana”, disse.
"A repetição de atos de barbárie com métodos análogos à tortura da ditadura militar, para coibir uma discussão de rua, com ofensas de cunho racista ao homem, são perceptíveis nos vídeos e fotos recebidos e que instruirão o procedimento e serão encaminhados à Corregedoria da Polícia Militar, para as apurações e medidas correcionais cabíveis", indicou o ouvidor ao site.
Homem negro tem mãos e pés amarrados por PMs ao ser preso por “insubordinação”
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IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) paulista, responsável pela Polícia Militar, informou que a corporação analisa as filmagens e está apurando se os PMs cometeram alguma irregularidade. Por meio de nota, a pasta informou que o homem detido é "suspeito de importunação sexual", e que ele foi detido durante patrulhamento. A SSP não informou, porém, por que ele não foi responsabilizado por isso.
Ainda de acordo com a nota da SSP, o homem "estava bastante agressivo, chegando a atingir uma mulher com uma pedra no joelho e ameaçar os policiais. Ao ser detido, ele quebrou o vidro da viatura com chutes, sendo contido para preservar sua integridade física e das demais pessoas."
Nas imagens é possível vê-lo com as mãos e pés presos às costas por um material que parece ser uma corda. Enquanto isso, o homem permanece com o peito e rosto no asfalto. Ao seu lado estão policiais armados e viaturas da PM. Em seguida ele é colocado numa viatura.
Segundo o boletim de ocorrência do caso, ao qual a reportagem teve acesso, os policiais informaram que "foi necessário o uso de algemas e amarrar as pernas" do suspeito "para proteger a integridade física dele e das outras pessoas no local". Ele foi indiciado por "lesão corporal, ameaça, resistência, dano e desacato".
"A pedra utilizada foi apreendida e encaminhada para perícia. Foi solicitada perícia à viatura", informa a nota da Secretaria.
Dos 1.465 mortos pela polícia baiana em 2022, os pretos foram 94,76%. O dado consta no boletim “Pele alvo: a bala não erra o negro” da Rede de Observatórios de Segurança, publicado nesta quinta-feira (16). De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do mesmo ano, esse grupo representa 80,80% da população na Bahia.
No ano passado, a Bahia pela primeira vez, chegou ao topo do ranking dos estados que mais matam pela ação de agentes de segurança, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública monitorados pela Rede de Observatórios. Entre 2015 (quando o estado registrou 354 mortes) e 2022, houve um aumento de 300% nessa taxa de letalidade, que atingiu principalmente a população negra. Os jovens de 18 a 29 anos representam 74,21% das vítimas.
Há quatro anos a Rede de Observatórios monitora as informações sobre a cor da letalidade causada por ação policial a partir dos dados obtidos junto às secretarias estaduais de segurança pública via Lei de Acesso à Informação (LAI). Nesta edição, além da Bahia, são avaliados os números e registros de Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
“É importante ressaltar que a Bahia é o estado que mais justifica suas operações policiais baseado na ideia de “guerra às drogas” – vitimando a população majoritariamente negra e da periferia, como também os agentes de segurança que são negros, em sua maioria, mas atuam na ponta de lança de uma política falida. Esse contexto de morte como política de Estado financia e colabora com o genocídio da juventude negra diariamente”, diz Larissa Neves, pesquisadora do Observatório da Bahia.
“Visto que o uso de ‘força máxima’ em contenções de crises de segurança pública em Salvador, mais especificamente em territórios negros da cidade, são recorrentes, as operações policiais não chegam a fundo no problema e a prioridade acaba não sendo a vida das pessoas”, complementa.
Apenas Salvador registrou a morte de 438 pessoas, sendo 394 (89,95%) negras. A 115 quilômetros de distância, foram lavradas mais 86 vítimas em Feira de Santana e, a apenas a 41 quilômetros de distância da capital, em Camaçari, outras 43 vítimas, sendo esses os três municípios com o maior número de casos na Bahia.
PELE ALVO
O novo boletim revela que a cada quatro horas uma pessoa negra foi morta, em 2022, pela polícia nos oito estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança, sendo eles: Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Considerando os dados oficiais sobre raça e cor disponíveis, eram negros 87,35% (ou 2.770 pessoas) dos mortos por agentes de segurança estaduais no ano passado. Como nos estudos anuais anteriores, o novo monitoramento demonstra o alto e crescente nível da letalidade causada pela polícia a pessoas negras.
“São quatro anos de estudo e nos causa perplexidade e inquietação observar que o número de negros mortos pela violência policial representa a imensa maioria de um total elevado de vítimas”, diz a cientista social Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios. “Ainda lidamos com uma prática de negligenciamento do perfil dos mortos por agentes de segurança, fato que impacta diretamente no desenvolvimento de políticas públicas que possam mudar essa realidade e efetivamente trazer segurança para toda a população”, completa.
Nesta quinta (16), para marcar o lançamento do boletim Pele Alvo: a bala não erra o negro, a Rede de Observatórios promoverá uma mesa de debate, às 14h00 no Auditório Milton Santos do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceao/UFBA).
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Um policial militar atropelou e agrediu verbalmente uma jovem, nesta terça-feira (19), em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Em imagens divulgadas nas redes sociais, a jovem demonstra ter machucado um braço durante o ocorrido.
PM atropela e agride verbalmente uma estudante na região metropolitana de Salvador
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) September 19, 2023
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Segundo testemunhas, a rua onde a ação ocorreu possui diversas oficinas mecânicas, onde os carros obstruem a calçada. A caminho da escola, a jovem, acompanhada da tia, estaria andando pela rua e acabou batendo no vidro retrovisor da viatura, que foi quebrado com o impacto.
Nas imagens, o agente da polícia aparece agredindo verbalmente a jovem e a tia. "P*rra rapaz, você nessa idade, na escola, não aprendeu que não se anda na rua?(...) Ia passar o quê? Não viu a p*rra de um carro desse tamanho? Eu dando jogo de luz o tempo todo rapaz. Você sabe quanto custa uma p*rra dessa?", grita o policial.
Ainda no mesmo registro, ele brada: "Vá ali buscar o pedaço que caiu no meio da rua, pra você aprender a ter educação". No final da gravação, a tia da estudante pede que o agente se acalme. "Não tem nada de confusão, tudo se resolve", diz a mulher. O PM volta a aumentar o tom. "Confusão uma p*rra, rapaz. Um bando de mal educado, folgado, quer ver a desgraça dos outros e depois vem com p*rra de 'mimimi', rapaz", continuou.
"Espero que seu pai não crie problemas, pra resolver meu negócio, pra não ser pior, viu?", finaliza o agente em tom de ameaça antes de se retirar.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que o agente já foi identificado e está sendo ouvido para a instauração de uma apuração sobre o caso.
"MIMIMI" ???? Em outro momento do registro, o PM diz esperar colaboração do pai da estudante e ameaça: "Pra não ser pior" pic.twitter.com/oPnkPZICL0
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) September 19, 2023
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) comentou a respeito das críticas feitas pelo ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, sobre as mortes registradas em operações policiais na Bahia no último mês. Jerônimo revelou, em entrevista na manhã desta quarta-feira (9), que recebeu ligações tanto de Silvio Almeida quanto da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Em sua declaração sobre o assunto, ele disse que não tem problema em receber críticas quando “acontecem de forma construtiva” e que a ordem do Governo do Estado é "não tirar a vida de ninguém".
“Ele me ligou ontem, eu estava em Brasília e também dialoguei com a ministra Anielle. [...]. Eu entendi a mensagem dos dois ministros se colocando à disposição. É um lugar deles, tem que fazer isso para nos ajudar a fiscalizar. Eu não tenho problema algum quando as críticas acontecem de forma construtiva. [...] Nós queremos prender, a ordem nossa não é tirar a vida de ninguém”, disse.
LEIA TAMBÉM:
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O governador disse que recebeu ligações tanto de Silvio Almeida quanto de Anielle Franco para falarem sobre os casos de violência policial que acontecem na Bahia. Ele apontou ainda que deseja se reunir com os dois ministros para tratar do assunto.
“Espero que o ministro Sílvio e a ministra Anielle possam ainda até neste final de semana, sexta ou sábado na sexta [para se encontrarem comigo]. Nós nos encontraremos no Rio de Janeiro com eles dois no lançamento do novo PAC, mas esse encontro não será suficiente. Eu quero fazer uma reunião aqui ou em Brasília com o meu corpo de Segurança Pública e com os dois ministérios”, completou.
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) usou as redes sociais para se posicionar sobre a movimentação do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, que acionou a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos para acompanhar as apurações das mortes cometidas por policiais na Bahia.
O chefe do Executivo estadual disse que conversou com Almeida e que tem dialogado com o governo federal e órgãos do sistema de Justiça sobre segurança pública e redução da letalidade policial.
“O nosso compromisso é na apuração de casos de eventual excesso por parte de qualquer servidor, qualificação permanente da atuação policial para garantir mais eficiência na ação, respeito à legislação e preservação da vida”, escreveu o governador em sua conta no Twitter, na noite de domingo (6).
Na última semana, ao menos 30 pessoas foram mortas em operações policiais no estado. No dia 28 de julho, sete homens morreram em confronto com a Polícia Militar em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
No dia 30, duas mulheres e seis homens morreram após confronto com a polícia, na localidade do Morro do Tigre, zona rural de Itatim, no interior da Bahia. No dia seguinte, mais quatro pessoas morreram em confronto com a PM no bairro de Cosme de Farias, em Salvador.
O Ministério Público estadual (MP-BA) abriu investigações para apurar as circunstâncias das mortes registradas durante ações policiais ocorridas nos municípios de Salvador, Camaçari e Itatim.
As investigações serão conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp), em conjunto com os promotores de Justiça criminais das respectivas comarcas. O MP também acompanhará o andamento dos inquéritos policiais instaurados na Polícia Civil para apuração dos fatos.
Imagem: Reprodução Twitter
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, acionou a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos para acompanhar as apurações das mortes cometidas por policiais na Bahia. Na última semana, ao menos 30 pessoas foram mortas pela Polícia Militar.
“Intervenções policiais que resultam em números expressivos de mortes não são compatíveis com um país que se pretende democrático e em consonância com os Direitos Humanos”, disse o ministro em nota.
Na Bahia, as mortes ocorreram nos municípios de Camaçari e Itatim e no bairro de Cosme de Farias, em Salvador. Dados do Instituto Fogo Cruzado mostram que apenas neste ano foram 64 trocas de tiros que resultaram em 42 pessoas mortas e nove feridos na região metropolitana.
Veja a nota na íntegra:
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, informou neste sábado (5) que contatou e está em diálogo com o Governo da Bahia a respeito dos últimos acontecimentos que resultaram na morte de 30 pessoas, após diferentes confrontos com policiais militares.
Além disso, Silvio Almeida determinou formalmente à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos que acompanhe a apuração do caso e ouça as autoridades, bem como a sociedade civil.
Segundo o ministro, intervenções policiais que resultam em números expressivos de mortes não são compatíveis com um país que se pretende democrático e em consonância com os Direitos Humanos.
Um vídeo registrou uma agressão de policiais militares a um jovem em Bom Jesus da Lapa, na região do Velho Chico, Oeste baiano. O fato ocorreu na noite da última terça-feira (16) em frente a uma escola municipal. Até a manhã desta quinta-feira (18) não há informações sobre a motivação do caso.
Segundo o G1, a Secretaria de Educação local informou que pelo menos três adolescentes foram abordados pelos agentes. Os alunos, que fazem parte da Educação de Jovens e Adultos (EJA), saíam do horário de aula.
A Polícia Militar declarou que a Corregedoria do órgão vai apurar o caso.
Vídeo mostra estudante agredido por PMs no Oeste baiano; Corregedoria apura caso
— BN Municípios (@BNMunicipios) May 18, 2023
???? g1 BA e TV Oeste
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O carnaval de Salvador era para ser uma fantasia eterna, onde a paz sempre vence a guerra. Mas infelizmente, nem sempre é assim. A violência na folia soteropolitana deixou mais uma vítima traumatizada. Desta vez, um policial civil, que curtia seu dia de folga como folião pipoca no circuito Barra-Ondina.
A vítima da vez foi Adson Gomes Miranda, um homem negro e de dreads, que tirava foto de uma amiga nas proximidades do Cristo da Barra, quando começou a ser agredido por policiais da tropa de Choque da Polícia Militar do Estado da Bahia (PM-BA) em meio à multidão de foliões.
Em um áudio gravado por Adson e encaminhado pelo Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) ao Bahia Notícias, a vítima afirma que o motivo da violência foi preconceito racial.
“Todos sabem a covardia a qual eu fui submetido na terça-feira de carnaval. A abordagem, de forma criminosa, desastrosa e preconceituosa a qual fui submetido, é algo que infelizmente ainda permeia a sociedade brasileira. Há esse resquício ainda de escravidão e de preconceito racial”, avaliou Adson.
Ainda segundo Adson, não havia nenhuma briga no momento em que a agressão ocorreu. Um trio com o cantor Leo Santana se aproximava, quando ele teria sido surpreendido pela violência dos militares.
“Estava eu, com uma pessoa que estava fazendo companhia a mim, fotografando ela, filmando ela, enquanto estava vindo o trio de Leo Santana. Chegou um prepostos desses aí – isso foi relato das pessoas que estavam lá e me disseram, mas eu não tive nem a oportunidade de ver –, parou do meu lado, me olhou de cima a baixo e começou a desferir fantadas em mim. Quando eu virei, ele me empurrou. Naquele momento, eu caí e os demais criminosos – racistas, nazistas – e a horda toda caíram em cima de mim”, relatou Adson.
Mesmo diante dos gritos da amiga com quem ele estava, que avisou que Adson se tratava, na verdade, de um policial civil, os militares teriam continuado a agressão. Após tentar interferir, a mulher – que não foi identificada – também acabou sendo agredida, sendo ferida na mão.
“No final, quando o esposo dela disse ‘ele é colega de vocês, ele é policial’, ainda foi um outro criminoso [policial militar, da tropa de Choque], em um ato covarde, e me deu um chute no rosto, que me arrancou três dentes, me deixou sequelas no olho esquerdo e, provavelmente, no maxilar – estou fazendo exames ainda”, contou Adson.
“Eu não sei até que ponto vai a fúria, a ira de um cidadão ou de uma horda, para com um cidadão negro, rastafari e indefeso, visto que não havia motivos para que eu tivesse sido tratado dessa forma. Não tinha tumulto, não tinha confusão, não tinha nada. Simplesmente pelo fato de ser negro e de ser rasta, eu quase tive a minha vida ceifada no circuito do carnaval”, lamentou, indignado, o policial civil.
Procurada pelo Bahia Notícias, a PM-BA afirmou apenas que “o fato está sendo apurado”.
A Polícia Civil da Bahia, também acionada pelo BN, respondeu que a ocorrência da agressão foi realizada em um dos postos da corporação no circuito Barra-Ondina, onde foram realizadas as oitivas e expedidas as guias periciais.
O caso foi encaminhado para a 14ª Delegacia Territorial (DT Barra), que ficará responsável pela investigação do caso. O Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), no qual o Adson é lotado, também está acompanhando o caso.
Policial civil de folga é espancado por PMs em serviço no carnaval de Salvador https://t.co/HsXXARXN5s
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) March 2, 2023
A vítima foi Adson Gomes Miranda, um homem negro e de dreads, que brincava no circuito Barra-Ondina pic.twitter.com/QI4i5cujTA
Janelle Monáe lançou, nesta sexta-feira (24), a canção-manifesto “Say Her Name (Hell You Talmbout)”, em homenagem a 61 mulheres negras mortas pela polícia, nos Estados Unidos.
Mas a cantora e compositora americana não está sozinha na luta contra a violência policial, a canção conta ainda com a participação de outras artistas e ativistas: Beyoncé, Alicia Keys, Prof. Kimberlé Crenshaw, Chloe x Halle, Tierra Whack, Isis V., Zoë Kravitz, Brittany Howard, Asiahn, Mj Rodriguez, Jovian Zayne, Angela Rye, Nikole Hannah-Jones, Brittany Packnett-Cunningham e Alicia Garza.
Com 18 minutos de duração, a música em forma de protesto traz Janelle e as demais colaboradoras pronunciando os nomes das meninas e mulheres negras vítimas das forças de segurança americanas. A renda com a difusão da música será destinada ao Fórum de Políticas Afro-Americanas, iniciativa voltada para justiça social focada em questões de gênero e diversidade.
Ouça a música:
Filmado em Salvador, a partir do caso do jovem Geovane Mascarenhas, que foi encontrado morto - carbonizado, decapitado e sem as mãos - depois de desaparecer ao ser levado por uma viatura da Polícia Militar, em 2014 (clique aqui, aqui e aqui e saiba mais), o documentário “Sem Descanso” estreia no dia 5 de novembro, nas salas de cinema em circuito nacional. Em Salvador, o público poderá conferir a produção no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha.
Segundo o diretor Bernard Attal - francês radicado no Brasil -, uma série de fatores o incentivou a rodar um filme sobre o caso, sendo o primeiro deles a dimensão da violência policial no país, que ao seu ver “alcançou níveis intoleráveis”. “Os números do ano passado, que foram publicados semana passada, são 7 mil mortes decorrentes de violência policial. 80% das mortes são jovens negros e 95% são jovens de menos de 30 anos, então o Brasil tem agora a maior taxa de letalidade policial do mundo, e isso é uma tragédia”, pontua o cineasta, que também assina o roteiro, ao lado de Fabiola Aquino.
Outra motivação apontada por ele foi a história do pai de Geovane, que por conta própria decidiu investigar o desaparecimento do filho, apesar de todos os perigos e das dificuldades impostas. “Na maioria dos casos, a família da vítima não consegue notificar os responsáveis e nem achar o corpo, e nesse caso o Jurandhy enfrentou as autoridades para desvendar o caso. Foi uma jornada de coragem e integridade, na frente dos riscos que ele estava enfrentando”, avalia Attal, elencando como terceiro motivo a participação da imprensa. “Hoje em dia os jornais raramente têm os recursos para fazer o papel investigativo, mas o jornal Correio resolveu acompanhar esse caso durante meses, ajudaram a proteger a vida dele e a desvendar o caso”, conta o diretor.
Um quarto ponto - decisivo para a condução do documentário - foi a morte de Michael Brown pela polícia, nos Estados Unidos, na mesma semana do desaparecimento de Geovane. O incidente deu origem ao movimento “Black Lives Matter”, antes mesmo do caso de George Floyd estourar pelo mundo. “Aconteceu na mesma semana da morte de Geovane e a reação das duas sociedades foi muito diferente. Lá [nos Estados Unidos] tem um problema de letalidade policial, não é tão grande como aqui, mas é bastante grande e raramente os policiais são responsabilizados, então tem um contexto semelhante, mas a reação da sociedade foi totalmente diferente”, lembra o cineasta, que no filme compara as reações dos americanos, que foram em peso às ruas para protestar, enquanto no Brasil o caso baiano teve pouca repercussão.
“Acho que aqui encaram como uma fatalidade, como um problema do Brasil que é o preço a pagar para controlar o crime, de forma geral. Aqui não tem a mobilização que deveria ter diante desse problema”, avalia Attal, criticando a passividade e a incoerência dos brasileiros, que se sensibilizam com uma morte nos Estados Unidos, mas fecham os olhos para o horror que se tornou corriqueiro no próprio país. “A gente viu os acontecimentos com George Floyd alguns meses atrás, as pessoas daqui estão dizendo que as vidas negras importam, na medida que não estão aqui. Se mobilizam por ‘Black Lives Matter’, mas tem aqui meninos que desaparecem todo final de semana e não tem essa mobilização”, compara o francês, acrescentando que a falta de mobilização reflete em toda sociedade, embora hoje haja maior conscientização e até alguns movimentos isolados da sociedade civil trabalhando neste sentido.
Benard Attal ao lado de Jurandhy, pai de Geovane | Foto: Divulgação
A partir dos quatro elementos que ajudaram a criar a narrativa de “Sem Descanso”, a equipe traçou um paralelo entre o caso de Geovane e de Michael Brown, reuniu especialistas, acompanhou a família do jovem baiano e tentou ainda ouvir a versão das autoridades, com o objetivo de ampliar o espaço de debate. “A gente entrevistou vários especialistas em segurança pública aqui de Salvador, no Rio de Janeiro, São Paulo, e lá fora do Brasil também, para entender as raízes. Também tem a participação de dois historiadores que nos ajudaram a entender que a violência policial é uma coisa antiga, não é uma coisa que apareceu recentemente, e tem muito a ver com a história do Brasil. Então a gente procurou identificar as raízes e entender que tipos de reformas já foram feitas em alguns lugares”, explica o diretor, apontando experiências positivas para controlar a violência policial nos Estados Unidos e no Rio de Janeiro.
Apesar do vasto material utilizado para construir a narrativa, Bernard Attal classifica como “grande frustração” o fato de não ter conseguido ouvir os órgãos policiais. “A gente não queria fazer um filme com só um lado. Nossa mensagem nesse filme é que a sociedade toda é responsável por esse nível de violência policial, não se trata só de alguns policiais corruptos, se trata do governo que é tolerante à violência, se trata de uma sociedade passiva, de uma Justiça muito lenta, todo mundo está responsável. Então a gente queria conversar com as autoridades públicas, eles marcaram várias vezes e se recusaram ao diálogo, o que foi uma pena. Eles se prejudicaram, porque a gente não tinha preconceito nenhum. A gente queria entender o que é que está acontecendo”, conta o cineasta.
Outro ponto importante defendido por ele é a ideia de não explorar a história de forma sensacionalista, por isso a decisão de não lançar o filme logo após o incidente. “Eu não quis nessas circunstâncias de perder um filho, de uma coisa extremamente dolorosa, instrumentalizar a dor para a família”, diz o diretor, lembrando que começou a filmar somente em 2015 e concluiu as gravações no fim de 2018. “A gente resolveu fazer um filme que acompanhou a família ao longo dos anos, ver como o caso vai evoluindo, como a Justiça trata o caso ou não trata o caso, o nível de luta contínua e sofrimento também que a família tem que juntar pra continuar a viver, porque para as famílias esses casos demoram anos”, explica Attal.
O filme, que agora chega aos cinemas do país, já passou por diversos festivais ao redor do mundo, com boa receptividade em países como Grécia, Canadá, Estados Unidos, Itália, Cuba, Uruguai, França e Benin. O sucesso refletiu nos prêmios de Melhor documentário no Black Montreal International Film Festival; Melhor documentário no Fenavid Santa Cruz da Bolívia; Melhor Longa no Araial Cinefest; Menção de excelência no Impact Doc Awards e Prêmio Vertentes de Cinema de Melhor Documentário do Festival do Rio 2019.
Apesar da boa receptividade no exterior, o diretor revela que “Sem Descanso” encontrou dificuldades para circular em festivais no Brasil. “Foi complicado porque a gente percebeu que tem uma forma de não querer enfrentar o assunto”, conta Attal, citando os festivais do Rio e Porto Seguro como os poucos que “tiveram coragem” de selecionar o filme, enquanto muitos outros recusaram.
A ideia agora é fazer o lançamento nas salas de cinema em dez capitais do país, porque, segundo o cineasta, o local “é ainda o lugar de resistência e do diálogo”. Depois desta etapa, o plano é reproduzir o material também em outros espaços importantes. “No começo do ano que vem vamos levar o filme para fazer projeções nas comunidades, nas escolas, e porque não também nos quartéis?”, planeja Attal, destacando que existem policiais interessados em dialogar sobre o tema e que o filme não tem como propósito depreciar a polícia, classificada por ele como necessária, mas sim expor um problema da sociedade como um todo.
Veja o trailer do filme:
Trazendo a máxima do conterrâneo Glauber Rocha para os dias atuais, com uma ideia na cabeça e um celular na mão, o cantor e compositor Rafael Pondé acaba de lançar o clipe de “Vidas Negras Importam”, canção autoral que remonta as origens musicais do artista, que iniciou a carreira na banda Diamba, em 1996, e integrou ainda o Natiruts. Ele, que vive nos Estados Unidos, compôs a música inspirado no movimento de mesmo nome, que teve início no país há alguns anos e se espalhou pelo mundo, após um policial branco matar George Floyd, um homem negro.
“Aqui em Washington DC onde moro se sente muito a pressão pelos protestos anti racistas inclusive a cidade declarou por vários dias seguidos estado de sítio proibindo os cidadãos de irem às ruas durante certos períodos do dia. E percebíamos em casa helicópteros voando baixo pra intimidar a população a não ir para ruas. Numa madrugada dessa há umas duas semanas, escrevi a música, influenciado por todo esse estado de coisas que infelizmente acontecem também no Brasil, no mesmo período, como a morte do João Pedro”, contou o músico, lembrando que a canção traça um paralelo entre a realidade norte-americana e a do Brasil, onde a violência policial e o racismo também são parte da realidade. “O mais interessante é que não só negros estão protestando, há nos protestos muitos brancos, latinos e diversas outras etnias”, acrescenta.
“É um momento único no mundo, pois creio que a pandemia trouxe também essa grande reflexão, onde as pessoas descobriram que já não querem mais conviver com racismo e violência policial. Aqui nos Estados Unidos isso ficou bem claro, e os Estados Unidos sempre foram pioneiros em questões de luta por direitos civis e conquistas sociais”, avalia o artista baiano, que no último domingo (14) decidiu sair de casa e registrar imagens para o videoclipe, apesar do receio de se expor, tanto ao vírus quanto à possibilidade de confronto com a polícia. “Tive muito [medo], por isso não fui nos primeiros dias, mas conversando com meu irmão Lucas resolvi ir, pois tivemos a ideia de pegar imagens lá para o clipe da música”, lembra Rafael, lembrando que a cidade já está em uma fase de relaxamento do isolamento.
Multitarefas, o músico baiano juntou o material filmado nas ruas de Washington e fez a edição por conta própria. “Queria soltar a música logo por causa do momento, por isso optei por essa coisa mais pessoal. Filmei e editei no meu celular mesmo”, conta.
Confira a música e o clipe:
A atriz Viola Davis compartilhou em suas redes sociais, neste domingo (31), um abaixo assinado que pede justiça pela morte de João Pedro Mattos, garoto brasileiro de 14 anos, morto pela polícia no dia 18 de maio, na comunidade do Salgueiro, no Rio de Janeiro.
“#BlackLivesMatter”, escreveu a artista. A hashtag lembra a campanha “Vidas Negras Importam”, que tem mobilizado os norte-americanos em torno da morte de um homem negro, George Floyd, por um policial branco.
Com a ajuda de Viola Davis, a campanha que pede justiça pelo garoto brasileiro já conta com 780.488 assinaturas. O objetivo é atingir 1 milhão.
#BlackLivesMatter https://t.co/xGLuSDwkdj
— Viola Davis (@violadavis) May 31, 2020

Espetáculo é montado em ambiente que remete aos porões da ditadura | Foto: Divulgação
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.