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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (30), manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. O patamar é o mais elevado desde julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a decisão unânime, o colegiado interrompe um ciclo de sete altas consecutivas. Esta foi a quinta reunião comandada por Gabriel Galípolo, que assumiu a presidência do BC após a saída de Roberto Campos Neto.
Segundo o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (28), a projeção de inflação para 2025 caiu levemente de 5,10% para 5,09%. A meta oficial é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Com os juros em 15%, o Brasil registra, nesta quarta-feira, a segunda maior taxa real do mundo, de acordo com levantamento das consultorias MoneYou e Lev Inteligence.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (18), elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano, dando continuidade ao ciclo de alta iniciado em 2024. A medida, segundo o BC, reflete preocupações com a inflação persistente e incertezas no cenário fiscal e internacional, mantendo o Brasil com uma das maiores taxas de juros do mundo. A decisão tomada na reunião com a participação dos diretores do BC, incluindo o presidente da instituição, Gabriel Galípolo.
Com a elevação, a taxa atinge o maior patamar desde julho de 2006, quando os juros chegaram a 15,25% ao ano, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No comunicado divulgado após a reunião, o Banco Central informou que planeja pausar o aumento das taxas de juros para avaliar os efeitos dos ajustes já implementados
Apesar da justificativa do Banco Central, a decisão foi criticada por economistas e representantes do setor produtivo, que apontam prejuízos à atividade econômica. Para a economista Ana Georgina Dias, supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Bahia, a política de juros altos tem sido aplicada como uma espécie de “remédio em dose excessiva”.
“A taxa de juros elevada até pode ajudar a controlar a inflação, mas quando essa inflação não é impulsionada pela demanda, o efeito acaba sendo um travamento da economia. É como exagerar na dose de um remédio e comprometer a recuperação do paciente”, avaliou.
Segundo a economista, o patamar atual da Selic encarece o crédito, freia o consumo das famílias e desestimula investimentos em produção e geração de empregos.
“Empresários deixam de investir, adiaram contratações ou reduzem atividades, enquanto a população sente no bolso com parcelas mais caras e acesso mais restrito ao crédito. Isso tudo aprofunda as desigualdades e prejudica o crescimento”, pontuou.
Ana Georgina também criticou o que chama de “preferência estrutural” do Banco Central pelos interesses do mercado financeiro, em detrimento da economia real.
“Quando a taxa de juros permanece elevada por tanto tempo, ela serve mais ao rentismo do que ao desenvolvimento. Os pequenos empreendedores, a indústria e os trabalhadores acabam sendo penalizados por uma política que concentra renda e paralisa a economia”, concluiu.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (7) a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano. O aumento de 0,5 ponto percentual foi aprovado por unanimidade entre os diretores do BC, incluindo o presidente da instituição, Gabriel Galípolo.
Com a decisão, a Selic atinge o maior nível desde julho de 2006, quando os juros chegaram a 15,25% ao ano, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom atribuiu a decisão ao cenário de incerteza no ambiente externo, com destaque para a política econômica dos Estados Unidos e seus reflexos no comércio global. A guerra tarifária iniciada pelo então presidente Donald Trump foi apontada como um fator que eleva o risco inflacionário no Brasil.
“A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária”, justificou o Copom.
O comitê também sinalizou que a próxima reunião deverá ser marcada por cautela, diante do avanço do ciclo de alta de juros e dos efeitos ainda não completamente sentidos na economia.
“O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou desnecessária a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em um ponto percentual, passando de 13,25% para 14,25%. O anúncio, feito nesta quarta-feira (19), coloca os juros básicos no maior patamar desde 2016 e, segundo a CNI, deve prejudicar o crescimento da economia sem necessidade para o controle da inflação.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, criticou a medida, afirmando que a desaceleração econômica já em curso seria suficiente para conter a inflação. Ele destacou que a taxa de juros real já está 3,5 pontos percentuais acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central, o que tem impacto negativo no setor produtivo.
Para a CNI, a política monetária restritiva já resultou no aumento do custo do crédito. Em setembro de 2024, quando o Copom começou a elevar a Selic, a taxa média de juros para os tomadores de crédito era de 27,54% ao ano. Em janeiro de 2025, esse índice subiu para 29,82% ao ano, dificultando o acesso a financiamentos tanto para empresas quanto para consumidores.
Além disso, o aperto monetário pode desacelerar ainda mais a economia, reduzindo investimentos, dificultando a geração de empregos e encarecendo o consumo de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos. A CNI também aponta que a desaceleração do mercado de trabalho e o menor ritmo da política fiscal devem agravar esse cenário em 2025.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 0,2% no quarto trimestre de 2024, um desempenho abaixo do esperado. O consumo das famílias, um dos principais motores do crescimento, caiu 1% no período, a primeira retração desde 2021.
O setor produtivo também apresenta dificuldades. Entre outubro e dezembro de 2024, a produção industrial caiu 1,2%, e em janeiro de 2025 ficou estagnada em relação ao mês anterior. O setor de serviços recuou 0,2%, registrando a terceira queda consecutiva, enquanto as vendas do comércio varejista restrito caíram 0,1% no mesmo período.
A semana em Brasília tem como foco principal os assuntos econômicos. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve entregar ao Congresso Nacional a sua proposta para ampliar a isenção do Imposto de Renda a pessoas que ganhem até R$ 5 mil, um projeto visto como prioritário para o Palácio do Planalto neste ano de 2025.
Nessa mesma semana o Comitê de Política Monetária do Banco Central anuncia a nova taxa básica de juros, a Selic, e a perspectiva é de um novo aumento de 1%, ainda mais depois da aceleração da inflação no mês de fevereiro, como revelado pelo IBGE. No Congresso, deve ser iniciada a discussão sobre o relatório final do Orçamento da União de 2025.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA), relator do Orçamento, ainda não fechou o texto, e ainda realiza os últimos ajustes após receber pedidos e sugestões do governo. O presidente da Comissão de Orçamento, deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), mantém no calendário a reunião do colegiado para análise da lei orçamentária na próxima quarta-feira (19), mas há uma expectativa de que a conclusão da votação aconteça apenas em abril, até por conta da viagem dos presidentes da Câmara e do Senado ao Japão e Vietnã, acompanhando o presidente Lula.
Confira abaixo um resumo da semana em Brasília.
PODER EXECUTIVO
O presidente Lula inicia a semana nesta segunda-feira (17) com uma agenda repleta de compromissos no Palácio do Planalto. A primeira reunião do dia de Lula foi às 9h, com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e o secretário de Imprensa, Laércio Portela.
Depois, às 10h, Lula recebeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A reunião se deu para a discussão a respeito dos detalhes finais da proposta que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Entre os compromissos da manhã ainda há uma conversa com o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Marco Aurélio Marcola.
Na parte da tarde, o primeiro compromisso da agenda de Lula é uma reunião, às 14h40, com o secretário Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcos Rogério de Souza. Em seguida, às 15h, Lula se encontra com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Às 16h, o compromisso do presidente Lula no Palácio do Planalto é com o presidente-executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Júnior, junto com o CEO da Midea Carrier Brasil, Luiz Felipe Rodrigues Costa. Depois, às 17h, Lula recebe o ministro da Educação, Camilo Santana.
A agenda do presidente Lula nesta segunda se encerra com a sua presença, a partir das 19h, na cerimônia de posse do presidente, da diretoria e dos 81 conselheiros federais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O evento será no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
O atual presidente, Beto Simonetti, assumirá o seu segundo mandato como presidente da OAB Nacional, que vale até 2028. Ele é o 1º líder da entidade reeleito desde a redemocratização do país.
Na terça (18), o presidente Lula vai à cidade de Sorocaba, no Estado de São Paulo. Lula vai à cidade visitar uma fábrica da Toyota. No mesmo dia, está prevista a entrega, ao Congresso, do projeto do governo para aumentar a isenção do Imposto de Renda a pessoas que ganhem até R$ 5 mil. Não se sabe ainda se acontecerá alguma solenidade com a presença do presidente.
Já na quarta (19), o presidente viajará para a cidade de Fortaleza, capital do Ceará. Em evento na Universidade Estadual do Ceará (Uece), Lula participará da cerimônia de inauguração do Hospital Universitário do Ceará (HUC).
A agenda de Lula para essa semana inclui ainda uma viagem oficial do presidente para o Japão, a partir do próximo sábado (22). Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), integram a comitiva.
A visita ao Japão acontecerá entre os dias 24 e 26. No dia 27, Lula segue para o Vietnã, onde ficará até o sábado (29).
No calendário da economia, o IBGE divulga, nesta terça (18), a Pesquisa Industrial Mensal, com os resultados do mês de janeiro deste ano. Já na quarta (19) será a vez do Comitê de Política Monetária do Banco Central decidir a nova taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic.
PODER LEGISLATIVO
O presidente da Câmara, Hugo Motta, inicia a semana realizando uma reunião de líderes, e busca definir com líderes partidários a presidência das 30 comissões permanentes da Casa. Motta já afirmou que essa será a última tentativa de um acordo entre todos os partidos para estabelecer o comando das comissões. Caso não haja acordo, o presidente da Câmara afirma que irá fazer valer o regimento e promoverá a partilha das comissões de acordo com o tamanho das bancadas.
No plenário da Câmara, há a previsão de sessão na terça (18), com uma pauta de 12 projetos. Entre eles está o PL 6020/2023, que tipifica como descumprimento de medida judicial a aproximação do agressor de áreas delimitadas pelo juiz para proteção de vítima de violência contra a mulher.
A proposta é relatada pela deputada Rogéria Santos (Republicanos-BA). De acordo com o texto da deputada baiana, a regra valerá mesmo que a aproximação ocorra com o consentimento expresso da vítima, mas somente no caso de aproximação voluntária do agressor.
A oposição pretende apresentar um requerimento de urgência para que seja votado no plenário, ainda nesta semana, o projeto de lei que propõe anistiar os envolvidos pelos atos de vandalismo em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Ainda não se sabe se o presidente da Câmara levará o requerimento a voto no plenário.
Na quarta (20), não deve ser realizada sessão deliberativa no plenário da Câmara. Hugo Motta informou, por meio de nota, que a Câmara vai priorizar durante todo o dia a instalação das comissões permanentes, com eleição dos seus presidentes.
No Senado, a semana se inicia com a realização de uma sessão especial, nesta terça (18), às 10h, para homenagear o ex-presidente José Sarney pelos 40 anos de redemocratização do país. O requerimento para a homenagem é de autoria do senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
No mesmo dia, em sessão deliberativa, os senadores terão uma pauta com três projetos para votar. O primeiro deles, o PL 4937/2024, trata do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Logo depois será votado o PLP 192/2023, que altera a marcação de início da contagem do prazo e a duração da inelegibilidade. De acordo com o projeto, os prazos de inelegibilidade poderão ficar mais curtos para políticos condenados pela Justiça Eleitoral ou por crimes que tenham como consequência a proibição de disputar eleições.
Já para a sessão plenária de quarta (19), o primeiro item da pauta é o PL 370/2024. A proposta altera o Código Penal para estabelecer causa de aumento de pena no crime de violência psicológica contra a mulher quando praticado com o uso de inteligência artificial ou de qualquer outro recurso tecnológico que altere imagem ou som da vítima. O projeto faz parte da pauta apresentada pela bancada feminina.
Na mesma sessão deve ser votado o PL 4626/2020, que altera o Código Penal, para modificar as penas dos crimes de abandono de incapaz e de maus-tratos. O projeto também modifica o Estatuto do Idoso para alterar as penas do crime de exposição a perigo da saúde e da integridade física ou psíquica do idoso.
Ainda no Senado, está prevista para a próxima quarta (19) a leitura e votação do relatório final da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O relator, senador Romário (PL-RJ), relator da CPI, pede o indiciamento de Bruno Tolentino por manipulação de resultados. Ele é tio do jogador Lucas Paquetá, ex-atleta do Flamengo que atualmente joga no futebol inglês. Romário pede ainda o indiciamento dos empresários William Pereira Rogatto e Thiago Chambó Andrade, também por crimes de manipulação de resultados.
Em relação ao Orçamento, o relator do projeto de lei orçamentária, senador Angelo Coronel (PSD-BA) pretende apresentar até no máximo esta terça (18) o seu relatório final. O presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), afirma que está mantido o cronograma para votação do Orçamento no colegiado até no máximo a próxima quarta-feira (19).
Entretanto, por conta da viagem ao Japão dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, é possível que mesmo que seja aprovado nesta quarta na Comissão de Orçamento, o projeto só seja apreciado em sessão conjunta do Congresso na primeira semana de abril. A data da votação depende de decisão de Alcolumbre, que é o presidente do Congresso Nacional.
PODER JUDICIÁRIO
No Supremo Tribunal Federal, está agendado para a próxima quarta (19), no plenário, o julgamento sobre a responsabilidade da imprensa. Os ministros avaliam a possibilidade de empresas jornalísticas serem condenadas por veicular entrevistas que atribuam falsamente a alguém a prática de um crime será julgada em plenário. O relator da ação é o ministro Edson Fachin.
Já no plenário virtual, o destaque é o julgamento, a partir da próxima sexta (21), que pode condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. Em agosto de 2023, Zambelli virou ré no Supremo pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
A perseguição começou após a deputada Carla Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo. A sessão virtual está prevista para ser encerrada no dia 28 deste mês.
De segunda (17) a sexta (21), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizará a II Semana Nacional da Regularização Tributária. O evento é parte da Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado à Alta Litigiosidade do Contencioso Tributário, instituída por meio da Resolução CNJ n. 471/2022 do órgão.
Com a política, o CNJ visa estimular a cooperação e a mudança de cultura na relação entre o fisco, os contribuintes e o Poder Judiciário, a partir de uma agenda de cooperação.
Como já era aguardado por praticamente a unanimidade dos agentes do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira. Com a decisão tomada nesta quarta-feira (29), a Selic aumentou de 12,25% para 13,25% ao ano.
Esta foi a primeira reunião do Copom neste ano de 2025, e também a primeira sob o comando do atual presidente, Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Roberto Campos Neto, que ficou os últimos quatro anos no cargo. Essa também foi a primeira reunião com os três novos diretores do BC também indicados por Lula e aprovados pelo Congresso Nacional no final do ano passado.
A decisão para o aumento em 1% na taxa de juros foi tomada de forma unânime por todos os nove membros do Copom. Esse foi o quarto aumento seguido nos juros desde o início do governo Lula.
Quando Lula tomou posse na cadeira presidencial, em 1º de janeiro de 2023, a Selic estava em 13,75%. Esse patamar foi mantido até agosto daquele ano, quando o Copom deu início a um período de cortes progressivos na Selic, diante do momento que o país vivia de inflação controlada e abaixo do teto da meta. Naquele mês, o Copom cortou os juros em 0,5%, derrubando a taxa para 13,25%.
Na sequência, o Banco Central promoveu seis cortes seguidos na taxa básica de juros, chegando a maior do ano passado com uma queda total de 2,75%, de 13,25% para 10,5%. Esse patamar foi mantido em mais duas reuniões, e a partir do encontro do Copom de setembro do ano passado, os juros iniciaram uma nova trajetória de alta, diante de dados sobre aumento da inflação e piora nas contas públicas.
Desde a reunião de setembro, foram necessárias apenas quatro reuniões do Copom para a taxa Selic subir de 10,5% para os atuais 13,25%, os mesmos 2,75% que foram cortados durante seis encontros dos diretores do Banco Central entre 2023 e 2024. E a taxa deve subir novamente mais um ponto percentual na próxima reunião do colegiado, nos dias 18 e 19 de março, levando os juros para 14,25%.
O mercado não só já aguardava esse aumento de 1% na Selic nessa primeira reunião com Gabriel Galípolo na presidência do BC, como já aposta que a taxa de juros deve chegar a 15% até o meio do ano. A expectativa é da manutenção de uma postura cautelosa e conservadora dos membros do Copom diante dos indicadores que mostram uma conjuntura econômica de intensas pressões inflacionárias.
Na análise de agentes financeiras, o desemprego em patamares baixos (6,1% até novembro), aumentam tanto a renda média (R$ 3.285) quanto a massa salarial das famílias, o que favorece um cenário de inflação. Também pesa nas avaliações o acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses, que foi de 4,83%, segundo dados do IBGE, que ficou acima do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%.
A inflação tende a ser afetada, ainda, pelo câmbio, que permanece próximo dos R$ 6, mesmo com a queda verificada nos últimos dias. De acordo com o boletim Focus, a expectativa é de que a inflação chegue a 5,5% ao final de 2025.
Além da questão da piora nos indicadores e das incertezas no ambiente externo, há ainda no radar do Copom as dificuldades da equipe econômica do governo Lula em encontrar soluções para o problema fiscal. O mercado segue sem confiar que o governo está disposto a promover cortes de gastos para estabilizar a dívida pública, e enquanto não houver indicação de um esforço para contornar esse problema que mina a credibilidade do Palácio do Planalto, o Banco Central seguirá aumentando a taxa de juros reunião após reunião.
A retomada de um ciclo de forte alta da taxa oficial de juros pelo Banco Central, além de contribuir fortemente com a desaceleração do crescimento econômico, não ajuda efetivamente no controle da inflação. A opinião foi dada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, durante entrevista para apresentar os dados do relatório Economia Brasileira 2024-2025, divulgado nesta terça-feira (17).
Para o presidente da CNI, a decisão recente do Comitê de Política Monetária, de aumentar em 1% a taxa Selic, prejudica de forma igual o consumo, os investimentos e o desenvolvimento do mercado de trabalho.
“A alta dos juros deve conter o consumo e os investimentos, devido à menor concessão de crédito; mas há outros fatores, como a evolução mais lenta do mercado de trabalho, depois de três anos bastante positivos; e a redução do impulso fiscal, ou seja, as compras dos governos federal, estaduais e municipais”, disse Ricardo Alban.
O documento divulgado pela CNI afirma que o Banco Central vai manter o ciclo de aperto monetário pelo menos até a metade do ano que vem, com redução a partir do segundo semestre. A entidade projeta que a taxa Selic vai fechar 2025 em 12,75%, meio ponto percentual acima do patamar ao fim de 2024.
De acordo com a entidade, devido à redução do crescimento da demanda interna, a indústria deve se expandir em cerca de 2,1% no ano que vem. Já a indústria de transformação tende a subir 2%. Se a expectativa se confirmar, serão dois anos consecutivos de alta do setor, o que não ocorre desde o biênio 2017-2018.
Na entrevista, Ricardo Alban também criticou a sinalização emitida pelo Comitê de Política Monetária, com a divulgação da Ata da última reunião, sobre a possível elevação dos juros nas próximas duas reuniões do colegiado, já em 2025.
"Eu não me lembro, em nenhum momento de reuniões do Copom se especificarem os aumentos das próximas duas reuniões. Eu não me lembro de ter visto isso. E ainda puseram uma especificação alta. Eu sempre vi que era dado que existe um viés de alta, um viés de baixa ou um viés neutro. Essa especificação ajuda na expectativa da inflação e do controle da economia? Eu creio que não", disse Alban.
Além da questão dos juros, durante o lançamento do Relatório, o presidente da CNI falou também a respeito da desvalorização acelerada do real frente ao dólar. Para Ricardo Alban, a alta do dólar deve arrefecer com a aprovação das propostas de contenção de gastos que o governo Lula encaminhou ao Congresso e que estão sendo votadas nesta semana.
"Eu acredito que o dólar deve arrefecer com o andar um pouquinho dos acontecimentos, principalmente com essas medidas para conter os gastos. Elas estão no caminho certo? Elas são suficientes? Provavelmente não. E, provavelmente, ficam menos do que suficientes", colocou Ricardo Alban.
Outra crítica feita pelo presidente da CNI se referiu ao anúncio da isenção do Imposto de Renda para ganhos menores de R$ 5 mil mensais. Para Ricardo Alban, o anúncio de forma conjuntura com os projetos do corte de gastos gerou um equívoco que contaminou os formadores de opinião e gerou impacto no mercado, estimulando movimentos especulativos.
"Eu acho que houve um grande equívoco dentro da nossa leitura, que foi a medida de acompanhamento da medida com relação ao Imposto de Renda, que é um efeito para 2026 e terminou criando mais ruídos de entendimentos do que qualquer outra coisa", concluiu o presidente da CNI, Ricardo Alban.
O setor produtivo nacional criticou a posiição do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic (juros básicos da economia) em 1 ponto percentual e de indicar mais duas altas da mesma proporção. Entidades do comércio, da indústria e centrais sindicais, além de políticos, consideram que os juros altos prejudicarão o emprego e a recuperação da economia.
Em nota, a Confederação Nacional de Indústria (CNI) classificou a decisão do Banco Central (BC) de “incompreensível” e “injustificada”. Para a entidade, a elevação não tem sentido após a queda da inflação em novembro e o anúncio do pacote para corte de gastos obrigatórios.
“Manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal”, destacou a entidade.
Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a elevação da Selic era esperada e ajudará a conter a inflação, que superou o teto da meta. A medida, no entanto, prejudica a produção e o consumo, na avaliação da Apas. “No cenário atual, aumentar os juros, desestimula o investimento e impede a expansão da capacidade produtiva, assim como afeta diretamente o consumo e a demanda agregada, perpetuando os entraves estruturais ao desenvolvimento do país”, destacou o economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz.
Embora a alta dos juros encareça o crédito e restrinja o consumo, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) não criticou a decisão. Para a entidade, a medida veio em linha com o esperado pelo mercado financeiro e é justificada perante as incertezas econômicas e a desancoragem das expectativas de inflação.
“A aceleração da inflação, que se mantém acima da meta anual, num contexto de nível de atividade e mercado de trabalho ainda aquecidos e expectativas inflacionárias totalmente desancoradas, além do aumento da incerteza no campo fiscal e no setor externo, são fatores que contribuem para manter o câmbio elevado e justificam uma política monetária mais contracionista”, ponderou a ACSP em nota.
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, fez uma série de postagens em sua conta na rede X (ex-Twitter) com fortes críticas à decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de promover um novo aumento na taxa básica de juros. Na noite desta quarta-feira (6), o Copom decidiu por unanimidade aumentar em 0,5% a Selic, elevando os juros anuais de 10,75 para 11,75%.
Gleisi Hoffman tem sido uma das parlamentares governistas que de forma mais veemente tem criticado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por liderar a subida dos juros.
"Copom mantém a sabotagem à economia do país e eleva ainda mais os juros estratosféricos. Irresponsabilidade total com um país que precisa e quer continuar crescendo", disse Gleisi em sua primeira postagem.
Em uma segunda postagem, a presidente do PT eleva ainda mais o tom nas críticas principalmente à nota divulgada pelo Comitê de Política Monetária para justificar a decisão de elevar novamente a taxa de juros.
"A nota do Copom para explicar a nova alta dos juros é puro terrorismo de mercado. Chega a projetar uma taxa Selic de 14,5% se não houver ´mudanças estruturais´ no orçamento. Uma indecência usar esse tipo de chantagem, ameaçando até com disparada do câmbio, pra tentar impedir o governo de investir no crescimento e executar as políticas que atendem o povo", afirmou.
A deputada petista voltou no meio da tarde desta quinta (7) a falar no assunto com novas críticas ao Banco Central e também à rede X, que agregou à postagem anterior dela um comentário de um internauta que apresenta uma espécie de contexto da decisão do BC de elevar a Selic. Gleisi Hoffmann desaprovou a iniciativa da rede X de colar o comentário no tuíte. Segundo a plataforma, o X não define as notas de contexto e sim os usuários.
"Engraçado esse X, colocar na capa de meu twitter um comentário de usuário dizendo ser um esclarecimento, com conteúdo político. Qual é o critério da seleção? Eu sei quem são os diretores do BC, e vou continuar criticando a autoridade monetária toda vez que achar que estão errando na decisão. E aumentar 0,5 ponto na selic é desastroso para o nosso país", reclamou a deputada do PT do Paraná.
Os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciaram, neste começo de noite de quarta-feira (6), promover um aumento de 0,5% na taxa básica de juros, a Selic. Com o novo aumento, a taxa de juros da economia brasileira passou de 10,75% para 11,25% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade dos membros do Comitê.
O mercado financeiro já aguardava uma elevação na taxa Selic da ordem de 0,5%. Após a alta de 0,25% na ultima reunião, os analistas das instituições financeiras agora prevêem que o BC adote um tom mais agressivo em sua tentativa de conter o aumento da inflação.
Desde 2023, a taxa Selic passou por cortes significativos, saindo de 13,75% para 10,50% no mês de agosto. No entanto, com a mudança de cenário nos últimos meses principalmente no aumento de preços, a previsão é que a taxa Selic encerre o ano no patamar de 11,75%, o que implica em mais um aumento de 0,50 ponto percentual na última reunião do Copom neste ano, no mês de dezembro.
No comunicado à imprensa, os membros do Copom afirmam que a decisão pela elevação da taxa acontece porque o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que, para o Banco Central, suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração e da desinflação.
"Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes", afirma o comunicado.
Os membros do Comitê afirmam também que o cenário interno segue marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o que, segundo eles, demanda uma política monetária mais contracionista.
"Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante", diz o Copom.
Sobre o ritmo de ajustes futuros na taxa Selic, o Copom afirma que o ciclo de aperto monetário será ditado pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".
Os cenários interno e externo da economia, marcados por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, elevação das projeções inflacionárias e os movimentos abruptos do câmbio demandam uma política monetária mais contracionista, e novos ajustes na taxa básica de juros podem acontecer para cumprir o compromisso da autoridade monetária de fazer a inflação convergir para a meta estabelecida.
Essa posição que jsutifica a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central tomada na semana passada, de elevar de 10,5% para 10,75% a taxa básica de juros, foi apresentada na manhã desta terça-feira (24), com a divulgação da Ata do Copom. O documento detalha como se deu as discussões dos membros do Comitê na última semana, e as perspectivas para as reuniões futuras do órgão.
No documento, o Copom, que decidiu por unanimidade a elevação na taxa Selic, ressalta que a volatilidade da taxa de câmbio aumenta as dúvidas sobre o ritmo de desaceleração da economia global e a desinflação. Os membros do Comitê colocaram o câmbio e o que chamam de "incerteza global" como alguns dos principais fatores a demandam maior cautela na condução da política monetária no Brasil.
"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", afirma o documento divulgado pelo Banco Central.
A ata do Copom reforçou que a estratégia para as próximas duas reuniões, que acontecerão em novembro e dezembro, continuará focada nos mecanismos de pressão da conjuntura externa sobre a inflação interna, com observação da evolução dos componentes sensíveis à atividade econômica e às projeções inflacionárias.
Depois da decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros, o mercado já ajustou suas estimativas para a Selic em 2024. No boletim Focus divulgado nesta segunda (23), a mediana para a Selic no final de 2024 voltou a subir, passando de 11,25% para 11,50%, confirmando que o mercado já espera pelo menos um aumento de 0,5 ponto porcentual nos juros nas próximas reuniões do Comitê.
Ainda na Ata do Copom, o Banco Central endureceu seus recados sobre a condução das contas públicas no Brasil. No documento, os membros do Copom classificaram a política fiscal como expansionista e frisaram que é importante para a condução dos juros uma política fiscal crível, previsível e transparente.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, fez crítica à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros. Na noite desta quarta-feira (18), o Copom decidiu, de forma unânime, elevar em 0,25% a Selic, de 10,5% para 10,75%. Este foi o primeiro aumento nos juros no governo Lula.
Segundo Ricardo Alban, a alta da Selic não apenas impõe custos desnecessários sobre a economia, como coloca o Brasil na contramão do que a maioria dos países, desenvolvidos ou em desenvolvimento, vem fazendo. O presidente da CNI também diz que a alta dos juros prejudica a criação de emprego e renda para a população.
“É emblemático que no mesmo dia em que os Estados Unidos decidem baixar a taxa básica após meses, o Brasil resolva o contrário, elevar a Selic. Torna a nossa diferença de juros reais ainda mais grave e cria condições desfavoráveis ao investimento no país. Até que ponto a especulação do mercado futuro de juros influencia as narrativas da expectativa de inflação futura?”, questionou Alban.
O dirigente da principal entidade do setor industrial afirmou ainda que esse aumento na taxa de juros “joga contra” a recuperação da indústria de transformação e do investimento, que começou a ganhar tração recentemente, após terem registrado queda em 2023.
“Por tudo isso, fica claro que subir a Selic foi uma decisão totalmente equivocada do BCB. Nesse contexto, é fundamental que o BCB retome os cortes na taxa de juros quanto antes. Apenas com um ambiente de menor custo de financiamento é que as empresas conseguirão viabilizar projetos de investimento essenciais para o aumento da produtividade e da capacidade produtiva, com ganhos para o crescimento da economia”, conclui Ricardo Alban.
Quem também fez comparações entre a decisão tomada pelo Federal Reserve dos Estados Unidos, de cortar em 0,5% a taxa de juros de lá, e o aumento promovido pelo Copom no Brasil foi a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). Para a deputada, que no Congresso Nacional é uma das principais críticas da atuação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, a medida prejudica a população e favorece os agentes do mercado financeiro.
“Além de prejudicar a economia, o aumento vai custar mais R$ 15 bilhões na dívida pública. Dinheiro que sai da educação, saúde, meio ambiente para os cofres da Faria Lima. Não temos inflação que justifique isso!”, disse a deputada petista.
Da parte do governo, nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deram ainda declarações públicas sobre o aumento da Selic. Quem comentou a decisão do BC foi o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
Em conversa com o colunista Tales Faria, do site Uol, Alckmin disse ter considerado errada a decisão de ontem do BC, elevando a 10,75% ao ano a taxa Selic.
“Ter a segunda maior taxa de juros do mundo, não é um indicador justo para o Brasil”, declarou o vice-presidente.
No meio sindical, a elevação da Selic pelo Copom também foi recebida com críticas. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a medida boicota a economia e aprofunda a carga pesada de juros sobre governo e população. Já Força Sindical classificou a decisão de “prêmio aos especuladores”, além de penalizar os menos favorecidos economicamente e atrapalhar as campanhas salariais deste semestre.
Como já era aguardado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (18), elevar em 0,25% a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. Essa é a primeira vez que a taxa é elevada desde a reunião de junho de 2022, quando, naquela ocasião, ainda no governo Jair Bolsonaro, os juros subiram de 13,25% para 13,75%.
Diante da combinação de um cenário de atividade econômica aquecida, das incertezas do apoio político para o controle do crescimento das despesas obrigatórias, taxa de câmbio que segue desvalorizada e expectativas de inflação ainda desencoradas, os membros do Copom elevaram a Selic de 10,50% para 10,75%. Os analistas de mercado, que já aguardavam a elevação dos juros, afirmam que esse ritmo de alta deve continuar nas próximas reuniões do Comitê, em 6 de novembro e 11 de dezembro.
No comunicado da decisão, que foi unânime, os membros do Copom salientaram mais uma vez que não tolerarão desvios da inflação em relação ao centro da meta no horizonte que eles consideram relevante para a política monetária. O Copom renovou a promessa de vigilância e o firme compromisso de convergência da inflação à meta anual de 3,00%, com intervalo de tolerância de mais ou menos 1,50 ponto percentual, isto é, de 1,50% a 4,50%.
"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo. A inflação medida pelo IPCA cheio assim como medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes", afirma o comunicado do Copom.
Membros do governo deram declarações nos últimos dias de que o surpreendente resultado da inflação de agosto divulgada na semana passada pelo IBGE - ficou negativa em 0,02%, apresentando queda de 0,40% em relação ao mês anterior - poderiam reduzir as pressões para que o Copom promovesse um reajuste ainda maior na Selic. Antes de se saber os números do IPCA, o mercado vinha apostando em uma elevação de 0,50% na taxa de juros, o que não se confirmou.
Essa foi a primeira reunião do Copom após a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central no próximo ano. A indicação de Galípolo, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será votada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado no dia 8 de outubro, e depois no Plenário.
O comunicado do Banco Central revela também preocupação dos membros do Comitê com o ambiente externo, que segundo eles, permanece desafiador, em função principalmente do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos.
"Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes", diz o comunicado.
A semana que se inicia terá o esvaziamento do Congresso Nacional, que entra em período de "recesso branco" até as eleições municipais de 6 de outubro, mas na área política, o governo federal viverá dias agitados. Desde o fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ser mais efetivo no combate a um dos principais problemas que o Brasil vem atravessando neste ano, que é a combinação da longa estiagem com incêndios que acontecem em diversos estados, afetando milhões de pessoas com a fumaça constante.
Depois de ter sobrevoado, junto com a primeira-dama Janja, as áreas atingidas por um enorme incêndio florestal no Parque Nacional de Brasília, que deixou a capital envolta em espessa nuvem de fumaça, Lula abre a semana em reuniões com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em busca de soluções para enfrentamento da emergência climática no Brasil. Uma das medidas recentes foi a liberação de R$ 7,7 bilhões para operações de crédito voltadas à recuperação de área atingindas por incêndios e financiamento de diversas culturas.
E com o Congresso esvaziado devido à campanha eleitoral nos municípios, as atenções na semana se voltam também para a pauta econômica. O Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne para decidir sobre a taxa básica de juros, e os analistas do mercado se dividem entre uma alta de 0,25% ou de 0,50% na Selic.
Confira abaixo um resumo da semana nos três poderes em Brasília.
PODER EXECUTIVO
O presidente Lula iniciou a semana em reunião logo cedo nesta segunda-feira (16) com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O presidente deve analisar junto com a ministra e membros de sua equipe formas de intensificar a punição a pessoas que provocam fogo.
Nesta segunda Lula também vai ao Palácio Itamaraty, para a cerimônia de formatura do Instituto Rio Branco. Lula participa ainda de homenagem ao Dia do Diplomata.
Ainda nesta segunda-feira, o presidente Lula terá uma reunião com a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e depois, às 16h30, participará da cerimônia de lançamento, no Palácio do Planalto, do Cartão MEI, um produto exclusivo para o Microempreendedor Individual. O produto vai servir como cartão de crédito e débito exclusivo para MEIs, com vantagens como anuidade zero, plataformas de engajamento e capacitação.
Na terça (17), Lula participará de solenidade com atletas paralímpicos, no Palácio do Planalto. O presidente também participa de cerimônia para assinatura de convênios da ApexBrasil.
Na quarta (18), o presidente Lula participará da cerimônia de lançamento do Plano de Ação para redução dos impactos da dengue e de outras arboviroses.
Já no sábado (21), o presidente embarca para Nova York, onde vai para participar da Assembleia-Geral da ONU. A Assembleia começa no domingo (22), e Lula fará o discurso inicial.
No calendário econômico, a semana tem como principal atração a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que na quarta (18) vai anunciar a sua decisão a respeito da taxa básica de juros. A maior parte do mercado espera que o Banco Central eleve a Selic em 0,25%, embora esteja crescendo a quantidade de analistas que projetam uma alta de 0,5 ponto percentual. A se concretizar, esse seria o primeiro aumento na taxa Selic desde agosto de 2022.
PODER LEGISLATIVO
A Câmara dos Deputados diminui o ritmo de trabalho nessa semana para que os parlamentares possam se dedicar à reta final das atividade de campanha nos municípios. A semana que se inicia será semipresencial, e os deputados poderão registrar presença e participar das poucas atividades legislativas previstas na agenda online.
No Senado, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também estabeleceu o regime remoto de presença, sem que os parlamentares precisem vir a Brasília. No Plenário, estão agendadas sessões para votação de projetos não polêmicos e que já possuem acordo de aprovação, como o PL 1754/2024, que trata da condição de segurado especial dos associados em cooperativas, e o PL 2123/2019, que institui a Política Nacional do Livro.
Já na sessão de quarta, está prevista a votação do projeto que regulamenta o Rodeio Crioulo como atividade da cultura popular, e o PL 5021/2019, que reconhece o artesanato em capim dourado como manifestação da cultura nacional.
A maoria das comissões do Senado não deve ter reuniões nesta semana. Já a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) terá debates sobre o projeto de regulamentação da reforma tributária.
PODER JUDICIÁRIO
A três semanas do primeiro turno das eleições municipais, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza nesta segunda (16) uma cerimônia para assinatura digital e lacração dos sistemas eleitorais e programas de verificação das urnas e dos votos.
No decorrer desta semana estão na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) julgamentos sobre ao menos dois temas relevantes, além de uma audiência pública para tratar do cumprimento de medidas emergências para o combate de incêndios pelo país.
No plenário físico, os ministros do STF vão discutir se é possível que decisões judiciais decretem quebra de sigilo de dados telemáticos de um conjunto não identificado de pessoas. O recurso foi proposto pelo Google contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que manteve a quebra de sigilo de um grupo indeterminado de pessoas que fizeram pesquisas relacionadas à vereadora Marielle Franco e a sua agenda nos quatro dias anteriores ao atentado que ela sofreu.
Na quinta (19), o ministro do STF Flávio Dino comandará uma audiência pública sobre determinações que fez ao governo federal a respeito do combate aos incêndios no país. O encontro envolve representantes dos dez Estados da Amazônia e do Pantanal, afetados pelos incêndios florestais.
Já no plenário virtual, na sexta (20) será retomado um julgamento que pode afetar o destino dos inquéritos abertos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A discussão trata do alcance do foro privilegiado. Os ministros terão até o dia 27 de setembro para se manifestar.
O debate foi suspenso em abril, por um pedido de vista do ministro André Mendonça. Antes da interrupção, no entanto, a maioria dos ministros já havia se manifestado para que as investigações envolvendo autoridades, como ministros de Estado e parlamentares, permanecessem na corte mesmo após o fim do mandato.
Esse também seria o caso de Bolsonaro, que se tornou alvo de uma série de inquéritos ao longo do seu mandato. Inicialmente, com a saída dele da Presidência, a expectativa era que os processos fossem enviados para a primeira instância, mas isso ainda não ocorreu.
Até agora, seis ministros já votaram: Gilmar Mendes (relator), Dias Toffoli, Alexandre Moraes, Luís Roberto Barroso, Flavio Dino e Cristiano Zanin. Cinco ministros ainda precisam votar para que se tenha a conclusão do caso: Mendonça, autor do pedido de vista, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux e Kassio Nunes Marques.
Aguardada com ansiedade pelo mercado financeiro, a Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada na manhã desta terça-feira (25), revelou que a retomada dos cortes na taxa básica de juros não deve acontecer tão cedo. Na última reunião, na semana passada, os membros do Copom decidiram, por unanimidade, interromper o ciclo de corte da Selic – que vinha sendo realizado desde agosto do ano passado – e mantiveram os juros em 10,50% ao ano.
O documento divulgado nesta terça revela que os diretores do Banco Central que participam do Copom estão preocupados com a evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até 2025. Devido a essa probabilidade de alta da inflação, a autoridade monetária, segundo a Ata, precisaria manter uma “atuação firme” e “vigilante”.
Os diretores do BC consideram que o cenário futuro do indicador da inflação no país se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções para o IPCA no médio prazo. Diante desse quadro, o Comitê avaliou que eventuais ajustes futuros na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
“O Comitê observou surpresas benignas no período recente, mas também elevação das projeções de prazos mais curtos, envolvendo preços livres. Ao fim, concluiu-se unanimemente pela necessidade de uma política monetária mais contracionista e mais cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária”, informou a Ata do Copom.
Os membros do Comitê de Política Monetária afirmam também que a autoridade monetária tem a missão de trabalhar pelo “contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”. Na Ata, o Comitê afirma que “não se furtará de seu compromisso com o atingimento da meta de inflação e entende o papel fundamental das expectativas na dinâmica da inflação”.
Outra afirmação consignada pelos membros do Copom na Ata divulgada nesta terça é a de que o Banco Central monitora com atenção a forma como a política fiscal do país impacta a política monetária e os ativos financeiros. Em claro recado ao governo federal, os membros do Copom afirmam que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.
“Políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”, completa o texto da Ata.
Na justificativa para a decisão sobre a manutenção dos juros no patamar de 10,5%, os membros do Copom afirmam que o ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países.
O Copom diz ainda que os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. "O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes", conclui o texto.
Em conversa com a imprensa nesta manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou o texto da Ata do Copom, e disse considerar positivo que a diretoria do Banco Central não tenha dado indícios de que haverá aumento na taxa básica de juros.
"A ata está muito aderente ao comunicado, não tem nada de diferente no comunicado, o que é bom e transmite a ideia de que está havendo uma interrupção para avaliar cenário externo e interno para que o Copom fique à vontade para tomar decisões a partir de novos dados", disse o ministro. "Eventuais ajustes se forem necessários e sempre vão acontecer. O que é importante frisar é que a diretoria fala em uma interrupção no ciclo", completou Haddad.
Em decisão anunciada na noite desta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros, e manteve a Selic no mesmo patamar anterior, de 10,5% ao ano. A decisão da manutenção da taxa foi unânime entre os membros do Comitê.
O mercado já projetava que o Banco Central iria manter a taxa no mesmo patamar de 10,5% ao ano. A decisão interrompeu um período de cortes nos juros que foi iniciado em agosto do ano passado. Naquela ocasião, a taxa Selic se encontrava em 13,75%. De lá para cá foram sete cortes seguidos, rebaixando a taxa em 3,25%.
No comunicado emitido pelo Copom para justificar a decisão, os membros do Comitê afirmam que o atual cenário de inflação exige cuidados da autoridade monetária e não justifica alteração na taxa básica de juros.
“O Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela”, diz o comunicado do BC.
Os membros do Copom afirmam ainda que se manterão vigilante, e destacam que “eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Neste ano, o Comitê de Política Monetária do Banco Central vai se reunir outras quatro vezes: 30 e 31 de julho; 17 e 18 de setembro; 5 e 6 de novembro; 10 e 11 de dezembro. O Boletim Focus desta semana, com a média das previsões dos cerca de 150 analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central, trouxe um aumento na estimativa para a Selic em 2024, de 10,25% para 10,5% ao final do ano.
Ou seja, na opinião dos analistas do mercado, a taxa básica de juros brasileira não será mais reduzida neste ano pelos membros do Copom.
A decisão tomada na noite desta quarta-feira (8) pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, de mudar o ritmo de cortes na taxa básica de juros da economia, foi criticada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban. O Copom, que nas últimas seis reuniões reduziu a Selic em 0,5%, nesta quarta promoveu um corte de apenas 0,25% na taxa.
Para o presidente da CNI, a decisão do Copom, que não foi unânime entre os membros do colegiado, se mostrou inadequada e incompatível com o momento atual da economia brasileira.
“Essa decisão é incompatível com o atual cenário de inflação controlado e torna impraticável continuar o projeto de neoindustrialização do país com altos níveis de taxa de juros. Reduzir o ritmo de corte da taxa básica tira a oportunidade de o Brasil alcançar mais prosperidade econômica, aumento de emprego e de renda”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Com o novo corte promovido pelos membros do Copom, a taxa de juros do país caiu a 10,50% ao ano (antes estava em 10,75%). A decisão mudou o plano traçado em agosto do ano passado, quando o Banco Central iniciou o ciclo de cortes de 0,5% na taxa Selic. Dos nove membros do Comitê, cinco votaram pelo corte de 0,25% e outros quatro quiseram manter o ritmo de redução nos juros de 0,5%.
O presidente da CNI disse ainda esperar que, nas próximas reuniões do Copom, após a divulgação de novos dados sobre inflação que confirmem a continuidade da convergência para a meta, seja retomado o ritmo dos cortes que vinham ocorrendo desde agosto de 2023, de 0,5 ponto percentual. Para a entidade presidida pelo baiano Ricardo Alban, além do quadro de inflação controlada, outra razão para cortes mais intensos da Selic são os prejuízos que as taxas de juros reais elevadas provocam na economia.
“Mesmo com os cortes já realizados, a taxa de juros real (que desconsidera os efeitos da inflação) está em 6,9% ao ano, ou seja, 2,4 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica. Essa elevada taxa de juros tem efeito direto e negativo na atividade econômica e no crédito”, afirma o comunicado da Confederação Nacional da Indústria.
Assim como a CNI, outras entidades também emitiram comunicados com críticas à decisão do Banco Central. A Firjan (Federação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), por exemplo, também disse que a decisão do Copom teria sido “inadequada” e que a manutenção dos juros em níveis elevados “afeta a confiança dos empresários na economia brasileira”.
Já o Sebrae destacou que o patamar atual de 10,5% da Selic representa o crédito mais alto para o pequeno empresário e citou “preocupação” com a situação. Para o Sebrae, apesar da redução de 0,25% na taxa básica de juros, ela não irá beneficiar diretamente os microempreendedores cujos créditos podem chegar a 40% ao ano.
Na sua terceira reunião em 2024, nesta quarta-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, pela sétima vez consecutiva, cortar a taxa básica de juros, a Selic. Entretanto, ao contrário das últimas vezes, a decisão dos membros do Copom foi por um corte de apenas 0,25%, e não de 0,5%, como vinha acontecendo nas reuniões anteriores.
Com o novo corte promovido pelos membros do Copom, a taxa de juros do país caiu a 10,50% ao ano (antes estava em 10,75%). A decisão muda o plano traçado em agosto do ano passado, quando o Copom iniciou o ciclo de cortes de 0,5% na taxa Selic. Naquele mês, os juros estavam em 13,75%. Antes do início dos cortes, a Selic ficou estacionada nos 13,75% por 12 meses, desde agosto de 2022.
De acordo com o comunicado divulgado no início da noite desta quarta, a decisão de reduzir o ritmo de cortes na Selic se deu por conta do aumento das incertezas no cenário externo. Segundo o BC, a redução de juros nos Estados Unidos fora do radar pelo menos no primeiro semestre, e também no interno, com risco fiscal aumentado para o Brasil, pesaram no corte de apenas 0,25%.
O Copom, em seu comunicado, não repetiu a indicação feita nas reuniões anteriores, de que haverá novos cortes adiante, ressaltando que futuras reduções na taxa básica de juros dependerá de dados para a continuidade a atual política monetária. O BC também destacou que, a despeito do corte desta quarta, os juros permanecem em “patamar contracionista”, essencial para o controle da inflação.
A decisão do Copom já era aguardada pela grande maioria do mercado, que projetava o corte de 0,25%. Economistas consultados semanalmente pelo Boletim Focus do Banco Central dizem acreditar que mesmo com a redução no ritmo de cortes, a taxa de juros chegará em 9% ao final de 2024. Se for confirmada essa previsão, a Selic encerrará o ano em um patamar um pouco abaixo do registrado em dezembro de 2021 (na ocasião, o Copom elevou a taxa em 1,5%, elevando a Selic de 7,75% para 9,25%).
Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, na manhã desta quarta, o economista Armando Castelar, do Ibre/FGV, já antecipando a redução no ritmo de corte, disse entender que a mudança do quadro externo foi o gatilho para essa postura mais conservadora do Banco Central. Segundo Castelar, o cenário só piorou com a revisão das metas fiscais no Brasil.
"Os riscos são grandes, de qual é o piso que se tem de juros, até onde se pode ir em função dos juros altos nos EUA, que sugam o capital global. O déficit elevado por lá significa que eles precisam se financiar com os mesmos recursos que vão para países emergentes, como o Brasil", afirmou o economista.
Na mesma linha, o economista Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, disse que a piora nas projeções da economia brasileira coloca em xeque a credibilidade do próprio BC. Por isso, ele defendia que o ritmo de cortes fosse reduzido para 0,25 ponto, como aconteceu.
“As projeções médias de inflação para 2026 e 2027 também começaram a piorar. Temos um mercado de trabalho forte, o que é bom, mas precisa ser sustentável, um quadro fiscal que vem se deteriorando e o dólar está mais fortalecido em relação ao real. Acredito que o BC tem boas razões para reduzir o ritmo da Selic”, afirmou Ramos ao Estadão.
A taxa Selic é uma espécie de referência para a economia nacional. Sua redução tende a baratear empréstimos e financiamentos, estimulando o crescimento da atividade econômica, a geração de empregos e renda.
A decisão de reduzir o ritmo de corte na Selic não foi unânime. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Comitê:
Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente);
Carolina de Assis Barros;
Diogo Abry Guillen;
Otávio Ribeiro Damaso;
e Renato Dias de Brito Gomes.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros:
Ailton de Aquino Santos;
Gabriel Muricca Galípolo;
Paulo Picchetti;
e Rodrigo Alves Teixeira.
O corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, é insuficiente e penalizará ainda mais a atividade econômica no Brasil. A opinião é do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, que comentou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter o ritmo de redução dos juros com cortes de 0,5%.
Na noite desta quarta-feira (20), o Copom decidiu, pela sexta vez consecutiva, cortar a taxa básica de juros, a Selic, em mais meio ponto. Com o novo corte, a taxa de juros do país caiu a 10,75% ao ano. A decisão segue o plano traçado em agosto do ano passado, quando o Copom iniciou o ciclo de cortes na taxa Selic (naquele mês, os juros estavam em 13,75%).
Para o presidente da CNI, ampliar a redução da taxa básica de juros da economia é uma compatível com o atual cenário de inflação sob controle, além de ser fundamental para reduzir os custos de financiamento.
“A situação da inflação no Brasil já permite, há algum tempo, uma redução mais intensa dos juros reais. O Copom também tem que considerar em suas decisões o prejuízo que a elevada taxa básica de juros vem provocando à economia”, afirma o presidente da CNI.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria disse ainda que, diante de um quadro inflacionário positivo, com projeções da manutenção do IPCA dentro da meta de inflação para 2024, o Banco Central deveria dar uma contribuição para a redução do custo financeiro suportado pelas empresas.
“Sem essa mudança urgente de postura, fica mais difícil avançar na agenda de neoindustrialização, o que, consequentemente, anula oportunidades de mais prosperidade econômica para o país. A CNI entende que, mantido o cenário de inflação sob controle, é imprescindível uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic já na próxima reunião do Copom”, enfatiza o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Segundo comunicado divulgado pela CNI, a entidade defende que um corte mais intenso da taxa Selic seria necessária frente aos prejuízos que as taxas de juros reais elevadas estão provocando na economia brasileira. De acordo com a CNI, mesmo com as cinco reduções da taxa Selic realizadas desde agosto de 2023, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – ainda está em 7,5% ao ano, portanto três pontos acima da taxa de juros neutra, aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica.
“Esse patamar muito elevado da taxa de juros real se reflete no mercado de crédito, com aumento no nível de inadimplência e redução nas concessões. A inadimplência da carteira de crédito com recursos livres às empresas, que era 2,2% em janeiro de 2023, subiu para 3,4% em janeiro de 2024. Ademais, as concessões de crédito com recursos livres às empresas recuaram 5,5%, em termos reais, no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro de 2024, frente ao acumulado dos 12 meses imediatamente anteriores”, afirma o comunicado da Confederação Nacional da Indústria.
Outras entidades do setor produtivo também fizeram críticas à decisão do Comitê de Política Monetária do BC em reduzir a taxa básica de juros de 11,25% para 10,75% ao ano. Foi o caso da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que pediu que o BC não mexa no ritmo dos cortes e mantenha a redução de 0,5 ponto nas próximas reuniões.
“Essa queda de 0,5 ponto percentual precisa ser mantida nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária, haja vista que a economia e, sobretudo, a indústria seguem sofrendo os efeitos da taxa ainda elevada. O resultado negativo da produção industrial em janeiro reflete bem esse cenário”, destacou a entidade.
Para a Força Sindical, a queda da Selic em 0,5 ponto é tímida e insuficiente para aquecer o consumo, gerar empregos, melhorar o Produto Interno Bruto (PIB) e distribuir renda.
“Um pouco mais de ousadia traria enormes benefícios para o setor produtivo, que gera emprego e renda e anseia há tempos por um crescimento expressivo da economia. É um absurdo esta mesmice conformista dos tecnocratas do Banco Central”, criticou em comunicado o presidente da Força, Miguel Torres.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em reunião nesta quarta-feira (20), decidiu, pela sexta vez consecutiva, cortar a taxa básica de juros, a Selic, em mais meio ponto. Com o novo corte, a taxa de juros do país caiu a 10,75% ao ano.
A decisão segue o plano traçado em agosto do ano passado, quando o Copom iniciou o ciclo de cortes na taxa Selic. Naquele mês, os juros estavam em 13,75%. Antes do início dos cortes, a Selic ficou estacionada nos 13,75% por 12 meses, desde agosto de 2022.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no patamar mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por conta da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. Ela ficou no nível mais baixo de agosto de 2020 a março de 2021.
A decisão dos membros do Copom foi unânime, em linha com o que era esperado pelo mercado e sem novidades relevantes em relação ao comunicado da reunião anterior, ocorrida em janeiro. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
No comunicado divulgado à imprensa, o Banco Central afirma que o ambiente externo segue volátil, "marcado pelos debates sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e a velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes".
Em relação ao cenário doméstico, o Copom afirma que "o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes".
Na reunião desta quarta, o BC indicou ainda que deve fazer pelo menos mais um corte de 0,5% nos juros, fazendo com que na reunião agendada para 8 de maio, a taxa básica chegue, provavelmente, aos 10,25%. "O Comitê avalia que o cenário-base não se alterou substancialmente. Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião", diz o comunicado do Copom.
Economistas do mercado consultados semanalmente pelo Boletim Focus do Banco Central dizem acreditar que a taxa de juros chegará em 9% ao final de 2024. Se for confirmada essa previsão, a Selic encerrará o ano em um patamar um pouco abaixo do registrado em dezembro de 2021 (na ocasião, o Copom elevou a taxa em 1,5%, elevando a Selic de 7,75% para 9,25%).
A taxa Selic é uma espécie de referência para a economia nacional. Sua redução tende a baratear empréstimos e financiamentos, estimulando o crescimento da atividade econômica, a geração de empregos e renda.
Nas comunicações oficiais, a autoridade monetária tem repetido que a magnitude total do processo de alívio dos juros dependerá da evolução da dinâmica inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Após a divulgação de diversas pesquisas que mostram a queda na aprovação e o aumento da desaprovação do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a semana disposto a arregaçar as mangas para reverter as expectativas a respeito de sua administração. Já na manhã desta segunda-feira (18), Lula reuniu todos os 38 ministros para cobrar ações e traçar estratégias que possam melhorar a imagem do governo.
A semana tem ainda a expectativa em relação à reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que decidirá sobre um novo corte na taxa básica de juros, a Selic. E no Congresso, temas como o fim da saidinha dos preços e a PEC que proíbe o porte e a posse de qualquer quantidade de drogas estão entre os principais assuntos na pauta das duas casas.
No Judiciário, a expectativa maior é pelo início do julgamento, no Superior Tribunal de Justiça, do ex-jogador Robinho. Os ministros analisarão pedido da Justiça da Itália para que o ex-jogador cumpra no Brasil a pena a que foi condenado naquele país, de ter participado do estupro coletivo de uma mulher.
Confira abaixo um resumo da semana em Brasília.
PODER EXECUTIVO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a semana com a realização de uma reunião com todos os seus 38 ministros no Palácio do Planalto, na manhã desta segunda (18). Com sua avaliação em queda nas pesquisas, Lula deve fazer cobranças sobre programas e obras, além de exigir maior ação de seus ministros.
Além da queda de popularidade, a reunião acontece em meio à alta dos casos de dengue em todo o país, ao aumento dos preços dos alimentos e à aproximação das eleições municipais, entre outros temas. A ideia é alinhar metas e estratégias do governo. A última reunião ministerial foi em 20 de dezembro.
Na quinta (21), o presidente Lula vai lançar o Plano Nacional Juventude Negra Viva, coordenado pelo Ministério da Igualdade Racial. Em 2023, uma caravana do governo federal ouviu cerca de 6 mil jovens em todas as capitais. As ações envolvem segurança pública, geração de empregos, educação e esportes, entre outros temas.
O presidente também pode ir nesta semana a um dos Estados que pretende visitar para se encontrar com representantes do agronegócio. Estão na lista Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
Outro plano do Palácio do Planalto para melhorar a aproximação do presidente Lula com o setor é promover eventos com representantes do agro. Está marcado para quinta (21) um encontro com fruticultores. É possível que seja a primeira reunião de aproximação de Lula com esse segmento da economia. O almoço será na Granja do Torto, em Brasília.
Na agenda da economia, a segunda-feira começou com a divulgação, pelo Banco Central, do primeiro IBC-Br do ano, relativo ao mês de janeiro. Segundo o indicador, a prévia do PIB subiu 0,60% em janeiro ante dezembro, na comparação com ajuste sazonal. De acordo com o BC, a economia do Brasil avançou pelo 5º mês consecutivo.
Já na terça (19), o Banco Central inicia a reunião dos diretores do Comitê de Política Monetária para definir a taxa Selic, atualmente em 11,25% ao ano, em queda desde agosto de 2023. Publicada na primeira semana de fevereiro, a ata mais recente do Copom prevê novos cortes de 0,5% na Selic na reunião desta semana e nas próximas.
Na quarta (20) deve sair a decisão dos membros do Copom sobre novo corte na taxa básica de juros. No mesmo dia, nos Estado Unidos, o Fed, banco central do país, deve anunciar sua decisão sobre os juros americanos.
Na quinta (21), o IBGE divulga novos dados do Censo Demográfico 2022 sobre população e domicílios. Em fevereiro, o instituto revelou lugares onde ninguém mora e também as cidades (em geral, turísticas) que têm mais domicílios do que residentes, como Ilha Comprida (SP), Mangaratiba (RJ) e Arroio do Sal (RS).
PODER LEGISLATIVO
As duas Casas do Congresso deverão ter votações importantes nesta semana. A ideia dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é votar as matérias mais urgentes nos próximos dias, já que na próxima semana poucos parlamentares estarão em Brasília, por conta da Semana Santa.
Na Câmara, Arthur Lira deve colocar em votação o projeto de lei que acaba com a chamada "saidinha" temporária dos presos em datas comemorativas. Em São Paulo, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, foi exonerado para reassumir a vaga de deputado e relatar o projeto.
Também existe acordo entre oposição e governo para que, a partir de terça (19), comece a discussão do projeto de lei que cria o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten). A proposta visa facilitar empreendimentos industriais voltados para a substituição de suas atuais fontes energéticas para métodos de baixa emissão de carbono.
O programa, utilizando recursos oriundos do Fundo Verde e de transações tributárias, servirá para fomentar projetos de pesquisa tecnológica e infraestrutura voltados ao desenvolvimento sustentável. Ele também cria mecanismos de aproximação entre os setores com demanda por novas fontes de energia e possíveis financiadores.
Ainda estão agendadas para esta semana as eleições dos últimos nomes que faltam para assumir cargos de presidente em três comissões. São elas a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a Comissão de Desenvolvimento Urbano, e a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Outro colegiado que deve ter seu comando definido nesta semana é a Comissão Mista de Orçamento (CMO), que vai analisar a proposta orçamentária do governo Lula (PT) para o ano de 2025. As negociações feitas até o momento para a CMO apontam para o nome do deputado Júlio Arcoverde (PP-PI) na presidência e do senador Ângelo Coronel (PSD-BA) na relatoria.
No Senado, será iniciada no Plenário a discussão da PEC 45/2023, a chamada PEC das drogas. O projeto, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), proíbe a posse de todas as drogas, independentemente de quantidade. A PEC foi uma iniciativa do Senado em resposta ao julgamento do STF que busca descriminalizar o porte de maconha em pequenas quantidades.
O presidente do Senado também pautou para esta semana, no Plenário, a votação do PL 1874/2022, que institui a Política Nacional de Economia Circular; do PL 6379/2019, que trata da regulamentação da atividade profissional de musicoterapeuta; do PL 3027/2022, que institui a Política Nacional da Qualidade do Ar; e do PLC 42/2017 que dispõe sobre o tratamento de doenças neuromusculares com paralisia motora.
Ainda nesta semana, Pacheco deve se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir um calendário de votação para o projeto de lei que renegocia as dívidas dos Estados. O presidente do Senado disse na semana passada esperar que o governo federal encaminhe nos próximos dias ao Congresso o seu projeto sobre o assunto.
Na quarta, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e parlamentares da CPI da Covid-19 vão pedir à Procuradoria Geral da República que reabra os inquéritos sobre o governo Bolsonaro no tema da pandemia. Em vídeo divulgado em suas redes sociais, Renan Calheiros lembrou os 81 pedidos de indiciamentos feitos ao ex-procurador Augusto Aras e disse que “os crimes não podem ficar impunes”.
PODER JUDICIÁRIO
O Supremo Tribunal Federal deve concluir na próxima quarta (20) o julgamento da chamada “revisão da vida toda” das aposentadorias. Ele foi suspenso no final de 2023. O STF já decidiu que os aposentados podem pedir o recálculo dos benefícios com base em todas as contribuições feitas ao longo da vida. Agora, o julgamento está na fase da análise de embargos, em que não se discute mais o mérito da decisão.
Há controvérsia sobre o impacto fiscal da decisão. Dependendo do resultado, pode haver reação negativa dos mercados com mais um fator de pessimismo em relação às expectativas de déficit das contas públicas. Outros processos em análise pelo STF podem ter impacto bilionário para os cofres da União, como no caso dos limites à coisa julgada e do PIS e Cofins sobre a locação de bens, que também estão na pauta de quarta-feira.
Ainda na quarta (20), com transmissão ao vivo, começa a sessão da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça que julga o pedido de homologação de sentença da Itália contra o ex-jogador Robinho. Ele foi condenado em última instância à pena de nove anos de prisão por supostamente ter participado de estupro coletivo em boate de Milão, onde a vítima, uma jovem albanesa, comemorava aniversário em 22 de janeiro de 2013.
A Justiça da Itália pede que o ex-jogador cumpra a pena no Brasil. Na sexta (15), em entrevista à rede Record, Robinho negou as acusações. O relator da ação de homologação é o ministro Francisco Falcão.
Na mensagem enviada ao Congresso Nacional que foi lida na sessão de abertura do ano legislativo, realizada nesta segunda-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva redigiu a palavra “juros” 17 vezes, e disse acreditar que as políticas implementadas no país em 2023 “deverão contribuir para o movimento de redução dos juros”. Lula afirmou também que as reformas fiscal, tributária e financeira “devem funcionar para possibilitar maior produtividade e a redução estrutural dos juros”.
A continuação da política de redução progressiva dos juros foi confirmada pelo Banco Central nesta terça (6), com a divulgação da Ata da reunião do Copom realizada na semana passada. Na ocasião, os membros do Copom decidiram realizar um novo corte de 0,5% na taxa básica de juros, reduzindo a Selic de 11,75% para 11,25%.
No documento, o Banco Central deixa claro que os membros do comitê concordaram, de forma unânime, em manter o ritmo de cortes da Selic em 0,5%. A Ata não possui qualquer sinalização de que haverá uma aceleração neste ritmo de cortes, como exigem membros do governo e representantes da área produtiva.
Para justificar esta postura, o BC afirmou na Ata do Copom que “há uma necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta”. A meta de inflação perseguida pelo BC neste ano é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Os membros do Comitê de Política Monetária reconheceram, durante a reunião na semana passada, que “houve um progresso desinflacionário relevante” no país. No entanto, como afirma a Ata do Copom, “há um longo caminho pela frente para a ancoragem das expectativas”.
Para os analistas do mercado financeiro, consultados semanalmente pelo Banco Central, foram mantidas as estimativas já apresentadas nas semanas anteriores em relação ao patamar da taxa básica de juros ao final do ano. De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta terça (6), o mercado projeta que a Selic deve chegar ao fim do ano em 9%, o que representaria uma queda de 2,25% em relação ao patamar atual de 11,25%.
A estabilidade dos indicadores, aliás, foi a tônica da nova edição do Boletim Focus, que foi divulgado somente nesta terça devido à operação-padrão de servidores do Banco Central. Neste atual Boletim, os economistas do mercado mantiveram as projeções também para a inflação, o Produto Interno Bruto (PIB) e o dólar em 2024.
A expectativa do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), permaneceu em 3,81%. A perspectiva para os próximos três anos também seguiu a mesma: 3,5% para 2025, 2026 e 2027.
Os economistas mantiveram a projeção de 1,6% de crescimento do PIB brasileiro em 2024. As estimativas para 2025 e 2026 também permaneceram inalteradas, com 2% de alta por ano.
Em relação ao dólar, as estimativas para a cotação da moeda norte-americana continuam em R$ 4,92. Em 2025, as estimativas seguem em R$ 5. Para 2026, houve queda de R$ 5,05 para R$ 5,04.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tomada nesta quarta-feira (31), de reduzir em 0,5% a taxa básica de juros, seria “injustificável” diante da necessidade de se reduzir de forma significativa o custo financeiro suportado por empresas brasileiras. Quem afirma é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.
O principal dirigente da indústria nacional considerou que a posição do Banco Central foi “excessivamente conservadora”. Para Ricardo Alban, mantido o cenário de inflação sob controle, é imprescindível que haja uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic, além dos cortes de 0,5% que começaram no ano passado, e levaram a taxa a cair de 13,75% para os atuais 11,25%.
“É necessário e desejável maior agressividade do Copom para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e consumidores. Sem essa mudança urgente de postura, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos emprego e renda”, afirmou o presidente da CNI.
Mesmo com o novo corte na Selic, o Brasil segue como vice-líder no ranking mundial de juros reais. Segundo pesquisa do economista Jason Vieira divulgada na plataforma MoneYou, que analisou as 40 principais economias do mundo, a taxa de juros reais brasileira, com a nova redução, fica em torno de 5,95% ao ano, abaixo apenas do México, com 6,49%.
Os juros reais são a conta considerando a taxa de juros descontada da inflação, e, mais do que a taxa bruta, é o número que de fato afeta a economia. Abaixo de México e Brasil estão Colômbia, com juros reais de 4,81%, Turquia, com 3,78%, e Indonésia, com 3,48%.
O novo corte na Selic anunciado nesta quarta desagradou também a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), uma das principais críticas à gestão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Para a deputada petista, o cenário de queda sustentada da inflação, aumento das reservas internacionais, estabilidade da economia, recuperação da nota de crédito do país, aumento do emprego e da massa salarial justificariam uma maior ousadia dos membros do Copom no corte de juros.
“O Brasil está pronto para retomar o crescimento com pujança, estimulado pelos investimentos do PAC, da Petrobrás e da Nova Indústria Brasil, entre outros. Falta o BC fazer sua parte e começar a reduzir pra valer a indecente taxa de juros. Cortar só 0,5 ponto da Selic outra vez é muito pouco. Tá na hora do BC pensar em suas responsabilidades com o país e fazer sua parte no esforço de reconstrução e crescimento”, disse Gleisi.
Mais crítico ainda à posição do Copom de cortar 0,5% da taxa anual de juros a cada reunião foi o deputado Lindbergh Farias (RJ), outra das vozes dentro do PT que condenam a gestão Roberto Campos. Lindbergh, em sua conta na rede X, diz inclusive que o presidente do Banco Central seria “inimigo do Brasil”.
“Roberto Campos Neto, você é inimigo do Brasil!! Diminuir a Selic em apenas 0,5% é querer atrasar o crescimento do país! A inflação está lá embaixo, o PIB cresceu, a Bolsa subiu. O que mais é necessário? Cada vez fica mais nítido a irracionalidade do Copom sob seu comando!”, afirmou o deputado petista.
Para outro petista, o secretário de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta (RS), a decisão dos membros do Copom seria mais uma a mostrar que a economia brasileira estaria em um novo rumo desde o início do governo Lula.
“FAZ O L: Mais uma vez, o Banco Central reduziu a expectativa de inflação para 2024, de 3,86%, para 3,81%. A taxa Selic também caiu pela quinta vez consecutiva e alcançou 11,25%, menor patamar em 2 anos. Números que mostram que o Brasil com Presidente Lula voltou à normalidade e vai muito bem. Lula decolou a economia”, disse Paulo Pimenta em sua conta na rede X.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter o ritmo de realizar cortes de 0,5% na taxa básica de juros nas próximas reuniões, no começo de 2024. É o que afirma a ata divulgada nesta terça-feira (19) sobre a última reunião do Copom, realizada nos dias 12 e 13 de dezembro.
Depois de fecharem o ano de 2023 com um novo corte de 0,5% na Selic, os membros do Comitê avaliam que continuarão fazendo reduções da mesma magnitude por enxergarem ser o mais coerente com o momento vivido pela economia brasileira. Neste ano, o Copom fez quatro cortes de 0,5% na Selic, reduzindo a taxa de juros de 13,75% para 11,75%.
“Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, afirmam os membros do Copom na ata divulgada hoje.
A ata reforça a posição dos membros do Copom de que a inflação do Brasil segue em trajetória esperada de desaceleração, “com destaque para a sua composição benigna”. Segundo os números do IPCA, a inflação havia fechado 2022 em 5,79%, e nos primeiros meses do ano houve aumento exponencial dos índices inflacionários. A queda na inflação se acentuou a partir do mês de maio.
“Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária se aproximaram da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, disse o documento.
De acordo com a Ata do Copom, o consumo das famílias está surpreendendo positivamente por causa de programas sociais e da expansão do mercado de trabalho, que aumentou a renda bruta das famílias no período mais recente. Para o BC, o conjunto de indicadores de atividade econômica brasileira segue “consistente” com o cenário de desaceleração.
“A divulgação do PIB do 3º trimestre confirmou a moderação de crescimento que estava antecipada, mas com resiliência no consumo das famílias. O mercado de trabalho segue aquecido, mas apresenta alguma moderação na margem”, afirmaram os membros do Copom.
Sobre o ambiente externo, os membros do Comitê de Política Monetária entendem que ele segue volátil, mas menos adverso do que na reunião anterior, realizada em novembro. Houve um arrefecimento das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e sinais incipientes de queda de núcleos de inflação no mundo.
A Ata explica que o cenário externo, mesmo exibindo claros sinais de melhora, segue “exigindo cautela por parte de países emergentes”. Isso porque o Brasil se enquadra como um país emergente, que acaba dependendo muito de outras economias.
A primeira reunião do Copom em 2024 acontecerá nos dias 30 e 31 de janeiro. De acordo com o último boletim Focus do Banco Central, com estimativas de dezenas de analistas e especialistas do mercado financeiro, a perspectiva para a Selic em 2024 é de que ela feche o ano em 9,25%, o que representaria um corte do total do Copom de 2,5% na taxa.
Os membros do Comitê reforçaram ainda o recado à equipe econômica do governo Lula de que é importante seguir buscando as metas indicadas para as contas públicas, incluindo a projeção de déficit zero no ano que vem, como defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A lógica do Copom é que, sem o atingimento da meta fiscal, o governo contribui para elevar o montante de recursos disponíveis na economia, o que poderia levar o país a não atingir as metas de inflação fixadas para 2024 e para 2025.
"Com relação ao cenário fiscal, tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas", avalia o documento do Banco Central.
A última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, de 2023, terminou sem surpresa. A autoridade monetária brasileira promoveu, de forma unânime, mais um corte de 0,5 p.p na taxa de juros brasileira, o quarto seguido, de acordo com informações da BP Money.
Com a nova redução, a Selic sai dos atuais 12,25% e termina o ano em 11,75%, em linha com a previsão da maioria dos analistas do mercado financeiro. De acordo com estimativas do Boletim Focus, a taxa de juros no Brasil em 2024 deve terminar em 9,25%.
Em comunicado, o Banco Central destacou que o cenário externo segue volátil, mas menos adverso do que na reunião anterior, e que foi marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e dá sinais incipientes de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países. Porém, a autoridade monetária pondera que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.
No cenário interno, o BC avalia que o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia, conforme antecipado pelo Copom. O relatório não deixou de lado a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação. “O Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, ressaltou.
“Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, justificou o BC.
O relatório da autoridade monetária indica novos cortes do mesmo patamar nas próximas reuniões do Copom. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizará novos cortes na taxa básica de juros (Selic) nas suas próximas reuniões, mas faz um alerta de que o não cumprimento das metas fiscais pode levar a uma nova temporada de elevação dos juros para garantir o controle da inflação. Os recados fazem parte da Ata da última reunião do Copom, realizada na semana passada, quando foi decidido um novo corte de 0,5% na taxa Selic.
A Ata revela a preocupação dos membros do Copom sobre o crescimento da incerteza em torno da meta estabelecida para o resultado fiscal. O Comitê reafirma no documento a importância da firme persecução dessas metas, levando em conta a importância que elas possuem para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, à condução da política monetária.
"As expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação. O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira", diz trecho da Ata do Copom.
Na mesma linha do documento divulgado nesta terça, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em sua participação no Fórum de Estratégias de Investimentos da Bradesco Asset Management, disse ver como “apropriados” mais dois cortes de 0,5% na taxa de juros da economia. “A gente entende que 0,50 é um ritmo apropriado e que temos visibilidade suficiente para falar das duas próximas reuniões”, afirmou Campos Neto.
O presidente do BC disse também que a previsão de trajetória de juros não é ainda clara para a autoridade monetária porque a incerteza na economia externa é muito grande. Campos Neto reforçou ainda a importância da manutenção de uma previsibilidade da meta fiscal.
“Se o risco fiscal percebido do Brasil aumentar, isso afeta o prêmio de risco e pode afetar a avaliação do Copom, mas depende de muitas variáveis”, disse Roberto Campos Neto.
O último boletim Focus do Banco Central, que reúne estimativas e análises de economistas de mais de 100 instituições financeiras sobre os principais indicadores da economia, traz uma projeção de 11,75% para a taxa Selic ao final de 2023. Essa previsão inclui a perspectiva de mais um corte de 0,5% nos juros na reunião do Copom que será realizada nos dias 12 e 13 de dezembro.
Para o ano que vem, as estimativas dos analistas do mercado financeiro são de uma taxa Selic alcançando 9,25% ao final do ano. Para chegar a este patamar, o Banco Central teria que fazer cortes totais de 2,5% ao longo das reuniões programadas para 2024. Por enquanto, segundo a Ata do Copom e a declaração do presidente do BC, só está garantido o corte de 0,5% na reunião agendada para 30 e 31 de janeiro.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (1), reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano. Este é o terceiro corte seguido.
[O Copom] entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, detalhou.
Em comunicado publicado pelo BC, indica que a decisão foi unânime e os diretores anteciparam redução da mesma magnitude (ou seja, 0,5 ponto percentual) nas próximas reuniões.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) realizou, na tarde desta quarta-feira (20), mais um corte, de 0,50 ponto percentual, nos juros básicos da economia. Com a redução, a taxa Selic passou de 13,25% para 12,75% ao ano. A decisão foi unânime.
Este foi o segundo corte seguido na taxa, iniciando o ciclo de quedas em agosto deste ano. A última vez que a taxa havia estado em 12,75% foi em maio do ano passado. A selic chegou ao menor patamar dos últimos 16 meses.
Em comunicado, o Copom explicou que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025.
“O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, informou.
A redução anunciada já era esperada pelo mercado financeiro, principalmente por conta do comunicado da última reunião, o Copom sinalizou que poderia continuar reduzindo a Selic na “mesma magnitude" do corte adotado em agosto. Ou seja, de 0,5 ponto percentual.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central deve manter o ritmo de cortes da taxa básica de juros nas próximas reuniões, provavelmente de 0,5% a cada encontro. É o que afirma a Ata do Copom divulgada nesta terça-feira (8). O documento, aguardado com ansiedade pelo mercado financeiro, sinaliza que o percentual de redução da Selic decidido na última reunião do Copom, na semana passada, marcaria o ritmo apropriado para manter a política monetária em sintonia com o processo de queda da inflação.
“Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50% nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, afirma o documento.
O boletim Focus divulgado nesta segunda (7) revelou que os analistas de mercado já precificavam essa intenção do Copom em fazer novos cortes de 0,5% na Selic até o final do ano. No boletim desta segunda, o mercado reduziu sua estimativa para a taxa básica de juros de 12% para 11,75%. Esse percentual seria alcançado com cortes de 0,5% nas três reuniões do Copom que serão realizadas até o final de 2023, totalizando 1,5% de redução.
A Ata do Copom não apenas reforça a intenção de manter os cortes de 0,5% na Selic nas próximas reuniões, como afirma que, no momento, não há perspectiva de elevação nesse ritmo de redução dos juros. O Copom avalia que o cenário da economia brasileira “ainda inspira cautela”, o que reforçaria a necessidade de o comitê manter uma postura de “serenidade e moderação” na redução da Selic.
“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”, explica o Copom na Ata divulgada nesta terça.
Para os membros do Copom, o ambiente externo ainda é incerto, com início de desinflação em curso, mas com núcleos elevados, desaceleração gradual da atividade e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. “Tal postura segue demandando maior cautela na condução das políticas econômicas particularmente por parte de países emergentes”, reforça o documento.
Já no âmbito doméstico, o conjunto de indicadores recentes sugere um cenário de desaceleração gradual da atividade. “De modo geral, observa-se alguma retração no setor de comércio, estabilidade na indústria e certa acomodação no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores. O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem”, cita a Ata.
Na semana seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25%, o mercado financeiro também diminuiu a sua projeção para os juros básicos da economia no final de 2023. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (7), o mercado agora projeta que a taxa de juros terminará 2023 em 11,75%, abaixo da previsão registrada no levantamento anterior, de 12%.
De acordo com especialistas das 100 principais instituições do mercado financeiro consultados pelo BC, as projeções do principal indicador de inflação, o IPCA, foram mantidas pela segunda semana consecutiva. A estimativa para o indicador no ano de 2023 ficou em 4,84%, a mesma da semana passada. Há quatro semanas, o mercado projetava 4,95% de inflação para o ano de 2023.
Além disso, o mercado financeiro aumentou as suas estimativas do PIB neste ano de 2,24% para 2,26%. No caso do dólar, a previsão para 2023 foi reduzida de R$ 4,91 para R$ 4,90.
Veja abaixo, em detalhes, as projeções mais importantes do mercado para 2023, de acordo com o Boletim Focus:
- IPCA: a projeção se manteve em 4,84%
- PIB: a projeção subiu para 2,26%
- Dólar: a previsão do câmbio caiu para R$ 4,90
- Taxa Selic: a previsão caiu para 11,75%
- Balança Comercial: a expectativa para o superávit aumentou para US$ 67 bilhões
- Investimento Estrangeiro Direto: a previsão se manteve em US$ 80 bilhões
- Dívida do Setor Público: a previsão aumentou para 60,60% do PIB
A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) estimou nesta quarta-feira (2), uma possível flexibilização da política monetária, após o Comitê de Política Monetária (Copom)reduzir a taxa Selic em 0,5 p.p. Segundo a FIEB, a redução “deve ser compreendida como o primeiro passo para a flexibilização da política monetária, após um longo período de manutenção da taxa no patamar de 13,75%”.
Com a decisão, a taxa diminuiu de 13,75% para 13,25%. A Federação celebrou também a “ estabilidade de preços” e o controle de finanças públicas sinalizados pelo Governo Federal.
“Aos poucos, a economia brasileira trilha por um caminho de volta à normalidade, com a valorização da moeda nacional e estabilidade de preços. Ademais, o governo federal está consciente da necessidade de controlar as finanças públicas, algo sinalizado pelo projeto do Arcabouço Fiscal, que está prestes a ser aprovado, definitivamente, no Congresso Nacional, e mesmo pela recente melhora do rating do país por diferentes agências de classificação de risco”, diz a nota da organização.
No entanto, a entidade destacou que mesmo com a redução da taxa, os juros no país ainda estão elevados e que ficarem elevadas podem prejudicar a geração de empregos e renda.
“Destacamos que, mesmo com essa decisão, os juros no Brasil continuam em patamares extremamente elevados (13,25%), com uma taxa real de quase 9%, uma das maiores do mundo. A decisão de reduzir a taxa de juros encontra respaldo nos recentes indicadores da economia, principalmente na queda acentuada da inflação, que, em 12 meses, está abaixo da meta para 2023 (em junho, o IPCA de 12 meses alcançou 3,16% e o teto da meta de inflação é de 4,75%)”.
“Entretanto, a manutenção de uma taxa Selic ainda elevada prejudica a retomada dos investimentos e a geração de empregos e renda que foram fortemente impactados nos últimos anos”, aponta o documento.
A empresa finalizou afirmando que tem a expectativa de que outros cortes aconteçam, para que a economia seja consolidada.
“Dessa forma, manter ou ampliar o ritmo de queda dos juros nas próximas reuniões é a decisão correta, uma vez que esse é o principal instrumento para destravar a economia, seja pela ampliação da demanda, seja pelo aumento dos investimentos”.
“Temos a convicção de que a decisão de reduzir incialmente a taxa de juros em 0,5 p.p é um sinal de que há espaço para maiores quedas da Selic nos próximos meses. Portanto, esperamos outros cortes de juros para que o processo de retomada do crescimento da economia seja consolidado”, concuiu.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “tomou birra” de quem defende a queda dos juros, e o corte da taxa Selic devia ter sido ainda maior. As afirmações foram feitas pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), ao falar na manhã desta quinta-feira (3) sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de cortar a taxa Selic em 0,5%.
Para o senador baiano, o corte decidido pelos membros do Copom foi “conservador”, e diante de indicadores que mostram queda da inflação, redução do desemprego e melhora do ambiente econômico, era possível ter reduzido ainda mais a taxa Selic. Pela primeira vez em quase três anos, o Copom decidiu reduzir a taxa de juros básicos, cortando a Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.
“Nós esperávamos que o corte fosse maior, que baixasse para 12%, uma redução que eu considero necessária para que seja pelo menos compatível com a inflação que está se calculando em torno de 3,2%, 3,5%. Eu acho que a decisão do BC foi conservadora, pois estamos em período de deflação. O IPCA caiu bastante, o comércio está com dificuldades, o mercado interno está sofrendo muito, já que ninguém pode fazer compras com essa taxa de juros altíssima”, disse.
Otto Alencar criticou a posição do presidente do Banco Central, segundo ele excessivamente conservadora, e que tem sido vista de forma negativa até mesmo pelo mercado. O senador do PSD da Bahia disse ainda que cada ponto a mais na taxa Selic implica em um custo de R$ 65 bilhões por ano para o país financiar a dívida pública.
“O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já devia ter baixado esses juros há muito tempo. Ele tem uma posição conservadora, até porque vem de outro governo, e tomou praticamente uma birra com nós todos que defendemos a queda dos juros no Brasil. Inclusive o próprio presidente Lula já falou isso em várias oportunidades, e o próprio mercado percebe essa situação. Por cada pontinho da taxa Selic, o Brasil paga por ano R$ 65 bilhões de juros. O país toma dinheiro emprestado dos investidores para pagar as suas contas, e quanto mais estiver a taxa Selic em alta, mais pagamos juros. Todos os indicadores da economia estão favoráveis para que se baixe mais os juros no Brasil”, completou o senador Otto Alencar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou, nesta quinta-feira (29), a sua a ofensiva contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta da insistência na manutenção da taxa Selic no mesmo patamar de 13,75% ao ano. Em suas redes sociais, Lula disse que não há explicação para o Banco Central continuar mantendo a taxa básica de juros em patamar tão alto.
“Não existe explicação para uma taxa de juros em 13,75%, porque não temos inflação de demanda. Não sou eu que sou contra essa taxa de juros, são os pequenos, médios e grandes empresários, agricultores. É preciso reduzir, inclusive para estar de acordo com a taxa da inflação, que já caiu”, disse o presidente no Twitter.
Ainda nesta manhã, em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula voltou a subir o tom contra o presidente do Banco Central. Para o presidente, Campos Neto “não entende nada de país”.
“Agora você tem um cidadão que me parece que não entende absolutamente nada de país, não entende nada de povo, não tem sentimento com o sofrimento do povo e mantém uma taxa de juro para garantir os interesses de quem?”, questionou Lula.
O presidente disse ainda que Campos Neto estaria seguindo apenas uma de suas atribuições à frente do Banco Central, que seria impedir que a inflação suba acima da meta.
"Quando o Senado aprovou a autonomia do BC, estabeleceu alguns critérios. Um deles é cuidar da inflação. Outro é cuidar do crescimento e do emprego. E ele, até agora, tem cuidado pouco, porque ele estabeleceu uma meta que, pelo fato de não conseguir atingir, aumentou o juro de forma exagerada. Não existe nenhuma explicação econômica, sociológica, fisiológica, o que você quiser pensar, para que a taxa de juros esteja em 13,75%”, concluiu o presidente Lula.
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgada nesta terça-feira (27) trouxe uma sinalização mais clara de redução da taxa básica na próxima reunião do grupo, marca para o início de agosto.
Na última quarta-feira (21), quando foi anunciada a manutenção da Selic em 13,75%, o Copom adotou um tom duro, que decepcionou o governo e parte do mercado financeiro que esperavam ao menos um indicativo em relação à diminuição do índice.
No documento publicado no site do BC nesta terça, os membros do comitê divergiram em relação aos próximos passos que devem adotar, mas concordaram que o atual cenário abre margem para a redução dos juros.
“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, apontou a ata.
“Os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz um parte do texto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou, mais uma vez, a defender, nesta sexta-feira (19), a diminuição da taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. Em discurso, durante um evento internacional promovido pelo Banco Central (BC), em São Paulo, o ministro declarou que o país está pronto para iniciar um ciclo de queda nos juros e criticou a decisão do BC em manter a Selic em patamar elevado. As informações são da Agência Brasil.
“Nós achamos que tem espaço para começar um ciclo [de queda nos juros] mas, enfim, tem uma equipe técnica ali [no Comitê de Política Monetária do BC] que está formada, e que nós procuramos respeitar”, reafirmou.
“Sempre que ouço uma autoridade monetária falar que quando você está combatendo uma infecção, você tem que tomar toda a cartela do antibiótico, eu sempre lembro que também há a observação de que você não pode tomar duas cartelas do antibiótico. Você tem que tomar a medida certa para que a economia consiga, a um só tempo, se reajustar”, disse.
Segundo Haddad, o Ministério da Fazenda já apresentou ao BC dados que mostram que a economia do país comportaria a redução dos juros. “Pelo comportamento do juro futuro, do câmbio, e da própria inflação, e isso no momento em que a economia demonstra que não está desaquecida, como se pensava no começo do ano, ela está desaquecendo porque as taxas são muito elevadas”.
O ministro destacou que a economia do país deve ser gerida tendo-se em mente o bem-estar das pessoas e a promoção do desenvolvimento com justiça social. “Somos servidores públicos, nós temos que servir a nossa gente e promover desenvolvimento com justiça social e, obviamente, em se tratando de um evento do Banco Central, com baixas taxas de inflação”.
Fernando ressalvou, no entanto, que o debate sobre a política de juros não pode ser uma “afronta” ao Banco Central e que o ministério e o BC devem trabalhar em harmonia. “Nós temos que compreender que discutir política monetária não é afrontar a autoridade monetária. Muito pelo contrário, todos que estão nessa sala e nos assistindo sabem que estamos concorrendo para o mesmo objetivo”.
Ainda de acordo o Haddad, o ministério e o BC devem se comportar como dois braços do mesmo organismo, “lembrando que não há uma mão mais importante do que a outra, e não há uma que é reativa à outra, as duas mãos têm que trabalhar ativamente em proveito de uma regulação adequada”.
O ministro disse ainda que o Brasil tem condições de "sair na frente" no próximo ciclo de expansão da economia mundial e que o país tem a obrigação de perseguir taxas de crescimento superiores à média mundial, dado o seu potencial em recursos naturais, humanos e tecnologia nacional.
“O Brasil vem experimentando uma condição em que as taxas de inflação se reduzem, as projeções de crescimento são revistas para cima, as condições internacionais, tanto de comércio, quanto de reservas, pela atuação do Banco Central, inclusive, vêm mostrando uma resiliência muito grande, e entendemos que o Brasil tem tudo para, num ambiente muito adverso, bastante adverso, sairmos na frente no próximo ciclo de expansão”, defendeu.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quarta-feira (17) que existe espaço para iniciar o ciclo de cortes na taxa de juros. No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, pela sexta vez consecutiva, a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano.
"Um outro gasto muito importante em respeito ao Orçamento federal em relação à dívida são as taxas reais de juros. Também pouco se olha para isso. Este ano, a estimativa de gasto real com juros é da ordem de R$ 740 bilhões. E vejam que curiosidade: o gasto injustificado alimenta o juro real porque é o desequilíbrio das contas públicas promovido pelo gasto tributário que faz com que o Banco Central suba o juro por insustentabilidade da trajetória da dívida pública", afirmou o ministro, em audiência pública na Câmara dos Deputados.
Para Haddad, o debate sobre a redução dos juros não afeta a autoridade e autonomia do Banco Central, responsável por estabelecer o percentual adotado.
"Não estamos questionando a autoridade monetária, do ponto de vista do seu poder. Estou ponderando o que é melhor para o Brasil. Com as medidas tomadas até aqui, sim, haveria espaço para um gesto de mais confiança na economia brasileira, sem que houvesse qualquer percalço na inflação", argumentou.
Os nove membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciaram nesta terça-feira (02), em Brasília, a reunião em que será definida a taxa básica de juros, a Selic. Da última reunião, em 22 de março, para essa agora, aumentou muito a pressão do governo federal sobre o órgão para que reduza a taxa, que há meses vem sendo mantida em 13,75% ao ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é um dos maiores críticos da taxa de juros oficiale, até mesmo no comício que fez nesta segunda-feira (1º) no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, para comemoração do Dia do Trabalhador, reclamou da Selic.
“Não se pode viver em um país onde a taxa de juros não controla a inflação, ela controla, na verdade, o desemprego, por ser responsável por uma parte da situação que vivemos hoje”, disse Lula no evento realizado pelas centrais sindicais.
Se de um lado Lula e a equipe econômica do governo afirmam que não existe justificativa para a manutenção da Selic no atual patamar, de outro, o mercado financeiro há semanas vem aumentando suas projeções para o IPCA, mostrando que a pressão inflacionária não foi debelada e é elemento fundamental no radar do BC para a decisão sobre a taxa de juros. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta terça, o IPCA deve fechar o ano em 6,05%, acima dos 6,04% previstos na semana passada. Esta é a quinta semana consecutiva que a projeção para a inflação sobe nas previsões dos analistas de mercado consultados pelo BC.
Como destacou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência no Senado na semana passada, a decisão do Copom sobre a Selic é tomada com base na avaliação do cenário macroeconômico e os principais riscos a ele associados. Campos Neto insistiu que a avaliação do comitê é estritamente técnica, e a taxa de juros é decidida com objetivo de fazer com que a inflação medida pelo IPCA situe-se em linha com a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. Dentro dessa perspectiva da chamada “decisão técnica”, a aposta do mercado financeiro é que a taxa seja mantida em 13,75%.
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Uma das reuniões mais aguardadas da história do Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou com a permanência da taxa selic em 13,75% ao ano. A decisão do Banco Central vinha sendo pressionada pelo governo federal, principalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pedia a diminuição do juros.
Com isso, o Brasil mantém a posição de maior pagador de juro do mundo, de acordo com levantamento da Infinity Asset. O país segue no topo do ranking de juros reais, com taxa de 6,94%. O estudo desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses (ex-ante), tendo como referência o Boletim Focus.
A decisão manteve a expectativa de especialistas, que não viam espaço para o corte na taxa selic até, pelo menos, o mês de junho. O juros é utilizado, normalmente, para controlar os índices de inflação, que acumulam uma variação de 5,60% nos últimos 12 meses.
AS CRÍTICAS DE LULA E RUI COSTA
Em fevereiro, Lula tensionou as relações com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, após a autarquia manter o juros em 13,75%. O petista alegou que a taxa alta dificultava a implementação de programas sociais do governo, além de impedir o avanço da economia.
Mais recentemente, o ex-governador da Bahia e atual ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), também questionou a política de juros do Banco Central e colocou em xeque a independência da entidade (veja mais aqui).
“A inflação está em 5%, metade do que estava quando ele decidiu ir para 13%. Como é que a inflação hoje está na metade do que estava e a taxa de juros está no mesmo percentual de quanto a inflação era 10%? Não há parâmetro no mundo para essa taxa real de juros. Então muitos ficam se perguntando o que está motivando o presidente do Banco Central a manter essa taxa de juros: é quebrar a economia brasileira?”, disse Rui.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (14) o convite ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para explicar sobre a taxa de juros, fixada em 13,75% ao ano. Campos Neto será chamado para comparecer ao colegiado no dia 4 de abril.
Após críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a autonomia do Banco Central, os senadores Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da CAE, e Alessandro Vieira (PSDB-ES) protocolaram o requerimento de convite a Campos Neto com a justificativa sobre os efeitos negativos da alta taxa de juros.
"Quando a taxa Selic aumenta, o acesso ao dinheiro pela população, tanto por linhas de crédito, empréstimos e financiamentos, fica reduzido. Assim, o consumidor deixa de fazer gastos maiores para poupar no período de alta inflacionária”, escreveu o senador em seu requerimento.
Assim como avaliam aliados de Lula, o senador também justificou os juros altos frearão o crescimento econômico. "A longo prazo, essa estratégia tende a frear a inflação para que seja possível gerar uma oferta mais barata de acordo com a demanda reduzida”, escreveu.
Ainda de acordo com o parlamentar, o atual patamar da taxa básica de juros tem gerado muito debate na área econômica sobre a obrigação do Banco Central em reduzir esse índice.
"Por isso apresentamos o presente requerimento com o objetivo de convidar o senhor presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, para prestar informações sobre o valor da taxa de juros”, finalizou o senador.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vive tensão com a presidência do Banco Central (BC), liderada Roberto Campos Neto, após a entidade manter a taxa de juros em 13,75% na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano. O petista enxerga que Campos Neto “traiu” sua confiança e tenta levar o Brasil para uma recessão econômica.
De acordo com Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, Lula e ministros de seu governo parecem ter depositado no presidente do Banco Central disposição para dialogar e participar de um esforço conjunto para que o Brasil supere os problemas econômicos.
O governo avalia que eles não têm responsabilidade sobre o déficit fiscal e a inflação, que impulsionam as taxas de juros. E mereceria um voto de confiança em seu compromisso de levar o rombo para 1% neste ano, e de zerá-lo em 2024.
Após o BC manter a taxa de juros em 13,75% e endurecer o discurso, sinalizando que a Selic deve ficar alta por mais tempo, o BC estaria dificultando a recuperação do crédito e a atividade econômica no país, e colocando o Brasil na rota da recessão.
Lula e o governo acreditam que os alertas feitos pelo Copom foram muito além do que seria necessário. E passaram a desconfiar da atuação de Roberto Campos, indicado ao cargo por Jair Bolsonaro (PL) para um mandato de quatro anos.
Nesta semana, o petista realizou críticas ao Banco Central e sinalizou que pode reverter a independência da autoridade monetária com o fim do mandato de Campos Neto em dezembro de 2024.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.