Como já aguardado pelo mercado, Banco Central eleva em 0,5% a taxa básica de juros da economia
Por Edu Mota, de Brasília
Os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciaram, neste começo de noite de quarta-feira (6), promover um aumento de 0,5% na taxa básica de juros, a Selic. Com o novo aumento, a taxa de juros da economia brasileira passou de 10,75% para 11,25% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade dos membros do Comitê.
O mercado financeiro já aguardava uma elevação na taxa Selic da ordem de 0,5%. Após a alta de 0,25% na ultima reunião, os analistas das instituições financeiras agora prevêem que o BC adote um tom mais agressivo em sua tentativa de conter o aumento da inflação.
Desde 2023, a taxa Selic passou por cortes significativos, saindo de 13,75% para 10,50% no mês de agosto. No entanto, com a mudança de cenário nos últimos meses principalmente no aumento de preços, a previsão é que a taxa Selic encerre o ano no patamar de 11,75%, o que implica em mais um aumento de 0,50 ponto percentual na última reunião do Copom neste ano, no mês de dezembro.
No comunicado à imprensa, os membros do Copom afirmam que a decisão pela elevação da taxa acontece porque o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que, para o Banco Central, suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração e da desinflação.
"Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes", afirma o comunicado.
Os membros do Comitê afirmam também que o cenário interno segue marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o que, segundo eles, demanda uma política monetária mais contracionista.
"Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante", diz o Copom.
Sobre o ritmo de ajustes futuros na taxa Selic, o Copom afirma que o ciclo de aperto monetário será ditado pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".