Na mensagem ao Congresso, Lula citou reformas que ajudarão a reduzir juros e Ata do Copom sinaliza novos cortes na Selic
Por Edu Mota, de Brasília
Na mensagem enviada ao Congresso Nacional que foi lida na sessão de abertura do ano legislativo, realizada nesta segunda-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva redigiu a palavra “juros” 17 vezes, e disse acreditar que as políticas implementadas no país em 2023 “deverão contribuir para o movimento de redução dos juros”. Lula afirmou também que as reformas fiscal, tributária e financeira “devem funcionar para possibilitar maior produtividade e a redução estrutural dos juros”.
A continuação da política de redução progressiva dos juros foi confirmada pelo Banco Central nesta terça (6), com a divulgação da Ata da reunião do Copom realizada na semana passada. Na ocasião, os membros do Copom decidiram realizar um novo corte de 0,5% na taxa básica de juros, reduzindo a Selic de 11,75% para 11,25%.
No documento, o Banco Central deixa claro que os membros do comitê concordaram, de forma unânime, em manter o ritmo de cortes da Selic em 0,5%. A Ata não possui qualquer sinalização de que haverá uma aceleração neste ritmo de cortes, como exigem membros do governo e representantes da área produtiva.
Para justificar esta postura, o BC afirmou na Ata do Copom que “há uma necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta”. A meta de inflação perseguida pelo BC neste ano é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Os membros do Comitê de Política Monetária reconheceram, durante a reunião na semana passada, que “houve um progresso desinflacionário relevante” no país. No entanto, como afirma a Ata do Copom, “há um longo caminho pela frente para a ancoragem das expectativas”.
Para os analistas do mercado financeiro, consultados semanalmente pelo Banco Central, foram mantidas as estimativas já apresentadas nas semanas anteriores em relação ao patamar da taxa básica de juros ao final do ano. De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta terça (6), o mercado projeta que a Selic deve chegar ao fim do ano em 9%, o que representaria uma queda de 2,25% em relação ao patamar atual de 11,25%.
A estabilidade dos indicadores, aliás, foi a tônica da nova edição do Boletim Focus, que foi divulgado somente nesta terça devido à operação-padrão de servidores do Banco Central. Neste atual Boletim, os economistas do mercado mantiveram as projeções também para a inflação, o Produto Interno Bruto (PIB) e o dólar em 2024.
A expectativa do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), permaneceu em 3,81%. A perspectiva para os próximos três anos também seguiu a mesma: 3,5% para 2025, 2026 e 2027.
Os economistas mantiveram a projeção de 1,6% de crescimento do PIB brasileiro em 2024. As estimativas para 2025 e 2026 também permaneceram inalteradas, com 2% de alta por ano.
Em relação ao dólar, as estimativas para a cotação da moeda norte-americana continuam em R$ 4,92. Em 2025, as estimativas seguem em R$ 5. Para 2026, houve queda de R$ 5,05 para R$ 5,04.