kaue furquim

A transferência do atacante Kauê Furquim, de 16 anos, do Corinthians para o Bahia, ganhou novos capítulos na última terça-feia (26). O clube paulista entrou com uma ação na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), ligada à CBF, contra o Tricolor Baiano. O Timão alega irregularidades no processo e acusa o rival de "aliciamento de atleta sob contrato".

De acordo com documento obtido pela Gazeta Esportiva, o Corinthians sustenta que o Bahia descumpriu regras previstas tanto na legislação esportiva brasileira quanto em regulamentos nacionais e internacionais. Entre as alegações, está a perda do direito de preferência do Timão garantido pela Lei Pelé (Lei 9.615/98) e pela Lei Geral do Esporte (Lei 14.597/23). O clube paulista cita, por exemplo, o parágrafo 8 do artigo 29 da Lei Pelé, que assegura prioridade à equipe formadora na renovação do primeiro contrato de trabalho do atleta.

O Bahia Notícias apurou que o Bahia não foi comunicado da ação pelo clube paulista ou pela CNRD. A reportagem também procurou o Tricolor, que informou que não irá se manifestar a respeito do assunto.

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Além disso, o Alvinegro aponta descumprimento do Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol (RNRTAF) e do Regulamento de Status e Transferência de Jogadores (RSTP) da Fifa. O Corinthians destaca o artigo 25 do RNRTAF, que determina que qualquer negociação com jogador profissional deve ser comunicada previamente ao clube detentor do vínculo.

Outro ponto levantado é que o Bahia teria sido utilizado como "intermediador de negócios" para viabilizar a atuação do Grupo City — dono da SAF tricolor e de clubes como o Manchester City — pagando apenas R$ 14 milhões, valor referente à multa para o mercado interno. A rescisão para transferências internacionais estava fixada em 50 milhões de euros (cerca de R$ 315 milhões).

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O QUE PEDE O CORINTHIANS
Na ação, o Corinthians solicita indenização equivalente a 200 vezes o salário mensal oferecido ao atleta pelo Bahia. O clube ainda pede aplicação de sanções previstas no artigo 56 da CNRD, tanto contra o Tricolor quanto contra o próprio Kauê Furquim, por entender que ambos atentaram "contra a estabilidade contratual e adotaram condutas contrárias aos regulamentos vigentes da FIFA e CBF".

Outra reivindicação é que a Câmara reconheça o direito do Timão em cobrar do Bahia a multa internacional, caso Kauê seja transferido para qualquer clube ligado ao Grupo City após completar 18 anos. Além disso, o Alvinegro pede que Bahia e jogador apresentem toda a documentação trocada na negociação, incluindo propostas, e-mails, mensagens e áudios.

ENTENDA O CASO
Considerado uma das principais promessas da base corintiana, Kauê Furquim assinou seu primeiro contrato profissional em abril de 2024. À época, o Timão fixou multa de R$ 14 milhões para o mercado interno e de 50 milhões de euros para o exterior. O jovem, que já havia treinado com o elenco principal e sido relacionado para partidas do Brasileirão contra Ceará e Fortaleza, acabou sendo adquirido pelo Bahia, controlado pelo Grupo City, mediante o pagamento da multa nacional.

A negociação surpreendeu a diretoria corintiana, que ainda tratava de uma valorização salarial do atleta. Em entrevista ao ge, o diretor da base do clube, Carlos Roberto Auricchio, o Nenê do Posto, afirmou que o Corinthians foi "enrolado" pelo estafe do jogador.

Com a rescisão paga, Kauê Furquim já teve seu nome registrado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF como atleta do Bahia.

Na tarde desta quinta-feira (14), o Corinthians divulgou nota oficial acusando o Bahia de agir de forma antiética na contratação do jovem atacante Kauê Furquim. Entretanto, episódios recentes envolvendo dívidas e sanções da FIFA colocam em xeque a postura do clube alvinegro para cobrar ética de adversários.

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Caso Raniele e cobrança do Cuiabá

Em janeiro de 2024, o Corinthians contratou o volante Raniele, junto ao Cuiabá, por R$ 18,5 milhões. O acordo previa pagamento à vista, mas não foi cumprido. Posteriormente, ficou acertado que o valor seria quitado em parcelas trimestrais, o que também não ocorreu.

O atraso levou o Cuiabá a cobrar publicamente o Corinthians no último mês de julho, por meio do X (antigo Twitter):

“Faltam 3 horas e 54 minutos para o fim do dia 17 de julho e até agora NADA. Estamos aguardando… Já faz mais de 365 dias que estamos aguardando!!!”

Foto: Reprodução / X / Cuiabá.

O presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, chegou a pedir que outros clubes evitassem negociações com o Timão:

"O apelo que eu faço é que, hoje, não negociem com o Corinthians. A decisão que tomamos conhecimento [...] causa muita indignação, pois esperávamos que a CNRD agisse com neutralidade, e o que vemos é justamente o contrário", disse em abril.

Dias depois, o Corinthians efetuou a primeira parcela e evitou, temporariamente, a aplicação de um transfer ban.

O que é transfer ban

Segundo a FIFA, trata-se de uma proibição temporária que impede clubes de registrar novos jogadores devido a infrações como disputas financeiras ou violações regulatórias. Funciona como um “SPC do futebol”, deixando o clube “negativado” até que a pendência seja resolvida. A sanção é suspensa assim que as partes chegam a um acordo ou a dívida é quitada.

Dívida com o Santos Laguna e nova punição

Apesar de evitar a punição no caso Raniele, o Corinthians voltou a enfrentar problemas. Em 2024, foi acionado pelo Santos Laguna, do México, por não pagar o valor integral da compra do zagueiro Félix Torres, negociado por R$ 38 milhões em janeiro daquele ano.

O clube mexicano recebeu somente a primeira parcela. A FIFA condenou o Corinthians, em fevereiro de 2025, a pagar R$ 55 milhões referentes às pendências envolvendo Félix Torres e também o meia Rodrigo Garro, contratado junto ao Talleres.

Foto: Reprodução / FIFA

Com o caso ainda em aberto, o clube voltou a ser alvo de um transfer ban na última terça-feira (12). No momento o Corinthians está proibido de contratar jogadores no mercado da bola.

Além das dívidas citadas, o Corinthians tem pendências a resolver com Matías Rojas, ex-atleta do clube, e com o Shakhtar Donetsk pelo não pagamento do empréstimo do meio-campista Maycon nos meses de dezembro de 2022 e 2023. O clube ucraniano pede R$ 6,3 milhões do Timão.

O Corinthians anunciou nesta quinta-feira (14) o rompimento de relações institucionais com o Esporte Clube Bahia e com o City Football Group, após a transferência do atacante Kauê Furquim, de 16 anos, para o Esquadrão de Aço.

Em nota oficial, o clube paulista repudiou “veementemente” o que classificou como “aliciamento ilícito e imoral” do jogador, formado nas categorias de base do Timão. “Em nenhum momento o Corinthians foi comunicado sobre o interesse na negociação do jogador. Estudaremos os caminhos jurídicos necessários e possíveis para punir os responsáveis e apelaremos à CBF e à FIFA para que a justiça seja feita”, diz o comunicado.

O texto também afirma que a operação retoma “uma antiga e nefasta prática da subtração de talentos, ainda muito jovens, do futebol nacional, levando-os a preço vil para mercados externos, reduzindo o Bahia a um mero intermediador de negócios”. Ao final, o clube informou que “rompe por completa qualquer relação institucional com o Esporte Clube Bahia e o City Football Group”.

CASO KAUÊ FURQUIM
O Bahia pagou R$14 milhões referentes à multa rescisória nacional para contratar Kauê Furquim. O jogador, que assinou seu primeiro contrato profissional com o Corinthians em abril de 2025, tinha cláusula de saída para clubes estrangeiros no valor de 50 milhões de euros (cerca de R$331 milhões). Pela legislação brasileira, porém, a rescisão entre clubes nacionais é limitada a duas mil vezes o salário do atleta, valor utilizado na negociação.

Kauê deve reforçar inicialmente as categorias de base do Tricolor baiano, que vem investindo na captação de jovens promessas para seu projeto de formação. O atacante é considerado uma das principais revelações recentes da base corintiana.

CONFRONTO NOS GRAMADOS
Dentro das quatro linhas, Bahia e Corinthians se enfrentam no próximo sábado (16), pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Neo Química Arena, às 21h. 

No Brasileirão, o Esquadrão de Aço segue uma sequência de sete partidas sem perder, ocupando a quarta posição da tabela com 30 pontos somados, enquanto o Timão não vence há cinco jogos pela competição, assumindo a 13ª colocação com 22 pontos.

Veja o comunicado oficial do Corinthians na íntegra:

“O Sport Club Corinthians Paulista, ao longo de sua centenária história, tem como um de seus valores o respeito para com as instituições de relevância esportiva e cultural, sejam elas do Brasil ou do exterior. Repudiamos, veementemente, o aliciamento ilícito e imoral do jogador Kauê Furquim, formado nas categorias de base do Corinthians, em trama envolvendo o City Football Group e o Esporte Clube Bahia.  Em nenhum momento o Corinthians foi comunicado sobre o interesse na negociação do jogador. Estudaremos os caminhos jurídicos necessários e possíveis para punir os responsáveis e apelaremos à CBF e à FIFA para que a justiça seja feita. A estratégia retoma mais um ato daquela antiga e nefasta prática da subtração de talentos, ainda muito jovens, do futebol nacional, levando-os a preço vil para mercados externos, reduzindo o Bahia a um mero intermediador de negócios. Reforçamos, mais uma vez, nosso repúdio aos envolvidos rompendo por completa qualquer relação institucional com o Esporte Clube Bahia e o City Football Group.”

Após o pagamento da multa rescisória de R$ 14 milhões para contratar o atacante Kauê Furquim feito pelo Bahia, a diretoria do Timão se revoltou. De acordo com o ge, o clube de São Paulo tratou a postura do Tricolor como "oportunista". 

"Foi oportunismo. Quando o cara quer fazer a coisa errada, ele sabe fazer. Há dois anos o que era Bahia no cenário nacional? Encostaram num grupo igual aquele e acham que são os melhores do Brasil. Isso é oportunismo barato, estão lidando com um clube gigante", afirmou o diretor de base do clube, Carlos Roberto Auricchio.

Além disso, segundo o responsável, a diretoria estava negociando o novo salário de Kauê para o proteger do desejo de outros clubes. 

"Ele tinha um dos maiores salários da categoria (sub-17) e mais dois anos e meio de contrato pela frente. Foram oportunistas! Chamamos para aumentar o salário e eles só nos enrolaram", relatou. 

A joia do time do Parque São Jorge passou a ser utilizado nos treinamentos do time principal ainda em abril desse ano, depois de assinar seu primeiro contrato profissional com o Coringão. Durante os duelos contra o Ceará e o Fortaleza, pelo Brasileirão, o jogador chegou a ocupar o banco de reservas da equipe. 

O direotor ainda chegou a relatar que, antes de fechar com o jovem atacante, olheiros do Bahia marcaram presença em um duelo do Corinthians Sub-20 em que Furquim atuou. 

"Há 15 dias teve um jogo na Fazendinha, o Kauê Furquim jogou, e quem estava assistindo ao jogo? O pessoal do Bahia. Eu estava lá em cima (no camarote), nem sabia. O Kauê fez um golaço, sofreu pênalti, foi o grande jogo da carreira dele. No dia seguinte, ligamos para o empresário dele e falamos: "queremos dar um aumento para o garoto, dá para vir aqui?", completou Carlos Roberto. 

Já fechado com o Esquadrão de Aço, Kauê vai deixar o Corinthians sem nunca ter atuado pelo time profissional do clube. O valor da multa paga pelo Tricolor baiano vou de R$ 14 milhões.