Tássio Brito projeta eleições 2026, reforça unidade do PT e defende Rui Costa no Senado
O Bahia Notícias entrevistou o novo presidente estadual do PT, Tássio Brito, que assumiu o comando do partido com o maior percentual de votos já registrado em um pleito interno na Bahia: 73%. Ex-dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante com forte ligação ao MST, ele falou longamente sobre os desafios da legenda, as eleições de 2026, a importância da base aliada, a presença nos territórios e a renovação partidária.
Logo no início, Tássio destacou o peso da vitória e o significado político do momento. “Essa eleição foi histórica, não apenas pelo resultado, mas pelo processo. Percorremos mais de 70 municípios, ouvimos a militância, dialogamos com lideranças de base e conseguimos mostrar que o PT precisa estar em movimento, precisa continuar em marcha. O partido não pode se acomodar. Esse resultado expressivo é, antes de tudo, uma responsabilidade. Significa que a militância acredita que podemos conduzir o partido nesse período desafiador até 2026, quando teremos que defender o legado do PT na Bahia e no Brasil”, afirmou.
Sobre o cenário eleitoral, o presidente petista ressaltou que a prioridade é montar uma chapa sólida e representativa. “Nosso desafio é montar uma chapa competitiva para ganhar a eleição. Mas não é só isso: precisamos que essa chapa expresse o nosso projeto político, que siga governando e transformando a vida das pessoas. Uma eleição não se vence apenas com nomes fortes, mas com um projeto que dialogue com o povo, que mostre conquistas e que aponte para o futuro. O PT tem nomes, tem densidade, mas não governa sozinho. Vamos precisar de todos os aliados, porque é assim que se constrói um palanque vitorioso para o presidente Lula e para o governador Jerônimo Rodrigues”, disse.
Ele não descartou a possibilidade de uma chapa puro-sangue. “O PT tem condições de montar uma chapa só com seus quadros. Isso é fato. E Rui Costa é um exemplo claro disso. Rui é um quadro nacional, é um dos ministros mais importantes do governo Lula, mas também é uma liderança baiana consolidada. Ele tem todas as condições de disputar o Senado em 2026, se essa for a decisão coletiva. Rui agrega, mobiliza, é respeitado. Agora, mais do que discutir nomes, precisamos discutir o projeto. A eleição é o momento de apresentar à população o que queremos para os próximos quatro anos e de mostrar que temos capacidade de governar”, avaliou.
Questionado sobre a base aliada, Tássio foi enfático ao defender o fortalecimento dos parceiros. “A aliança só serve se todos os partidos puderem crescer juntos. Não interessa ao PT impor nada. O que interessa é construir coletivamente. Nós temos clareza de que os partidos aliados são fundamentais para a vitória em 2026 e também para governar. Por isso, não se trata de o PT sair sozinho ou querer ocupar todos os espaços. Se nossos aliados não crescerem, o projeto como um todo enfraquece. Queremos que todos se sintam contemplados, porque assim garantimos unidade e fortalecemos o grupo político que governa a Bahia há quase duas décadas”.
O novo presidente do PT também apontou a territorialização como prioridade estratégica. “O partido precisa estar nos territórios. Não adianta ficarmos restritos a Salvador ou às grandes cidades. Percorremos mais de 70 municípios durante a campanha interna e vimos a necessidade de reforçar a presença do PT no interior. É lá que a política acontece no dia a dia, é lá que as pessoas querem ser ouvidas. O PT precisa estar onde o povo está, precisa organizar os diretórios, apoiar as lutas locais, criar espaços de formação e de debate. Esse será um dos eixos centrais da nossa gestão”, garantiu.
Tássio também ressaltou a importância dos movimentos sociais na vida partidária. “O PT nasceu dessa relação com os movimentos sociais e continua vivo por causa disso. O MST, os sindicatos, a juventude estudantil, os coletivos de mulheres e de negros, todos eles fazem parte da nossa história e precisam continuar no centro da nossa ação política. Um partido que se distancia dos movimentos sociais perde sua essência. Então, a nossa tarefa é fortalecer essa aliança, dar voz a esses movimentos e garantir que as lutas do povo continuem sendo a razão de existir do PT”, disse.
Ele acrescentou ainda que a juventude terá papel fundamental na nova fase do partido. “O partido precisa continuar em marcha, e isso significa abrir espaço para os jovens. Precisamos que a juventude assuma protagonismo, que traga suas pautas, que esteja presente nas direções partidárias. O mesmo vale para as mulheres, para os trabalhadores do campo, para as populações negras e periféricas. O PT só será forte se for plural, se refletir a cara do povo da Bahia. A renovação não é apenas trocar nomes, mas incluir novas vozes, novas experiências, novos olhares sobre os problemas da sociedade”.
Ao final, Tássio reforçou que sua gestão será marcada pelo diálogo. “Não existe projeto político que se sustente sem diálogo. O presidente Lula só conseguiu vencer em 2022 porque construiu uma ampla aliança. O governador Jerônimo só governa porque tem uma base sólida. O PT, na Bahia, também só seguirá forte se souber conversar com todos: com os aliados, com a militância, com a sociedade. Nossa responsabilidade é grande, mas também é uma oportunidade histórica. Cabe a nós manter a Bahia no caminho do desenvolvimento e mostrar que a política pode transformar a vida das pessoas”, concluiu.