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Artigos

Robson Wagner
A Política Brasileira: um Espelho Bíblico da Vaidade
Foto: Divulgação

A Política Brasileira: um Espelho Bíblico da Vaidade

Em busca de alguma explicação para o cenário político atual no Brasil, fui encontrar ecos não nos palanques, mas nas Escrituras.

Multimídia

Ivanilson afirma que PV fará reavaliação de filiados e admite: “Servimos sim de barriga de aluguel”

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O presidente do diretório estadual do Partido Verde (PV), Ivanilson Gomes, afirmou quea sigla irá realizar uma reavaliação dos deputados eleitos pelos verdes para verificar se estão seguindo com os “requisitos básicos” da legenda. Em entrevista ao podcast Projeto Prisma, do Bahia Notícias, nesta segunda-feira (4), o dirigente admitiu que o PV serviu de “barriga de aluguel” para políticos que buscavam a reeleição, mas que não necessariamente se adequavam às ideologias do partido.

Entrevistas

Léo Prates define “desgaste” de Lula e do PT como trunfos e projeta chapa da campanha de oposição em 2026

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Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias
O parlamentar afirmou, em entrevista ao Bahia Notícias, que “as condições atuais são melhores do que há quatro anos”, quando o grupo foi derrotado pela chapa do Partido dos Trabalhadores, em 2022. 

cv

Ravengar: A ascensão e queda do barão do tráfico que desafiou o Estado
Foto: Reprodução

Durante anos, sua figura deslizava entre os becos como um sussurro. Ninguém via, mas todos sentiam. Raimundo Alves de Souza, o Ravengar, foi mais do que um homem: foi um fenômeno social. Um personagem esculpido entre a ausência do Estado, o poder corrosivo das drogas e a obediência comprada com favores. Dono de um império que se estendia dos morros de Salvador às noitadas glamourosas da elite soteropolitana, Ravengar reinou onde a política jamais ousou pisar. Sua história é uma ferida aberta, atravessada por violência, estratégia e contradição.

 

Ravengar nasceu em Salvador, em 1953. Como tantos meninos da cidade, cresceu aprendendo a sobreviver onde a infância termina cedo. No Pelourinho, dividia espaços com pequenos criminosos, alugando quartos e recolhendo apostas do jogo do bicho. Aos poucos, tornava-se conhecido entre aqueles que transitavam entre a margem da lei e a margem da sobrevivência. Era uma sombra útil: discreta, sempre presente.

 

Quando os tempos mudaram e o dinheiro ficou curto, mudou-se para o Alto de São Gonçalo. Passou a rodar como taxista. E foi ao volante, carregando compras e passageiros, que encontrou um novo filão: o tráfico. Primeiro como entregador, depois como articulador. Transportava drogas para artistas, empresários e políticos. Um serviço de confiança, feito sem barulho, sem riscos. Na boca dos usuários, virou "Raimundão Brabo". Mas o apelido que o eternizaria ainda estava por nascer.

 

A prisão de Zequinha do Pó, um atleta de remo e professor de natação que comandava o tráfico na região, abriu uma vaga no topo da cadeia alimentar. Ravengar não hesitou. Instalou-se no Morro da Águia, uma geografia estratégica, íngreme, de difícil acesso, esquecida pelo poder público. Ali, fundou seu império, batizado informalmente de "Império Ravengar". Seus seguidores se autodenominavam "Soldados de Ravengar". A estrutura era militar: comandos, hierarquia, patrulhamento constante.


Mas havia algo em Ravengar que o diferenciava dos demais: sua habilidade de misturar medo e favores. Como Pablo Escobar, sabia que o amor comprado valia tanto quanto a obediência imposta. No morro, pagava botijões de gás, comprava cestas básicas, reformava casas. Organizava festas, agenciava bandas, mantinha uma creche. Seus homens, armados até os dentes, usavam rádios e operavam com tática. À polícia, oferecia silêncio e propina. À comunidade, proteção e pequenos milagres do cotidiano.

 

E era sob o manto do benfeitor que Ravengar ocultava o reinado erguido à margem da lei. Dono de palavras mansas e gestos calculados, chegou a conceder uma entrevista à Revista Veja, onde falava de sua missão social e do banco improvisado que mantinha, de onde saíam empréstimos sem juros destinados à comunidade. Era dali, entre promessas de ajuda e favores silenciosos, que brotava o encanto sombrio de sua influência.

 

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Nos anos 1990, Ravengar ampliou o negócio. Tornou-se um empresário da noite. Fundou o bar Reluz, a casa de espetáculos Megashow e passou a investir em grupos musicais. A fronteira entre o crime e o entretenimento se diluía sob luzes coloridas. No palco, artistas; nos bastidores, cocaína. Para o público, ele era apenas um nome no outdoor. Para a polícia, um enigma intocável.

 

Em 1992, a primeira grande operação policial contra ele terminou em fiasco. A polícia invadiu o Reluz, prendeu subordinados, vasculhou imóveis. Ravengar escapou ileso, como se tivesse evaporado. Era um mestre em desaparecer. Delegados e comandantes viraram aliados. Algumas denúncias nem sequer eram registradas. A omissão era o maior ativo do seu negócio.

 

Foi apenas em 2003, com a chegada do delegado Edmilson Nunes ao Departamento de Tóxicos e Entorpecentes, que a caçada se tornou real. Ambicioso, Nunes traçou uma linha direta entre sua carreira e a prisão de Ravengar. Começou a costurar a queda com paciência e escuta. Descobriu a mansão de três andares no Cabula. No dia 16 de janeiro, a polícia invadiu o local. O que encontrou parecia o cenário de um filme surreal: aquários gigantescos, quadros de líderes contraditórios - de Irmã Dulce a Hitler -, móveis de luxo, e uma coleção de rádio-comunicadores.

 

Mas Ravengar já não estava ali. Tinha fugido com a precisão de quem antecipa o movimento do inimigo. E ainda assim, ligou para os policiais: “Não plantem nada aí”, avisou, com a calma de quem sabe que ainda está por cima. Seus dias, no entanto, estavam contados.

 

Foi apenas 37 dias depois, em 22 de fevereiro de 2004, que o rei caiu. Tentou escapar dirigindo um Vectra em alta velocidade pela Linha Verde, mas foi encurralado próximo a Monte Gordo. Levou um tiro no tórax. Saiu do carro com as mãos erguidas, ferido, finalmente derrotado. Sua mulher, Suely Napoleão, também foi presa. Com ele, caía o último pilar de um império que durou mais de uma década.

 

Quando foi levado pelas mãos da justiça, Ravengar fez ecoar sua voz por meio de uma carta dirigida a um jornalista. Nela, mais do que lamentar a liberdade perdida, Ravengar criticava a postura do delegado Edmilson Nunes, que comandara a operação que resultou em sua prisão. Com a arrogância de quem se considera o senhor do tráfico, ele escreveu: “O estado vai se arrepender de ter me prendido, eu boto ordem na criminalidade”

 

Em 2006, Ravengar foi condenado a 25 anos e 11 meses de prisão. Tráfico, refino, associação ao tráfico e corrupção ativa. O crime de formação de quadrilha caiu, ironia do sistema que ele corrompeu. Na prisão, impôs sua presença. Escreveu uma cartilha chamada Código de Ética Ravengar, distribuída entre os presos. Regras para convivência. Tentou transformar a cela em gabinete. Foi punido com 30 dias de solitária.

 

Em 2012, conseguiu o semiaberto. No ano seguinte, liberdade condicional. Mas em 2017, foi preso novamente, desta vez com a própria família, em nova operação contra o tráfico.

 

Ravengar morreu em 8 de junho de 2023, aos 69 anos, por complicações de uma diabetes. Um fim discreto para alguém que viveu cercado de excessos. Ainda assim, sua lenda persiste. Seu nome é citado com medo, com respeito, com desconfiança.

 

Para muitos, Ravengar foi um vilão. Para outros, um protetor. Mas a verdade está no meio: ele foi o produto de um país onde o crime, muitas vezes, é mais eficiente que o governo. Onde o fuzil organiza o que o Estado desorganiza. Onde o silêncio é comprado, e o poder, traficado.

 

Ravengar morreu. Mas o que ele representa continua vivo. Nos morros, nas bocas, nas vielas. No silêncio cúmplice que ainda protege tantos outros Ravengares em ascensão.

14 anos sem Kelly Cyclone: "Viral nas redes", personagem divide opiniões entre a doçura e o tráfico
Foto: Redes sociais

“Cyclone não é marca de ladrão, é a moda do gueto, mas com toda discriminação, eu imponho respeito. 'Cap' para o lado, camiseta, bermudão, é de Cyclone. Vou de Cyclone”. O refrão, imortalizado na voz do “Príncipe do Guetto”, Igor Kannário, poderia muito bem ser uma biografia rimada de Kelly Sales Silva. Ou de Kelly Doçura. Ou de Kelly Cyclone. Dama do pó, primeira influenciadora digital da Bahia, patroa do tráfico ou só uma jovem que sonhava com um amor eterno, a depender de quem conta, Kelly foi todas essas mulheres e talvez nenhuma. O que ninguém duvida é que ela foi um fenômeno. Como a marca de roupas que lhe deu nome, Kelly virou um ícone, um furacão periférico impossível de ignorar.

 

Durante o dia, Kelly exibia bonecas, ursinhos de pelúcia e declarações de amor rabiscadas nas paredes de casa. “Tony, eu te amo de uma forma que não sei explicar”, lia-se. À noite, no Orkut, surgia envolta em armas, roupas de grife e poses de guerra. A doçura dividia espaço com o risco. Criada num lar pacato e religioso, Kelly era tida na infância como “bicho do mato”, introspectiva, apegada à família. Os poucos momentos fora de casa se resumiam à igreja, onde fez crisma e primeira eucaristia. Mas, em algum ponto entre o altar e a rua, a menina virou furacão.

 

A virada, dizem as irmãs, veio pela dor. Rosiele aponta a separação dos pais como estopim. Carla acredita que tudo começou após o suicídio de Anderson, primeiro namorado de Kelly e pai de seu filho. A adolescente de 16 anos ficou grávida e entrou em colapso: sonhava que jogava o bebê pela janela, escondia veneno de rato no quarto, falava em morrer. O filho sobreviveu, para morrer em 2022 em confronto com a Polícia. O menino não chegou aos 20 anos. A mãe não chegou aos 23.

 

Foi nesse caldo de traumas que Kelly encontrou abrigo nas festas de pagode e no universo da ostentação periférica, onde o crime e o glamour se tocavam na esquina. Conheceu Bombado Doçura, percussionista da banda Saiddy Bamba, e ganhou com ele não só fama, mas também o apelido. Depois que o namoro acabou, largou o “Doçura” e adotou “Cyclone”, em homenagem à marca de bermudões e camisetas largas adorada nas favelas da época. O nome virou identidade. E a identidade virou personagem.

 

Kelly se apaixonava com intensidade e velocidade. Namorou Sidnei Ferreira, traficante do Garcia, morto pela polícia; depois Hugo, assaltante, morto em briga. Os nomes viraram tatuagens: “Sidnei” no pulso, “Hugo” no couro cabeludo. No quadril, uma sentença que resumia sua jornada: “Vida loka”. Na esteira desses amores, Kelly se aproximou cada vez mais das estruturas do crime organizado.

 

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É nesse ponto que a história individual de Kelly se cruza com a guerra entre facções que moldou Salvador a partir dos anos 2000. Os primeiros namorados da jovem orbitavam facções locais como o Comando da Paz (CP) e o Bonde do Maluco (BDM), organizações nascidas da disputa por território e controle do tráfico. No fim da década, o BDM se tornava a principal força bélica da capital baiana, rompendo com o CP e estabelecendo uma rede de violência que se infiltrava em todas as camadas da vida urbana. Kelly, embora nunca oficialmente ligada a nenhuma dessas organizações, circulava com quem estava no topo da cadeia, uma presença que incomodava, atraía e assustava.

 

Sua consagração como personagem pública veio com a “Festa do Pó”, em fevereiro de 2010. O evento, recheado de cocaína, picanha e pagodão, terminou com 44 detidos e manchetes em todos os jornais. Kelly estava entre eles. Na delegacia, negou envolvimento com o tráfico, disse que a droga era de “outros” e ganhou mais uma página na mitologia popular de Salvador. Daí em diante, foi estrela de programas policiais, tema de comunidades no Orkut e símbolo de uma juventude que misturava rebeldia, desejo de ascensão e autoficção digital. Antes que o termo existisse, Kelly foi uma influenciadora, com seu estilo, seu drama, sua pose.

 

Cogitou se candidatar a vereadora, em 2012. A bandeira? Combate às drogas. Ironia ou redenção, ou talvez só marketing. Kelly sabia se vender. Mas não sabia se proteger. Na madrugada de 18 de julho de 2011, ela foi assassinada após sair do Salvador Fest. Vestia uma camisa da seleção argentina e uma saia da Cyclone, seu uniforme de guerra. Saiu da festa passando mal, entrou no carro de Carlos Gustavo Cohen Braga, o Gustavinho, herdeiro de uma linhagem policial e, segundo o Ministério Público, também do crime.

 

Horas depois, foi vista correndo ferida na Rua Romualdo de Brito, em Lauro de Freitas. Tinha sido esfaqueada no abdômen. Um homem atirou duas vezes de dentro do carro. Kelly caminhou alguns metros, caiu morta numa praça pública. A perícia confirmou a brutalidade. A investigação? Não confirmou quase nada.

 

No primeiro momento, Gustavinho foi o principal suspeito. Mas em 2012, o inquérito mudou de rumo: atribuiu o crime aos irmãos Miminho e Véio, supostamente a mando de Tony Rogério, um traficante federal, o amor de Kelly. Tony desconfiava de uma traição com Gustavinho. 

 

A história, no entanto, ruiu no tribunal. Em 2016, o trio foi inocentado por falta de provas. Desde então, ninguém mais foi julgado ou sequer investigado. O caso está em aberto. A morte, sem dono. A verdade, esfarelada como o pó das festas que Kelly frequentava.

 

Quatorze anos depois, resta o mito. E ele segue vivo. Kelly Cyclone sobrevive nas fotos pixeladas, nos vídeos de pagode, nos versos que ainda ecoam nas caixas de som do subúrbio. Ela foi símbolo da ascensão periférica e da tragédia de uma geração marcada por luto, ostentação e violência. 

 

Em um país onde a fronteira entre o sonho e o crime é tão fina quanto a pele tatuada de uma jovem de 22 anos, Kelly não foi só vítima. Nem só culpada. Foi um reflexo. E como os ciclones, ela passou, deixando destruição, memória e silêncio.

 

O tempo passou. Kelly se foi. Mas, na periferia, a moda ainda é “descer de Cyclone”.

Da enxada ao império do crime: Roceirinho funda a Katiara e lança um espectro de sombras nas periferias da Bahia
Foto: Reprodução

Antes que o crime lhe desse nome, número e um legado sangrento, Adilson Souza Lima era apenas mais um filho do Recôncavo. Chamavam-no de Roceirinho, apelido nascido da terra que ele cavava com as mãos, ainda menino, nos arredores de Nazaré. Era o suor na enxada, a lida diária, o silêncio das lavouras. Nenhum sinal, à primeira vista, de que aquele jovem franzino, de passos humildes e mãos calejadas, um dia fundaria a maior facção criminosa da região.

 

Mas o crime tem seus próprios caminhos. E Adilson encontrou o dele cedo, aos 18 anos, quando passou a carregar pacotes de droga pela cidade, como aviãozinho de um pequeno grupo que controlava o tráfico de forma quase amadora. Havia, então, uma precariedade quase ingênua no comércio de drogas. Pouco controle, nenhuma estrutura, violência em níveis rudimentares. Mas o jovem Roceirinho, mesmo naquele ambiente primitivo, quis mais. Tentou se emancipar, montar seu ponto, caminhar fora da sombra dos chefes. Foi expulso. Banido da cidade onde nasceu.

 

Com a mágoa no peito, partiu para Salvador. No bairro da Valéria, onde tinha alguns parentes, encontrou um novo mundo, mais articulado, mais perigoso, mais sedutor. Ali, conheceu um traficante que queria ampliar seus tentáculos para o Recôncavo. Viu em Roceirinho o instrumento ideal: um filho da terra, com faro para liderança e nenhuma hesitação em sujar as mãos. Roceirinho aceitou. Carro, dinheiro, mulheres, tudo financiado pelo pó que vinha da capital. Em pouco tempo, deixou de ser apenas um empregado. Passou a pensar como patrão.

 

Foi assim, misturando ambição e pragmatismo, que voltou à sua cidade natal. Mas, não para pedir desculpas, e sim para tomar o que um dia lhe foi negado. Recrutou meninos, quase todos filhos da mesma miséria que ele conhecera, armou-os com fuzis e metralhadoras, e começou a eliminar seus antigos desafetos. Tomou Nazaré à força. Transformou a cidade num quartel-general do tráfico. Pagava R$ 150 por semana a cada “vapor”, os que transportavam a droga e, sob seu comando, o faturamento do grupo disparou. Com a cidade subjugada, seus domínios se espalharam como fogo em capim seco: Santo Antônio de Jesus, Maragogipe, Salinas da Margarida, Vera Cruz, Santo Amaro da Purificação. Em Salvador, conquistou espaço nos bairros do Lobato, Valéria e Águas Claras. Era o império em plena construção.

 

Mas o que ele queria não era apenas dinheiro, era ordem, controle, permanência. O crime precisava de uma estrutura sólida, como as empresas que tanto invejava. Preso em 2012, em um hotel de luxo no bairro de Ondina, foi transferido para o presídio Lemos de Brito. Foi ali, entre as grades, que Roceirinho deixou de ser apenas um chefe e virou fundador. Em 16 de outubro de 2013, nasceu oficialmente a facção Katiara, sucedendo o antigo Primeiro Comando do Recôncavo. Tinha estatuto, símbolo, doutrina. Um pentagrama com as iniciais PCRFNK passou a ser tatuado no corpo de cada membro, um selo de lealdade eterna. Roceirinho, o número 33, virou lenda.

 

O estatuto da Katiara não era um documento qualquer. Era um manifesto da nova ordem criminosa baiana. Proibia delatores, homossexuais, estupradores, pedófilos, “talaricos” e usuários de crack. Quem quisesse usufruir dos benefícios do grupo tinha que pagar caixinha de R$ 100 mensais. Cada novo integrante recebia uma “matrícula de batismo” e passava a integrar a engrenagem, com funções bem definidas: conselheiros próximos ao líder, gerentes encarregados da distribuição, soldados para proteger os pontos e os vapores que mantinham o comércio girando. Acima de todos, estava ele o homem da roça, o número 33, o fundador.

 

A Polícia Civil, a essa altura, já o tratava como figura central do crime organizado na Bahia. Em 2013, teve bens bloqueados e sequestrados: uma casa de veraneio em Jacuípe, apartamentos em Aracaju e Lauro de Freitas, uma fazenda no interior, carros de luxo. Tudo comprado com dinheiro do tráfico, registrado em nome de laranjas. No mesmo ano, a Polícia Federal iniciou a Operação Tríade. Foram apreendidas 2,5 toneladas de maconha e mais de 500 quilos de cocaína, carga avaliada em mais de R$ 50 milhões. Um golpe duro, mas não suficiente.

 

De dentro do sistema prisional, Roceirinho manteve firme o comando do Recôncavo até meados de 2018. Com sua visão estratégica, transformou a Katiara em uma cópia funcional do PCC, uma estrutura com disciplina interna, expansão metódica e capacidade de enfrentamento. Mas o tempo trouxe novos inimigos. O BDM, com armamento pesado e respaldo do Comando Vermelho, iniciou sua ofensiva. Em 2020, foi a vez do Comando Vermelho desembarcar na Bahia. Três anos depois, chegou o Terceiro Comando Puro (TCP), aliado do BDM. A guerra se intensificou. Nazaré continua como bastião da Katiara, mas as cidades vizinhas já estão fraturadas. Em Santo Amaro da Purificação, a Katiara sequer sobrevive, o território foi tomado. A violência aumentou. Esquartejamentos, execuções públicas, toque de recolher. 

 

Em 2025, depois de 13 anos no regime fechado, Roceirinho foi transferido para o semiaberto na Penitenciária Lafayete Coutinho. Era o início de uma possível transição para fora das grades. Mas a liberdade durou pouco. No dia 8 de julho, um novo mandado de prisão foi cumprido, expedido pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco). A acusação: seguir comandando a Katiara mesmo preso.

 

Roceirinho se defende. Diz que deixou o crime em 2013, que virou açougueiro em Valéria, que usaram seu nome para ganhar fama. Mas sua imagem permanece entre as mais procuradas no Baralho do Crime. Seu número, o 33, continua sendo uma assinatura silenciosa nas periferias. Seu símbolo, o pentagrama, ainda é tatuado por novos soldados. E seu legado, manchado de sangue e silêncio, segue pulsando nas sombras da Bahia.

 

Porque no crime, como na roça, colhe-se o que se planta. E o que Roceirinho plantou foi muito mais que medo, foi um sistema. Um modelo. Uma ideia. E ideias, mesmo quando encarceradas, continuam a andar. Tal como raízes bem fincadas, a herança ainda é viva, nas periferias e em regiões subjugadas pela Katiara. Uma planta (não uma erva) daninha, que as autoridades de segurança não conseguiram, por enquanto, erradicar.

De ladrão de banco a chefe de facção: A ascensão e queda de Zé de Lessa, a mente por trás do Bonde do Maluco
Foto: Reprodução

Nas trilhas poeirentas da caatinga baiana, entre mandacarus e aroeiras que desafiam a secura do sertão, nasceu o homem que viria a liderar a facção mais temida da Bahia. José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, brotou do pequeno povoado de Recife, em Cafarnaum, município com pouco mais de 2 mil habitantes. Era uma terra silenciosa, silenciosa demais para imaginar que ali surgiria um dos maiores criminosos da história do estado.

 

A origem de seu apelido remonta às tradições do interior: possivelmente herdado do pai, Idalécio, conhecido como “Lessa”. E foi como Zé de Lessa que ele se tornou um nome sussurrado com temor nos corredores do sistema penal, nos becos das favelas e nas salas da polícia judiciária.

 

Ninguém sabe dizer com precisão quando ele cruzou a linha da legalidade, mas há quem diga que tudo começou com roubos a banco em uma cidade que fica há um pouco mais de 35km de sua terra natal, Mulungu do Morro. Em 2015, o delegado Jorge Figueiredo o classificava como o maior assaltante de bancos e carros-fortes da Bahia. Já em 2018, os cinco processos encontrados em seu nome estavam relacionados ao tráfico de drogas, e descreviam uma quadrilha de “extrema periculosidade”.

 

“É um cara bem tranquilo de conversa, não demonstra ser uma pessoa violenta. É bem articulado… quem bota as armas na Bahia hoje é ele”, informou uma fonte policial à época. Segundo a investigação, as armas vinham do Paraguai, escondidas em caminhões de carga.

 

Mas o rosto do crime nem sempre se confunde com o estereótipo da brutalidade. Para quem o conheceu, Zé de Lessa era educado, discreto, falava baixo. Sua imagem destoava do império criminoso que erguera: o Bonde do Maluco (BDM), facção nascida sob sua liderança, considerada a mais truculenta do estado. Suas operações alcançavam o tráfico internacional, assaltos cinematográficos e sequestros meticulosos.

 

A história do Bonde do Maluco começa antes de Zé de Lessa assumir o controle. Em 2015, a facção Caveira, um dos grupos mais violentos da capital baiana, decidiu criar um braço externo com o objetivo de ampliar sua influência em Salvador e na Região Metropolitana. Batizaram esse braço de BDM. A meta era clara: tomar áreas estratégicas como o Subúrbio Ferroviário e Cajazeiras. No entanto, o projeto sofreu um racha interno de causas ainda obscuras. Foi o suficiente para que o Bonde do Maluco deixasse de ser satélite da Caveira e ganhasse vida própria, sob a batuta de Zé de Lessa, já então um assaltante com conexões fora da Bahia.

 

Com Lessa, o BDM deixou de ser uma fração local e passou a se profissionalizar. Foi ele quem abriu caminho para o alinhamento direto com o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo. O que antes era apenas uma troca comercial com a Caveira, virou aliança estratégica entre o BDM e os paulistas. A partir de 2018, o pacto passou a ser monitorado pelas forças de segurança: armas pesadas (fuzis, explosivos, munição) começaram a circular com mais intensidade. Com apoio financeiro, logística e know-how, o Bonde do Maluco cresceu em ritmo acelerado, avançando sobre bairros, comunidades e até sobre facções inteiras.

 

A ascensão do BDM coincidiu com o declínio da própria Caveira, sua criadora. A estrutura antiga foi sendo engolida pelo grupo dissidente e também sofreu ataques de rivais históricos, como o Comando da Paz (CP), que por sua vez foi absorvido pelo Comando Vermelho. Era o reflexo da nova ordem do crime baiano, cada vez mais conectado com o eixo Rio–São Paulo.

 

Enquanto isso, Zé de Lessa seguia acumulando poder — e processos. Preso em 2001 por tráfico, percorreu as prisões da Região Metropolitana de Salvador como quem muda de endereço. Teve progressão de pena para o semiaberto em 2005, mas fugiu. Foi recapturado meses depois e, desde então, manteve uma rotina de fugas, punições disciplinares, e influência crescente, inclusive de dentro da cadeia. Em 2013 e 2014, foram encontrados celulares e chips atribuídos a ele dentro da penitenciária. Era uma liderança que não se apagava com grades.

 

Em 2014, quase perdeu a vida na prisão após uma tentativa de homicídio. Foi espancado por outros detentos. A justificativa? Sua posição de liderança.

 

Naquele mesmo ano, conseguiu um feito raro: converteu sua pena em prisão domiciliar. A justificativa jurídica foi um problema médico. Sua mão esquerda, atrofiada após um acidente de carro mal tratado, exigia uma cirurgia delicada. O desembargador Aliomar Britto aceitou os argumentos da defesa com base no princípio da dignidade humana.
Zé de Lessa foi solto. Não fez a cirurgia. Nunca mais voltou.

 

O advogado Paulo César Pires, que o defendeu, diz que nunca mais teve contato com o ex-cliente. “Tratando-se de assaltante, os médicos não fizeram um trabalho bom na mão dele. Aquilo impossibilitava de fazer algumas coisas básicas da vida.” A promessa era de fisioterapia diária, pinos importados de São Paulo, reabilitação, nada disso ocorreu.

 

O Ministério Público, cético desde o início, tentou impedir a saída. A juíza da 2ª Vara de Execuções Penais à época, Andremara dos Santos, negou o pedido de prisão domiciliar. Mas, cinco dias depois, o desembargador da instância superior decidiu pela soltura. Zé de Lessa sumiu no mundo.

 

Não havia tornozeleiras eletrônicas disponíveis na Bahia em 2014. O sistema, frágil e desarticulado, não pôde controlar um homem que planejava crimes enquanto se passava por doente.

 

Da clandestinidade, Zé de Lessa comandava ações de alto impacto. Seu nome apareceu por trás do assalto de R$ 100 milhões a uma agência bancária em Bacabal, no Maranhão, em 2018. Segundo a SSP-MA, ele orquestrava o crime do Paraguai. Quem executava era seu irmão, Edielson Francisco Lumes, o Dó, morto pela polícia após o roubo.

 

Outro nome de confiança era Franklin Costa Araújo, seu cunhado, apontado como o principal sequestrador da Bahia. Ex-segurança do Banco do Brasil, Franklin aprendeu a rotina bancária por dentro, e depois a explorou por fora, ao lado do cunhado foragido.

 

Enquanto isso, Zé de Lessa era a carta Ás de Ouro no Baralho do Crime da SSP-BA. O homem mais procurado da Bahia.

 

Em 4 de dezembro de 2019, o cerco se fechou.

 

Zé de Lessa estava escondido em uma fazenda entre Coronel Sapucaia e Aral Moreira, no Mato Grosso do Sul, território de fronteira, trânsito livre de armas e drogas. Segundo a Polícia Militar, após uma tentativa de assalto a carro-forte na Rodovia MS-156, agentes localizaram o esconderijo. Houve troca de tiros. Lessa foi morto.

 

Assim morreu o homem que, por anos, confundiu a justiça com relatórios médicos, usou a própria fragilidade física como trunfo jurídico e transformou a calma do sertão em ponto de partida para um reinado de violência.

 

O que as autoridades de segurança pública deveriam aprender a partir de Zé de Lessa é que o crime, quando se organiza, sabe ser paciente, educado e letal. Porém o exemplo não virou realidade e outros Zés surgiram...

Facções criminosas remodelam violência na Bahia em meio a disputas territoriais, alianças e transformações internas
Foto: Reprodução / Redes Sociais

A paisagem do crime organizado na Bahia é marcada por disputas violentas, fragmentações e alianças estratégicas que redesenharam, ao longo dos últimos 20 anos, o domínio do tráfico de drogas no estado. Facções locais, como a extinta Caveira, a poderosa Bonde do Maluco (BDM) e a emergente Katiara, dividiram, e ainda dividem, território com grandes organizações de alcance nacional, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

 

Tudo começou com a ascensão de grupos criados no interior do sistema prisional baiano, caso da própria Caveira, considerada por muitos como a organização mais temida no estado entre os anos 2000 e início da década de 2010. Com sede no Complexo Penitenciário da Mata Escura, a facção foi protagonista de uma das fases mais sangrentas da história da capital baiana: em 2010, quando seu domínio territorial era quase absoluto, Salvador registrou mais de 4.800 homicídios. A violência tinha nome, fardamento e liderança: à frente da Caveira estava Genilson Lima da Silva, o Perna, preso em 2012, e, em paralelo, outros líderes operavam nas ruas e nos presídios.

 

A prisão de Perna marcou o início da derrocada do grupo. Em busca de ampliar sua influência e inspirada nas grandes estruturas criminosas nacionais, a Caveira criou, em 2015, um braço externo: o Bonde do Maluco. A ideia era clara, expandir a atuação para regiões estratégicas de Salvador, como o Subúrbio e Cajazeiras, e fortalecer a presença na Região Metropolitana. Mas o plano não saiu como o esperado. Um racha interno, motivado por razões ainda pouco claras, acabou dando vida própria ao BDM, que passou a se estruturar sob liderança de José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, um assaltante de banco com conexões interestaduais.

 

Foi Zé de Lessa quem fortaleceu a ponte com o PCC. O que antes era uma simples relação comercial para fornecimento de armas à Caveira, se transformou em aliança direta entre o BDM e os paulistas. A partir de 2018, essa parceria começou a ser monitorada pelas forças de segurança. Armas pesadas, como fuzis e explosivos, passaram a circular entre os aliados. Com apoio logístico e financeiro, o BDM cresceu de forma vertiginosa, ganhando não apenas território, mas também protagonismo na guerra urbana baiana. Em 2024, o BDM fortaleceu seus laços com uma outra facção de alcance nacional: O Terceiro Comando Puro. A parceria, anunciada por meio de pichações em muros de vários bairros de Salvador, consolidou a hegemonia do BDM no território baiano.

 

A ascensão do BDM coincidiu com o enfraquecimento e posterior desaparecimento da Caveira. A facção foi perdendo espaço para o próprio BDM, que a atacava diretamente, e também para rivais históricos, como o Comando da Paz (CP), que, por sua vez, sofreu uma transformação relevante: sua estrutura foi absorvida pelo Comando Vermelho, em mais um capítulo de influência das facções nacionais no estado.

 

Hoje, o CP é considerado um braço do CV na Bahia, e juntos disputam, palmo a palmo, com o BDM, áreas estratégicas da capital e do interior. A violência gerada por essa disputa tem números alarmantes e nomes conhecidos. O bairro da Liberdade, por exemplo, que já foi dominado pela Caveira, passou às mãos do CP/CV, enquanto o BDM controla zonas importantes da periferia e da RMS. No Recôncavo, a disputa envolve outra facção relevante: a Katiara.

 

Surgida a partir do chamado Primeiro Comando do Recôncavo, a Katiara é uma facção regional que cresceu à sombra do tráfico de Salvador. Seu fundador, Adilson, o Roceirinho, transformou uma rede local de distribuição de drogas em um esquema altamente armado e organizado. Com fuzis, metralhadoras e o recrutamento de jovens para funções como “vapores” (transportadores de droga), Roceirinho consolidou domínio em cidades como Nazaré, Santo Antônio de Jesus, Maragogipe, Vera Cruz e até em bairros de Salvador, como Valéria, Lobato e Águas Claras. Em 2013, o grupo ganhou o nome de Katiara, em homenagem a uma rua do município de Nazaré.

 

Mesmo preso desde 2012, primeiro em Serrinha e depois na Penitenciária Federal de Campo Grande, Roceirinho continuou influenciando as ações da facção, que é uma das poucas a fazer frente à força crescente do BDM no interior do estado. O grupo é acusado de execuções, sequestros e controle de pontos estratégicos do tráfico.

 

No dia 4 de julho, Roceirinho deixou o Complexo da Mata Escura, onde cumpria pena em regime fechado e passou a cumprir pena em regime semiaberto na Penitenciária Lafayette Coutinho.

 

Além desses protagonistas, outras facções menores orbitam o cenário do crime organizado baiano. O Bonde do Ajeita, por exemplo, surgiu em 2016 e tem histórico de conflito com o BDM. Desde 2021, é aliado do Comando Vermelho. A Tropa do A, ou Ordem e Progresso, nasceu como uma dissidência do CP após a absorção pelo CV, mas perdeu força com a morte de seu líder, Coruja, em 2020. Já o MPA (Mercado do Povo Atitude), com atuação no sul e extremo sul da Bahia, mantém-se fora dos grandes conflitos da capital, operando de forma discreta e com pouca visibilidade midiática.

 

Na Bahia, o crime organizado tem rosto, nome, história e geografia. E segue, apesar das mortes, prisões e operações, moldando a dinâmica social e urbana de centenas de comunidades.

 

Ao Bahia Notícias, a Secretária de Segurança Pública da Bahia afirmou estar focada no combate a estas facções que atuam no estado. 

 

Leia nota na íntegra:

 

“A Secretaria da Segurança Pública da Bahia ressalta que o combate às facções envolvidas com tráficos de armas e drogas, homicídios, lavagem de dinheiro, roubo e corrupção de menores é realizado de forma incansável em todo o estado.

 

Nos primeiros seis meses de 2025, as Forças Estaduais e Federais da Segurança Pública ampliaram a atuação integrada, resultando na captura de 25 líderes de grupos criminosos. Quinze estavam escondidos em outros estados brasileiros.

 

As Forças Policiais, neste mesmo período, apreenderam também pouco mais de quatro mil armas de fogo, retiraram das ruas 10,5 toneladas de drogas e erradicaram 700 mil pés de maconha.

 

A SSP destaca, por fim, que as ações de inteligência continuarão intensificadas, com o compartilhamento de informações entre as Polícias Estaduais e Federais, visando a manutenção da paz social.

PM intensifica policiamento em Camamu após tiroteio próximo a pelotão e residência de militar
Foto: Leitor do Bahia Notícias

Disparos com arma de fogo contra a sede de um pelotão da Polícia Militar e a casa de um agente da corporação abalaram a cidade de Camamu, no sul da Bahia, na noite deste sábado (12). Os disparos, ainda sob investigação, teriam sido realizados por integrantes do Comando Vermelho (CV) em resposta à morte de três suspeitos em operações policiais recentes.

 

Em nota oficial, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) esclareceu: "A Polícia Militar da Bahia informa que, na noite de sábado (12), por volta das 22h50, foram registrados disparos de arma de fogo na cidade de Camamu, no sul do estado. Os tiros ocorreram em vias públicas, atingindo áreas nas proximidades da sede do pelotão da PM e da residência de um policial militar. É importante esclarecer que, conforme as informações apuradas até o momento, não houve ataque direcionado à unidade da PM nem à casa do policial militar, e os disparos ocorreram de forma aleatória."

 

Apesar da posição oficial, fontes próximas ao Bahia Notícias relatam o contrário. O clima de tensão se agravou na manhã de domingo (13), quando, segundo informações enviadas ao BN, um homem não identificado morreu em confronto com a Rondesp no bairro do Dendê.

 

A PMBA informou ainda que "guarnições da Polícia Militar foram imediatamente mobilizadas para reforçar o policiamento na região e realizam diligências com o objetivo de identificar e capturar os autores dos disparos". O reforço inclui efetivos da Rondesp Recôncavo e da Cipe Central, além do apoio aéreo de um helicóptero da corporação.

 

Encerrando a nota, a PMBA reafirmou seu compromisso institucional: "A PMBA permanece atenta e atuante, reafirmando seu compromisso com a segurança da população e a pronta resposta diante de qualquer ação criminosa."

 

Veja a nota na íntegra:

 

A Polícia Militar da Bahia informa que, na noite de sábado (12), por volta das 22h50, foram registrados disparos de arma de fogo na cidade de Camamu, no sul do estado. Os tiros ocorreram em vias públicas, atingindo áreas nas proximidades da sede do pelotão da PM e da residência de um policial militar.

 

É importante esclarecer que, conforme as informações apuradas até o momento, não houve ataque direcionado à unidade da PM nem à casa do policial militar, e os disparos ocorreram de forma aleatória.

 

Guarnições da Policia Militar foram imediatamente mobilizadas para reforçar o policiamento na região e realizam diligências com o objetivo de identificar e capturar os autores dos disparos.

 

A PMBA permanece atenta e atuante, reafirmando seu compromisso com a segurança da população e a pronta resposta diante de qualquer ação criminosa.

Esposa de MC Poze do Rodo se torna alvo de operação contra lavagem de dinheiro da cúpula do CV
Foto: Instagram

A influenciadora Vivi Noronha, esposa de MC Poze do Rodo, está sendo alvo de uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro contra lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho (CV).

 

De acordo com informações do g1 Rio de Janeiro, o esquema investigado era operado pelo traficante Fhillip da Silva Gregório, o Professor, que foi morto no domingo (1º). A investigação não tem relação direta com o inquérito que levou MC Poze à cadeira.

 

No caso que envolve Vivi Noronha, o Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) identificou depósitos nas contas pessoal e empresarial da influenciadora oriundos de supostos laranjas de Professor.

 

Segundo o Coaf, Vivi recebeu quase R$ 1 milhão de pessoas investigadas como laranjas do Professor, dividido em duas transferências:

 

  • R$ 858 mil para a conta da empresa de Vivi;
  • R$ 40 mil para a conta pessoal.

 

“Ela [Vivi] e sua empresa figuram como beneficiárias diretas de recursos oriundos da facção Comando Vermelho, recebidos por meio de pessoas interpostas (“laranjas”) com o objetivo de ocultar a origem ilícita do dinheiro. As análises financeiras apontam que valores provenientes do tráfico de drogas e de operadores da lavagem de capitais da facção foram canalizados para contas bancárias ligadas à mulher, que passou a ser um dos focos centrais do inquérito. A posição dela na estrutura criminosa é simbólica, pois representa o elo entre o tráfico e o universo do consumo digital."

Em menos de 5 anos, três chefes do Comando Vermelho tiraram a própria vida
Foto: Reprodução

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), está investigando as circunstâncias que envolvem a morte de Fhillip da Silva Gregório, conhecido como “Professor”, um dos líderes da alta cúpula do Comando Vermelho (CV). O caso ocorreu na noite do último domingo (1º).
 

De acordo com uma mulher que estava no local e afirmou manter uma relação extraconjugal com Gregório, o traficante teria cometido suicídio. Fontes policiais ouvidas relataram que a principal linha de investigação aponta para a hipótese de que “Professor” tenha tirado a própria vida com a pistola automática que costumava portar. Até o momento, não há indícios de participação de um possível executor no momento do disparo.

 

Este não seria o primeiro caso de líderes do CV que cometeram suicídio. Em setembro de 2020, Elias Pereira da Silva, conhecido como “Elias Maluco”, também foi encontrado morto dentro de sua cela na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, onde cumpria pena há 13 anos. O atestado de óbito de Elias apontou que a morte ocorreu “em decorrência de asfixia mecânica, enforcamento e compressão do pescoço”.

 

Em abril do mesmo ano, Paulo Rogério de Souza Paz, conhecido como “Mica”, foi encontrado morto na cela em que cumpria pena na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O corpo foi descoberto por um policial penal no momento em que seria servido o café da manhã na unidade. De acordo com informações oficiais, Mica tirou a própria vida utilizando um lençol.

 

As informações são do Metrópoles.

Operação prende 11 membros de facção que atua em bairros de Lauro de Freitas
Foto: Divulgação / Polícia Civil

Uma operação da Polícia Civil cumpriu 11 mandados de prisão, e 39 de busca e apreensão, contra membros de uma facção criminosa [Comando Vermelho] com atuação em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). As ações fazem parte da segunda fase da Operação Cerberus. O grupo atua nas localidades de Portão, Areia Branca e Capelão, em Lauro de Freitas.

 

 

Além disso, a Justiça autorizou o bloqueio de R$14 milhões em bens e contas bancárias de 28 investigados. Segundo a Polícia Civil, as investigações detalharam os papeis de duas lideranças da organização, que estão foragidas; e identificaram um terceiro líder, preso em Cuiabá, em Mato Grosso (MT).

 

Foto: Divulgação / Polícia Civil

 

A Operação Cerberus integra a Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim), que atua em nível nacional no combate a organizações criminosas e redes de crime organizado.

Violência em Salvador: Homem é morto por facção criminosa no bairro de Ondina
Foto: Reprodução/Alô Juca

Um homem foi assassinado por membros da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no bairro de Ondina, na tarde da última segunda-feira (25).

 

O corpo do jovem foi encontrado com mais de 50 marcas de tiros de arma de fogo, em uma área de mata na região do Alto de Ondina, que já seria usada para desova, segundo informações do site Alô Juca. 

 

A vítima, que veio do município de Gandu, morava em Itapuã, em Salvador, e tinha ido para o bairro de Ondina para visitar parentes.

 

Acionado, o Corpo de Bombeiros auxiliou na retirada do jovem. Agora, a investigação do crime vai ficar sob a responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

 Troca de tiros entre facções gera noite de medo no Lobato, em Salvador
Foto: Reprodução/ Alô Juca

 

Durante a madrugada da última quarta-feira (4), moradores do bairro do Lobato foram surpreendidos com tiros. O tiroteio envolveu as facções CV e BDM, disputando o ponto de tráfico na região. O caso aconteceu por volta das 23h. 

 

Moradores gravaram toda ocorrência. Segundo informações do site Alô Juca, populares entraram em contato para solicitar ajuda e apoio policial. A unidade responsável pelo bairro é a 14° Companhia Independente de Polícia Militar.

Menina de seis anos morta em ataque em Mata Escura é sepultada
Foto: Reprodução / Correio

A criança de seis anos que morreu após ser baleada dentro de uma casa, na madrugada de domingo (1º), no bairro da Mata Escura, em Salvador, foi sepultada na manhã desta segunda-feira (2) no Cemitério Municipal de Brotas.

 

Amigos e parentes da vítima, identificada como Sofia Santana de Jesus, chegaram ao velório em um ônibus fretado lotado, mesmo em um clima bastante chuvoso.

 

Sarah foi vítima de disparos enquanto dormia com a mãe e o padrasto em casa, na localidade conhecida como Inferninho. Segundo as informações, um grupo de homens armados invadiu a casa na madrugada de domingo e atirou contra a menina e o padrasto.


A criança foi baleada na cabeça e chegou a ser encaminhada para a UPA Pirajá/Santo Inácio, mas já chegou sem vida na unidade. O padrasto dela também foi levado ao local e transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE) após ter sido atingido no braço e no abdome. Ainda conforme divulgado, o alvo da ação criminosa seria o filho dele.


O local do ocorrido tem atuação da facção do Bonde do Maluco. No entanto, de acordo com populares da região, há uma disputa com a facção do Comando Vermelho que acaba provocando ataques como o que vitimou Sarah.

Além do CV, PCC também levou golpe de Engomadinho do Bitcoin e promete vingança: “Vai ter sangue”
Foto: Reprodução

O principal executivo da plataforma financeira Bybot, Gustavo de Macedo Diniz, conhecido como “Engomadinho do Bitcoin”, conseguiu passar para trás as duas maiores facções criminosas do país. Além da carioca Comando Vermelho (CV), que ofereceu R$ 15 mil de recompensa pelo trader golpista, a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaçou o CEO da empresa, que está jurado de morte.

 

Por meio de mensagens, um suposto integrante da organização afirmou que havia R$ 30 milhões em bitcoins provenientes do caixa do PCC investidos na Bybot. Em uma das postagens, o homem pontuou que endereços de pessoas ligadas ao executivo já foram levantados e estão sob monitoramento. As informações são portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias.

 

“Já põe aí que, a partir de segunda-feira, se esse pau no cu do Diniz não aparecer, a irmandade vai visitar cada um da família dele. 15.3.3 fica às ordem. Tá entendendo não, tinha com ele mais de 30 milhao da casa com ele em btc. Ele já tá no juramento e não tem volta. Ce não tá entendendo o meu preju. Já tem o endereço de cada um tá tudo vigiado vai ter sangue já tá avisado e segunda feira e não tem conversa [sic]”, afirma a mensagem.

 

 

SIGNIFICADO

O significado do “15.3.3”, utilizado para designar o Primeiro Comando da Capital, se refere à colocação das letras no alfabeto. O código foi criado inicialmente com o propósito de dificultar o entendimento das autoridades carcerárias sobre as comunicações e atividades do grupo, enquanto facilitava a identificação e comunicação entre os integrantes do PCC, mesmo a distância.

 

Gustavo Diniz deletou todas as redes sociais, apagou os canais de comunicação e fechou a plataforma para saques. Nenhum dos investidores consegue, desde a última sexta-feira (25/8), sacar a quantia que estava depositada nas carteiras. Antes assíduo nas redes sociais e sempre gravando lives, Gustavo, que passou a ser apelidado de “Engomadinho do Bitcoin”, teria fugido do país em direção à Ásia.

 

De lábia afiada, abusando da simpatia e inspirando segurança, o administrador da plataforma costumava gravar vídeos para os seguidores e mostrava que o negócio era “seguro” e totalmente legalizado. A Bybot operava, principalmente, com a chamada arbitragem de criptoativos. O processo é bastante conhecido no mercado de ações. Quando um investidor decide trabalhar por esse método, ele começa a negociar ativos por preços baixos e oferecê-los em plataformas que pagam um preço maior. A diferença, então, fica com o investidor.

Curtas do Poder

Ilustração de uma cobra verde vestindo um elegante terno azul, gravata escura e língua para fora
Afinal, quantos ovos você come? O Cacique parece estar bastante interessado no assunto. Mais do que isso: mostrou que sabe tudo de conta! Enquanto isso, tem gente economizando ao invés de comprar um guarda-roupa novo. Mas sem salvação mesmo está nosso Cunha, que decidiu entrar numa briga de gigantes. Outro clima bom é pros lados de Camaçari. Acho que o único no paraíso por enquanto em solo baiano é Ronaldo do Buzu. Saiba mais!

Pérolas do Dia

Capitão Alden

Capitão Alden

"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".

 

Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.

Podcast

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O vereador de Salvador João Cláudio Bacelar (Podemos) é o entrevistado do Projeto Prisma desta segunda-feira (11). O programa é exibido ao vivo no YouTube do Bahia Notícias a partir das 16h.

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