MPF instaura inquéritos para apurar irregularidades em contas do Fundeb em municípios baianos
Por Aline Gama
O Ministério Público Federal (MPF) na Bahia deu início a uma série de investigações para apurar a existência de irregularidades na gestão dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) em municípios do estado. As apurações foram formalizadas por meio de portarias publicadas nesta quarta-feira (8).
As investigações, conduzidas pela Procuradora da República Caroline Rocha Queiroz Villas Boas, titular do 14º Ofício da Tutela Coletiva, foram instauradas com base em um levantamento realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em parceria com o Grupo de Trabalho Interinstitucional de acompanhamento da aplicação das Verbas Precatórias do Fundeb/Fundef.
De acordo com o documento, o trabalho de auditoria identificou que os municípios de Valença e Madre de Deus estavam em desacordo com a Portaria FNDE n.º 807/2022, que estabelece a obrigatoriedade de existência de uma conta bancária única e específica, titularizada pela Secretaria de Educação de cada ente, para a movimentação dos recursos do fundo.
A abertura dos procedimentos investigatórios, denominados Inquéritos Civis, partiu de uma determinação da 1ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF. O documento alertou para a necessidade de fiscalização do correto manejo do dinheiro público destinado à educação, um dos pilares para o funcionamento do sistema de ensino municipal.
Conforme as portarias de n.º 9, 10 e 11, todas datadas de 6 de outubro de 2025, os municípios citados foram flagrados em situação irregular nos relatórios extraídos do Sistema Informatizado de Auditoria em Programas de Educação (Sinapse) do TCU, no âmbito de um Acordo de Cooperação Técnica entre o tribunal e o MPF. A Procuradora determinou, em cada caso, a reiteração de ofícios já enviados anteriormente às prefeituras, dando continuidade ao processo de cobrança por informações e regularização.
Os inquéritos civis terão um prazo de 60 dias para a coleta de provas e o cumprimento das diligências necessárias. Após esse período, ou assim que as medidas forem concluídas, os autos retornarão para a Procuradora Caroline Villas Boas, que avaliará as informações obtidas e decidirá sobre os encaminhamentos futuros, que podem incluir a propositura de ações civis públicas caso sejam confirmadas as irregularidades.