Em cerimônia na AL-BA, Luís Roberto Barroso fala sobre cenário de polarização e intolerância no Brasil
Por Leonardo Almeida / Eduarda Pinto
Homenageado pelos deputados da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, discursou sobre o cenário político do país, e o aumento da polarização e intolerância entre os grupos sociais. A fala veio após o recebimento das honrarias de Título de Cidadão Baiano e a Comenda 02 de julho, a mais alta da Casa.
“A polarização sempre existia. Pessoas que pensam de maneiras diferentes, desde assembleia nacional francesa, já existiam os que queriam mais poderes para monarcas, e os que queriam menos poderes, já existia. Seja a primeira eleição dos Estados Unidos, já dito federalistas, A vida é feita de pessoas que pensam de maneiras diferentes, e é bom que seja assim”, explica o jurista fluminense.
Em seu discurso, Barroso delimita que a polarização, em si, não é a força dos conflitos, mas sim, a intolerância: “O que aconteceu de ruim no mundo não foi a polarização, não foi a existência de pontos de vista diferentes. O que aconteceu de ruim no mundo foi o crescimento da intolerância, o crescimento do extremismo, da não aceitação, do ‘não aceito que você seja diferente de mim’. Ou pior, a ideia de quem pensa diferente de mim só pode ser um cretino completo a serviço de alguma causa escusa. Essa não é uma forma boa de viver o mundo”, destaca.
“Há um verso de um poeta espanhol chamado Camus, que ele diz, ‘nesse mundo traidor, nada é verdade ou mentira. As coisas têm a cura’”, conclui.