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Escolhido de Lula para DPU age como se já estivesse no cargo e é boicotado pela oposição

Por Redação

Escolhido de Lula para DPU age como se já estivesse no cargo e é boicotado pela oposição
Foto: Pedro França / Agência Senado

 

Igor Roque, servidor de carreira da Defensoria Pública da União (DPU), foi o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em maio para assumir a chefia do órgão. Embora já tenha sido sabatinado e aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, em julho, a votação no plenário da Casa ainda não aconteceu. 

 

A ala conservadora do Senado, segundo informações do O Globo, decidiu dar o troco no governo Lula e barrar a votação do indicado depois de uma operação que barrou a sabatina  do candidato escolhido por Jair Bolsonaro no final de sua gestão e impediu a aprovação pelo Senado.

 

Não há previsão para quando o nome de Roque será submetido ao plenário, já que os bolsonaristas da Casa têm empreendido uma bem sucedida campanha contra ele nos bastidores.

 

De acordo com a publicação, a tropa de choque contra Igor Roque inclui senadores como Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE), Sergio Moro (União Brasil-PR) e Rogério Marinho (PL-RN).

 

No entanto, outro motivo que tem convencido até mesmo os conservadores não bolsonaristas é o comportamento do futuro defensor. Quatro parlamentares ouvidos pela coluna de Malu Gaspar, confirmaram que Igor Roque vem despachando como se fosse o chefe da DPU desde a sabatina na CCJ. 

 

Nas últimas semanas, depois de ter o nome aprovado na comissão, gravou vídeos propagandeando a futura gestão, como o que aparece ao lado do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, dizendo que vai combater as péssimas condições da população carcerária.

 

“A Defensoria está junto com o ministério pra gente atender essa população e estamos à disposição para trabalharmos juntos e apresentarmos resultados”, disse ele durante visita ao ministério de Silvio Almeida. O vídeo foi postado pela pasta dos Direitos Humanos.

 

As atitudes de Roque também envolvem compromissos no exterior. Ele foi para Portugal participar do Fórum Jurídico de Lisboa, promovido pelo ministro do STF Gilmar Mendes, como representante da DPU. Na agenda, ele ainda fez viagens pelo Brasil para se encontrar com lideranças indígenas, em nome da Defensoria. Tudo isso antes mesmo de ter o nome chancelado pelo plenário do Senado. 

 

Senadores da oposição dizem que o futuro defensor demonstra desconsideração com o parlamento ao tratar a votação na Casa como meramente protocolar. O comportamento também tem irritado aliados.

 

Os parlamentares ainda torcem o nariz para o fato de o indicado de Lula para a Defensoria ter prestado assistência jurídica a Danilo Marques, um dos réus por ataques hackers às contas de autoridades no Telegram no episódio conhecido como “Vaza-Jato”.

 

Interlocutores do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), informaram à equipe da coluna que, hoje, Igor Roque não teria o apoio necessário para ser aprovado pelo plenário da Casa. Por isso, Pacheco estaria adiando a votação para dar tempo de o governo e o próprio Roque se articularem para ir atrás dos votos.

 

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), chegou a sugerir aos colegas que o nome fosse analisado pelo Senado, dependendo de maioria simples (metade mais um dos presentes), e não de maioria absoluta (41 votos), o que facilitaria a aprovação, mas a ideia não foi vingou.

 

Ao ser escolhido por Lula para o comando da DPU, Roque contou nos bastidores com o endosso do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, do coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, e do ex-deputado federal João Paulo Cunha. “Só o fato do grupo Prerrogativas apoiar já é munição para os bolsonaristas avançarem contra”, disse um aliado de Roque.

 

Para petistas, o defensor escolhido por Lula tem perfil progressista, é sensível à questão prisional e se comprometeu a apoiar mutirões para combater a superlotação em presídios brasileiros. Também pesou a favor de Igor Roque ter ido às ruas protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, o que obviamente irrita ainda mais os bolsonaristas.

 

Procurado pela equipe da coluna, Igor Roque disse que tem procurado os senadores da oposição para tentar apaziguar os ânimos. “Estamos sem defensor desde janeiro e quem sofre é a população carente que depende da atuação da defensoria. Estamos fazendo uma espécie de transição para não deixar o órgão paralisado”, afirmou à reportagem.

 

Sobre o encontro com Silvio Almeida e outros ministros de Lula, Roque disse que a sua intenção não foi desrespeitar o Senado. “Mas como isso terminou sendo enxergado dessa forma, não estou mais fazendo agendas dessa natureza”, esclareceu. Os senadores ainda não parecem totalmente convencidos.