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Faroeste: Contador alertou casal Maturino sobre venda de terras antes de tê-las

Por Cláudia Cardozo / Lula Bonfim

Faroeste: Contador alertou casal Maturino sobre venda de terras antes de tê-las
Foto: Reprodução / YouTube

O pedido do Ministério Público Federal (MPF) para a manutenção da prisão preventiva dos já presos pela Operação Faroeste contém a transcrição de diálogos de Geciane Maturino - esposa do falso cônsul da Guiné-Bissau, Adailton Maturino - com contadores contratados pelo casal para montar a engenharia financeira de lavagem de dinheiro (veja aqui). Em uma das conversas, Edson Antônio Cella tenta alertar os supostos grileiros para a flagrante ilegalidade de um documento de venda de uma propriedade.

 

O documento, datado de 13 de julho de 2015, cita numa negociação de compra e venda de um imóvel no dia 4 de novembro de 2013. Entretanto, os supostos laranjas do casal Maturino - pais do também operador do esquema Joílson Gonçalves Dias - só teriam a propriedade daquele terreno a partir de 2016, quando o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) expediu um acórdão que lhes dava a titularidade das terras. Edson Cella percebeu a contradição e alertou Geciane e Adailton sobre a inconsistência.

Foto: Reprodução / Petição do Ministério Público Federal

 

“Já falei pra Adailton isso. Uma hora e dezessete minutos com esse Anderson Grilo e outros contadores dele numa conferência. Já me ligou mais seis, sete vezes por conta disso. Eu tô provocando o Grupo Franciosi para eles declararem lá ou assinarem algum documento dizendo que os valores que repassaram para você, R$ 250 mil mais R$ 250 mil, é a título de empréstimo. Viraram e mexeram e disse [sic] que não vai fazer dessa forma. Só através dessa situação do Joílson. Eu tentei contra-argumentar, para ele não envolver Joílson nessa situação, porque vocês não tinham a terra em 2013. O Tribunal de Justiça da Bahia só liberou isso ou expediu acórdão em 2016. Então como é que poderia vender algo que não tinha ainda? Mas ele disse que não aceita de outra maneira”, falou o contador.

 

“Pois é. E fica uma coisa meio assim, né? Como é que eu tô vendendo uma coisa que eu ainda não tinha? Então tá, aparenta que eu já sabia que ia ganhar”, concordou Geciane, dizendo que conversaria com Joílson, para que não assinasse o documento no lugar de seus pais.

 

No relatório de análise do material apreendido, a Polícia Federal comenta o caso. “Salta aos olhos os dois diálogos acima expostos, nos quais é evidente a preocupação do contador Edson Cella em legalizar ao Fisco valores que entraram na conta de Geciane em 2013, oriundos do Grupo Franciosi (João Antônio Franciosi), pois este exige que Joílson Gonçalves Dias assine as autorizações com data retroativa, para dar lastro como operação de empréstimo”, diz a PF.

 

“Porém, como o próprio Cella destaca, em 2013 não havia a posse das terras, sendo o acórdão do TJBA expedido em 2016, não podendo de fato, assinar por promessa de compra e venda de imóveis rurais em 2013. Na sequência , Geciane Maturino confirma que seria uma negociação estranha, pois, vendendo o que não tinham direito, dá-se a entender antecipadamente que o resultado da disputa judicial no oeste da Bahia seria vitorioso”, conclui o relatório.