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Coluna

Governança e Desenvolvimento: Governança corporativa é essencial para o sucesso das empresas na Bahia

Por Roberta Carneiro

Governança e Desenvolvimento: Governança corporativa é essencial para o sucesso das empresas na Bahia
Fotos: Divulgação

Há muito espaço para o fortalecimento das estruturas de governança corporativa entre as empresas baianas. Esse modelo contribui de maneira efetiva para o êxito dos negócios e sua longevidade, reputação, compliance, atratividade para investidores, empatia de consumidores e clientes e reconhecimento por parte da sociedade. Trata-se de um sistema de princípios, regras, estruturas e processos que orientam e monitoram as organizações na geração de valor sustentável para sócios, todos os stakeholders e para a sociedade.


A Bahia segue desafiada por aquilo que costumo chamar de “novo enigma baiano”: um estado dotado de ativos estratégicos, vocações produtivas e capital simbólico, mas cuja economia ainda é excessivamente dependente de commodities e, por isso, vulnerável às oscilações do mercado internacional. A essa fragilidade somam-se gargalos estruturais persistentes, como a carência de infraestrutura e a contínua fuga de talentos e jovens inovadores. Esses fatores elevam o chamado “custo-Bahia” e comprometem nossa competitividade. Superar esse novo enigma exige mais do que vontade política ou capacidade técnica. Requer repensar nosso modelo de desenvolvimento a partir de uma base sólida de governança corporativa.


Nesse contexto, torna-se evidente a necessidade de fortalecer as práticas de governança nas organizações baianas. Ainda é reduzido o número de empresas que dispõem de conselhos atuantes, comitês de auditoria, auditoria interna estruturada, áreas de integridade efetivas e que submetem regularmente suas demonstrações financeiras à auditoria externa independente. A ausência dessas instâncias compromete não apenas a qualidade da gestão, mas também a continuidade dos negócios e a preparação para sucessão. 


Negligenciar a importância dessas boas práticas, enfatizada na terceira edição do Seminário Nordeste do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizada no dia 26 de agosto, em Salvador, tem consequências negativas para além das organizações:  contribui para o êxodo de profissionais qualificados, para a saída ou descontinuidade de empresas e para o enfraquecimento do ecossistema econômico como um todo, limitando o potencial de transformação sustentável do estado. Uma boa estrutura de governança ajuda as companhias a se prepararem para as incertezas decorrentes do cenário geopolítico e até mesmo eleitoral. Tocar os negócios sem gestão de riscos é altamente desafiador e aumenta a vulnerabilidade das organizações. Nos setores que dependem fortemente de commodities, como acontece em diversas atividades econômicas do nosso estado, é fundamental contar com planos de contingência bem definidos e preparados com antecedência para enfrentar crises e assegurar a continuidade das operações. Esse é também o papel da governança e, em especial, dos conselhos, que devem orientar as empresas na definição de estratégias de longo prazo, capazes de equilibrar riscos e oportunidades em um ambiente de negócios cada vez mais complexo. Outro ponto fundamental é que empresas pautadas pelas melhores práticas de governança são menos propensas a escândalos financeiros, envolvimento em atos de corrupção ou fraude e decisões que provoquem perdas de reputação e imagem. São também mais adaptáveis às transformações em um mundo em que a inovação é condição de sobrevivência. Em 2021, um estudo da McKinsey já mostrava que companhias com alta maturidade em governança apresentavam desempenho até 20% superior em indicadores de mercado.


A governança é também o elo que transforma princípios em ações concretas, garantindo que diversidade, inclusão, agenda climática e redução das desigualdades não permaneçam apenas no discurso. Ao alinhar lideranças e equipes em torno de objetivos comuns, cria ambientes colaborativos e confere coerência às estratégias empresariais. A sexta edição do Código das Melhores Práticas do IBGC reforça esse papel ao incluir a sustentabilidade entre seus princípios, ao lado da integridade, transparência, equidade e responsabilização, todos sustentados pela ética e pela consciência da interdependência entre os negócios, o meio ambiente e o social.


O debate estratégico e o pensamento de longo prazo, fatores que impulsionam a inovação e evitam decisões oportunistas ou imediatistas, também são estimulados pela governança. Ela é essencial para conectar o valor presente à viabilidade futura das organizações. Por isso, todo o ecossistema empresarial, assim como o setor público e as estatais, deve tratá-la como prioridade para garantir crescimento, perenidade dos negócios e compromisso com as pessoas e o planeta.


Por todas as razões que abordei aqui, implantar sistemas eficazes de governança nas empresas baianas é um caminho seguro para a criação de um ambiente de negócios mais sólido, atrativo para investimentos, próspero e capaz de gerar valor no longo prazo. Trata-se, portanto, de um avanço essencial para promover o desenvolvimento econômico sustentável do nosso estado.

 

Roberta Carneiro é Coordenadora-geral do IBGC Capítulo Bahia, advogada especializada em Sistema de Integridade/Compliance, Governança Corporativa, Ética Empresarial, Diversidade & Inclusão (D&I) e sustentabilidade. Conselheira certificada em CCoAud+ IBGC. Sócia-fundadora da Consultoria Eticar. Atua como Conselheira de Administração, exercendo a função de membro independente, em Comitê de Auditoria, Comitê de Ética, Comitê de Risco, Comitê de Governança e Comitê ESG. Coordenadora da Comissão de Ética e Integridade do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) 2023-2024. Mestre em Direito, pós-graduada em Direito Público, com especializações em Compliance e Criminal Compliance. Especialista em Materialidade conforme as normas e padrões GRI 2021, IFRS e ODS, certificada internacionalmente pela Global Reporting Initiative (GRI) para Relato de Sustentabilidade.