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Coluna

Governança e Desenvolvimento: Ecossistema de inovação com Inteligência Artificial pode fazer o Brasil avançar

Por Durval Jacintho

Em setembro de 2022, por exemplo, foi publicada a Lei nº 14.457, que instituiu o programa "Emprega + Mulheres". Além do objetivo de aumentar a empregabilidade feminina, essa lei determina que as empresas adotem procedimentos efetivos para prevenir e enfrentar o assédio sexual e outras formas de violência contra as mulheres no âmbito corporativo.


A comunidade científica no Brasil comemorou o crescimento do país no ranking de inovação da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) da ONU, que, em 2023, alcançou a 49ª posição em análise de ecossistemas de inovação de 132 países. Em 2015, o Brasil ocupava a 70ª posição e, agora, é o líder na América Latina e no Caribe. Contribuíram para o avanço de posição a melhora em alguns indicadores, como serviços governamentais online, número de marcas registradas e, principalmente, a existência de mais de 20 unicórnios em 2022.


Entretanto, para um país que figura entre as 10 maiores economias do mundo, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), ainda há muito espaço para crescimento nesse ranking de inovação, que, segundo especialistas, pode ocorrer se o Brasil utilizar melhor o ecossistema de inovação aberta, integrando os setores acadêmico, científico e empresarial.


Uma janela de oportunidade para melhorar a inovação e a produtividade da economia brasileira se abriu com as aplicações da inteligência artificial, ao superar gargalos em áreas como educação e pesquisa, com foco em setores com maior vantagem comparativa, como o uso da IA em soluções para o enfrentamento das mudanças climáticas, geração de hidrogênio verde e a criação de novos medicamentos e terapias no Sistema Único de Saúde (SUS).


Para isso, é preciso uma mudança cultural nas organizações, que passa por planejamento, foco em processos, recursos humanos e financeiros. Em agosto de 2024, o governo federal anunciou um programa de investimentos de R$ 60 bilhões até 2026 para inovação. A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) investiu R$ 446,3 milhões em projetos de IA de 330 empresas, que resultaram em 184 pedidos de propriedade intelectual e, juntamente com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), anunciou a liberação de R$ 178 milhões em recursos não reembolsáveis para a criação de três centros de competência em tecnologias.


A inovação sustentável deve vir do trabalho em conjunto com entidades setoriais e do incentivo a médias e pequenas empresas, como na Estratégia Nacional de Ecoinovação do MEI — Mobilização Empresarial pela Inovação, lançada em setembro, entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), com a visão de que a IA pode ter um papel importante na coleta, análise e interpretação de grandes conjuntos de dados climáticos, de biodiversidade e de emissões de carbono.
As empresas também devem fazer sua parte para acelerar a inovação e o aumento da produtividade com a IA, seja na recapacitação de profissionais para lidar com novos aplicativos de inteligência artificial em seus processos, na discussão e no planejamento sobre novas formas de trabalho com o uso da IA generativa, no maior protagonismo dentro de ecossistemas de inovação aberta, buscando parcerias com startups para acelerar aplicações da IA, bem como no incentivo ao intraempreendedorismo — a inovação proposta e gerida por colaboradores que “pensam como donos do negócio” e utilizam seu conhecimento da empresa e as dores dos clientes — em busca de mais produtividade.


Atualmente, as ferramentas de IA já entregam resultados em todos os setores econômicos, como, por exemplo, no agronegócio (detecção de ervas daninhas por maquinário agrícola e ordenha automática de vacas); na saúde (identificação precoce de doenças, monitoração do estado clínico de pacientes para prevenção de acidentes vasculares e ataques cardíacos, e aceleração da pesquisa de fármacos); na educação (geração de tutoriais online para aprendizado, fornecimento de sugestões de conteúdo educacional, controle de desempenho de alunos, geração de programas customizados de acordo com o perfil e a necessidade do aluno); na segurança e prevenção de roubos (de dados confidenciais, transacionais e até de carga em sistemas logísticos); no sistema financeiro (concessão de crédito, monitoração de transações e prevenção de fraudes); e na governança corporativa das empresas, com mais informação e predição de resultados financeiros em distintos cenários de investimentos.


Uma pesquisa global da McKinsey sobre estratégia digital, com mil respondentes, apontou uma conexão entre organizações que construíram uma forte cultura inovadora e um modelo operacional, e sua capacidade de gerar valor por meio das mais novas tecnologias digitais, incluindo IA generativa. A McKinsey aponta cinco passos para as organizações inovadoras criarem vantagens competitivas com essa tecnologia: saber fazer as perguntas certas, identificar e eliminar rapidamente as respostas erradas, criar continuamente dados proprietários, gerar uma capacidade organizacional para aprender e conectar fluxos de trabalho “sem toque humano” para aproveitar o ritmo da IA generativa.


Um pilar fundamental para a modelagem de sistemas de IA em suas distintas modalidades (descritiva, preditiva, prescritiva e generativa) é a gestão de dados, que devem ser coletados, estruturados, analisados e processados corretamente para maior eficiência dos processos algorítmicos. Muitas organizações falham na aplicação da IA pela baixa quantidade e qualidade de seus dados.


O desafio da inovação e do aumento da produtividade é enorme num cenário global altamente competitivo, mas o Brasil possui capital humano, startups e instituições acadêmicas com alto potencial criativo, instituições governamentais e setoriais com visão de futuro e grandes empresas com demandas e capacidade de investimento em projetos inovadores. É preciso somar todos os esforços nos ecossistemas de inovação, bem como contar com a ação diligente dos agentes de governança corporativa, para a eficiência dos recursos aplicados. E a inteligência artificial se apresenta, cada vez mais, como poderosa aliada nesse processo.
 

Durval Jacintho é Engenheiro Eletrônico e Mestre em Automação Industrial pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e consultor internacional em tecnologia pela DJCon, com 37 anos de experiência C-Level no mercado de tecnologia e telecomunicações.