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Coluna

Governança e Desenvolvimento: O pilar invisível do desenvolvimento econômico sustentável

Por Roberta Carneiro

Governança e Desenvolvimento: O pilar invisível do desenvolvimento econômico sustentável
Foto: Mari Neto / Divulgação

A governança é essencial para conectar o valor presente com a viabilidade do amanhã das organizações. Governos, agências reguladoras, conselhos e lideranças empresariais devem tratar a governança como prioridade para o crescimento e a perenidade dos negócios, bem como para cuidar das pessoas e do planeta.


Muito injustamente, a governança (G) ficou “escanteada” no trato das políticas ESG. Reconheço que, para alguns públicos, as questões ambientais (E) e sociais (S) têm maior atratividade do que um sistema que visa a dirigir e monitorar as organizações, baseado na integridade, transparência, sustentabilidade, equidade e responsabilização.


Muitas vezes, até pela urgência climática, para o público em geral fica mais fácil compreender o reflorestamento de uma área degradada do que a criação de regras para evitar conflitos de interesse e de preservar a lealdade dos gestores e colaboradores à organização. Ou mesmo a importância de as organizações atuarem no combate à corrupção. 


Ações ambientais e sociais têm mais apelo de comunicação do que as de governança, cuja natureza é mais “invisível” para o público em geral. No entanto, todas são igualmente relevantes. E, na minha opinião, sem o “G” dificilmente teremos ações efetivas e sustentadas no “E” e no “S".


Vantagens
Empresas que pautam sua atuação nas melhores práticas de governança são menos propensas a escândalos financeiros, ao envolvimento em atos de corrupção e fraude e a decisões que provocam perdas em reputação e imagem. São mais adaptáveis às transformações em um mundo onde a inovação é condição de sobrevivência. Em 2021, um estudo da McKinsey já mostrava que companhias com alta maturidade em governança apresentavam desempenho até 20% superior em indicadores de mercado.


A governança estimula o debate estratégico e o pensamento de longo prazo, que impulsiona a inovação e evita decisões oportunistas ou imediatistas. Um exemplo dentro do “S”: segundo as melhores práticas de governança, para as empresas oferecerem melhores serviços e produtos, elas devem refletir internamente a sociedade em que estão inseridas. Ou seja, fortalecer a diversidade e a inclusão nos cargos de liderança, o que leva a resultados melhores e decisões mais equilibradas. Posso afirmar que isso tem impacto positivo na marca, reputação e na própria longevidade das organizações.


Bora, Bahia!
Por todas essas razões, implantar esse sistema nas empresas baianas é uma estrada segura para a criação de um ambiente de negócios mais sólido, atrativo para investimentos, próspero e capaz de gerar valor de longo prazo. Enfim, trazer desenvolvimento econômico sustentável ao nosso estado.


Somos o maior PIB do Nordeste, geramos quase 29% da riqueza produzida na região, segundo o IBGE. O setor de serviços e comércio baiano representa cerca de 30% do total nordestino, e a indústria de transformação soma 35%. Outro eixo estratégico é o fortalecimento da governança no agronegócio, setor que representa 22,5% do PIB baiano.

 

Desmistificando a Burocracia
É importante que se compreenda que a governança não cria uma burocracia sem sentido para a empresa. Por ocasião do lançamento da sexta edição do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, a advogada, conselheira e professora Claudia Pitta afirmou que o texto "afasta a governança corporativa da ideia de ser um check list de formalidades”, ressaltando que “a governança é um sistema baseado em algo maior: a ética”.


Ela lembrou que "a empresa não existe num vácuo”. É importante que reconheçamos que há uma relação de interdependência com as pessoas que entregam o seu trabalho e tempo de vida, os clientes e consumidores que destinam seus recursos, os acionistas que investem capital, a comunidade que sofre os impactos e o planeta que fornece os recursos naturais. 

 

E, se todo esse contexto complexo prosperar, certamente a empresa crescerá junto. A construção de um país mais próspero, justo e resiliente passa, necessariamente, por empresas mais bem administradas e conscientes de suas funções.

 

Roberta Carneiro é advogada especializada em Sistema de Integridade/Compliance, Governança Corporativa, Ética Empresarial, Diversidade & Inclusão (D&I) e sustentabilidade. Conselheira certificada em CCoAud+ IBGC. Sócia-fundadora da Consultoria Eticar. Atua como Conselheira de Administração, exercendo a função de membro independente, em Comitê de Auditoria, Comitê de Ética, Comitê de Risco, Comitê de Governança e Comitê ESG. Coordenadora da Comissão de Ética e Integridade do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) 2023-2024. Coordenadora-geral do IBGC Capítulo Bahia. Mestre em Direito, pós-graduada em Direito Público, com especializações em Compliance e Criminal Compliance. Especialista em Materialidade conforme as normas e padrões GRI 2021, IFRS e ODS, certificada internacionalmente pela Global Reporting Initiative (GRI) para Relato de Sustentabilidade.